quarta-feira, 11 de maio de 2016

Plenitude da minha alegria



Comentário do dia:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermões sobre S. João, n.º 107


«E digo isto no mundo, para que eles tenham em si mesmos a plenitude da minha alegria.»

Tendo dito a seu Pai: «Doravante, já não estou neste mundo [...]; vou para Ti» (Jo 17,11), Nosso Senhor recomenda a seu Pai aqueles que iam ficar privados da sua presença física: «Pai santo, Tu que a Mim Te deste, guarda-os em Ti.» Enquanto homem, Jesus pede a Deus pelos discípulos que recebeu de Deus. Mas prestemos atenção às palavras que diz a seguir: «Para serem um, como Nós somos um.» Reparemos que Ele não diz: «Para que, connosco, sejam um»; nem: «Para que sejamos, Nós e eles, uma só coisa, como Nós somos um»; mas diz: «Para serem um, como Nós somos um»: que eles sejam um na sua natureza, como Nós somos um na nossa. Estas palavras, para serem verdadeiras, exigem que Jesus tenha a mesma natureza divina que seu Pai, como diz noutro passo: «Eu e o Pai somos um» (Jo 10,30). Na sua natureza humana, Ele tinha dito: «O Pai é mais do que Eu». (Jo 14,28); mas, como nele Deus e o homem são apenas uma e a mesma pessoa, compreendemos que Ele é homem porque reza, e compreendemos que é Deus porque é um com Aquele a quem reza [...].

«Mas agora vou para Ti; e digo isto no mundo, para que eles tenham em si mesmos a plenitude da minha alegria.» Ele ainda não tinha deixado o mundo, ainda aqui estava; mas, como ia deixá-lo em breve, era como se já aqui não estivesse. Mas que alegria era essa, cuja plenitude Ele queria que os discípulos tivessem? Já antes o explicou, quando disse: «Para serem um, como Nós somos um.» Esta alegria, que é a sua e que Ele lhes deu, havia de se cumprir integralmente; é por isso que Ele fala dela «no mundo». Essa alegria é a paz e a bondade do mundo que há-de vir; para a obtermos, temos de viver neste mundo com moderação, justiça e piedade.

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