segunda-feira, 30 de maio de 2016

«Eu sou a verdadeira videira e meu Pai é o agricultor» (Jo 15,1)

Comentário do dia:

Santa Catarina de Sena (1347-1380), terceira dominicana, doutora da Igreja, copadroeira da Europa
Diálogo, 24



[Deus disse a santa Catarina:] Sabes o que Eu faço quando os meus servidores querem seguir a doutrina do doce Verbo do amor? Podo-os para que produzam muito fruto, e para que os seus frutos sejam doces e não voltem a ser silvestres. O agricultor limpa os ramos da vinha para que eles produzam um vinho melhor; não é isso que Eu faço, Eu que sou o verdadeiro agricultor? (Jo 15,1). Aos meus servidores que permanecem em Mim, limpo-os por meio de muitas atribulações, para que produzam frutos mais abundantes e melhores, e sejam comprovados na virtude; mas aos que permanecem estéreis corto-os e lanço ao fogo (Jo 15,6).

Os verdadeiros trabalhadores trabalham bem as suas almas: arrancam todo o amor-próprio e voltam à terra do seu amor por Mim, adubando e fazendo aumentar a semente da graça que receberam no santo batismo. Cultivando a sua vinha, cultivam também a do próximo; não podem cultivar uma sem a outra. Lembra-te sempre de que todo o mal e todo o bem se fazem por meio do próximo. É assim que sois meus agricultores, procedentes de Mim, o eterno agricultor. Fui Eu que vos uni e transferi para esta vinha, graças à união que estabeleci convosco. [...] Todos juntos, formais uma só vinha universal [...]; estais unidos na vinha do corpo místico da Santa Igreja, da qual extraís a vossa vida. Nesta vinha está plantada a cepa do meu Filho único, ao qual deveis estar ligados, para permanecerdes na vida.

Evangelho segundo S. Marcos 12,1-12.


Naquele tempo, Jesus começou a falar em parábolas aos príncipes dos sacerdotes, aos escribas e aos anciãos: «Um homem plantou uma vinha. Cercou-a com uma sebe, construiu um lagar e ergueu uma torre. Depois arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe.
Quando chegou o tempo, enviou um servo aos vinhateiros para receber deles uma parte dos frutos da vinha.
Os vinhateiros apoderaram-se do servo, espancaram-no e mandaram-no sem nada.
Enviou-lhes de novo outro servo. Também lhe bateram na cabeça e insultaram-no.
Enviou-lhes ainda outro, que eles mataram. Enviou-lhes muitos mais e eles espancaram uns e mataram outros.
O homem tinha ainda alguém para enviar: o seu querido filho; e enviou-o por último, dizendo consigo: «Respeitarão o meu filho».
Mas aqueles vinhateiros disseram entre si: «Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e a herança será nossa».
Apoderaram-se dele, mataram-no e lançaram-no fora da vinha.
Que fará então o dono da vinha? Virá ele próprio para exterminar os vinhateiros e entregará a outros a sua vinha.
Não lestes esta passagem da Escritura: ‘A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se pedra angular.
Isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’?». Procuraram então prender Jesus, pois compreenderam que tinha dito para eles a parábola.
Mas tiveram receio da multidão e por isso deixaram-n’O e foram-se embora.

Livro de Salmos 91(90),1-2.14-15ab.15c-16.


Tu, que habitas sob a proteção do Altíssimo,
moras à sombra do Omnipotente.
diz ao Senhor: «Sois o meu refúgio e a minha cidadela;
meu Deus, em Vós confio».

«Porque confiou em Mim, hei-de salvá-lo;
hei-de protegê-lo, pois conheceu o meu nome.
Quando Me invocar, hei-de atendê-lo,
estarei com ele na tribulação.

Hei-de libertá-lo e dar-lhe glória,
favorecê-lo-ei com longa vida
e lhe mostrarei a minha salvação».


2ª Carta de S. Pedro 1,2-7.


Caríssimos: A graça e a paz vos sejam dadas em abundância, pelo conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor.
Jesus, com o seu divino poder, concedeu-nos tudo o que é necessário à vida e à piedade, fazendo-nos conhecer Aquele que nos chamou pela sua glória e virtude.
Assim, entramos na posse das maiores e mais preciosas promessas, para nos tornarmos participantes da natureza divina, livres da corrupção que a concupiscência gera no mundo.
Por este motivo, esforçai-vos quanto possível por juntar à vossa fé a virtude, à virtude a ciência,
à ciência a temperança, à temperança a constância, à constância a piedade,
à piedade o amor fraterno, ao amor fraterno a caridade.

Perseverança em Deus



"Necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Pois ainda em pouco tempo aquele que há de vir virá, e não tardará. Mas o meu justo viverá da fé. E se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos daquele que retrocedem para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma." (Hebreus 10: 36-39)

Como é difícil nos mantermos na fé, em um mundo cada vez mais cheio de atrativos falsos que nos desviam o olhar e o comportamento em relação às coisas. Imagens coloridas da televisão e todo tipo de entretenimento e jogos eletrônicos disponíveis em celulares e tablets, envolvendo não apenas crianças e jovens, mas também muitos adultos.

O prazer do lúdico, infantilizando eternamente as pessoas, fazendo que muitos não assumam verdadeiro papel de pais ou mães e por meio de um comportamento extremamente permissivo, influenciando negativamente na formação dos próprios filhos.

Alunos que não respeitam seus professores nas escolas, que agridem impunemente seus colegas, fazendo do chamado bulling um ato corriqueiro. A disciplina vista como algo que tolhe a criatividade da criança e dos jovens.

Para que mundo caminhamos, quando os próprios religiosos são os primeiros a não perseverar na fé em Deus. Cultos, missas e atividades religiosas transformadas em festas que estimulam a sensualidade como nos antigos festivais ao deus Baco. Será, verdadeiramente, esta a casa do Senhor?

Foi dito que não se pode servir a dois senhores. Mas, quando os fazem achando normal reinterpretar a Palavra de Deus de maneira a que ela se torne maleável aos seus próprios pensamentos e maneira de agir.

Sabemos que é difícil perseverar, fazendo a vontade de Deus. Mas, é pela oração que podemos pedir auxílio para que não nos afastemos de sua Palavra. "Livrai-nos do mal", ensinou Jesus em sua oração. Precisamos ser humildes e pedirmos ajuda para que possamos perseverar.

O apóstolo Paulo falou da dificuldade de nos mantermos fiéis aos ensinamentos de Cristo, mas da mesma forma falou que é pela fé e perseverança que cada vez mais nos aproximaremos de Deus. Jesus venceu o mundo e é dever dos que os seguem lutar de maneira firme para cada vez mais estar próximo do que Ele pregou.




Santo do dia

Segunda-feira, dia 30 de Maio de 2016

Segunda-feira da 9ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santa Joana d'Arc, virgem, mártir, (+ Rouen, França, 1431)Beata Matilde do Sagrado Coração Tellez Robles, religiosa, fundadora, +1902 


Santa Joana d'Arc, virgem, mártir, (+ Rouen, França, 1431)




Santa Joana d'Arc, Virgem
(+ Rouen, França, 1431)

A donzela suscitada por Deus para libertar a França dos ingleses, depois de
vencer as resistências dos que não queriam reconhecer a sua missão,
conseguiu obter vitórias espantosas sobre os invasores e obteve a coroação
do rei Carlos VII em Reims. Sua obra parecia terminada, mas Deus ainda
queria dela um sacrifício supremo. Traída e entregue aos ingleses, foi
julgada iniquamente e queimada como feiticeira. Mais tarde a Igreja a
reabilitou e reconheceu a heroicidade de suas virtudes. Foi beatificada em
1909, pelo Papa São Pio X, e canonizada por Bento XV em 1920.


Beata Matilde do Sagrado Coração Tellez Robles, religiosa, fundadora, +1902




Beata Matilde Tellez Robles
Matilde Téliez Robles nasceu em Robledillo de la Vera (Cáceres - Espanha) no dia 30 de maio de 1841, um dia de plenitude primaveril inundado pela luz da solenidade litúrgica de Pentecostes. Ela recebeu as águas do batismo na igreja paroquial no dia seguinte do seu nascimento. Era a segunda dos quatro filhos de Félix Téliez Gómez e de sua esposa Basilea Robles Ruiz. No mês de novembro de 1841, seu pai, devido a sua profissão de escrivão, se estabeleceu com a sua família em Béjar (Salamanca).
Nesta cidade de Béjar, importante pela sua indústria textil, a pequena Matilde vai crescendo; recebe uma formação cultural de base, própria da sua classe social média, e uma boa formação religiosa, iniciada no ambiente profundamente cristão do seu lar. Guiada por sua mãe, já desde pequenina começa a amar intensamente o Senhor e a exercitar-se na prática da oração e nas virtudes, com uma meiga devoção a Nossa Senhora e uma grande misericórdia pelos necessitados e os pecadores.
Ainda muito jovem, quando tudo na vida lhe sorria, Matilde faz a sua opção radical e definitiva por Cristo. Decidiu-se consagrar toda a sua existência a Ele, trabalhando com empenho constante e generoso em busca de corações que o amem.
Sua mãe compreende e apoia sempre a aspiração da filha, mas seu pai lhe deseja um futuro diferente. Obriga-a a engajar-se na vida da sociedade, limita o tempo que Matilde transcorre na igreja, desejando vê-la realizada na vida matrimonial. Obedecendo, ela se adorna e participa da vida social, encantando a todos com sua graça juvenil. Mas mesmo assim, a sua inclinação pelas coisas de Deus é clara e, no fim, o senhor Félix, vencido pela constância de sua filha, deixa-a em liberdade para seguir o caminho por ela escolhido.
Matilde continua a intensificar a sua vida espiritual e a sua devoção a Nossa Senhora. Sente no seu interior que Maria a conduz a uma profunda intimidade com Jesus na Eucaristia, a quem ama com grande paixão. Mesmo «no meio do inverno ardia quando se colocava perto do tabernáculo!», ela afirma nos seus escritos.
Aos 23 anos é eleita presidente da associação das Filhas de Maria, apenas estabelecida em Béjar, e pouco tempo depois é nomeada enfermeira investigadora das Conferências de São Vicente de Paulo. Ela, em seu ardente desejo de ganhar corações para Jesus, exclama diante do sacrário: «Meu senhor, Jesus amante! O mundo é cheio de necessidades. Todos têm coração. Eu vou à procura daqueles de que sou capaz. Estes, eu vou trazê-los a ti».
Unindo a contemplação e a ação, Matilde se lança por longos anos em uma intensa atividade apostólica com crianças e jovens, pobres e doentes; trabalha com as Filhas de Maria, faz catequese, atende a escola dominical, prepara os cristãos para o matrimônio e acompanha as jovens vocacionadas; percorre alegre a cidade em todas as direções para levar consolação e ajuda a qualquer doente ou necessitado, «visitando o seu amante Jesus na pessoa de seus pobres».
Sempre contemplativa na ação, a Eucaristia é a sua força, o sacrário é o seu refúgio. Ela vive prolongadas horas de oração, sendo Nossa Senhora a sua guia, mestra e companheira inseparável.
Ainda jovem sente o chamado para a vida religiosa e desde então recebe diante do tabernáculo a inspiração de fundar um Instituto religioso; e assim o comunica ao Papa Pio IX numa carta escrita no dia 4 de maio de 1874. Mas seu pai volta a provar a filha impedindo-a de realizar a sua vocação, por causa do clima político anticlerical daquela época na Espanha.
Matilde no entanto sofre em silêncio, reza e espera, confortada pelo seu diretor espiritual, Pe. Manuel da Oliva, sacerdote de São Filipe, até que seu pai lhe concede a desejada autorização.
Ela exulta de alegria em ação de graças a Deus e rápidamente prepara tudo para iniciar a fundação com sete jovens das filhas de Maria, que se comprometeram a seguí-la na vida religiosa.
No dia 19 de marzo de 1875, solenidade de São José, todas devem participar da celebração eucarística na Paróquia de Santa Maria e em seguida, unidas e solidárias, seguirem para a casa preparada, onde darão início à vida religiosa. Mas entre as sete jovens comprometidas só uma se apresenta: Maria Briz. Diante desta grande provação, Matilde não se desanima. Fortalecidas com o pão da Eucaristia, ela e a sua única companheira se dirigem alegres e esperançosas, com heróica intrepidez, na «casita de Nazaret», como Matilde a denomina.
Nesta casa procuram imitar a Sagrada Familia de Nazaré, vivendo com muito amor e alegria no recolhimento e na oração, em humildade e pobreza, sem contar com nada e plenamente confiantes na divina Providência. Nesta nova residência, elas não têm um tabernáculo, mas são acompanhadas por uma imagem de Nossa Senhora, diante da qual rezam e a quem consultam tudo.
Poucos dias mais tarde, unindo sempre a contemplação e a ação, recebem em casa um grupo de meninas órfãs, dão aulas às crianças pobres e cuidam dos doentes a domicílio. O seu testemunho evangélico vai atraindo algumas jovens a unirem-se a elas, não obstante as críticas daqueles que consideram a fundação uma loucura.
No dia 23 de abril de 1876, o bispo de Plasencia, D. Pedro Casas y Souto, autoriza provisoriamente a Obra com o título de «Amantes de Jesus e Filhas de Maria Imaculada»; e no dia 20 de janeiro de 1878, Matilde e Maria vestem o hábito religioso em Plasencia.
No fim de março de 1879, a comunidade se transfere de Béjar para Don Benito (Badajoz), onde instalam o noviciado, acolhem as crianças órfãs, dão aulas diárias e dominicais, cuidam dos doentes em suas casas e prestam ajuda aos pobres.
Na comunidade se respira o espirito de Nazaré e toda a vida da casa se desenvolve em torno ao sacrário, diante do qual, a turno, as Irmãs passam várias horas durante todo o dia. Nossa Senhora também recebe um culto especial.
No dia 19 de março de 1884, o mesmo bispo erige canonicamente a Obra como Instituto religioso de direito diocesano, e no dia 29 de junho, a Fundadora com outras Irmãs emitem a profissão religiosa.
No ano seguinte declara-se uma terrível epidemia de cólera na cidade. Madre Matilde e todas as Irmãs consagram-se heroicamente ao cuidado amoroso dos contaminados pela peste, despertando grande admiração nas pessoas pela sua delicada caridade evangélica. A Irmã Maria Briz falece vítima de contágio e a Madre abre em sua memória um Hospital para os pobres.
Em 1889 começa a expansão do Instituto, com uma fundação em Cáceres, e continua nos anos seguintes com outras fundações em Trujillo, Béjar, Villanueva de Córdoba, Almendralejo, Los Santos de Maimona e Villaverde de Burguilios. De cada uma delas se poderia escrever uma bela história de amor: amor apaixonado a Jesus Eucaristia, amor a Maria, amor aos irmãos necessitados: doentes, pobres, meninas órfãs, etc. A missão da Fundadora e das irmãs nesta época é marcada pelo total desinteresse econômico e pela constante ajuda da Providência que não as abandona jamais.
Não faltam as provas e as dificuldades de todos os tipos, mas não importa:
Matilde prossegue o caminho, com Jesus sempre avante!, sempre praticando o lema por ela deixado para o seu Instituto: «Oração, ação, sacrificio»; sempre buscando forças em seus prolongados tempos de oração diante do sacrário e conduzida pela mão materna de Maria.
Da sua forte experiência eucarística nasce o seu ardor evangelizador bem como a ardente caridade que todos admiram. «Seja toda a vida um ato de amor!», ela repete às suas Irmãs. E bem assim o que observam na Madre: è uma vida cheia de Deus, em continua oração e ao mesmo tempo dedicada aos irmãos. Multiplica sua atenção maternal com as novas comunidades, é a animadora da Obra, a Regra viva. Sua simplicidade, sua prudência, sua bondade e sua inalterável alegria atraem a todos. Pobres e ricos se aproximam confiantes na Madre, pois para todos tem uma atenção, um conselho e um sorriso.
Apenas com 61 anos, o seu organismo encontra-se já muito debilitado, por causa dos sofrimentos passados, do intenso trabalho e das doenças que sofria. Madre Matilde parece pressentir o aproximar-se da sua hora de união definitiva com o Senhor. Ao sair de manhã para uma viajem, no dia 15 de dezembro de 1902, sofreu um forte ataque de apoplexia, e nas primeiras horas do dia 17, rodeada por suas filhas, com uma grande paz, partiu para a casa do Pai.
Todo o povoado, sobretudo os pobres, choraram a sua perda como se fosse uma mãe, proclamando ao mesmo tempo a sua grande caridade e as suas numerosas virtudes.
No dia 23 de abril de 2002, o Papa João Paulo II reconheceu oficialmente as Virtudes Heróicas da Serva de Deus Matilde Téllez, e no ano seguinte, no dia 12 de abril, promulgava-se o Decreto sobre o milagre operado por sua intercessão, constituindo esse fato a passagem decisiva para a sua Beatificação no dia 21 de março de 2004.
O Instituto da Madre Matilde, fiel à herança recebida da sua fundadora, continua a viver o seu carisma, tendo no centro a Eucaristia e Maria como Mãe e Mestra, para que Ela forme seu coração para o Evangelho e guie as Irmãs para a Eucaristia. Segundo as Constituições atuais, da Eucaristia nasce uma viva resposta de amor a Jesus Cristo e, n’Ele e com Ele, ao mundo inteiro, levando a boa nova do amor do Pai, com preferência e de modo integral, aos pobres, aos pequenos e aos que sofrem.
Atualmente as Filhas de Maria Mãe da Igreja (chamam-se assim a partir do ano 1965) realizam sua missão evangelizadora na Espanha, Portugal, Itália, Venezuela, Colômbia, Peru e México, através de: lares - internatos onde acolhem meninas e jovens marginalizadas; escolas e colégios abertos à todas as famílias e pessoas excluídas; comunidades sanitárias dedicadas aos doentes, idosos abandonados, transeuntes, alcóolatras, etc., comunidades orantes, casas de acolhida, e comunidades de Pastoral rural e de colaboração nas Paróquias.
Todas as Irmãs do Instituto suplicam a sua Fundadora que as ajudem a fazer de suas vidas um continuo ato de amor e uma «eucaristia perene», para a maior glória de Deus e a salvação do mundo, assim como fez a Madre Matilde.


www.vatican.va



 


 

domingo, 29 de maio de 2016

«Mas diz uma palavra e o meu servo será curado»

Comentário do dia:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão 62



Como é que o centurião obteve a graça da cura do seu servo? «Porque também eu tenho os meus superiores a quem devo obediência e soldados sob as minhas ordens, e digo a um: 'Vai', e ele vai; e a outro: 'Vem', e ele vem; e ao meu servo: 'Faz isto', e ele faz.» Tenho poder sobre os meus subordinados mas eu também estou submetido a uma autoridade superior. Se, pois, embora subordinado, tenho, apesar de tudo, o poder de comandar, o que não poderás fazer Tu, a Quem se submetem todas as potestades? Este homem pertencia ao povo pagão pois a nação judaica estava ocupada pelos exércitos do Império Romano. [...].

Mas Nosso Senhor, embora estivesse no meio do povo hebraico, declarava já que a Igreja se espalharia por toda a terra, para onde Ele enviaria os seus apóstolos (cf Mt 8,11). Com efeito, os pagãos acreditaram nele sem O terem visto [...]. O Senhor não entrou fisicamente na casa do centurião; mas, embora ausente de corpo, estava presente pela sua majestade e curou esta casa pela sua fé. Do mesmo modo, o Senhor só estava fisicamente presente no meio do povo hebraico; os outros povos não O viram nascer de uma Virgem, nem sofrer, nem caminhar, nem sujeitar-Se às condições da natureza humana, nem fazer maravilhas divinas. Ele não fez nada disso entre os pagãos e, no entanto, entre eles, realizou-se o que Ele tinha dito a seu respeito: «Povos desconhecidos prestaram-Me vassalagem.» Como é que O serviram se não O conheciam? O salmo continua: «Mal ouviram falar de Mim, logo Me obedeceram e os estrangeiros Me cortejaram» (Sl 17,45).

Protagonistas são os jovens


· No Vaticano o sexto congresso mundial de Scholas Occurrentes ·
28 de Maio de 2016
Contra a lógica dos muros, a escola constrói pontes. Este é o núcleo do sexto congresso mundial de Scholas Occurrentes que se realiza nos dias 27-29 de maio no Vaticano. Participam cerca de quatrocentos representantes da comunicação, da arte, do desporto e da tecnologia, vindos de 190 países. Momento principal é o encontro com o Papa Francisco na sala do Sínodo, na tarde de domingo.
O congresso tem lugar em duas sedes. A Casina Pio IV hospeda o seminário «A universidade e a escola: muro ou ponte». Na Livre Universidade «Maria Santissima Assunta», ao contrário, no âmbito do projeto «Ciudadanía global», realizou-se um laboratório em que jovens da Argentina, Austrália, Emirados Árabes, Moçambique, Espanha e Paraguai são chamados a apresentar propostas concretas sobre dois temas de perspetiva planetária: o problema do recrutamento dos jovens no terrorismo internacional e a participação das novas gerações na salvaguarda da casa comum segundo as linhas da encíclica Laudato si’.
Organismos do vaticano Educação
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Edição em papel
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Santo do dia

Domingo, dia 29 de Maio de 2016

Domingo IX do Tempo Comum - Ano C


Festa da Igreja : Nono Domingo do Tempo Comum - Ano C (semana I do saltério)
Santo do dia : S. Félix de Nicósia, religioso, +1787S. Fernando, rei de Leão e Castela, +1252 



S. Félix de Nicósia, religioso, +1787




S. Félix de Nicósia
Nasceu em Nicosia, Sicília, no ano de 1715, de uma família pobre, mas animada de profunda fé e temor a Deus, unidos a uma grande laboriosidade. O pai começava o dia participando da missa e o encerrava com uma visita ao SS. Sacramento. A mãe, quando dava um pedaço de pão aos filhos, convidava-os a deixar um pouco para os pobres, educando-os desse modo, no amor aos mais necessitados. Félix com a idade de 20 anos pediu para ser admitido no convento dos frades Capuchinhos. Obteve resposta negativa. Mas não desistiu: rezou, implorou, pediu novamente até que, depois de sete anos de provas, em 1743, é admitido na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.
Frei Félix não precisou de uma transformação no noviciado: pobreza, penitência, humildade, obediência, união com Deus na oração e no trabalho, toda uma vida animada e iluminada no amor de Deus e ao próximo, ele procurou viver também na vida religiosa, numa atmosfera franciscana. 
Passou quarenta e três anos de vida religiose e gostava de se chamar “o jumentinho do convento”. Passava dia após dia pelas ruas e becos da cidade e pelas localidades próximas, com uma batina velha e remendada, os pés descalços, cabeça descoberta sob a chuva ou sol quente da Sicília, sacola nos ombros o terço nas mãos e o coração em Deus. Era afável e cordial com grandes e pequenos, ricos e pobres, autoridades e gente simples, tendo sempre uma palavra boa para todos, ora consolando, ora admoestando. Sempre agradecia com um alegre "Deo gratias" não só as esmolas, mas também as ofensas e repulsas. Frei Félix dedicava o dia ao apostolado e a noite às orações e penitências.
No fim de maio de 1787, adoece de uma febre forte e, no último dia do mês de Nossa Senhora, a quem tinha amado e venerado desde a infância, entrou na paz eterna.
Foi canonizado em 2005 pelo Papa Bento XVI.

S. Fernando, rei de Leão e Castela, +1252




S. Fernando
Fernando nasceu na vila de Valparaíso, em Zamora, Espanha, no dia 1o de agosto de 1198. Era filho do famoso Afonso IX de Leão, que reinou no século XII. Um rei que brilhou pelo poder, mas cujo filho o suplantou pela glória e pela fé. A mãe era Barenguela de Castela, que o educou dentro dos preceitos cristãos de amor incondicional a Deus e obediência total aos mandamentos da Igreja. Assim ele cresceu, respeitando o ser humano e preparando-se para defender sua terra e seu Deus.
Assumiu com dezoito anos o trono de Castela, quando já pertencia à Ordem Terceira Franciscana. Casou-se com Beatriz da Suábia, filha do rei da Alemanha, uma das princesas mais virtuosas de sua época, em 1219. Viúvo, em 1235, contraiu segundo matrimónio com Maria de Ponthieu, bisneta do rei Luís VIII, da França. Ao todo teve treze filhos, o filho mais velho foi seu sucessor e passou para a história como rei Afonso X, o Sábio, e sua filha Eleonor, do segundo casamento, foi esposa do rei Eduardo I da Inglaterra.
Essas uniões serviram para estabilizar a casa real de Leão e Castela com a realeza germânica, francesa e inglesa. Condizente com sua fé, evitou os embates, inclusive os diplomáticos, e aplacou revoltas só com sua presença e palavra, preferindo ceder em alguns pontos a recorrer à guerra. Sob seu reinado foram mudados os códigos civis, ficando mais brandos sob a tutela do Supremo Conselho de Castela, instituiu o castelhano como língua oficial e única, fundou a famosa Universidade de Salamanca e libertou sua nação do domínio dos árabes muçulmanos. Abrindo mão do tempo desperdiçado com novas conquistas, utilizava-o para fundar novas dioceses, erguer novas catedrais, igrejas, conventos e hospitais, sem recorrer a novos impostos, como dizem os registros e a história.
Em 1225, teve que pegar em armas contra os invasores árabes, mas levou em sua companhia o arcebispo de Toledo, para que o ajudasse a perseverar os soldados na fé. Queria, com a campanha militar, apenas reconquistar seus domínios e propagar o catolicismo. Vencida a batalha, com a expulsão dos muçulmanos, os despojos de guerra foram utilizados para a construção da belíssima catedral de Toledo. Durante seu reinado, cidades inteiras foram doadas às ordens religiosas, para que o povo não fosse oprimido pela ganância dos senhores feudais.
Com a morte do pai em 1230, foi coroado também rei de Leão. Em seguida, chefiou um pequeno exército, aos seus moldes, e reconquistou dos árabes ainda Córdova e Sevilha, depois do que edificou a catedral de Burgos. Pretendia lutar na África da mesma forma, mas foi acometido de uma grave doença. Morreu aos cinquenta e três anos, depois de despedir-se da família, dos amigos e companheiros, no dia 30 de maio de 1252, em Sevilha.
Imediatamente, o seu culto surgiu e se propagou rapidamente por toda a Europa, com muitas graças atribuídas à sua intercessão. Foi canonizado pelo papa Clemente X, em 1671, após a comprovação de que seu corpo permaneceu incorrupto. São Fernando III é venerado, no dia de sua morte, como padroeiro da Espanha.





 

sábado, 28 de maio de 2016

«Quem Te deu autoridade para o fazeres?»

Comentário do dia:

Santo Atanásio (295-373), bispo de Alexandria, doutor da Igreja
Discurso contra os Arianos, 2, 78-79



A sabedoria pessoal de Deus, o seu único Filho, criou e realizou todas as coisas. Com efeito, diz o salmo: «Tudo fizeste com sabedoria» (103,24). [...] Tal como o nosso discurso humano é imagem desta Palavra que é o Filho de Deus (cf Jo 1,1), assim também a nossa sabedoria é imagem desta Palavra que é a Sabedoria em pessoa. Porque temos nela a capacidade de conhecer e de pensar, somos capazes de receber a Sabedoria criadora, por meio da qual podemos conhecer o Pai. «Porque aquele que tem o Filho tem também o Pai» (1Jo 2,23), e ainda: «Aquele que Me recebe, recebe Aquele que Me enviou» (Mt 10,40). [...]

«Pois já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na Sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação» (1Cor 1,21). Ora, Deus já não quer, como nos tempos antigos, ser conhecido por meio de imagens e sombras da Sabedoria, mas quis que a verdadeira Sabedoria em pessoa adotasse carne, Se tornasse homem e sofresse a morte de cruz, para que no futuro todos os crentes possam ser salvos pela fé nesta Sabedoria encarnada.

É portanto ela que é a Sabedoria de Deus. Anteriormente, era conhecida pela sua imagem introduzida nas coisas criadas [...], e desta forma dava a conhecer o Pai. Mas depois Ela, que é a Palavra, tornou-Se carne, como diz São João (1,14). E, após ter «destruído a morte» (1Cor 15,26) e salvado a humanidade, manifestou-Se a Si mesma de forma mais clara e, por Si mesma, manifestou o Pai. Razão pela qual pôde dizer: «Que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e Aquele que enviaste, Jesus Cristo» (Jo 17,3). A terra inteira ficou portanto cheia do seu conhecimento. Porque só há um conhecimento: o do Pai por meio do Filho, e o do Filho a partir do Pai. O Pai põe a sua alegria nele, e o Filho regozija-Se com a mesma alegria no Pai, como está dito: «Eu era o seu encanto todos os dias, e brincava o tempo todo na sua presença» (Prov 8,30).

Evangelho segundo S. Marcos 11,27-33.


Naquele tempo, Jesus e os discípulos foram de novo a Jerusalém. Quando Ele andava no templo, aproximaram-se os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos, que Lhe perguntaram:
«Com que autoridade fazes isto? Quem Te deu autoridade para o fazeres?».
Jesus respondeu: «Vou fazer-vos só uma pergunta. Respondei-Me e Eu vos direi com que autoridade faço isto.
O batismo de João era do Céu ou dos homens? Respondei-Me».
Eles começaram a discorrer, dizendo entre si: «Se dissermos: ‘É do Céu’, Ele dirá: ‘Então porque não acreditastes nele?’.
Vamos dizer-Lhe que é dos homens?». Mas eles temiam a multidão, pois todos pensavam que João era realmente um profeta.
Então responderam: «Não sabemos». Disse-lhes Jesus: «Também Eu não vos digo com que autoridade faço isto».

A verdade acerca do mercado das armas


· Numa série televisiva anglo-americana ·
19 de Maio de 2016

Quando nos jornais e na televisão os analistas procuram explicar ao vasto público as razões que estão por detrás do desastre no Médio Oriente e na África – e por conseguinte as causas que levam tantos seres humanos a emigrar daquelas terras não importa como, aterrorizados e privados de tudo, até pondo em risco a própria vida – referem-se sempre à política. O Is e outros grupos fundamentalistas são os principais acusados, algumas vezes as análises chegam corajosamente a examinar a vontade de controle no cenário internacional das grandes potências, e tudo acaba ali.
Ao contrário, o Papa Francisco não se limita a estas análises e fala sempre de comércio de armas, de mercantes de morte. Mas normalmente as suas palavras caem no vazio, como se fosse uma sua extravagância, uma sua ideia fixa de pessoa «não perita na questão» e, por conseguinte, no fundo não muito informada. Mas ao contrário, ele é o único que diz a verdade. Disto encontramos uma confirmação onde menos esperávamos: numa série televisiva.
Acabou de se concluir na Itália a transmissão de uma lindíssima produção anglo-americana, The Night Manager, baseado num romance de John le Carré, que começa e termina no Cairo, mas que se desenrola também na Inglaterra, Espanha, Turquia e naturalmente nos Estados Unidos. Sem dúvida, há o herói bom e corajoso que sozinho desafia os malvados até contra a vontade dos serviços secretos corruptos, e a agente da contra-espionagem que o apoia não obstante as intimidações, mesmo estando grávida, como nos mais afirmados plot. Além disso, a representação perfeita de lugares e personagens, e a coragem de tratar temas contemporâneos: de facto a série começa com a queda de Mubarak.
Mas a verdadeira novidade é que no centro de tudo está o comércio das armas guiado em larga escala, com o tácito consenso dos governos que é obtido através da corrupção. Os elevados lucros acumulados por estes mercantes servem de facto para obter conivências em toda a parte, a fim de evitar qualquer tipo de controle.
Os protagonistas deste comércio são homens de negócios aparentemente respeitáveis, riquíssimos, em estreitas relações com elites internacionais. Extremamente poderosos e interessados, além de qualquer razão política, a prolongar os conflitos o mais possível. O ponto saliente da narração é quando os protagonistas se encontram no Refúgio, uma espécie de enorme acampamento na fronteira entre a Turquia e a Síria onde são conservadas as armas, para depois as fazer passar através do confim mascaradas de ajudas humanitárias.
Mas neste lugar há também um pequeno exército de mercenários, de regresso de várias guerras, que não só estão prontos para adestrar combatentes de todas as frentes, mas também a engajar-se em ações miradas. A pagamento, claro. E sempre a fim de fazer reacender o conflito se por acaso estiver a diminuir, se se aproximar a possibilidade de paz. Em paralelo, acampamentos de refugiados desesperados, a visão de corpos dilacerados por aquelas armas perfeitas e precisamente por isto cada vez mais nocivas, até porque, dado que escapam a qualquer controle, com frequência são armas proibidas pelos tratados internacionais, como as bombas-cacho.
É curioso que uma só série televisiva mostre aquilo que ninguém, exceto o Papa Francisco, denuncia: ou seja, que existe uma lobby de mercantes de morte, poderosíssima porque riquíssima, que está interessada única e exclusivamente em fomentar conflitos e no seu prolongamento no tempo. Isto é, alimentar aquela «guerra mundial aos bocados» que talvez já tenha escapado a qualquer controle.
Lucetta Scaraffia

Livro de Salmos 63(62),2.3-4.5-6.


Senhor, sois o meu Deus: desde a aurora Vos procuro.
A minha alma tem sede de Vós.
Por Vós suspiro,
como terra árida, sequiosa, sem água.

Quero contemplar-Vos no santuário,
para ver o vosso poder e a vossa glória.
A vossa graça vale mais que a vida:
por isso os meus lábios hão-de cantar-Vos louvores.

Assim Vos bendirei toda a minha vida
e em vosso louvor levantarei as mãos.
Serei saciado com saborosos manjares
e com vozes de júbilo Vos louvarei.

Carta de S. Judas 1,17.20b-25.


Caríssimos: Recordai o que vos foi predito pelos Apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Construí o vosso edifício espiritual sobre o fundamento da vossa fé santíssima. Orai em união com o Espírito Santo
e conservai-vos no amor de Deus, esperando na misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.
Procurai convencer os que hesitam
e salvai-os, arrancando-os do fogo; dos outros, compadecei-vos, mas com prudência, detestando até a túnica contaminada pela sua carne.
Àquele que vos pode preservar da queda e apresentar-vos diante da sua glória, na alegria duma consciência sem mancha,
ao único Deus, nosso Salvador, por Nosso Senhor Jesus Cristo, a glória e a majestade, a força e o poder, antes de todos os séculos, agora e para sempre. Ámen

Santo do dia

Sabado, dia 28 de Maio de 2016

Sábado da 8a semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santa Maria Ana de Paredes, virgem, +1645, S. Germano, bispo de Paris, +576

Santa Maria Ana de Paredes, virgem, +1645




Santa Maria Ana de Paredes
Santa Maria Ana de Paredes nasceu em Quito, Equador, no dia 31 de Outubro de 1618. Órfã de pai aos quatro anos e de mãe dois anos mais tarde. Foi educada pela irmã mais velha. Jovem ainda, foi iniciada nos Exercícios de Santo Inácio de Loyola. Por várias vezes tentou abraçar a vida religiosa, quer como missionária no meio aos índios, quer como reclusa em algum convento. Por fim, foi apoiada pelos irmãos, que lhe deram alguns aposentos da casa, que Santa Maria Ana transformou em clausura. Passou ali a vida inteira recolhida, dedicando-se à penitência e à oração, saindo apenas para assistir à missa e para ajudar os pobres, os necessitados e consolar os infelizes. Em 1645, ofereceu a sua vida pelas vítimas da epidemia que assolava a cidade de Quito. Caindo gravemente enferma, morreu nesse mesmo ano. Foi canonizada por Pio XII, em 1950. É a primeira santa do Equador. Foi proclamada também heroína nacional.


sexta-feira, 27 de maio de 2016

ABUSADAS


· Cerca de 120 milhões de meninas vítimas de estupro no mundo ·
5 de Setembro de 2014
O fenómeno diz respeito em particular à África
Abusadas, submetidas à violência física, psicológica e sexual. No mundo são cerca de 120 milhões as meninas com menos de vinte anos vítimas de estupro, denuncia um relatório divulgado ontem pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a infância).
O número, no entanto, é apenas uma peça no quadro geral elaborado pelo inquérito, que abrange 190 países, sobre a violência contra crianças e mulheres. Sobressai não apenas um aumento preocupante de casos de exploração nos últimos anos, mas também o facto de que estes mesmos casos são muitas vezes cobertos por uma rede social que de certa forma justifica quanto é cometido.
Nos países que foram objecto do relatório pelo menos uma menina de cada três com idade entre 15 e 19 anos (estamos a falar de cerca de 84 milhões de pessoas) foi vítima de violência psicológica, física ou sexual por parte de um marido ou parceiro. Estes correspondem a 70% dos casos nos países africanos, como a República Democrática do Congo e a Guiné Equatorial, enquanto se aproximam ou superam 50% em Uganda, na República Unida da Tanzânia e no Zimbabwe. Mas o fenómeno atinge também a Europa.

«Não façais da casa de meu Pai um antro de comércio» (Jo 2, 16)

Comentário do dia:

São Jerónimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho de S. Marcos, n°9



«Quando Jesus entrou no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam.» Alguns espantam-se com a ressurreição de Lázaro, e ficam admirados com o facto de o filho de uma viúva ter ressuscitado. Outros ficam estupefactos com outros milagres. É certamente admirável tornar a dar vida a um corpo morto; mas eu fico mais impressionado com o acontecimento presente. Pois que poder autorizou este homem, filho de um carpinteiro, um pobre sem morada fixa nem sítio onde repousar, sem exército que O protegesse, que não era chefe nem juiz, que poder O autorizou a, [...] sozinho, expulsar uma multidão tão numerosa? E ninguém protestou, ninguém ousou resistir; pois ninguém ousou opor-se ao Filho que reparava a injúria feita a seu Pai. [...]

«Começou a expulsar os que ali vendiam e compravam.» Se isto foi possível entre os judeus, porque não será, e com mais razão, entre nós? Se isto aconteceu no contexto da Lei, porque não acontece o mesmo no Evangelho? [...] Cristo, um pobre, expulsa os compradores e os vendedores, que são ricos. Aquele que vende é expulso do mesmo modo que aquele que compra. Que ninguém diga: «Eu ofereço tudo o que possuo, dou oferendas aos sacerdotes como Deus ordenou.» Numa passagem de Mateus lemos o seguinte: «Haveis recebido de graça, dai de graça» (Mt 10, 8). A graça de Deus não se vende, dá-se.

Evangelho segundo S. Marcos 11,11-26.


Naquele tempo, Jesus, depois de ser aclamado pela multidão, entrou em Jerusalém e foi ao templo. Observou tudo à sua volta e, como já era tarde, saiu para Betânia com os Doze.
No dia seguinte, quando saíam de Betânia, Jesus sentiu fome.
Viu então de longe uma figueira com folhas e foi ver se encontraria nela algum fruto. Mas, ao chegar junto dela, nada encontrou senão folhas, pois não era tempo de figos.
Então, dirigindo-Se à figueira, disse: «Nunca mais alguém coma do teu fruto». E os discípulos escutavam.
Chegaram a Jerusalém. Quando Jesus entrou no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam: derrubou as mesas dos cambistas e os bancos dos vendedores de pombas
e não deixava ninguém levar nada através do templo.
E ensinava-os, dizendo: «Não está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos’? E vós fizestes dela um covil de ladrões».
Os príncipes dos sacerdotes e os escribas souberam disto e procuravam maneira de o fazer morrer. Mas temiam Jesus, porque toda a multidão andava entusiasmada com a sua doutrina.
Ao cair da noite, Jesus e os discípulos saíram da cidade.
Na manhã seguinte, ao passarem perto da figueira, os discípulos viram-na seca até às raízes.
Pedro recordou-se do que tinha acontecido na véspera e disse a Jesus: «Olha, Mestre. A figueira que amaldiçoaste secou».
Jesus respondeu: «Tende fé em Deus.
Em verdade vos digo: Se alguém disser a este monte: ‘Tira-te daí e lança-te no mar’, e não hesitar em seu coração, mas acreditar que se vai cumprir o que diz, assim acontecerá.
Por isso vos digo: Tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebestes e assim sucederá.
E quando estiverdes a orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que o vosso Pai que está nos Céus vos perdoe também as vossas faltas».
Porque, se não perdoardes, também o vosso Pai que está no Céu não perdoará as vossas ofensas.»

Livro de Salmos 96(95),10.11-12.13.


Dizei entre as nações:
«O Senhor é Rei».
Sustenta o mundo e ele não vacila,
governa os povos com equidade.

Alegrem-se os céus, exulte a terra,
ressoe o mar e tudo o que ele contém,
exultem os campos e quanto neles existe,
alegrem-se as árvores das florestas.

Diante do Senhor que vem,
que vem para julgar a terra.
Julgará o mundo com justiça
e os povos com equidade.

Más companhias


1ª Carta de S. Pedro 4,7-13.


Caríssimos: O fim de todas as coisas está próximo. Sede prudentes e sóbrios, para vos dedicardes à oração.
Sobretudo, conservai uma caridade intensa uns para com os outros, porque a caridade cobre a multidão dos pecados.
Praticai entre vós a hospitalidade, sem murmuração.
Cada um de vós ponha ao serviço dos outros os dons que recebeu, como bons administradores da graça de Deus, tão variada nas suas formas.
Se alguém fala, diga palavras de Deus; se alguém exerce um ministério, faça-o como um mandato recebido de Deus, para que em tudo Deus seja glorificado, por Jesus Cristo, a quem é devida a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Ámen.
Caríssimos, não vos perturbeis com a labareda que se acendeu no meio de vós para vos provar, como se estivesse a acontecer-vos alguma coisa estranha.
Alegrai-vos na medida em que participais nos sofrimentos de Cristo a fim de que possais também alegrar-vos e exultar no dia em que se manifestar a sua glória.

Santo do dia

Sexta-feira da 8ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santo Agostinho de Cantuária, bispo, +605 


Santo Agostinho de Cantuária, bispo, +605





Santo Agostinho de Cantuária
Santo Agostinho de Cantuária viveu no século VI. Em 597, São Gregório Magno enviou-o, com mais 40 monges, como missionários para a Inglaterra. Chegados a Lerins, ficaram de tal modo intimidados com o que se dizia dos saxões que pediram ao Papa que mudasse os planos. São Gregório, para incentivar Santo Agostinho, nomeou-o abade e deu-lhe cartas de recomendação. Pouco tempo depois, nomeou-o bispo. Ao contrário do que imaginavam, foram bem recebidos pelo rei Etelberto. Receberam como residência na cidade de Cantuária ou Canterbury, uma capela que será, mais tarde, a abadia de Santo Agostinho, necrópole dos soberanos e dos bispos de Kent. Etelberto fez-se baptizar e com ele muitas outras pessoas se converteram ao cristianismo. Santo Agostinho foi nomeado então arcebispo primaz da Inglaterra, consolidando assim o cristianismo nessa nação. Santo Agostinho de Cantuária partiu para o paraíso no ano de 605.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Festa da Eucaristia

Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (ofício próprio)



Festa do Corpo de Deus

A Igreja coloca a festa da Eucaristia na semana seguinte ao domingo da Trindade. Tem tudo a ver. A coerência da liturgia corresponde à coerência da fé.
Se Deus é amor, se Ele assim se revelou no seu mistério da Trindade, que é a comunhão divina no seu amor, este amor foi manifestado para nós pela maneira como Cristo nos amou. E diz o Evangelho que ele nos amou até o fim! Deu por inteiro a sua vida por amor.
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”, disse Jesus. Disse e fez. Deu por inteiro sua vida. E tornou perene este seu gesto de amor, colocando-o como sua memória para ser celebrada para sempre.
Isto é a Eucaristia. Ela recolhe o amor de Cristo, que continua dando a sua vida por nós e para nós. Também nisto se mostra a coerência do mistério de Deus. Deus é amor. Tendo assumido um corpo humano, o Filho de Deus fez do seu corpo uma expressão de amor. E, para mostrar que queria partilhar conosco o seu amor, fez do seu corpo alimento para nossas vidas, à semelhança de pão para comer e de vinho para beber. Sob estas aparências, a fé diz-nos que é o próprio Cristo que continua dando o seu corpo e o seu sangue por amor a nós, como garantia de salvação para todos.
A coerência de amor divino convida-nos à coerência de nossa fé. No pão consagrado e no cálice abençoado reconhecemos a presença viva do próprio Senhor, que nos envolve em seu amor e nos fortalece em sua comunhão.
A Eucaristia é o grande sinal do amor de Deus, que Cristo nos testemunhou e nos comunica por seu Santíssimo Sacramento.


Dom Luiz Demétrio Valentini

O mistério da Eucaristia

Comentário do dia:

São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja
Obras, Sobre a Festa do Corpo do Senhor, opusc. 57



O Filho único de Deus, querendo fazer-nos participar da sua divindade, tomou a nossa natureza para divinizar os homens, Ele que Se fez homem. Além disso, o que tomou de nós, também no-lo deu inteiramente, para nossa salvação. Com efeito, sobre o altar da cruz, ofereceu o seu corpo em sacrifício a Deus Pai para nos reconciliar com Ele; e derramou o seu sangue para ser ao mesmo tempo nosso resgate e nosso baptismo: resgatados de uma lamentável escravatura, fomos purificados de todos os nossos pecados. E, para que guardássemos para sempre a memória de tão grande benefício, deixou aos fiéis o seu corpo e o seu sangue, sob as formas do pão e do vinho. [...]

Haverá coisa mais preciosa que este banquete, onde já não nos é proposto, como na antiga Lei, que comamos a carne de bois e carneiros, mas o Cristo que é verdadeiramente Deus? Haverá coisa mais admirável que este sacramento? [...] Nenhum sacramento produz efeitos mais salutares do que este: ele apaga os pecados, aumenta as virtudes e enche a alma superabundantemente de todos os dons espirituais. Ele é oferecido na Igreja pelos vivos e pelos mortos, a fim de aproveitar a todos, pois foi instituído para a salvação de todos.

É impossível exprimir as delícias deste sacramento [...]; nele se celebra a memória do amor inultrapassável que Cristo mostrou na sua Paixão. Ele queria que a imensidade deste amor se gravasse profundamente no coração dos fiéis e por isso [...] instituiu este sacramento como memorial perpétuo da sua Paixão, cumprimento das antigas profecias, o maior de todos os seus milagres. Àqueles a quem a sua ausência encheria de tristeza, deixou este conforto incomparável.

Evangelho segundo S. Lucas 9,11b-17.


Mas as multidões, que tal souberam, seguiram-no. Jesus acolheu-as e pôs-se a falar-lhes do Reino de Deus, curando os que necessitavam.
Ora, o dia começava a declinar. Os Doze aproximaram-se e disseram-lhe: «Despede a multidão, para que, indo pelas aldeias e campos em redor, encontre alimento e onde pernoitar, pois aqui estamos num lugar deserto.»
Disse-lhes Ele: «Dai-lhes vós mesmos de comer.» Retorquiram: «Só temos cinco pães e dois peixes; a não ser que vamos nós mesmos comprar comida para todo este povo!»
Eram cerca de cinco mil homens. Jesus disse aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta.»
Assim procederam e mandaram-nos sentar a todos.
Tomando, então, os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os aos discípulos, para que os distribuíssem à multidão.
Todos comeram e ficaram saciados; e, do que lhes tinha sobrado, ainda recolheram doze cestos cheios.

1ª Carta aos Coríntios 11,23-26.


Irmãos: Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão
e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim».
Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim».
Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha.

Livro de Salmos 110(109),1.2.3.4.


Disse o Senhor ao meu Senhor:
"Senta-te à minha direita,
até que Eu faça de teus inimigos escabelo de teus pés.
O Senhor estenderá de Sião

o cetro do teu poder
e tu dominarás no meio dos teus inimigos.
A ti pertence a realeza desde o dia em que nasceste
nos esplendores da santidade,

antes da aurora, como orvalho, Eu te gerei".
O Senhor jurou e não Se arrependerá:
"Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedec".


Livro de Génesis 14,18-20.


Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho e, como era sacerdote do Deus Altíssimo,
abençoou Abrão, dizendo: «Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo que criou os céus e a Terra!
Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos!» E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.

Santo do dia

S. Filipe Néri, presbítero,fundador, +1595




S. Filipe Neri
Neste dia recordamos a santidade de vida do Santo da Alegria, que encantou a Igreja com seu jeito criativo e excêntrico de viver o Evangelho. Nascido em 1515, São Filipi Néri, foi morar com um tio negociante, que colocou diante de seus olhos a proposta de assumir os empreendimentos, mas acolheu as proposta do Senhor que eram bem outras.
Ao ir para Roma estudou Filosofia e Teologia, sem pensar no sacerdócio. Sendo um homem de caridade, vendeu toda a sua biblioteca e deu tudo aos pobres; visitava as catacumbas tinha devoção aos mártires e tudo fazia para ganhar os jovens para Deus, já que era afável, modesto e alegre, por isso fundou ainda como leigo, a irmandade da Santíssima Trindade.
São Filipe Néri que muito acolhia peregrinos em Roma, foi dócil em acolher o chamamento ao sacerdócio que o despertou para as missões nas Índias, porém, o seu Bispo esclareceu-lhe que a sua Índia era Roma. Como Santo da Jovialidade, simplicidade infantil e confiança na Divina Providência, Filipe fundou a Congregação do Oratório; foi vítima de calúnias; esquivou-se de ser cardeal, mas não da Salvação das Almas e do seu lema: Pecados e melancolia estejam longe de minha casa.




 

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Papa Francisco

Hino à alegria

· Missa em Santa Marta ·

«O bilhete de identidade do cristão é a alegria»: o «estupor» diante da «grandeza de Deus», do seu «amor», da «salvação» que doou à humanidade não pode deixar de levar o crente a uma alegria que nem sequer as cruzes da vida podem afetar, porque também na provação há «a certeza de que Deus está connosco».
Foi um verdadeiro hino à alegria a meditação do Papa Francisco durante a missa celebrada em Santa Marta na segunda-feira 23 de maio. A inspiração proveio da liturgia do dia. Em particular, o Pontífice quis reler o incipit do trecho tirado da primeira Carta de Pedro (1, 3-9) que – disse – pelo «tom exultante», a «alegria», o modo do apóstolo intervir «com toda a força» recorda o início do «Oratório de Natal de Bach». Com efeito, escreve Pedro: «Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor. Herança guardada nos céus para vós que, mediante a fé, sois protegidos pelo poder de Deus até chegar a salvação prestes a ser revelada no último tempo».
São palavras em que se percebe «a maravilha diante da grandeza de Deus», diante da «regeneração que o Senhor – “em Jesus Cristo e por Jesus Cristo” – fez em nós». E é «um estupor cheio de júbilo, alegre»: logo a seguir, observou o Papa, no texto da carta encontra-se a «palavra-chave», ou seja: «Por esta razão estais repletos de alegria».
A alegria sobre a qual fala o apóstolo é duradoura. Por isso, explicou Francisco, ele acrescenta na epístola que, mesmo se por algum tempo somos obrigados a estar «afligidos pelas provações», aquela alegria do início «não nos será tirada». Com efeito, brota «daquilo que Deus fez em nós: regenerou-nos em Cristo e deu-nos uma esperança». Uma esperança – «a que os primeiros cristãos apresentavam como uma âncora no céu» – que, disse o Papa, é também a nossa. Dali provém a alegria. E de facto Pedro, concluindo a sua mensagem, convida todos: «Por isso exultai de alegria indizível e gloriosa».
De tudo isto, sublinhou o Pontífice, compreende-se como a alegria seja realmente a «virtude do cristão». Um cristão, especificou, «é um homem e uma mulher com a alegria no coração». Mais ainda: «Não existe um cristão sem alegria». Alguém poderia objetar: «Mas, Padre, eu já vi tantos!», pretendendo dizer com isto «não são cristãos: dizem que o são, mas não é assim, falta-lhe algo». Eis porque segundo o Papa «o bilhete de identidade do cristão é a alegria, a alegria do Evangelho, a alegria de ter sido eleitos por Jesus, salvos por Jesus, regenerados por Jesus; a alegria daquela esperança que Jesus espera por nós». E também «nas cruzes e nos sofrimentos desta vida», acrescentou, o cristão vive aquela alegria, experimentando-a de outra forma, isto é, com a «paz» que vem da «segurança que Jesus nos acompanha, está connosco». Com efeito, o cristão vê «crescer esta alegria com a confiança em Deus». Ele sabe bem que «Deus se lembra dele, que Deus o ama, que o acompanha, espera por ele. Isto é alegria».
Em paralelo com a este hino da alegria, a liturgia do dia propõe «outra palavra», que está ligada ao episódio do Evangelho de Marcos (10, 17-27) no qual se narra sobre o jovem «que se aproximou de Jesus para o seguir»: um «bom jovem» a ponto de conseguir «conquistar o coração de Jesus» o qual, lê-se, «olhou para ele» e «amou-o». Jesus fez uma proposta àquele jovem: «Falta-te uma coisa: vai, vende tudo o que possuis e dá o dinheiro aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me»: mas ao ouvir estas palavras ele «ficou abatido e afastou-se triste».
O jovem, realçou Francisco, «não foi capaz de abrir o coração à alegria e escolheu a tristeza». Mas porquê? A resposta é clara: «Porque possuía muitos bens. Era agarrado aos bens».
Aliás, o próprio Jesus tinha avisado «que não se pode servir a dois senhores: ou serves o Senhor ou serves as riquezas». Voltando sobre este tema já enfrentado numa homilia proferida há poucos dias, o Pontífice explicou: «as riquezas não em si são negativas», a maldade é «servir a riqueza». Em síntese, foi por isso que o jovem se foi embora triste: «Ele ficou abatido e afastou-se triste».
Este episódio esclarece a vida quotidiana «nas nossas paróquias, nas nossas comunidades, nas nossas instituições»: aqui com efeito, sublinhou o Papa, se «encontrarmos pessoas que se consideram cristãs e querem ser cristã, mas são tristes», significa que algo «não está bem». E é tarefa de cada um ajudar estas pessoas «a encontrar Jesus, a apagar aquela tristeza, para que possam rejubilar do Evangelho, possam ter esta alegria que é própria do Evangelho».
Francisco quis aprofundar mais este conceito central e ligar a alegria ao estupor que brota – como recordou são Pedro na sua carta – «diante da revelação, do amor de Deus, da emoção do Espírito Santo». Por conseguinte, podemos afirmar que «o cristão é um homem, uma mulher de estupor».
Uma palavra – «estupor» – que está presente também no final do trecho evangélico do dia, «quando Jesus explica aos apóstolos que aquele jovem tão bom não conseguiu seguí-lo, porque era apegado às riquezas e diz que é muito difícil que um rico, que uma pessoa apegada às riquezas, entre no reino dos Céus». Com efeito, lê-se ainda que eles, «mais surpreendidos», diziam: «E quem se pode salvar?».
O homem, o cristão – explicou o Papa – pode estar tão surpreendido perante tamanha grandeza e beleza, a ponto de pensar: «Eu não consigo. Não sei como fazer!». A resposta dada por Jesus, encarando os seus discípulos é consoladora: «Impossível aos homens – não conseguimos... – mas não a Deus?». Ou seja, podemos viver a «alegria cristã», o «estupor da alegria», e salvar-nos «do risco de viver apegados a outras coisas, às mundanidades», só «com a força de Deus, com a força do Espírito Santo».
Portanto, confidenciou o Pontífice no final da homilia, «peçamos hoje ao Senhor que nos dê o estupor perante ele, perante as muitas riquezas espirituais que nos concedeu; e juntamente com este estupor nos dê a alegria, a alegria da nossa vida e de viver com o coração em paz as numerosas dificuldades; e nos proteja da tentação de procurar a felicidade em muitas coisas que afinal acabam por nos entristecer: prometem tanto, mas nada nos darão!». Esta a conclusão: «lembrai-vos bem: um cristão é um homem e uma mulher de alegria, de alegria no Senhor; um homem e uma mulher de estupor».
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