quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Os anjos do céu

Comentário do dia:




Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge grego
Hino 2

«Os anjos nos céus veem constantemente a face de meu Pai» (Mt 18,10)

Eu Te dou graças, porque me concedeste a vida,
e conhecer-Te e adorar-Te, meu Deus.
Porque «a vida, é conhecer-te, a Ti, único Deus verdadeiro» (Jo 17,3),
Criador e Autor de tudo,
não gerado, não criado, sem princípio, único,
e teu Filho, gerado de Ti,
e o Espírito santíssimo, procedente de Ti,
a trina unidade digna de todo o louvor. [...]

O que há nos anjos, nos arcanjos,
nas dominações, nos querubins e nos serafins
e em todos os outros exércitos celestes,
como glória ou como luz de imortalidade,
que alegria, que esplendor de vida imaterial,
senão a única luz da Santíssima Trindade? [...]

Pensa num ser incorporal ou corpóreo,
e encontrarás que foi Deus que tudo fez.
Se te falam de um ser qualquer, os do céu,
os da terra ou os dos abismos,
para esses também, para todos,
não há senão uma única vida, uma glória,
um desejo e um reino
uma única riqueza, alegria, coroa, vitória, paz,
ou qualquer outro brilho; e consiste nisto:
no conhecimento do Princípio e da Causa
de onde tudo veio, onde tudo teve a sua origem.
Aí está quem mantém as coisas nas alturas e as coisas daqui de baixo,
Aí está quem põe ordem em todos os seres espirituais,
Aí está quem reina sobre todos os seres visíveis. [...]

Eles cresceram em conhecimento e redobraram o temor
ao verem Satanás cair
e os seus companheiros arrebatados pela presunção.
Os que caíram esqueceram tudo isso,
escravos do seu orgulho;
enquanto todos os que conservaram o conhecimento,
elevados pelo temor e pelo amor,
se uniram ao seu Senhor.
Assim, o reconhecimento do senhorio
produziu também o crescimento do seu amor
porque viram melhor e mais claramente
o brilho fulgurante da Trindade.




S. Miguel, arcanjo




São Miguel Arcanjo


Neste dia a Igreja universal celebra a festa dos arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael.

"Miguel" que significa: "Quem como Deus?" é o defensor do Povo de Deus no tempo de angústia. É o padroeiro da Igreja universal e aquele que acompanha as almas dos mortos até o céu.

S. Rafael, arcanjo




Arcanjo São Rafael


"Rafael"- que quer dizer "medicina dos deuses" ou "Deus cura" - foi o companheiro de viagem de Tobias. É o anjo benfazejo que acompanha o jovem Tobias desde Nínive até à Média; quem o defende dos perigos e patrocina o seu casamento com Sara. É ele quem tira da cegueira o velho Tobias. É aquele que cura, que expulsa os demónios. São Rafael é o companheiro de viagem do homem, seu guia e seu protector nas adversidades.

S. Gabriel, arcanjo






São Gabriel


"Gabriel" - que significa "Deus é forte" ou "aquele que está na presença de Deus" - aparece no assim chamado evangelho da infância como mensageiro da Boa Nova do Reino de Deus, que já está presente na pessoa de Jesus de Nazaré, nascido de Maria.
É ele quem anuncia o nascimento de João Baptista e de Jesus. Anuncia, portanto, o surgimento de uma nova era, um tempo de esperança e de salvação para todos os homens. É ele quem, pela primeira vez, profere aquelas palavras que todas as gerações hão-de repetir para saudar e louvar a Virgem de Nazaré: "Ave, cheia de graça. O Senhor é convosco".



Evangelho segundo S. João 1,47-51.


Naquele tempo, Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse: «Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento».
Perguntou-lhe Natanael: «De onde me conheces?». Jesus respondeu-lhe: «Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira».
Disse-lhe Natanael: «Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel!».
Jesus respondeu: «Porque te disse: ‘Eu vi-te debaixo da figueira’, acreditas. Verás coisas maiores do que estas».
E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: Vereis o Céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem».


Livro de Salmos 138(137),1-2a.2bc-3.4-5.



De todo o coração, Senhor, eu Vos dou graças,
porque ouvistes as palavras da minha boca.
Na presença dos Anjos hei-de cantar-Vos
e Vos adorarei, voltado para o vosso templo santo.

Hei-de louvar o vosso nome pela vossa bondade e fidelidade,
porque exaltastes acima de tudo o vosso nome e a vossa promessa.
Quando Vos invoquei, me respondestes,
aumentastes a fortaleza da minha alma.

Todos os reis da terra Vos hão-de louvar, Senhor, quando ouvirem as palavras da vossa boca.
Celebrarão os caminhos do Senhor, porque é grande a glória do Senhor.

Livro de Daniel 7,9-10.13-14.


Estava eu a olhar, quando foram colocados tronos e um Ancião sentou-se. As suas vestes eram brancas como a neve e os cabelos como a lã pura. O seu trono eram chamas de fogo, com rodas de lume vivo.
Um rio de fogo corria, irrompendo diante dele. Milhares de milhares o serviam e miríades de miríades o assistiam. O tribunal abriu a sessão e os livros foram abertos.
Contemplava eu as visões da noite, quando, sobre as nuvens do céu, veio alguém semelhante a um filho do homem. Dirigiu-Se para o Ancião venerável e conduziram-no à sua presença.
Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos e nações O serviram. O seu poder é eterno, que nunca passará, e o seu reino jamais será destruído.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

«Seguir-Te-ei»

Comentário do dia:

Beato John Henry Newman (1801-1890), teólogo, fundador do Oratório em Inglaterra
«Meditações e Devoções», 3.ª parte, 2, 2



Jesus começou por renunciar a Maria e a José, bem como aos seus amigos secretos de cuja simpatia gozava; mas, quando chegou o tempo, teve de renunciar a ela. [...] Permaneçamos uns instantes ao pé de Maria, antes de seguirmos a marcha de seu Filho, Nosso Senhor. Aconteceu Jesus recusar a um que queria segui-Lo autorização para se afastar dos seus. E contudo, esse foi, aparentemente, o seu comportamento com sua Mãe. [...]

Ó Maria, pensamos na tua [...] dor de Mãe; pois não terá a dor causada pela partida de teu Filho sido uma das maiores? [...] Como foi que suportaste essa primeira separação, que passaste os primeiros dias longe dele? [...] Como conseguiste viver aqueles três longos anos do seu ministério? Certa vez, a princípio, tentaste aproximar-te (Mc 3,31); mas depois, nunca mais ouvimos falar de ti, até voltarmos a encontrar-te de pé ao lado da sua cruz.






Evangelho segundo S. Lucas 9,57-62.


Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos iam a caminho de Jerusalém, quando alguém Lhe disse: «Seguir-Te-ei para onde quer que fores».
Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm as suas tocas, e as aves do céu os seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça».
Depois disse a outro: «Segue-Me». Ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai».
Disse-lhe Jesus: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, vai anunciar o reino de Deus».
Disse-Lhe ainda outro: «Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família».
Jesus respondeu-lhe: «Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus».

Três graças


· ​Missa em Santa Marta ·

«Reconhecer a desolação espiritual, rezar quando nos sentimos dominados por este estado de desolação espiritual e saber acompanhar as pessoas que sofrem momentos difíceis de tristeza e de desolação espiritual». São as três graças a pedir ao Senhor que o Papa Francisco indicou, comentando as leituras na manhã de terça-feira, 27 de setembro, durante a missa em Santa Marta.



Oferecendo a celebração do dia, festa litúrgica de são Vicente de Paulo, pelas religiosas da comunidade da Casa – que «foram fundadas» pelo santo francês e cuja «vida segue o caminho que ele indicou: fazer caridade» – o Papa centrou a própria reflexão sobretudo na primeira leitura, tirada do livro de Job (3, 1-3,11-17.20-23). Esse homem «sofria» porque «tinha perdido tudo. Todos os seus bens, inclusive os seus filhos. E depois adoeceu de uma doença semelhante à lepra: grave, cheio de chagas». Deste modo, o seu sofrimento era tal que «a um certo ponto, abriu a boca e amaldiçoou o seu dia, o que lhe acontecia», dizendo: «Pereça o dia em que nasci e a noite em que foi dito: foi concebido um varão. Seria melhor que tudo isto não tivesse acontecido. Melhor a morte do que viver assim».

Contudo, observou o Pontífice, «a Bíblia diz que Job era justo e santo». E geralmente um santo não «pode agir assim». Com efeito, esclareceu o Papa, Job «não amaldiçoou Deus. Apenas desabafou, isto era um desabafo: um desafogo de filho diante do Pai». Quase como fez o profeta Jeremias, que de acordo com o capítulo vinte do seu livro no Antigo Testamento: «Começa com algo muito bom – observou Francisco – e diz ao Senhor: “Fui seduzido por Ti, Senhor”»; mas logo depois, como Job, também Jeremias diz: «Maldito o dia em que fui concebido». E no entanto «estes dois casos não são blasfémias: são desabafos». Ambos «se desafogam diante de Deus» porque «os dois sentiam uma grande desolação espiritual».

A este propósito o Pontífice frisou que a desolação espiritual «acontece a todos: tanto ao forte como ao débil... Mas, este estado obscuro da alma, sem esperança, desconfiado, sem vontade de viver nem de ver o fim do túnel, com muita agitação no coração e nas ideias», é vivido por todos os homens e mulheres. «A desolação espiritual – explicou – faz-nos sentir como se tivéssemos a alma esmagada», que «não quer viver: “é melhor a morte!” foi o desabafo de Job; melhor morrer do que viver assim».

Mas, disse o Papa, «quando o nosso espírito está neste estado de tristeza ampliada, que quase não temos fôlego, devemos compreender» que isto «acontece a todos»: de modo mais ou menos acentuado, mas acontece a todos. Eis então o convite a «compreender o que acontece no nosso coração», a questionar-nos sobre «o que deveríamos fazer quando vivemos estes momentos obscuros, devido a uma tragédia familiar, uma doença, ou outra situação que nos desanima». Certamente, esclareceu, não é o caso de «tomar um remédio para dormir e afastar-nos dos factos, ou beber dois, três, quatro copos» para esquecer, pois «isto não resolve». Ao contrário, «a liturgia de hoje faz-nos ver como nos devemos comportar «com esta desolação espiritual, quando estamos desanimados, sem esperança».

Uma ajuda vem do salmo responsorial: «Chegue a ti a minha oração, Senhor». Portanto, a primeira atitude é rezar. «Oração forte, forte, forte» repetiu Francisco, evidenciando que o «salmo 87 que acabámos de recitar juntos» ensina «como rezar no momento da desolação espiritual, da escuridão interior, quando nada vai corre e a tristeza se apodera do coração. “Senhor, Deus da minha salvação, diante de Ti clamo dia e noite”: as palavras são fortes! Foi o que fez Job: “Clamo, dia e noite. Por favor, ouve a minha súplica”». Portanto, «é uma oração» que consiste em «bater à porta, mas com força: “Senhor, estou cansado de desventuras. A minha vida está à beira do inferno. Sinto-me como aqueles que descem na fossa, sinto-me como um homem já sem forças”».

Na vida, observou o Papa «quantas vezes nos sentimos assim, sem forças». Contudo «o próprio Senhor nos ensina como rezar nestes momentos difíceis: “Senhor, lançaste-me na fossa mais profunda. Pesa sobre mim o teu furor. Chegue a ti a minha oração”. Esta é a oração: devemos rezar deste modo nos momentos difíceis, obscuros, de desolação, esmagadores, que nos sufocam», exortou Francisco. Porque «isto é rezar com autenticidade» e, de qualquer maneira, serve «inclusive para desabafar como desabafou Job com os filhos. Como um filho».

Depois de ter indicado o comportamento individual que devemos ter nos momentos de desolação espiritual, o Pontífice refletiu sobre o acompanhamento de quantos se encontram em tais situações. De facto, o trecho bíblico continua com a narração dos amigos que foram ter com Job e «permaneceram em silêncio, muito tempo». Com efeito, explicou o Papa, «diante de uma pessoa que está nesta situação, as palavras podem ferir. Basta tocá-lo, estar próximo», de modo «que sinta a proximidade, e responder ao que ele pergunta, sem fazer discursos».

Mas no caso de Job «vê-se que os amigos depois de um certo tempo se aborreceram com o silêncio» e começaram «a fazer discursos, a dizer disparates». Mas «quando uma pessoa sofre, está na desolação espiritual, devemos falar o menos possível e ajudar com o silêncio, a proximidade, as carícias e a oração diante do Pai».

Eis a atualidade das leituras litúrgicas. Com base nelas Francisco expressou os votos de «que o Senhor nos ajude: primeiro, a reconhecer em nós os momentos da desolação espiritual, quando estamos na escuridão, sem esperança, e a perguntarmos o porquê; segundo, a rezar como hoje nos ensina a liturgia com este salmo 87 no momento da escuridão – “Chegue a ti a minha oração, Senhor”». E terceiro, «quando me aproximo de uma pessoa que sofre», por uma doença ou por qualquer outra circunstância, «mas que sente precisamente a desolação: silêncio». Um silêncio, concluiu, «com muito amor, proximidade, carícias. E não façamos discursos que no final não ajudam e até ferem».

Livro de Salmos 88(87),10bc-11.12-13.14-15.


A Vós clamo, Senhor, todo o dia,
estendo para Vós as minhas mãos.
Fareis Vós maravilhas entre os mortos?
Irão levantar-se os defuntos para Vos louvar?

Haverá no sepulcro quem fale da vossa bondade
ou da vossa fidelidade no reino dos mortos?
Serão conhecidas nas trevas as vossas maravilhas,
na terra do esquecimento a vossa justiça?

Eu, porém, clamo por Vós, Senhor,
de manhã a minha oração sobe à vossa presença.
Porque me afastais de Vós, Senhor,
porque escondeis de mim o vosso rosto?

Livro de Job 9,1-12.14-16.


Job tomou a palavra e disse aos seus amigos:
«Na verdade, eu sei muito bem que é assim: como pode um homem ter razão contra Deus?
Se ele quisesse discutir com Deus, nem uma vez em mil poderia responder-Lhe.
O coração de Deus é sábio, a sua força é grande: quem se Lhe opôs e saiu ileso?
Ele desloca as montanhas sem elas saberem e as derruba no seu furor.
Sacode os alicerces da terra e abala as suas colunas.
Dá ordens ao sol e ele não nasce e põe um selo sobre as estrelas.
Sozinho Ele estende os céus e caminha sobre as ondas do mar.
Criou a Ursa Maior e o Orion, as Plêiades e as Constelações do Sul.
Faz prodígios insondáveis e maravilhas sem conta.
Se vier junto de mim, não O vejo, se passar a meu lado, não O sinto.
Se apanhar uma presa, quem Lho impedirá? Quem Lhe dirá: ‘Que estais a fazer?’.
Como iria eu então responder-Lhe e encontrar argumentos contra Ele?
Embora eu tivesse razão, não devo replicar, só tenho de implorar Àquele que é meu juiz.
Ainda que eu O chamasse e Ele me respondesse, não tenho a certeza de que escutasse a minha voz».

Santo do dia

S. Venceslau, rei da Boémia, mártir, +935, S. Lourenço Ruiz e companheiros, mártires, ++1633-37

S. Venceslau, rei da Boémia, mártir, +935




Nasceu na Boémia, cerca do ano 907; de uma sua tia paterna recebeu uma sólida formação cristã e assumiu o governo do seu ducado por volta de 925. Suportou muitas dificuldades no governo e formação cristã de seus súbditos. Traído por seu irmão Boleslau, foi morto por uns sicários no ano 935. Em breve foi venerado como mártir e escolhido pela Boémia como seu patrono principal.

_________________________________________________________

S. Lourenço Ruiz e companheiros, mártires, ++1633-37



No século XVII (1633-1637), na cidade de Nagasaki, do Japão, derramaram o seu sangue por amor de Cristo dezasseis mártires: Lourenço Ruiz e seus Companheiros. Este grupo de mártires, da Ordem de São Domingos ou a ela associados, é constituído por nove presbíteros, dois religiosos, duas virgens e três leigos, entre os quais se conta Lourenço Ruiz, chefe de família, natural das Filipinas.

Todos eles, em tempos e circunstâncias diversas, dilataram a fé cristã nas Filipinas, na Formosa e no Japão, manifestando de modo admirável a universalidade da religião cristã e, como invencíveis missionários, espalharam a semente da futura cristandade com o exemplo da sua vida e da sua morte. Foram canonizados por João Paulo II a 18 de Outubro de 1987.


terça-feira, 27 de setembro de 2016

«Tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém»

Comentário do dia:

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermões «De diversis», n.º 1




Irmãos, é bem certo que já vos pusestes a caminhar para a cidade onde habitareis; não avançais por entre os bosques, mas pela estrada. Mas receio que esta via vos pareça longa e vos traga menos consolações do que tristeza. Sim, receio que alguns, ao pensamento de que lhes resta ainda uma longa estrada a percorrer, se sintam conquistados por alguma falta de coragem espiritual, que percam a esperança de conseguir suportar tantas dores e durante tanto tempo. Como se as consolações de Deus não enchessem a alma dos eleitos de uma alegria muito superior à multidão das dores contidas no seu coração.

É certo que, atualmente, estas consolações ainda não lhes são dadas senão à medida das suas penas; uma vez, porém, atingida a felicidade, não serão já consolações, mas delícias sem fim que encontraremos à direita de Deus (Sl 15,11). Desejemos esta direita, irmãos, que abarca todo o nosso ser. Ansiemos ardentemente por esta felicidade, para que o tempo presente nos pareça breve (como de facto é) em comparação com a grandeza do amor de Deus: «os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a glória que há de revelar-se em nós» (Rom 8,18). Promessa feliz, por cujo cumprimento devemos esperar com todo o nosso coração!

Evangelho segundo S. Lucas 9,51-56.


Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém
e mandou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem.
Mas aquela gente não O quis receber, porque ia a caminho de Jerusalém.
Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: «Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?».
Mas Jesus voltou-Se e repreendeu-os.
E seguiram para outra povoação.


Livro de Salmos 88(87),2-3.4-5.6.7-8.


Senhor Deus, meu Salvador,
dia e noite clamo na vossa presença.
Chegue até Vós a minha oração,
inclinai o ouvido ao meu clamor.

A minha alma está saturada de sofrimento,
a minha vida chegou às portas da morte.
Sou contado entre os que descem à sepultura,
sou um homem já sem forças.

Estou abandonado entre os mortos,
como os caídos que jazem no sepulcro,
de quem já não Vos lembrais
e que foram sacudidos da vossa mão.

Lançastes-me na cova mais profunda,
nas trevas do abismo.
Pesa sobre mim a vossa ira,
todas as vossas ondas caíram sobre mim.

Livro de Job 3,1-3.11-17.20-23.


Job abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento.
Tomou a palavra e disse:
«Desapareça o dia em que eu nasci e a noite em que se anunciou: ‘Foi concebido um homem’.
Porque não morri no ventre de minha mãe, ou não expirei ao sair do seio materno?
Porque houve dois joelhos para me acolherem e dois seios para me amamentarem?
Estaria agora deitado e tranquilo, dormiria o sono da morte e teria descanso,
como os reis e os grandes da terra, que edificaram os seus túmulos sumptuosos,
ou como os poderosos, que possuem ouro e enchem de prata os seus mausoléus.
Ou porque não fui eu como o aborto escondido, que já não existiria, como as crianças que não chegaram a ver a luz?
Ali acaba a agitação dos maus, aí repousam os homens extenuados.
Porque se dá luz ao infeliz e vida aos corações amargurados,
que suspiram pela morte que tarda em chegar e a procuram mais avidamente que um tesouro?
Ficariam contentes diante de um túmulo, exultariam à vista de um sepulcro.
Porque se dá vida ao homem que não vê o seu caminho e que Deus cerca por todos os lados?».

Santo do dia


S. Cosme e S. Damião, médicos, mártires, +303



São Cosme e São Damião sofreram martírio em Ciro (na Síria), provavelmente durante a perseguição de Diocleciano, nos inícios do século IV. A data de 27 de Setembro corresponde provavelmente à dedicação da basílica que o papa Félix IV mandou construir em honra deles no Foro Romano; e é ainda meta mais de turistas que de devotos, pelo esplêndido mosaico que lhe decora a ábside. Sabemos que os dois irmãos curavam "todas as enfermidades, não só das pessoas, mas também dos animais", fazendo tudo gratuitamente. Em grego são chamados de "anargiros", isto é, sem dinheiro.
Os dois irmãos foram colocados no paredão para que quatro soldados os atravessassem com setas, mas "os dardos voltavam para trás e feriam a muitos, porém os santos nada sofriam ". Foram obrigados a recorrer à espada para a decapitação, honra reservada só aos cidadãos romanos e somente assim os dois mártires, juntamente com outros três irmãos, puderam prestar seu testemunho a Cristo.
Seus restos mortais, segundo consta, encontram-se em Ciro na Síria, repousando numa basílica a eles consagrada. Da Síria o seu culto alcançou Roma e dali se espalhou por toda a Igreja do Ocidente.
_____________________________________________________

S. Vicente de Paulo, presbítero, fundador, +1660



Nascido em Pouy, Dax, França em 24 de Abril de 1581.
Em 1600 é nomeado capelão da Rainha Margarida de Valois; dois anos mais tarde, é pároco de Clichy e, no ano seguinte, perceptor na célebre família "De Gondi".
1617 é o ano determinante da vida de S. Vicente: decide consagrar a sua vida ao serviço dos Pobres.
Em 1625 funda a Congregação da Missão para evangelizar o povo do campo, mas também para a formação do Clero.
Em 1633, com Luisa Marillac, funda a Filhas da Caridade.
S. Vicente foi "um plasmador de consciências, um sedutor de almas, um anunciador e um profeta da Caridade de Cristo, um verdadeiro homem de Deus".
Morreu em 27 de Setembro de 1660, mas o seu espírito continua vivo nas suas obras.
Juventude Mariana Vicentina




sábado, 24 de setembro de 2016

Título de Glória

Comentário do dia:



São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, doutor da Igreja
Comentário sobre a Epístola aos Gálatas, 6

O nosso título de glória é o Filho do Homem entregue nas mãos dos homens

«Quanto a mim, Deus me livre de me gloriar a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo», diz São Paulo (Gal 6,14). Repara, observa Santo Agostinho: onde o sábio segundo este mundo julgou encontrar a vergonha, aí descobriu o apóstolo Paulo um tesouro; pois aquilo que para outro é loucura é para ele sabedoria (1Cor 1,17s) e título de glória.

Com efeito, cada um retira a sua glória daquilo que, a seus olhos, o torna grande; se julga ser um homem importante por ser rico, glorifica-se nos seus bens. Mas aquele que não encontra grandeza para si senão em Jesus Cristo põe a sua glória apenas em Jesus; assim era o apóstolo Paulo, que dizia: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim»(Gal 2,20). É por isso que apenas se gloria em Cristo, e sobretudo na cruz de Cristo. É que nesta cruz estão reunidos todos os motivos de glória que um homem pode ter.

Há pessoas que retiram a sua glória da amizade com os grandes e poderosos; Paulo, porém, apenas tem necessidade da cruz de Cristo, onde descobre o sinal mais evidente da amizade de Deus: «Deus demonstra o seu amor para connosco pelo facto de Cristo haver morrido por nós quando ainda éramos pecadores» (Rom 5,8). Não, nada manifesta tão bem o amor de Deus para connosco como a morte de Cristo. «Oh, testemunho inestimável do amor!», exclama São Gregório. «Para resgatar o escravo, entregastes o Filho!»

Livro de Salmos 90(89),3-4.5-6.12-13.14.17.


Vós reduzis o homem ao pó da terra
e dizeis: «Voltai, filhos de Adão».
Mil anos a vossos olhos
são como o dia de ontem que passou e como uma vigília da noite.

Vós os arrebatais como um sonho,
como a erva que de manhã reverdece;
de manhã floresce e viceja,
de tarde ela murcha e seca.

Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando...
Tende piedade dos vossos servos.

Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Desça sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus.
Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos.






Livro de Eclesiastes 11,9-10.12,1-8.


Jovem, regozija-te na tua mocidade e alegra o teu coração na flor dos teus anos. Segue os impulsos do teu coração e o que agradar aos teus olhos, mas sabe que, de tudo isso, Deus te pedirá contas.
Lança fora do teu coração a tristeza, poupa o sofrimento ao teu corpo: também a meninice e a juventude são ilusão.
Lembra-te do teu Criador nos dias da tua juventude,antes que venham os dias maus e cheguem os anos, dos quais dirás: «Não sinto neles prazer algum»;
antes que escureçam o Sol e a luz, a Lua e as estrelas, e voltem as nuvens depois da chuva;
quando os guardas da tua casa começarem a tremer, e os homens robustos, a vergar; quando as mós deixarem de moer por serem poucas, e se escurecer a vista dos que olham pela janela;
quando se fecham as portas da rua, quando enfraquece a voz do moinho, quando se acorda com o piar de um pássaro e emudecem as canções.
Então, também haverá o medo das subidas, e haverá sobressaltos no caminho, enquanto a amendoeira abre em flor, o gafanhoto engorda, e a alcaparra perde as suas propriedades. Então, o homem encaminha-se para a sua casa da eternidade, e as carpideiras percorrem as ruas;
antes que se rompa o cordão de prata e se quebre a bacia de oiro; antes que se parta a bilha na fonte, e se desenrole a roldana sobre a cisterna.
Então o pó voltará à terra de onde saiu e o espírito voltará para Deus que o concedeu.
Ilusão das ilusões - disse Qohélet - tudo é ilusão.

O DÍZIMO REVERTIDO PARA OS POBRES



Pra que serve o dízimo? Para o pastor da Assembléia de Deus Ministério Lagoinha, em Araruama, Fábio Mendonça, para ser utilizado em prol dos pobres de sua comunidade. Por isso, o pastor, que aprendeu em criança o ofício de pedreiro, colocou em prática, com a oferta do dízimo, a possibilidade de construir casas para os membros pobres de sua igreja. Até o momento, já foram entregues 20 moradias e o intento dele é o de vir a construir prédios para abrigar um maior número de fiéis.
O pastor Fábio Mendonça é sargento da Polícia Militar da 25ª CIA em Cabo Frio. As construções são feitas com ajuda de voluntários, mas agora para acelerar os trabalhos são contratados cinco pedreiros.
Em vez de optar pela construção de uma mega igreja, o pastor levou em consideração que o dízimo deve ser colocado à disposição dos mais necessitados.

Nossa Senhora das Mercês

Sabado, dia 24 de Setembro de 2016
Nossa Senhora das Mercês





Em 621, os visigodos tornaram-se senhores de toda a Espanha.
Em 711, vieram os árabes que os repeliram para as montanhas das Astúrias e conquistaram quase toda a Península. Foram precisos seis séculos para os expulsar.
Durante este período foram levados para África grande número de cristãos. Os que abraçavam o islamismo eram tratados como homens livres; os outros eram vendidos como escravos. Para os libertar era necessário pagar o resgate. Como nem todas as famílias tinham posses para libertar seus familiares, S. Pedro Nolasco fundou, em 1218, a Ordem das Mercês ou da Redenção dos Cativos. A própria Virgem, numa aparição, incitou a isso. Pedro contou a sua visão a S. Raimundo de Penhaforte e ao rei Jaime I, de Aragão. Os três conseguiram pôr em prática o projecto. Graças ao seu heroísmo e à generosidade dos cristãos, a obra foi fecunda em resultados e só terminou com o desaparecimento da pirataria.
Dizia o Breviário Romano que "foi com o fim de agradecer a Deus e à Santíssima Virgem os benefício de tal Instituição que se estabeleceu a festa de Nossa Senhora das Mercês".
O nome feminino, Mercedes, vem deste título especial da Virgem Maria.


Santo do Dia

Santo do dia : S. Vicente Maria Strambi, bispo, +1824, Beata Rita Amada de Jesus, religiosa, fundadora, +1913

S. Vicente Maria Strambi, bispo, +1824


Em 1768, jovem sacerdote, ingressou na Congregação Passionista, que acabava de ser fundada. Foi discípulo perfeito e biógrafo de seu fundador, Paulo da Cruz. Dedicou-se com grande sucesso às pregações populares, até que foi feito bispo de Macerata e Tolentino.

Recusou prestar juramento de fidelidade a Napoleão Bonaparte, que invadira e usurpara os Estados Pontifícios e, em consequência, foi desterrado durante 7 anos. Já idoso, renunciou ao bispado e passou os últimos tempos de vida em Roma, como conselheiro e director espiritual do Papa Leão XII. Ofereceu a sua vida a Deus para que esse Papa, gravemente enfermo, não morresse, e foi atendido: Vicente Maria morreu e o Papa recuperou a saúde.


Beata Rita Amada de Jesus, religiosa, fundadora, +1913

image Saber mais sobre os Santos do dia


Beata Rita Amada de Jesus

Rita Amada de Jesus, viu a luz do dia a 5 de Março de 1848 num pequeno povoado da paróquia de Ribafeita, Diocese de Viseu – Portugal. Com muito poucos dias de idade recebe o baptismo e foi-lhe dado o nome de Rita Lopes de Almeida. Cresceu num ambiente familiar muito piedoso onde à noite se fazia leitura espiritual e, desde criança, manifestou ela mesma uma especial devoção por Jesus Sacramentado, por Nossa Senhora, por S. José e carinho pelo Papa que, por essas alturas, vivia vida atribulada, a ponto de se ver exilado e, poucos anos depois, espoliado dos Estados Pontifícios.

A maçonaria, que, em Portugal, na década de trinta se apoderou dos bens eclesiásticos, mandara encerrar todas as casas religiosas masculinas e nas femininas proibia a admissão de qualquer Noviça, concorreu para o cristianismo perder alguma vitalidade. Além disso, muitos bispos e até sacerdotes descuravam os seus deveres, pelas constantes lutas políticas em que se viam envolvidos.

No lar desta jovem, todos, a começar pelos pais, sentiam a ânsia de uma autêntica vivência cristã e desejo de a comunicar a outros. Deus fez nascer em Rita a vocação missionária para arrancar os jovens do indiferentismo, dos perigos morais e exercer apostolado entre em prol da família. Chegou a andar de aldeia em aldeia a rezar; e ensinava a rezar o terço e espalhar a vontade sincera de imitar Nossa Senhora. Encontrava pessoas de vida menos exemplar e fazia tudo quanto estava ao seu alcance para que Nosso Senhor as arrancasse do mal e as trouxesse ao bom caminho. Não tardaram ameaças de morte e até houve um homicídio frustrado.

À oração juntou a penitência. Nas vindas a Viseu, começou a contactar as Irmãs Beneditinas do Convento de Jesus e conseguiu delas alguns “instrumentos de mortificação”. Cedo deu conta, juntamente com seu confessor, de que Jesus a chamava à vida de consagrada, numa época impossível pelas leis ainda vigentes que proibiam admissões de Noviças. Rita continuava no mundo, entregue ao apostolado, às mortificações, esperançada de que haveria de alcançar a consagração total a Deus e rejeitando peremptoriamente pretendentes, alguns deles ricos, porque no seu íntimo já era “consagrada”. Fazia a Comunhão Reparadora; crescia no fervor eucarístico, na devoção ao Sagrado Coração de Jesus e no forte desejo de salvar almas, tornando-se missionária e apóstola. Comungando no apostolado de Rita, os pais chegaram a albergar em sua casa mulheres desejosas de conversão e de mudar de atitudes e comportamentos morais com que tinham contribuído para a destruição de famílias.

Com cerca de 20 anos viu que era imperioso consagrar-se a Deus na Vida Religiosa. Confidenciava muito com sua mãe e o pai, embora muito piedoso, por sentir por aquela filha uma oculta predilecção, opunha-se a este desiderato. Porque importa obedecer mais a Deus que aos homens, Rita não esmoreceu e finalmente aos 29 anos conseguiu entrar num convento de Religiosas, a única Congregação permitida em Portugal por ser estrangeira e se dedicar apenas à assistência. Ao confrontar o carisma daquelas Irmãs com o que lhe ia na alma, deu conta que não se coadunava com o género de apostolado para que se sentia inclinada. O Director Espiritual da Comunidade a quem se abria inteiramente verificou qual era a vontade de Deus a respeito daquela Aspirante: recolher e educar meninas pobres e abandonadas. Rita deixou aquelas Religiosas de origem francesa e, ainda de acordo com o Revº P. Francisco Pereira S.J., procurou meios de melhor se preparar para o futuro e urgente desempenho da sua especial missão. Deu entrada num colégio onde pôde aprender ao vivo como lidar com as exigências estatais e religiosas.

Rita, humanamente rica de predicados e virtudes, profundamente piedosa, levada pelo desejo de cumprir a vontade de Deus a seu respeito, deixando-se guiar pelo Director Espiritual, ao sair do Colégio, aos 32 anos, conseguiu vencer as dificuldades de natureza política e até religiosa para fundar a 24 de Setembro de 1880, na paróquia de Ribafeita, um colégio e simultaneamente o Instituto das Irmãs de Jesus Maria José, seguindo o lema da Sagrada Família de Nazaré. Em breve espaço de tempo, estendeu a Obra de apostolado a outras Dioceses de Portugal; mas nas Dioceses de Viseu, Lamego e Guarda as autoridades políticas concelhias procuraram por todos os meios obrigá-la a encerrar a Obra. Não lhe faltaram também dificuldades económicas e ainda internas com uma das suas religiosas. Porém, no ano de 1910, a implantação da República desencadeou perseguição feroz contra a Igreja, apoderou-se dos bens que o Instituto possuía, aboliu novamente as Ordens Religiosas e Madre Rita teve que se refugiar na terra natal. Daqui conseguiu localizar algumas Irmãs dispersas, aos poucos reagrupá-las numa humilde casa e pôde salvar o Instituto, enviando-as depois em grupos para o Brasil. Lá continuaram o carisma da Fundadora que faleceu em Casalmendinho (paróquia de Ribafeita) a 6 de Janeiro de 1913, em odor de santidade, confortada pelos últimos Sacramentos. O funeral para o cemitério paroquial, presidido pelo Vigário Geral da Diocese, foi antes uma acção de graças pelo dom desta Religiosa à Igreja e ao Mundo.



cf.www.vaticano.va








sexta-feira, 23 de setembro de 2016

"E vós, quem dizeis que Eu sou?"

Comentário do dia


Beato Paulo VI (1897-1978), papa de 1963 a 1978
Homilia em Manila, 29/11/70 (© Libreria Editrice Vaticana)


Cristo! Sinto a necessidade de O anunciar, não posso calá-Lo: «Ai de mim, se não anunciar o Evangelho!» (1Cor 9,16) Fui enviado por Ele para isso mesmo; sou apóstolo, sou testemunha. Quanto mais longe está o objetivo e mais difícil é a missão, mais premente é o amor que me impele (2Cor 5,14). Tenho de proclamar o seu nome: Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16,16). É Ele que nos revela o Deus invisível; Ele é o primogénito de toda a criatura, o fundamento de todas as coisas (Col 1,15s). Ele é o Mestre da humanidade e o Redentor: nasceu, morreu e ressuscitou por nós. Ele é o centro da história e do mundo, é quem nos conhece e nos ama, é o companheiro e o amigo da nossa vida. É o homem da dor e da esperança. É o que há de vir, que será um dia nosso juiz e também, assim o esperamos, a plenitude eterna da nossa existência, a nossa felicidade.
Nunca mais acabaria de falar dele: Ele é a luz e a verdade; mais, Ele é «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6). Ele é o Pão e a Fonte de água viva que responde à nossa fome e à nossa sede (Jo 6,35; 7,38); Ele é o nosso Pastor, o nosso guia, o nosso exemplo, o nosso conforto, o nosso irmão. Como nós, e mais do que nós, foi pequeno, pobre, humilhado, trabalhador, infeliz e paciente. Por nós, falou, realizou milagres, fundou um Reino novo onde os pobres são bem-aventurados, onde a paz é o princípio da vida em comum, onde os que têm o coração puro e os que choram são exaltados e consolados, onde os que aspiram à justiça são atendidos, onde os pecadores podem ser perdoados, onde todos são irmãos.
Jesus Cristo: já ouvistes falar dele, e a maioria de vós pertence-lhe, pois sois cristãos. Pois bem! A vós, cristãos, repito o seu nome, a todos anuncio: Jesus Cristo é «o princípio e o fim, o alfa e o ómega» (Ap 21,6). Ele é o Rei do mundo novo; é o segredo da história, a chave do nosso destino; ele é o Mediador, a ponte entre a Terra e o Céu [...]; é o Filho do homem, o Filho de Deus [...], o Filho de Maria... Jesus Cristo! Recordai: este é o anúncio que fazemos para a eternidade, é a voz que fazemos ressoar por toda a terra (Rom 10,18) e pelos séculos que hão de vir.

A Família

SERMÃO: Como uma família pode vencer as suas crises no mundo de hoje
(Sermão pregado pelo Pr Josias Moura na semana da família da Igreja Betel Geisel)
1. Introdução
Quando estudamos as famílias bíblicas, observamos que muitas delas enfrentaram crises gravíssimas.
A primeira família na Bíblia a enfrentar uma grande crise foi a de Adão. A crise surgiu entre os seus filhos. Caim começou a encher o seu coração com ciúme e inveja. Ciúme e inveja são sentimentos profundamente destrutivos. Na família de Jacó houve um serio problema de relacionamento entre os seus filhos. José era objeto de ciúme e inveja. Seus irmãos rejeitavam os seus sonhos e se revoltavam contra o pai, por este ter preferência por José. E mais tarde o venderam como escravo para o Egito.
Na família de Abraão, houve uma grave crise entre Sara e uma serva chamada Hagar. Deus havia prometido a Sara um filho. Sara não espera o cumprimento da promessa de Deus, e pede a Abraão que tenha um filho da escrava. Esta precipitação de sua parte, gera uma mais tarde insegurança e ciúme no coração de Sara contra a Serva. Sara ordena a Abraão que mande-a embora com seu filho.
Ao lembrarmos da família de Ana, recordamos dos conflitos que ela enfrentou dentro da sua casa com Penina. Ana era humilhada por não poder ter filhos. Mas, Deus a honra e abre a sua madre.
Todas estas famílias venceram seus conflitos porque estavam firmadas sobre a rocha. E este é o primeiro modelo de família.
(Colaboração de leitor)

Osteoporose da alma


· Missa em Santa Marta ·
22 de Setembro de 2016
É a vaidade, juntamente com a avidez e a altivez, uma das «raízes de todos os males» no coração de cada pessoa. A corrida frenética, tão característica dos nossos tempos, «para fingir, para parecer, para aparecer» não leva a nada, «não nos dá um lucro verdadeiro» e deixa a inquietação na alma.
A vanitas vanitatum do Qoèlet (1, 2-11), proposta pela liturgia do dia, esteve no centro da meditação do Papa Francisco durante a missa celebrada em Santa Marta, na manhã de quinta-feira 22 de setembro. Contudo, ponto de partida foi a inquietação do rei Herodes Antipas descrita no Evangelho de Lucas (9, 7-9). De facto, o soberano «estava inquieto» porque aquele Jesus sobre o qual todos falavam «era para ele uma ameaça». Alguns pensavam que fosse João, mas o rei repetia: «Eu degolei João. Quem é, pois, este, de quem ouço tais coisas?». Uma inquietação, observou o Pontífice, que recorda a do pai, Herodes o grande, o qual, quando chegaram os reis magos para adorar Jesus, «ficou atemorizado».
A nossa alma, explicou o Papa, «pode ter duas inquietações: a boa, que é a inquietação do Espírito Santo, que nos dá Espírito Santo, e faz com que a alma esteja inquieta para fazer coisas boas, para ir em frente: e há também a má inquietação, a que nasce de uma consciência suja». Precisamente esta última caracterizava os dois soberanos contemporâneos de Jesus: «tinham a consciência suja e por esta razão estavam inquietos, porque tinham feito coisas más e não encontravam paz, e qualquer acontecimento lhes parecia uma ameaça». Aliás, o seu modo de resolver os problemas era assassinar, e iam em frente passando «por cima dos cadáveres das pessoas».
Quem como eles, explicou Francisco, «comete o mal», tem «a consciência suja e não pode viver em paz»: a inquietação tormenta-os e vivem «com uma comichão constante, com uma urticária que não os deixa em paz». Uma realidade interior sobre a qual se concentrou a reflexão do Papa: «esta gente cometeu o mal, mas o mal tem sempre a mesma raiz, qualquer mal: a avidez, a vaidade e a altivez». Todas elas, acrescentou, «não te deixam a consciência em paz», todas impedem que entre «a inquietação sadia do Espírito Santo», e «levam a viver assim: inquietos, com medo».
A este ponto, solicitado pela primeira leitura, o Pontífice deteve-se sobre a vaidade: «Vaidade das vaidades, vaidade das vaidades... Tudo é vaidade». A expressão do Qoèlet, observou, pode parecer «um pouco pessimista», embora na realidade «nem tudo seja assim: há gente boa». Mas, explicou Francisco, «o texto quer sublinhar esta tentação muito nossa, que é inclusive a primeira dos nossos pais: ser como Deus». Com efeito, a vaidade, «incha-nos», mas «não tem longa vida, porque é como uma bolha de sabão» e nunca dá «um verdadeiro lucro». Não obstante tudo, o homem «esforça-se por parecer, por fingir, por aparecer». Por outras palavras: «A vaidade é camuflar a própria vida. E isto adoece a alma, porque há quem camufla a própria vida para parecer, para aparecer, e todas as coisa que faz são para fingir, por vaidade, mas no fim de contas o que ganha?».
Para fazer melhor compreender esta realidade interior, o Papa usou algumas imagens concretas: «a vaidade é uma “osteoporose” da alma: os ossos de fora parecem bons, mas dentro estão todos deteriorados». E ainda: «A vaidade leva-nos à fraude; como os impostores marcam o baralho para lucrar. Mas esta vitória é fingida, não é verdadeira. Esta é a vaidade: viver para fingir, viver para parecer, viver para aparecer. E isto inquieta a alma».
A este respeito, recordou o Papa, são Bernardo exprimia-se dirigindo-se ao vaidoso com uma palavra «até muito forte»: «Mas pensa naquilo que serás. Serás comida para vermes». Ou seja: «todo este esforço para camuflar a vida é uma mentira, porque te comerão os vermes e não serás nada». Mas «onde está a força da vaidade?», questionou-se Francisco. «Impelidos pela altivez a cometer maldades» não se quer «permitir que se veja um erro», procura-se «cobrir tudo». É verdade que há muita «gente santa»; mas é igualmente verdade que há pessoas das quais pensamos: «Que boa pessoa! Vai à missa todos os domingos. Faz grandes ofertas à Igreja», sem se dar conta da «osteoporose», da «corrupção que tem dentro». Aliás, «a vaidade é esta: faz-te parecer com uma cara de santinho e depois a tua verdade dentro é muito diferente».
Perante tudo isto, concluiu o Papa, «onde está a nossa força e a segurança, o nosso refúgio?». Também a resposta chega da liturgia. De facto, no salmo do dia lê-se: «Senhor tu foste para nós um refúgio de geração em geração». E no canto ao Evangelho recordam-se as palavras de Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida». Esta, disse Francisco, «é a verdade, não a maquilhagem da vaidade».
Portanto, é importante rezar para «que o Senhor nos liberte destas três raízes de todos os males: a avidez, a vaidade e a altivez. Mas sobretudo da vaidade, que nos faz muito mal».
Missa em Santa Marta

Livro de Salmos 144(143),1a.2abc.3-4.


Bendito seja o Senhor, meu refúgio;
meu amparo e fortaleza,
meu baluarte e meu libertador 
meu escudo e o meu abrigo,
Senhor, que é o homem, para cuidares dele,
e o filho do homem, para nele pensares?
O homem é semelhante ao sopro da brisa;
os seus dias passam como uma sombra.

Evangelho segundo S. Lucas 9,18-22.


Um dia, Jesus orava sozinho, estando com Ele apenas os discípulos. Então perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?».
Eles responderam: «Uns, dizem que és João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos profetas que ressuscitou».
Disse-lhes Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro tomou a palavra e respondeu: «És o Messias de Deus».
Ele, porém, proibiu-lhes severamente de o dizerem fosse a quem fosse
e acrescentou: «O Filho do homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia».

Livro de Eclesiastes 3,1-11.


Para tudo há um momento e um tempo para cada coisa que se deseja debaixo do céu:
tempo para nascer e tempo para morrer, tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou,
tempo para matar e tempo para curar, tempo para destruir e tempo para edificar,
tempo para chorar e tempo para rir, tempo para se lamentar e tempo para dançar,
tempo para atirar pedras e tempo para as ajuntar, tempo para abraçar e tempo para evitar o abraço,
tempo para procurar e tempo para perder, tempo para guardar e tempo para atirar fora,
tempo para rasgar e tempo para coser, tempo para calar e tempo para falar,
tempo para amar e tempo para odiar, tempo para guerra e tempo para paz.
Que proveito tira das suas fadigas aquele que trabalha?
Eu vi a tarefa que Deus impôs aos filhos dos homens para que dela se ocupem.
Todas as coisas que Deus fez, são boas a seu tempo. Até a eternidade colocou no coração deles, sem que nenhum ser humano possa compreender a obra divina do princípio ao fim.

Santo do Dia


S. Pio de Petrelcina (Padre Pio), presbítero, +1968
Nasceu no dia 25 de Maio de 1887 em Pietrelcina, na arquidiocese de Benevento, filho de Grazio Forgione e de Maria Giuseppa de Nunzio. Foi baptizado no dia seguinte, recebendo o nome de Francisco. Recebeu o sacramento do Crisma e a Primeira Comunhão, quando tinha 12 anos.
Aos 16 anos, no dia 6 de Janeiro de 1903, entrou no noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Morcone, tendo aí vestido o hábito franciscano no dia 22 do mesmo mês, e ficou a chamar-se Frei Pio. Depois da Ordenação Sacerdotal, recebida no dia 10 de Agosto de 1910 em Benevento, precisou de ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde. Em Setembro desse ano de 1916, foi mandado para o convento de São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até à morte.
O Padre Pio, como lhe chamavam, recebeu de Deus dons particulares e carismas que aplicou com todas as suas forças na salvação das almas. Muitos testemunhos sobre a sua grande santidade chegaram até aos nossos dias, acompanhados de profundos sentimentos de gratidão. A sua intercessão foi para muitos homens e mulheres causa da cura do corpo e da alma.
O Padre Pio iniciava os seus dias levantando-se de noite, muito antes da aurora, para rezar, aproveitando a soilidão e o silêncio da noite. Preparava-se para a Santa Missa em longos tempos da adoração e atendia de confissão até 14 horas por di, salvando assim muitas almas.
Um dos acontecimntos que marcou intensamente a sua vida verificou-se na manhã de 20 de setembro de 1918 quando, rezando diante do crucifixo no coro da igreja, recebeu o maravilhoso presente dos estigmas - foi o primeiro sacerdote estigmatizado, tal como o tinha sido o seu pai, S. Francisco. Os estigmas foram visíveis, abertas, frescas e sangrentas por cerca de 50 anos.
Desde a juventude, a sua saúde não foi muito brilhante e, sobretudo nos últimos anos da sua vida, declinou rapidamente. A irmã morte levou-o, preparado e sereno, no dia 23 de Setembro de 1968, tinha ele 81 anos de idade. O seu funeral caracterizou-se por uma afluência absolutamente extraordinária de gente.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

E procurava ver Jesus.

Comentário do dia:

Orígenes (c. 185-253), presbítero, teólogo
Homilias sobre o Génesis



O sol e a lua iluminam o nosso corpo; Cristo e a Igreja iluminam o nosso espírito. Isto é, iluminam-nos se não formos espiritualmente cegos. Porque, do mesmo modo que o sol e a lua não deixam de derramar a sua claridade sobre os cegos, que, contudo, não podem acolher a luz, também Cristo envia a sua luz aos nossos espíritos, mas esta iluminação só tem lugar se a nossa cegueira não lhe puser obstáculos. Por isso, os cegos devem começar por seguir a Cristo gritando: «Tem piedade de nós, Filho de David!» (Mt 9,27); e, quando tiverem recuperado a vista graças a Ele, poderão ser iluminados com o esplendor da luz.

Mas nem todos os que veem são iluminados de igual forma por Cristo; cada um o é na medida em que pode receber a luz (cf Lc 23,8 ss). [...] Não é da mesma maneira que todos vamos a Ele, mas «cada um segundo as suas próprias possibilidades» (Mt 25,15).

Evangelho segundo S. Lucas 9,7-9.


Naquele tempo, o tetrarca Herodes ouviu dizer tudo o que Jesus fazia e andava perplexo, porque alguns diziam: «É João Baptista que ressuscitou dos mortos».
Outros diziam: «É Elias que reapareceu». E outros diziam ainda: «É um dos antigos profetas que ressuscitou».
Mas Herodes disse: «A João mandei-o eu decapitar. Mas quem é este homem, de quem oiço dizer tais coisas?». E procurava ver Jesus.

Livro de Salmos 90(89),3-4.5-6.12-13.14.17.


Vós reduzis o homem ao pó da terra
e dizeis: «Voltai, filhos de Adão».
Mil anos a vossos olhos
são como o dia de ontem que passou e como uma vigília da noite.

Vós os arrebatais como um sonho,
como a erva que de manhã reverdece;
de manhã floresce e viceja,
de tarde ela murcha e seca.

Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para chegarmos à sabedoria do coração.
Voltai, Senhor! Até quando...
Tende piedade dos vossos servos.

Saciai-nos desde a manhã com a vossa bondade,
para nos alegrarmos e exultarmos todos os dias.
Desça sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus.
Confirmai, Senhor, a obra das nossas mãos.


Livro de Eclesiastes 1,2-11.


Vaidade das vaidades – diz Coelet – vaidade das vaidades: tudo é vaidade.
Que proveito pode tirar o homem de todo o esforço que faz debaixo do Sol?
Uma geração passa, outra vem; e a terra permanece sempre.
O Sol nasce e o Sol põe-se e visa o ponto donde volta a despontar.
O vento vai em direcção ao sul, depois ruma ao norte; e gira, torna a girar e passa, e recomeça as suas idas e vindas.
Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche. Para onde sempre correram, continuam os rios a correr.
Todas as palavras estão gastas, o homem não consegue já dizê-las. A vista não se sacia com o que vê, nem o ouvido se contenta com o que ouve.
Aquilo que foi é aquilo que será; aquilo que foi feito, há-de voltar a fazer-se: e nada há de novo debaixo do Sol!
Se de alguma coisa alguém diz: «Eis aí algo de novo!», ela já existia nas eras que nos precederam.
Não há memória das coisas antigas; e também não haverá memória do que há-de suceder depois; nem ficará disso memória entre aqueles que hão-de vir mais tarde.

Santo do dia


Santo do dia : S. Maurício e companheiros (soldados romanos), mártires, séc. III 





Maurício comandava a célebre Legião Tebana, constituída por cristãos do Egipto. Por volta do ano 286, enquanto reinava Diocleciano, essa divisão estava servindo em território da actual Suíça, quando o comandante supremo, Maximiano, ordenou que todos os soldados oferecessem sacrifícios aos deuses pagãos. Os membros da Legião Tebana recusaram-se e foram todos mortos por amor a Jesus Cristo.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Somos seus irmãos

Comentário do dia:



Santo Ireneu de Lyon (c. 130-c. 208), bispo, teólogo, mártir
Contra as heresias, III, 222


Somos seus irmãos porque sua Mãe ouviu a palavra e a pôs em prática

A Virgem Maria foi obediente quando disse: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38). Pelo contrário, Eva foi desobediente, tendo desobedecido quando era ainda virgem. E assim como Eva, desobedecendo, se tornou causa de morte para si mesma e para todo o género humano, assim também Maria, tendo por esposo aquele que lhe tinha sido antecipadamente destinado mas mantendo-se virgem, se tornou, pela sua obediência, causa de salvação para si mesma e para todo o género humano. […] Porque o que foi ligado só pode ser desligado quando se faz em sentido inverso o processo que tinha dado origem ao nó, de tal maneira que o primeiro laço é desatado por um segundo, tendo o segundo a função de desatar o primeiro.

Era por isso que o Senhor dizia que os primeiros seriam os últimos, e os últimos os primeiros (Mt 19,30). E também o profeta afirma a mesma coisa, ao dizer: «Em lugar dos teus pais, virão os teus filhos» (Sl 44,17). Porque, ao tornar-Se «o Primogénito dos mortos», ao receber no seu seio os pais antigos, o Senhor fê-los renascer para a vida em Deus, tornando-Se Ele mesmo «o princípio» (Col 1,18), já que Adão fora o princípio dos mortos. É também por isso que Lucas começa a sua genealogia pelo Senhor, fazendo-a depois remontar até Adão (Lc 3,23ss.), indicando assim que não foram os pais que deram a vida ao Senhor, mas foi Ele, pelo contrário, que os fez renascer no Evangelho da vida. Da mesma maneira, o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria, porque aquilo que a virgem Eva tinha atado pela sua incredulidade foi desatado pela Virgem Maria pela sua fé.

Corpo é o Templo

O CORPO É O TEMPLO
E NÃO DEVEMOS DESCUIDAR
DELE. CUIDE BEM DA SUA SAÚDE
Fale conosco. Telefone: (21) 96600-1831
Sonia Lima - consultora independente Herbalife

Evangelho segundo S. Lucas 8,19-21.


Naquele tempo, vieram ter com Jesus sua Mãe e seus irmãos, mas não podiam chegar junto d’Ele por causa da multidão.
Então disseram-Lhe: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-Te».
Mas Jesus respondeu-lhes: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática».


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos -www.capuchinhos.org

Livro de Salmos 119(118),1.27.30.34.35.44.


Felizes os que seguem o caminho perfeito
e andam na lei do Senhor.
Fazei-me compreender o caminho dos vossos preceitos
para meditar nas vossas maravilhas.

Escolhi o caminho da verdade
e decidi-me pelos vossos juízos.
Dai-me entendimento para guardar a vossa lei
e para a cumprir de todo o coração.

Conduzi-me pela senda dos vossos mandamentos,
pois nela estão as minhas delícias.
Assim, cumprirei continuamente a tua lei,
para todo o sempre.

Livro de Provérbios 21,1-6.10-13.


O coração do rei é como água corrente nas mãos do Senhor, Ele o dirigirá para onde quiser.
Os caminhos do homem parecem-lhe sempre rectos, mas é o Senhor quem pesa os corações.
A prática da justiça e da equidade é mais agradável ao Senhor que os sacrifícios.
Olhares altivos, coração soberbo: a lâmpada dos ímpios é o pecado.
Os projectos do homem diligente têm êxito, mas quem se precipita cai certamente na ruína.
Os tesouros adquiridos pela mentira são vaidade passageira e laço de morte.
A alma do ímpio deseja o mal; não terá compaixão do seu próximo.
Com o castigo do insolente, o ingénuo ficará mais sábio; quando se adverte o sábio, ele adquire mais saber.
O justo está atento à família do ímpio, e precipita os maus na desventura.
Aquele que se faz surdo ao clamor do pobre, também um dia clamará e não será ouvido.

Santo do Dia

Santo do dia : Santos André Kim Taegón, presbítero, Paulo Chóng Hasang e companheiros, mártires, +1846 

Terça-feira, dia 20 de Setembro de 2016
Santos André Kim Taegón, presbítero, Paulo Chóng Hasang e companheiros, mártires, +1846
No início do século XVII, por iniciativa de alguns leigos, entrou pela primeira vez a fé cristã na Coreia. Assim se formou uma comunidade forte e fervorosa, sem pastores, quase só conduzida por leigos, até ao ano 1836, durante o qual chegaram os primeiros missionários, vindos de França, que entraram furtivamente na região. Nas perseguições dos anos 1839, 1846 e 1866, surgiram desta comunidade 103 santos mártires, entre os quais se distinguem o primeiro presbítero e ardente pastor de almas André Kim Taegon e o insigne apóstolo leigo Paulo Chong Hasang. Os outros são quase todos leigos, homens e mulheres, casados ou não, anciãos, jovens e crianças, que, suportando o martírio, consagraram com o seu glorioso sangue os florescentes primórdios da Igreja coreana.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

A lâmpada no candelabro

Comentário do dia:

São Cromácio de Aquileia (?-407), bispo
Homilias sobre o Evangelho de Mateus


O Senhor chama aos seus discípulos «luz do mundo» (Mt 5, 4) porque, iluminados por Ele, que é a luz eterna e verdadeira (Jo 1,9), eles próprios se tornam uma luz no meio das trevas. Porque Ele é o «Sol da justiça» (Mal 3,20), o Senhor pode chamar aos seus discípulos «luz do mundo»: é por meio deles que irradia sobre o mundo inteiro a luz da sua própria ciência. [...] Iluminados por eles, também nós passámos das trevas à luz, como diz o Apóstolo: «Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; vivei como filhos da luz» (Ef 3,8). E noutro passo: «Não sois filhos da noite nem das trevas, mas sois filhos da luz e filhos do dia» (1Tess 5,5). Com razão diz também S. João na sua primeira epístola: «Deus é luz» (1,5); e «quem permanece em Deus está na luz» (1,7). [...] Portanto, uma vez que temos a felicidade de estar libertos das trevas do erro, devemos andar sempre na luz, como filhos da luz que somos. [...] Por isso diz o Apóstolo: «Vós brilhais entre eles como estrelas no mundo, ostentando a palavra da vida» (Tess 2,15). [...]

Aquela lâmpada resplandecente, que foi acesa para nossa salvação, deve brilhar sempre em nós. [...] Por isso é nosso dever não ocultar esta lâmpada da lei e da fé, mas colocá-la sempre no candelabro da Igreja para salvação de todos, a fim de nós próprios gozarmos da luz da sua verdade, e de com ela serem iluminados todos os crentes.

Evangelho segundo S. Lucas 8,16-18.


Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Ninguém acende uma lâmpada para a cobrir com uma vasilha ou a colocar debaixo da cama, mas coloca-a num candelabro, para que os que entram vejam a luz.
Não há nada oculto que não se torne manifesto, nem secreto que não seja conhecido à luz do dia.
Portanto, tende cuidado com a maneira como ouvis. Pois àquele que tem, dar-se-á; mas àquele que não tem, até o que julga ter lhe será tirado».

Livro de Salmos 15(14),2-3ab.3cd-4ab.5.


O que vive sem mancha e pratica a justiça
e diz a verdade que tem no seu coração
e guarda a sua língua da calúnia.
O que não faz mal ao seu próximo,

O que não faz mal ao seu próximo,
nem ultraja o seu semelhante,
o que tem por desprezível o ímpio,
mas estima os que temem o Senhor.

e não empresta dinheiro com usura,
nem aceita presentes para condenar o inocente.
Quem assim proceder jamais será abalado.

Livro de Provérbios 3,27-34.


Meu filho: Não negues um benefício a quem dele precisa, se estiver nas tuas mãos poder concedê-lo.
Não digas ao teu próximo: «Vai, e volta depois, amanhã te darei», quando o puderes logo atender.
Não maquines o mal contra teu próximo, quando ele deposita confiança em ti.
Não litigues contra ninguém, sem motivo, quando não te fez mal algum.
Não invejes o homem violento, nem adoptes o seu procedimento,
porque o Senhor abomina o homem perverso, mas reserva para os rectos a sua intimidade.
A maldição do Senhor cai sobre a casa do ímpio, mas Ele abençoa a morada dos justos.
Ele escarnece dos escarnecedores, mas concede a sua graça aos humilde

Santo do Dia

Segunda-feira da 25ª semana do Tempo Comum


Festa da Igreja : Nossa Senhora da Salette
Santo do dia : S. Januário, bispo, mártir, +305 


Nossa Senhora da Salette



A 19 de setembro de 1846, a Santíssima Virgem apareceu sobre uma montanha de La Salette, na França, a duas crianças: Maximino e Mélanie.
Várias congregações foram fundadas pela inspiração de La Salette, entre as quais os Missionários e as Irmãos de Nossa Senhora de La Salette, que se dedicam a propagar a mensagem de reconciliação.

S. Januário, bispo, mártir, +305




Foi bispo de Benevente. Durante a perseguição de Diocleciano, sofreu o martírio juntamente com outros companheiros, em Nápoles, onde é especialmente venerado.

sábado, 17 de setembro de 2016

A semente é a palavra de Deus

Comentário do dia:
São Boaventura (1221-1274), franciscano, doutor da Igreja
Breviloquium, Prólogo, 2-5

A origem da Escritura não se situa na investigação humana, mas na Revelação divina que provém do «Pai das Luzes», «a quem toda a paternidade no céu e na terra vai buscar o nome» (Tim 1,17; Ef 3,15). Dele, por seu Filho Jesus Cristo, se derrama em nós o Espírito Santo. Pelo Espírito Santo, que distribui os seus dons a cada um de nós segundo a sua vontade (Heb 2,4), é-nos dada a fé e «pela fé, Cristo habita nos nossos corações» (Ef 3,17). Deste conhecimento de Jesus Cristo deriva, como de uma fonte, a solidez e a inteligência de toda a Sagrada Escritura. É, pois, impossível entrar no conhecimento de Escritura sem possuir em primeiro lugar a fé infusa em Jesus Cristo, que é a luz, a porta e o alicerce de toda a Escritura. [...]
O resultado ou o fruto da Sagrada Escritura [...] é a plenitude da felicidade eterna. Porque a Escritura encerra «as palavras de vida eterna» (Jo 6,68); portanto, ela não foi escrita só para que acreditemos, mas também para que possuamos a vida eterna na qual veremos e amaremos, e onde os nossos desejos serão inteiramente satisfeitos. Então, com os desejos satisfeitos, conheceremos verdadeiramente «o amor que ultrapassa todo o conhecimento» e assim ficaremos «cheios da plenitude de Deus» (Ef 3,19). É nesta plenitude que a divina Escritura se esforça por nos introduzir; é em vista deste fim, é com esta intenção que a Sagrada Escritura deve ser estudada, ensinada e entendida.

A lógica do depois de amanhã


· ​Missa em Santa Marta ·
16 de Setembro de 2016
O cristão deve ter a coragem de viver com «a lógica do depois de amanhã», ou seja, com a certeza da «ressurreição da carne» que é também «a raiz mais profunda das obras de misericórdia». E das tentações de se deixar condicionar por uma «piedade espiritualista» ou de ficar só pela «lógica do passado e do presente» o Papa advertiu na missa celebrada na sexta-feira 16 de setembro, na capela da Casa Santa Marta, relançando a verdade da «lógica da redenção, até ao fim».
Refletindo sobre o trecho evangélico de Lucas (8, 1-3) proposto pela liturgia, o Papa afirmou: «quando ouço este trecho do Evangelho sorrio um pouco porque alguns apóstolos implicavam com Madalena: Lucas, também Marcos, recordam sempre o passado» a ponto de escrever que dela «tinham saído sete demónios». Mas «pobre mulher, foi a apóstola da ressurreição, é apóstola, mas eles não esquecem». Por conseguinte, o Papa repropôs os conteúdos do trecho da primeira carta aos Coríntios (15, 12-20). Entrando «neste jogo – é a palavra que me vem – jogo: que Paulo faz» entre a ressurreição de Cristo e «a nossa ressurreição – “Se Cristo não ressuscitou, também nós não ressuscitaremos” – e de uma parte para outra, mas parece um pouco confuso». Na realidade, a finalidade do apóstolo dos Gentios «é clara: deseja fazer com que entremos na lógica da redenção até ao fim». Por exemplo, «quando recitamos o Credo é bonito: dizemos: “Deus, Pai Omnipotente, o Filho, o Espírito Santo...”». E «até àquele ponto dizemo-lo bem». Ao contrário, o fim do Credo começa a ir depressa: “a Igreja católica, a ressurreição dos mortos” ou nalgumas traduções, como a espanhola, «a ressurreição da carne”». Mas esta parte do Credo, insistiu Francisco, «dizemo-la depressa: sim, é melhor dizê-la depressa porque não sabemos como será isto, a carne assusta-nos». E eis que, na carta aos Coríntios, «Paulo entra em todo este jogo da ressurreição: se Jesus fez assim, por que nós...; e se não fizermos assim, nem sequer Jesus o fez».
Segundo Francisco a explicação é simples: «Todos nós temos facilidade de entrar na lógica do passado, porque é concreta: vimos». E «é fácil também entrar na lógica do presente: porque o vemos». Mas «devemos dizer também que muitos psiquiatras trabalharam para fazer compreender a algumas pessoas esta lógica do passado e do presente: é fácil, é concreta». Sim, prosseguiu Francisco, «não é muito difícil, mas nisto atraiçoa-nos um pouco o neo-saduceísmo: pensar na lógica do futuro, “não, mas sim no céu, há tanta gente no céu: como será? Mas é melhor não pensar nisso”». Trata-se de uma maneira de pensar um pouco como os «saduceus»: «Sim, o Senhor ama-nos e far-nos-á viver, mas não pensemos como, porque isto é difícil». Sem dúvida «não é fácil entrar na totalidade desta lógica do futuro».
Com efeito, «a lógica de ontem é fácil, a lógica de hoje é fácil» e também «a lógica de amanhã é fácil: todos morreremos» afirmou o Papa. O que é «difícil» é a «lógica do depois de amanhã». E precisamente «o que Paulo quer comunicar hoje, a lógica do depois de amanhã: como será?». A questão central é «a ressurreição: Cristo ressuscitou e está claro que não ressuscitou como um fantasma». Por isso, narrando a ressurreição, Lucas cita esta palavra de Jesus: «Tocai-me, dai-me de comer!». Porque «um fantasma não tem carne, nem ossos». Eis então que «a lógica do depois de amanhã é a lógica que inclui a carne: como será o céu? Sim, todos iremos para lá?».
«Mas nós não compreendemos o que Paulo quer dizer, esta lógica do depois de amanhã» explicou ainda o Pontífice. E «também aqui nos atraiçoa um certo gnosticismo: não, serei todo espiritual». O facto, prosseguiu o Papa, é que «nós temos medo da carne: não esqueçamos que esta foi a primeira heresia condenada pelo apóstolo João: “Quem diz que o Verbo de Deus não veio na carne é do Anticristo, é do Maligno”». Sim, afirmou o Papa, «temos medo de aceitar e levar até às últimas consequências a carne de Cristo». É «mais fácil uma piedade espiritualista, uma piedade de tonalidades; mas entrar na lógica da carne de Cristo, isso é difícil». Contudo «esta é a lógica do depois de amanhã: nós ressuscitaremos como Cristo, com a nossa carne».
A este propósito Francisco observou que «se compreende algo nas profecias» que podem servir de ajuda: por exemplo, explicou, «Job, um pouco profeticamente obscuro, no capítulo 19, diz-nos algo: “Sei que o meu Redentor está vivo e eu vê-lo-ei com os meus olhos». E «foi precisamente Jesus quem mostrou que a sua ressurreição é assim». Mas também «já os primeiros cristãos, os de Corinto, também os de Tessalónica», pensam: «Sim, Ele ressuscitou desta forma, mas talvez nós, não sei, sim, veremos o Senhor, mas...». Na realidade é precisamente «aqui, na fé da ressurreição da carne», que «as obras de misericórdia têm a raiz mais profunda, porque há uma ligação contínua: a carne de Cristo, a carne do irmão, as obras de misericórdia, é a carne transformada».
Por isso «Paulo diz aos cristãos de Tessalónica», na primeira carta, capítulo quarto: “Eu não quero que estejais na ignorância em relação aos adormecidos. Todos seremos transformados”. O nosso corpo, prosseguiu Francisco, «a nossa carne será transformada e estaremos sempre no Senhor; assim como o Senhor é, com o corpo e com a alma, transformado: do modo como o Senhor se fez ver e tocar, e do modo como comeu com os discípulos depois da ressurreição, também nós seremos com o mesmo corpo». E «é esta a lógica do depois de amanhã, aquela que temos dificuldade de compreender, na qual temos dificuldade de entrar». Em nossa ajuda vem uma bonita frase de Paulo aos cristãos de Tessalónica: e nós, assim transformados, «estaremos sempre com o Senhor».
«Compreender bem a lógica do passado é um sinal de maturidade; mover-se na lógica do presente é um sinal de maturidade, na de ontem e na de hoje». E «é também um sinal de maturidade ter a prudência para ver a lógica do amanhã, do futuro». Mas «é necessária uma graça grande do Espírito Santo para compreender esta lógica do depois de amanhã, depois da transformação, quando Ele vier e nos levar todos transformados sobre as nuvens para permanecer sempre com Ele». Ao Senhor, concluiu o Papa, «pedimos a graça desta fé».
Missa em Santa Marta