domingo, 31 de janeiro de 2016

"Caminho do profeta"

Domingo, dia 31 de Janeiro de 2016

4º Domingo do Tempo Comum - Ano C



Quarto Domingo do Tempo Comum


O tema da liturgia deste Domingo convida a reflectir sobre o "caminho do profeta": caminho de sofrimento, de solidão, de risco, mas também caminho de paz e de esperança, porque é um caminho onde Deus está. A liturgia de hoje assegura ao "profeta" que a última palavra será sempre de Deus: "não temas, porque eu estou contigo para te salvar".

A primeira leitura apresenta a figura do profeta Jeremias. Escolhido, consagrado e constituído profeta por Jahwéh, Jeremias vai arrostar com todo o tipo de dificuldades; mas não desistirá de concretizar a sua missão e de tornar uma realidade viva no meio dos homens a Palavra de Deus.

O Evangelho apresenta-nos o profeta Jesus, desprezado pelos habitantes de Nazaré (eles esperavam um messias espectacular e não entenderam a proposta profética de Jesus). O episódio anuncia a rejeição de Jesus pelos judeus e o anúncio da Boa Nova a todos os que estiverem dispostos a acolhê-la - sejam pagãos ou judeus.

A segunda leitura parece um tanto desenquadrada desta temática: fala do amor - o amor desinteressado e gratuito - apresentando-o como a essência da vida cristã. Pode, no entanto, ser entendido como um aviso ao "profeta" no sentido de se deixar guiar pelo amor e nunca pelo próprio interesse... Só assim a sua missão fará sentido.




Comentário do dia



São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo, doutor da Igreja
Sobre o profeta Isaías, 5,5; p. 70, 1352

«Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.»

Cristo quis atrair a Si o mundo inteiro e conduzir para Deus Pai todos os habitantes da Terra. [...] As gentes vindas do paganismo, enriquecidas pela fé em Cristo, beneficiaram do tesouro divino da proclamação que traz a salvação. Por ela, tornaram-se participantes do Reino dos Céus, companheiros dos santos e herdeiros das realidades inexprimíveis (Ef 2,19.3,6). [...] Cristo promete a cura e o perdão dos pecados aos que têm o coração ferido, e dá a vista aos cegos. Pois são cegos os que não reconhecem Aquele que é o verdadeiro Deus, e o seu coração está privado da luz divina e espiritual. Mas o Pai envia-lhes a luz do verdadeiro conhecimento de Deus. Chamados pela fé, conheceram-No; mais ainda, foram conhecidos por Ele. Sendo filhos da noite e das trevas, tornaram-se filhos da luz (Ef 5,8), pois o dia iluminou-os, o Sol da Justiça ergueu-Se para eles (Mal 3,20), e a estrela da manhã apareceu-lhes em todo o seu esplendor.

E nada obsta a que apliquemos tudo o que acabamos de dizer aos filhos de Israel. Também eles, com efeito, tinham o coração ferido, eram pobres, e estavam como que prisioneiros e mergulhados nas trevas. [...] Mas Cristo veio anunciar os benefícios do seu advento em primeiro lugar aos descendentes de Israel, proclamando o ano da graça do Senhor (Lc 4,19) e o dia da recompensa.

O ano da graça é aquele em que Cristo foi crucificado por nós. Foi então que nos tornámos agradáveis a Deus Pai. E damos fruto em Cristo, como Ele mesmo nos ensinou: «Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo deitado à terra não morrer, ficará só; mas, se morrer, dará fruto abundante» (Jo 12,24). E disse ainda: «Quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim» (Jo, 12,32). De facto, Ele retomou a vida ao terceiro dia, depois de ter calcado com os pés o poder da morte, após o que disse aos seus discípulos: «Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra. Ide e fazei discípulos em todas as nações» (Mt 28,18-19).

Evangelho segundo S. Lucas 4,21-30.


Naquele tempo, Jesus começou a falar na sinagoga de Nazaré, dizendo: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir».
Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam das palavras cheias de graça que saíam da sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?».
Jesus disse-lhes: «Por certo Me citareis o ditado: ‘Médico, cura-te a ti mesmo’. Faz também aqui na tua terra o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum».
E acrescentou: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra.
Em verdade vos digo que havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra;
contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia.
Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã».
Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga.
Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo.
Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.

1ª Carta aos Coríntios 12,31.13,1-13.


Irmãos: Aspirai com ardor aos dons espirituais mais elevados. Vou mostrar-vos um caminho de perfeição que ultrapassa tudo:
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como bronze que ressoa ou como címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu possua a plenitude da fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou.
Ainda que distribua todos os meus bens aos famintos e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada me aproveita.
A caridade é paciente, a caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa;
não é inconveniente, não procura o próprio interesse; não se irrita, não guarda ressentimento;
não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade;
tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O dom da profecia acabará, o dom das línguas há-de cessar, a ciência desaparecerá; mas a caridade não acaba nunca.
De maneira imperfeita conhecemos, de maneira imperfeita profetizamos.
Mas quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Mas quando me fiz homem, deixei o que era infantil.
Agora vemos como num espelho e de maneira confusa, depois, veremos face a face. Agora, conheço de maneira imperfeita, depois, conhecerei como sou conhecido.
Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade.

Livro de Salmos 71(70),1-2.3-4a.5-6ab.15ab.17.


Em Vós, Senhor, me refugio,
jamais serei confundido.
Pela vossa justiça, defendei-me e salvai-me,
prestai ouvidos e libertai-me.

Sede para mim um refúgio seguro,
a fortaleza da minha salvação.
Vós sois a minha defesa e o meu refúgio:
meu Deus, salvai-me do pecador.

Sois Vós, Senhor, a minha esperança,
a minha confiança desde a juventude.
Desde o nascimento Vós me sustentais,
desde o seio materno sois o meu protetor.

A minha boca proclamará a vossa justiça,
dia após dia a vossa infinita salvação.
Desde a juventude Vós me ensinais,
e até hoje anunciei sempre os vossos prodígios.

Livro de Jeremias 1,4-5.17-19.


No tempo de Josias, rei de Judá, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
«Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta entre as nações.
Cinge os teus rins e levanta-te, para ires dizer tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles, senão serei Eu que te farei temer a sua presença.
Hoje mesmo faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e uma muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e dos seus chefes, diante dos sacerdotes e do povo da terra.
Eles combaterão contra ti, mas não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te salvar».

Santo do dia

Domingo, dia 31 de Janeiro de 2016

Santo do dia : S. João Bosco, presb., +1888 

S. João Bosco, presb., +1888

image Saber mais sobre os Santos do dia



São João Bosco - presbítero




"Vinde benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo" Mt 25,34

São João Bosco foi o fundador dos padres salesianos e das irmãs salesianas, muito aceites pelos seus trabalhos junto dos jovens de todo o mundo.
A oração da missa revela o conteúdo da vida deste santo: "Deus suscitou Dom Bosco para dar à juventude um mestre e um pai".
Pouca gente se lembra que São João Bosco viveu no século XIX, na Itália, numa época religiosamente confusa, marcada pela luta entre conservadores e liberais. Marcada também pelo afastamento dos operários, que da Igreja passaram para o socialismo. E marcada ainda pelo afastamento dos intelectuais, que debandaram para o Modernismo.
Com a fundação de Oratórios Festivos, Dom Bosco, reuniu os filhos desses operários abandonados, e levou as salesianas, também chamadas de "Filhas de Maria Auxiliadora", a cuidar das meninas deixadas ao abandono.
Esquecemos, por vezes, que o nosso Santo foi escritor e que marcou, como tal, o seu tempo e o nosso. De sua iniciativa surgiram as Leituras Católicas, em fascículos mensais, e uma Biblioteca da Juventude. A máxima do Santo, é bem conhecida: "Mais vale prevenir do que remediar".
Morreu aos 73 anos, em 1888. 

sábado, 30 de janeiro de 2016

Papa Francisco

Do pecado à corrupção

· Missa em Santa Marta ·

Uma oração por toda a Igreja, para que nunca passe do pecado para a corrupção, foi proposta pelo Papa durante a missa celebrada a 29 de Janeiro em Santa Marta.
Referindo-se à primeira leitura - tirada do segundo livro de Samuel (11, 1-4.5-10.13-17) – Francisco observou imediatamente: «Ouvimos aquele pecado de David, aquele grave pecado do santo rei David. Porque David é santo, mas também pecador, foi pecador». Com efeito «há algo que muda na história deste homem». De facto aconteceu que «no tempo da guerra, David enviou Joabe com os seus servos para combater e ele ficou no palácio». Normalmente «ele chefiava o exército», mas desta vez teve outro comportamento.
A narração bíblica, explicou o Papa, «mostra-nos um David mais acomodado, mais tranquilo, não no bom sentido da palavra». A ponto que «num final de tarde, depois da sesta, enquanto passeava no terraço do seu palácio, vê a mulher e sente a paixão, a tentação da luxúria e cai no pecado». A mulher era Betsabé, esposa de Urias, o hitita. Trata-se por conseguinte de «um pecado». E Deus, observou Francisco, «amava muito David».
Em seguida «a situação complica-se porque, transcorrido um pouco de tempo, a mulher informa o rei de que estava grávida». O seu marido – frisou o Papa – «combatia pelo povo de Israel, pela glória do povo de Deus». Enquanto «David atraiçoou a lealdade daquele soldado pela pátria, atraiçoou a fidelidade daquela mulher a seu marido e caiu na baixeza».
E «quando recebeu a notícia de que a mulher estava grávida – questionou-se o Pontífice – o que fez? Foi rezar, pedir perdão?». Não, ficou «tranquilo» e disse a si mesmo: «eu resolvo». Assim convocou «o marido da mulher e fez com que se sentisse importante». Lê-se no trecho bíblico que David «lhe perguntou como estavam Joabe e o exército e como decorria a guerra». Em síntese, «uma pincelada de vaidade para o fazer sentir um pouco importante». E depois ao agradecer-lhe «fez-lhe uma doação», recomendando-lhe que fosse para casa repousar. Deste modo David «queria esconder o adultério: aquele filho teria sido o filho do marido de Betsabé».
Mas «este homem – prosseguiu o Papa – era uma pessoa com espírito nobre, tinha grande amor e não foi a casa: pensou nos seus companheiros, pensou na arca de Deus debaixo das tendas, porque levavam a arca, e passou a noite com os seus companheiros, com os servos, e não foi imediatamente ter com a sua esposa». Assim «quando avisaram David – porque todos sabiam o que tinha acontecido, os mexericos espalham-se – imaginem!».
Então «David convidou-o para comer e beber com ele, perguntando-lhe – e aqui o texto é um pouco limitado – “porque não foste a casa?”». E a resposta do homem nobre foi: «Teria eu a coragem, enquanto os meus companheiros estão debaixo das tendas, a arca de Deus está debaixo da tenda, em luta contra o inimigo, de entrar em minha casa para comer, beber e dormir com a minha mulher? Não! Não o posso fazer». E assim «David voltou a chamá-lo, deu-lhe de comer e de beber outra vez e embriagou-o». Mas «Urias não voltou para sua casa: passou a segunda noite com os seus companheiros».
Por conseguinte, prosseguiu o Papa, «David encontra-se em dificuldade, mas pensou para consigo: “Não importa, eu resolvo”». E assim «escreveu uma carta, como ouvimos: “Coloca Urias na frente, onde o combate for mais aceso, e não o socorras, para que ele seja ferido e morra”». Em poucas palavras, trata-se de uma «condenação à morte: este homem, fiel – fiel à lei, fiel ao seu povo, fiel ao seu rei – é condenado à morte».
«Eu – confidenciou Francisco – questiono-me ao ler este trecho: onde está aquele David, jovem corajoso que vai ao encontro do filisteu com a sua seta e com as cinco pedras e lhe diz: “A minha força é o Senhor”? Não, não são as armas. Até as armas de Saul não estavam bem para ele».
«É outro David» frisou o Papa. Com efeito «onde está aquele David que, sabendo que Saul o queria matar, teve por duas vezes a oportunidade de matar o rei Saul e disse: “Não, não me permito tocar o ungido do Senhor”?». A realidade, explicou Francisco, é que «este homem mudou, este homem amoleceu». E, acrescentou, «vem-me à mente um trecho do profeta Ezequiel, capítulo 16, versículo 15, quando Deus fala ao seu povo como um esposo à sua esposa e diz: «Entretanto, tu confiaste demais na tua aparência, e por te vangloriares da tua beleza usaste a tua fama para te corromperes e prostituíres. Esquecestes-te de mim”».
Foi precisamente «o que aconteceu com David naquele momento», insistiu Francisco: «O grande, o nobre David confiou demais em si, porque o reino era forte, e assim pecou: pecou por luxúria, pecou por adultério e assassinou também injustamente um homem recto, para encobrir o seu pecado».
«Este é um momento na vida de David – observou o Pontífice – que poderíamos aplicar à nossa: é a passagem do pecado para a corrupção». Aqui «David começa, dá o primeiro passo para a corrupção: obtém o poder, a força». Por isso «a corrupção é um pecado mais fácil para todos nós que temos algum poder, tanto eclesiástico, como religioso, económico ou político». E «o diabo faz-nos sentir seguros: “Eu resolvo”». Mas «o Senhor amava tanto David, tanto, que depois mandou reflectir a sua alma: enviou o profeta Natã para reflectir a sua alma; e ele arrependeu-se, chorou – “pequei” – e deu-se conta».
«Eu – disse ainda Francisco – gostaria de sublinhar hoje este aspecto: há um momento no qual o hábito do pecado ou um momento em que a nossa situação está tão segura e somos bem considerados e temos tanto poder, tanto dinheiro, não sei, muitas coisas». Até «a nós sacerdotes pode acontecer isto: a ponto que o pecado deixa de ser pecado e torna-se corrupção. O Senhor perdoa sempre. Mas um dos aspectos mais negativos relacionados com a corrupção é que o corrupto não precisa de pedir perdão, não tem coragem».
Por conseguinte, o Papa convidou a rezar «pela Igreja, começando por nós, pelo Papa, bispos, sacerdotes, consagrados e fiéis leigos: “Senhor, salva-nos, salva-nos da corrupção. Senhor, todos somos pecadores, mas nunca corruptos!». Peçamos ao Senhor, concluiu, esta graça.
- See more at: http://www.osservatoreromano.va/pt/news/do-pecado-corrupcao#sthash.rOTWuAaQ.dpuf

Comentário do dia



Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita descalça, doutora da Igreja
Carta 284, às Carmelitas de Sevilha

No meio da tormenta

Coragem, minhas filhas! Coragem! Lembrai-vos de que Deus não dá a ninguém mais trabalhos do que os que a pessoa pode sofrer, e que sua Majestade está com os atribulados. Nada deveis temer, mas esperar na sua misericórdia, que Ele trará à luz a verdade e descobrirá as tramas que o demónio tinha escondidas para lançar a tribulação entre vós. […] Oração, oração, minhas irmãs! É agora que devem esplandecer a humildade e a obediência em cada uma de vós. […]

Oh, que momento tão propício para recolherdes os frutos das resoluções que tomastes de servir a Nosso Senhor! Vede bem que, muitas vezes, Ele quer provar se as obras respondem às resoluções e às palavras. Honrai nesta grande provação as filhas da Virgem, vossas irmãs. Se vos aplicardes nesta intenção, o bom Jesus há-de ajudar-vos; ainda que durma no mar quando a tempestade rugir, Ele faz parar os ventos. Mas quer que nós Lho peçamos, e ama-nos tanto que procura sempre novos meios para fazer progredir as nossas almas. Bendito seja o seu nome para sempre! Amen, amen.

Em todos os mosteiros, recomendamo-vos insistentemente a Deus. E assim espero que, na sua bondade, em breve Ele há-de tratar de tudo. Em consequência, esforçai-vos por estar alegres e por considerar que, vendo bem as coisas, é pouco tudo o que se padece por um Deus tão bom que tanto sofreu por nós, pois afinal não chegastes ainda a verter sangue por Ele (Heb 12,4). […]. Deixai agir o vosso Esposo, e vereis como, dentro em pouco, o mar tragará os que nos fazem guerra, tal como Ele fez ao rei Faraó.

Evangelho segundo S. Marcos 4,35-41.


Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos seus discípulos: «Passemos à outra margem do lago».
Eles deixaram a multidão e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado. Iam com Ele outras embarcações.
Levantou-se então uma grande tormenta e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água.
Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada. Eles acordaram-n’O e disseram: «Mestre, não Te importas que pereçamos?».
Jesus levantou-Se, falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: «Cala-te e está quieto». O vento cessou e fez-se grande bonança.
Depois disse aos discípulos: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?».
Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?».

Livro de Salmos 51(50),12-13.14-15.16-17.


Criai em mim, ó Deus, um coração puro
e fazei nascer dentro de mim um espírito firme.
Não queirais repelir-me da vossa presença
e não retireis de mim o vosso espírito de santidade.

Dai-me de novo a alegria da vossa salvação
e sustentai-me com espírito generoso.
Ensinarei aos pecadores os vossos caminhos
e os transviados hão-de voltar para Vós.

Meu Deus, meu Salvador, livrai-me do sangue derramado
e a minha língua proclamará a vossa justiça.
Abri, Senhor, os meus lábios
e a minha boca anunciará o vosso louvor.

Livro de 2º Samuel 12,1-7a.10-17.


Naqueles dias, o Senhor enviou a David o profeta Natã. O profeta foi ter com ele e disse-lhe: «Em certa cidade havia dois homens, um era rico e o outro era pobre.
O rico tinha grande quantidade de ovelhas e bois.
O pobre possuía apenas uma ovelhinha que tinha comprado. Foi-a criando e ela cresceu junto dele com os seus filhos. Comia do seu pão, bebia do seu copo, dormia ao seu colo: era como se fosse filha.
Chegou então um hóspede à casa do rico, mas este não quis tirar uma das suas ovelhas ou dos seus bois, para dar de comer ao hóspede que chegara. Tomou a ovelha do pobre e mandou-a preparar para o seu hóspede».
David inflamou-se de cólera contra aquele homem e disse a Natã: «Tão certo como o Senhor estar vivo, aquele que assim procedeu é digno de morte.
Pagará quatro vezes a ovelha, por ter feito semelhante coisa e não ter tido coração».
Então Natã disse a David: «Esse homem és tu. Assim fala o Senhor, Deus de Israel:
‘Agora a espada nunca se afastará da tua casa, porque Me desprezaste e tomaste a esposa de Urias, o hitita, para fazeres dela tua mulher’.
Assim fala o Senhor: ‘Na tua própria casa farei vir a desgraça sobre ti. Tomarei as tuas mulheres diante dos teus olhos e dá-las-ei a outro que se deitará com elas à luz do sol.
Tu procedeste às ocultas, mas Eu farei tudo isto na presença de todo o Israel e à luz do dia’».
Então David disse a Natã: «Pequei contra o Senhor». Natã respondeu-lhe: «O Senhor perdoa o teu pecado: não morrerás.
Mas porque tanto ofendeste o Senhor com esta ação, o filho que te nasceu vai morrer».
E Natã voltou para sua casa. O Senhor atingiu o menino que a mulher de Urias dera a David e ele caiu gravemente doente.
David orou a Deus pela criança; jejuava rigorosamente, isolava-se e passava as noites deitado no chão.
Os anciãos da sua casa insistiram com ele para que se levantasse, mas David recusou e não quis tomar alimento com eles.

Papa Francisco

Primeira audiência jubilar

· Na praça de São Pedro o Papa saúda os peregrinos do ano santo ·

Todos os cristãos recebem com o batismo «um novo nome além daquele que o pai e a mãe já lhe deram, e este nome é “Cristóforo”». Na primeira audiência jubilar do ano santo da misericórdia – realizado na manhã de sábado, 30 de Janeiro, na praça de São Pedro – o Pontífice convidou cada fiel a ser «portador de Cristo» e a comprometer-se para comunicar aos outros a alegria recebida pelo Senhor.
Ao inaugurar a série de encontros que, um sábado por mês, serão reservados aos peregrinos do jubileu, Francisco dedicou a sua catequese «à estreita ligação que existe entre a misericórdia e a missão»: uma vínculo que nasce da exigência de tornar todos participes da «boa nova» recebida. «O sinal concreto que deveras encontrámos Jesus – explicou a este propósito – é a alegria que sentimos ao comunicá-lo também aos outros. E isto não significa “fazer proselitismo”, mas quer dizer fazer um dom: ofereço-te aquilo que me dá alegria».
Portanto, foi realçada a «maravilhosa circularidade» que existe entre misericórdia e missão: «viver de misericórdia – garantiu o Papa – torna-nos missionários da misericórdia, e ser missionários permite-nos crescer cada vez mais na misericórdia de Deus».
No final da audiência, saudando alguns grupos presentes na praça, o Pontífice lançou um apelo para a salvaguarda da saúde dos trabalhadores e a defesa da vida, «sobretudo quando é débil e frágil». Em seguida, depois de ter recordado a necessidade de intensificar o compromisso «para diminuir a poluição», concluiu o encontro com uma comovedora recordação de Elvira Antobenedetto, uma funcionária da Casa de Santa Marta, falecida na sexta-feira ao meio-dia depois de uma longa doença.
- See more at: http://www.osservatoreromano.va/pt/news/primeira-audiencia-jubilar#sthash.6mvzmqXz.dpuf

Santo do dia

Sabado, dia 30 de Janeiro de 2016

Sábado da 3a semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santa Batilde, viúva, +680Santa Jacinta Mariscotti, v., +1640 



Santa Batilde, viúva, +680




Santa Batilde
Inglesa de nascimento, levada para  França, encantou Clóvis II por sua virtude e prudência. Este a fez sua esposa. Mãe de três reis - Clotário III, Childerico II e Thierry III - tornou-se regente à morte do esposo, governando o reino com rara habilidade.


Santa Jacinta Mariscotti, v., +1640

image 


Santa Jacinta Mariscotti
Religiosa franciscana, durante dez anos não deu bom exemplo a suas irmãs de hábito, pois não quis observar o espírito de pobreza e viveu num quarto decorado com luxo. Quando adoeceu gravemente, desejou confessar-se, mas o capelão do convento  recusou-se a atendê-la naquele quarto, dizendo que o Céu não fora feito para pessoas orgulhosas e frívolas como ela.
Dando-se conta do escândalo que causara, Jacinta arrependeu-se sinceramente e pediu perdão a toda a comunidade, passando a partir daí a ser exemplo heróico de mortificação e pobreza, até atingir os cumes da mais alta santidade.




 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Comentário do dia:



São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge, bispo
Sermão sobre os defuntos


«Primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga»

A vida presente é um caminho que conduz ao termo da nossa esperança, tal como se vê nos rebentos o fruto que começa a sair da flor, e que, graças a ela, chega à existência de fruto, apesar de a flor não ser o fruto. De igual modo, a seara que nasce das sementes não aparece imediatamente com a espiga: é a planta que desponta primeiro; em seguida, uma vez morta a planta, surge a haste de trigo e depois o fruto maduro no alto da espiga. […]

O nosso Criador não nos destinou à vida embrionária; o objectivo da natureza não é a vida dos recém-nascidos. Ela também não visa as épocas sucessivas que se renovam com o tempo pelo processo de crescimento que lhes altera a forma, nem a desagregação do corpo que sobrevém à morte. Todos esses estados são etapas no caminho por onde avançamos. O propósito e o fim da caminhada através destas etapas é a semelhança com o Divino […]; o fim esperado da vida é a beatitude. Mas hoje, tudo o que diz respeito ao corpo – a morte, a velhice, a juventude, a infância e a formação do embrião – todos esses estados, como outras tantas plantas, hastes e espigas, formam um caminho, uma sucessão e um potencial que permite a maturidade esperada.

Evangelho segundo S. Marcos 4,26-34.


Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «O reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra.
Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como.
A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga.
E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou o tempo da colheita».
Jesus dizia ainda: «A que havemos de comparar o reino de Deus? Em que parábola o havemos de apresentar?
É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes que há sobre a terra;
mas, depois de semeado, começa a crescer e torna-se a maior de todas as plantas da horta, estendendo de tal forma os seus ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra».
Jesus pregava-lhes a palavra de Deus com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de entender.
E não lhes falava senão em parábolas; mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Livro de Salmos 51(50),3-4.5-6a.6bc-7.10-11.


Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as faltas.

Porque eu reconheço os meus pecados
e tenho sempre diante de mim as minhas culpas.
Pequei, Senhor, contra Vós,
e fiz o mal diante dos vossos olhos.

Assim é justa a vossa sentença
e reto o vosso julgamento.
Porque eu nasci na culpa
e minha mãe concebeu-me em pecado.

Fazei-me ouvir uma palavra de júbilo e de alegria
e exultem meus ossos que triturastes.
Desviai o vosso rosto das minhas faltas
e purificai-me de todos os meus pecados.


Livro de 2º Samuel 11,1-4a.5-10a.13-17.


No princípio daquele ano, na altura em que os reis costumam sair para a guerra, David mandou Joab, com os seus oficiais e todo o Israel, e eles devastaram a terra dos amonitas e puseram cerco a Rabá. Mas David ficou em Jerusalém.
Uma tarde em que se levantara do leito e andava a passear no terraço real, viu, do alto do terraço, uma mulher a banhar-se, uma mulher de grande formosura.
David mandou colher informações sobre ela e trouxeram-lhe esta resposta: «É Betsabé, filha de Elião e esposa de Urias, o hitita».
David mandou emissários para que a trouxessem. Ela veio ao seu encontro
e depois voltou para sua casa. A mulher concebeu e mandou informar David: «Estou grávida».
Então David enviou esta mensagem a Joab: «Manda-me Urias, o hitita». E Joab mandou Urias a David.
Quando Urias chegou, David pediu-lhe informações de Joab, do exército e da guerra.
Depois disse-lhe: «Desce a tua casa e descansa um pouco». Urias saiu do palácio real e atrás dele seguiu um presente do rei.
Urias deitou-se à porta do palácio, com todos os servos do rei, mas não desceu a sua casa.
Foram informar David: «Urias não desceu a sua casa».
No dia seguinte, David convidou Urias para comer e beber consigo e fez que se embriagasse. Pela tarde, Urias saiu e foi deitar-se no seu leito, com os servos do rei, e não desceu a sua casa.
Na manhã seguinte, David escreveu uma carta a Joab e enviou-lha por meio de Urias.
Ele escreveu nessa carta: «Coloca Urias no ponto mais perigoso da batalha e depois retirai-vos, para que seja atingido e morra».
Joab, que cercava a cidade, colocou Urias num local onde sabia que estavam os guerreiros mais valentes.
Os que defendiam a cidade saíram para atacar Joab e morreram alguns do exército, entre os oficiais de David. E morreu também Urias, o hitita.

Papa Francisco

Sem espaços privilegiados

· ​Ao Comité nacional para a bioética o Papa pediu atenção aos mais vulneráveis e recordou que a Igreja deseja uma maturidade civil responsável ·

«O tema da deficiência e da marginalização dos sujeitos vulneráveis, numa sociedade orientada para a competição» esteve no centro do discurso do Pontífice aos membros do Comité nacional de bioética, com os quais se encontrou na manhã de quinta-feira, 28 de Janeiro, no Vaticano. Primeiro Papa que recebeu o organismo instituído há 25 anos na Itália junto da presidência do Conselho de ministros, Francisco recomendou que se «contraste a cultura do descartável, que hoje tem muitas expressões», como «tratar os embriões humanos como material descartável, assim também as pessoas doentes e idosas que se aproximam da morte».
Na sua reflexão o Pontífice iniciou do pressuposto da conhecida sensibilidade da Igreja pelas temáticas éticas, «mas – esclareceu – é evidente também que a Igreja não reivindica qualquer espaço privilegiado». Pelo contrário, ela «fica satisfeita quando a consciência civil é capaz de reflectir, discernir e agir com base na racionalidade livre e aberta e nos valores constitutivos da pessoa e da sociedade». Eis a exortação a uma «maturidade civil responsável», a qual representa «o sinal de que a sementeira do Evangelho – revelada e confiada à Igreja – deu fruto».
De resto, observou Francisco, «trata-se de servir o homem todo, todos os homens e mulheres, com particular atenção e cuidado pelos sujeitos mais débeis e desfavorecidos, que têm dificuldade de fazer ouvir a sua voz, ou ainda não podem ou já não podem, fazê-la ouvir». E neste terreno «comunidades eclesial e civil são chamadas a colaborar, segundo as respectivas e distintas competências».
Em particular o Papa encorajou o trabalho do Comité em três âmbitos. Antes de tudo, na «análise das causas da degradação ambiental», com os votos de que o organismo «possa traçar linhas de orientação para estimular intervenções de conservação, preservação e cuidado do meio ambiente». Em segundo lugar no do «respeito pela integridade do ser humano», tutelando a «saúde desde a concepção até à morte natural» e «considerando a pessoa sempre como fim e nunca como meio». Por fim no «confronto internacional na perspectiva de uma possível e desejável, embora complexa, harmonização dos padrões e das regras das actividades biológicas e médicas», especialmente quando «correm o risco de perder todas as referências que estão além da utilidade e do lucro», acabando por «ser guiadas unicamente por finalidades industriais e comerciais».
- See more at: http://www.osservatoreromano.va/pt/news/sem-espacos-privilegiados-por#sthash.kaYJ8Nbc.dpuf

Santo do dia

Sexta-feira, dia 29 de Janeiro de 2016


Santo do dia : S. José Freinademetz, presb., +1908S. Constâncio, b., m., + 178, Beata Arcângela Girlani, virgem, +1495 



S. José Freinademetz, presb., +1908




São José Freinademetz
Giuseppe (José) Freinademetz nasceu a 15 de abril de 1852, em Oies, um povoado de cinco casas entre os Alpes dolomitas do norte da Itália. Batizado no mesmo dia do nascimento, herdou da família uma fé simples, porém tenaz e uma grande capacidade de trabalho.
Quando ainda cursava seus estudos teológicos, começou a pensar seriamente nas "missões estrangeiras" como uma possibilidade para a sua vida. Ordenado sacerdote em 25 de julho de 1875, foi destinado à comunidade de São Martino di Badia, bem perto de sua terra natal, onde logo conquistou o coração de seus conterrâneos. Entretanto, a inquietação missionária não o havia abandonado. Apenas dois anos depois de sua ordenação, pôs-se em contacto com padre Arnaldo Janssen, fundador da casa missionária que logo se converteria oficialmente na "Sociedade do Verbo Divino".
Em 2 de março de 1879 recebeu a cruz missionária e partiu rumo à China, junto com outro missionário verbita, padre João Batista Anzer. Foram anos duros, marcados por viagens longas e difíceis, sujeitas a assaltos de bandoleiros, e por árduo trabalho para formar as primeiras comunidades cristãs. Assim que conseguia formar uma comunidade, chegava a ordem do bispo para deixar tudo e recomeçar em outro lugar.
Toda sua vida esteve marcada pelo esforço de fazer-se chinês entre os chineses, a ponto de escrever aos seus familiares: "Amo a China e os chineses; entre eles quero morrer, entre eles quero ser sepultado".
Cada vez que o bispo tinha que viajar fora da China, Freinademetz devia assumir a administração da diocese. No final de 1907, enquanto administrava a diocese pela sexta vez, surgiu uma epidemia de tifo. José, como bom pastor, prestou assistência incansável aos enfermos, até que ele próprio contraiu a doença. Voltou imediatamente a Taikia, sede da diocese, onde morreu em 28 de janeiro de 1908. Ali mesmo o sepultaram, sob a décima segunda estação da Via Sacra do cemitério e a sua tumba logo se transformou em um ponto de referência e peregrinação para os cristãos.
Freinademetz soube descobrir e amar profundamente a grandeza da cultura do povo ao qual havia sido enviado. Dedicou sua vida a anunciar o Evangelho, mensagem do amor de Deus à humanidade e a encarnar esse amor na comunhão das comunidades cristãs chinesas. Entusiasmou muitos chineses para que fossem missionários de seus compatriotas como catequistas, religiosos, religiosas e sacerdotes. Sua vida inteira foi expressão do que foi seu lema: "O idioma que todos entendem é o amor".


S. Constâncio, b., m., + 178




S. Constâncio
Notável pelo espírito de mortificação e generosidade para com os pobres, aos 30 anos foi eleito bispo de Perúgia. Não querendo sacrificar aos ídolos, foi posto numas termas aquecidas a alta temperatura, mas nada lhe aconteceu. Na prisão, converteu os seus carcereiros. Foi finalmente decapitado.


www.catolicismo.com.br


Comentário do dia



Santo Inácio de Antioquia (?-c. 110), bispo, mártir
Carta aos Efésios, §§ 13-15 (trad. coll. Icthus, vol. 2, p. 80)


«Nada há escondido que não venha a descobrir-se»

Cuidai de vos reunirdes com mais frequência para oferecer a Deus a vossa eucaristia, as vossas acções de graças e os vossos louvores. Por vos reunirdes frequentemente, enfraqueceis as forças de Satanás e o seu poder pernicioso dissipa-se perante a unanimidade da vossa fé. Haverá algo melhor do que a paz, esta paz que desarma todos os nossos inimigos espirituais e carnais?

Não ignorareis nenhuma destas verdades, se tiverdes por Jesus Cristo uma fé e uma caridade perfeitas. Estas duas virtudes são o princípio e o fim da vida: a fé é o seu princípio, a caridade, a sua perfeição; a união das duas, o próprio Deus; todas as outras virtudes as seguem em procissão para conduzir o homem à perfeição. A profissão da fé é incompatível com o pecado e a caridade com o ódio. «É pelos frutos que se conhece a árvore» (Mt 12,33); da mesma forma, é pelas suas obras que se reconhecem os que fazem profissão de pertencer a Cristo. Pois, neste momento, não basta fazermos profissão da nossa fé, mas temos efectivamente de a pôr em prática com perseverança, até ao fim.

Mais vale ser cristão sem o dizer, do que dizê-lo sem o ser. Fica muito bem ensinar, desde que se pratique o que se ensina. Nós temos, portanto, um só Mestre (Mt 23,8), Aquele que «disse, e tudo foi feito» (Sl 32,9). Mesmo as obras que realizou em silêncio são dignas do Pai. Aquele que compreende verdadeiramente a palavra de Jesus também é capaz de ouvir o seu silêncio; será então perfeito: agirá através de sua palavra e manifestar-se-á pelo seu silêncio. Nada escapa ao Senhor; até os nossos segredos estão na sua mão. Façamos portanto todas as nossas acções com o pensamento de que Ele habita em nós; desse modo, seremos templos seus, e Ele será o nosso Deus, que habitará em nós.

Papa Francisco

Reserva de ouro e prata

· ​Na audiência geral o Papa recordou que cada homem é precioso aos olhos de Deus ·

Cada homem «é precioso e único aos olhos de Deus». Aliás, mais: é «a sua “reserva de ouro e prata” pessoal igual ao que o rei David afirmava ter doado para a construção do templo». Francisco escolheu esta imagem evocativa para retomar na quarta-feira, 27 de Janeiro, as audiências gerais dedicadas à temática jubilar da misericórdia, relida à luz da Bíblia.
Com os fiéis presentes na praça de São Pedro o Papa aprofundou o trecho tirado do livro do Êxodo (2, 23-25) no qual o Senhor ouve o clamor do seu povo e estabelece uma aliança com ele. Consequentemente – recordou – a misericórdia divina «não pode permanecer indiferente diante do sofrimento dos oprimidos, do grito de quantos estão submetidos à violência, reduzidos à escravidão, condenados à morte». De resto, explicou o Pontífice, trata-se de «uma dolorosa realidade que aflige todas as épocas, inclusive a nossa, e que com frequência faz sentir impotentes, tentados a endurecer o coração e a pensar noutra coisa». Mas, observou Francisco, «Deus não é indiferente» e «nunca desvia o olhar da dor humana», e «cuida dos pobres, de quantos gritam o seu desespero», «suscitando homens capazes de ouvir o gemido do sofrimento e de agir em prol dos oprimidos».
Praticamente, frisou, «a misericórdia de Deus age sempre para salvar». E «é totalmente o contrário – acrescentou – da obra de quantos agem sempre para matar: por exemplo, os que fazem a guerra». Eis o convite neste ano santo extraordinário a «ser mediadores de misericórdia para aproximar, aliviar e promover a unidade». E porque «muitas coisas boas podem ser feitas», Francisco ofereceu também como de costume algumas sugestões práticas, dirigindo-se por exemplo às famílias nas quais há «irmãos que estão distantes e não se falam», com os votos de que se possam «encontrar, abraçar, perdoar e esquecer as situações desagradáveis».
Saudando no final os vários grupos linguísticos, o Papa exortou a participar na iniciativa promovida pelo Pontifício Conselho Cor unum: um dia de retiro espiritual quaresmal para as pessoas comprometidas no serviço da caridade em cada diocese.
- See more at: http://www.osservatoreromano.va/pt/news/reserva-de-ouro-e-prata#sthash.e4MJb1DQ.dpuf

Evangelho segundo S. Marcos 4,21-25.


Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «Quem traz uma lâmpada para a pôr debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não se traz para ser posta no candelabro?
Porque nada há escondido que não venha a descobrir-se, nem oculto que não apareça à luz do dia.
Se alguém tem ouvidos para ouvir, oiça».
Disse-lhes também: «Prestai atenção ao que ouvis: Com a medida com que medirdes vos será medido e ainda vos será acrescentado.
Pois àquele que tem dar-se-lhe-á, mas àquele que não tem até o que tem lhe será tirado».


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Livro de Salmos 132(131),1-2.3-5.11.12.13-14.


Lembrai-Vos de David, Senhor,
e da sua grande piedade,
como fez um voto ao Senhor,
um voto ao Deus de Jacob:

«Não entrarei na minha tenda,
nem repousarei no meu leito,
não deixarei dormir os meus olhos,
nem descansar as minhas pálpebras,

enquanto não encontrar um lugar para o Senhor,
um santuário para o Deus de Jacob».
O Senhor fez um juramento a David
e não voltará atrás:

«Colocarei no teu trono
um descendente da tua família.
Se os teus filhos guardarem a minha aliança
e forem fiéis às minhas ordens,

também os filhos deles
se sentarão para sempre no teu trono».
O Senhor escolheu Sião,
preferiu-a para sua morada:

«É este para sempre o lugar do meu repouso,
aqui habitarei, porque o escolhi».

Livro de 2º Samuel 7,18-19.24-29.


Depois de o profeta Natã ter comunicado a David as palavras da revelação divina, o rei apresentou-se diante do Senhor e disse: «Quem sou eu, Senhor Deus, e quem é a minha casa, para me terdes feito chegar até aqui?
E como se isso fosse ainda pouco a vossos olhos, Senhor Deus, estendestes as vossas promessas à casa do vosso servo para os tempos futuros.
Estabelecestes solidamente Israel para ser o vosso povo para sempre e Vós, Senhor, Vos tornastes o seu Deus.
Agora, Senhor Deus, confirmai para sempre a promessa que fizestes ao vosso servo e à sua casa e fazei segundo a vossa palavra.
Seja sempre exaltado o vosso nome com estas palavras: ‘O Senhor do Universo é o Deus de Israel’; e a casa do vosso servo David permaneça firme diante de Vós.
Fostes Vós, Senhor do Universo, Deus de Israel, que fizestes esta revelação ao vosso servo: ‘Eu te edificarei uma casa’. Por isso ousou o vosso servo dirigir-Vos esta oração.
Senhor, Vós que sois Deus e dizeis palavras de verdade, fizestes esta admirável promessa ao vosso servo.
Agora dignai-Vos abençoar a casa do vosso servo, para que ela permaneça sempre diante de Vós, porque Vós falastes, Senhor Deus, e é pela vossa bênção que a casa do vosso servo será abençoada para sempre».

Santo do dia

Quinta-feira, dia 28 de Janeiro de 2016

Quinta-feira da 3ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : S. Tomás de Aquino, presb., Doutor da Igreja, +1274

Quinta-feira, dia 28 de Janeiro de 2016

S. Tomás de Aquino, presb., Doutor da Igreja, +1274




São Tomás de Aquino - sacerdote e doutor da Igreja



"Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e arruinar a sua vida? Pois o que daria o homem em troca de sua vida?" Mc 8,36-37

Hoje a Igreja celebra um dos maiores santos da História: São Tomás de Aquino. É o autor da Suma Teológica.
Pertenceu à Ordem dos padres dominicanos.
Costuma ser indicado como o maior teólogo da Idade Média, como também, mestre dos teólogos até aos dias de hoje. Declarado "Doutor da Igreja", em 1567, e Padroeiro das Universidades, Academias e Colégios católicos, em 1880.
Foi de facto um génio, que poderia ter-se perdido, não fora ter-se libertado das atrações mundanas da sua classe, pois era rico, nobre e cerceado em seu desenvolvimento pela própria família. Foi em Paris - o maior centro de estudos teológicos do seu tempo - que ele pôde compor a sua gigantesca obra a Suma Teológica, verdadeira síntese do passado e intuição do futuro. Até hoje, essa obra não encontrou similar, nem em matéria de Filosofia nem em matéria de Teologia.
Por vezes, esquecemos, atrás do sábio, a grandeza do santo. E São Tomás soube desapegar-se das grandezas do mundo, para revelar o amor mais profundo à oração e à contemplação. Tornou-se, assim, o modelo de todos os que buscam a Deus, vivendo segundo o plano divino.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Comentário do dia



Orígenes (c. 185-253), presbítero, teólogo
Homilias sobre o Livro dos Números, n.º 1, SC 29

O homem viverá da Palavra que sai da boca de Deus (Mt 4,4; Dt 8,3)

Está escrito a propósito do maná que, quando a apanhavam nas condições prescritas por Deus, era alimentício; mas, quando queriam apanhá-lo contrariamente à maneira fixada por Deus, deixava de servir para manter a vida. [...] O Verbo de Deus, a sua Palavra, é o nosso maná, e a Palavra de Deus que vem até nós traz a uns a salvação e a outros a condenação. Foi por isso que o nosso Senhor e Salvador, que é a Palavra de Deus «viva e perene» (1Ped 1,23), declarou: «Eu vim a este mundo para proceder a um juízo: de modo que os que não vêem vejam, e os que vêem fiquem cegos» (Jo 9,39). De tal maneira assim é que, para alguns, mais vale que não oiçam a Palavra de Deus do que a oiçam com más disposições ou com hipocrisia! [...]

Aquilo que é verdadeiramente melhor em termos da perfeição é que o ouvinte da Palavra de Deus a oiça com um coração bom e simples, recto e bem preparado, para que ela frutifique e cresça como em terreno bom. [...] E afirmo isto tanto para a minha conversão pessoal, como para a conversão dos meus ouvintes, porque também sou daqueles que ouvem a Palavra de Deus.

Papa Francisco

O tempo das obras

· O Papa Francisco indica na Quaresma uma oportunidade de conversão e solidariedade ·

«Um tempo favorável para poder finalmente sair da própria alienação existencial graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia». Assim o Papa Francisco, na mensagem para a Quaresma de 2016, convida os cristãos a preparar-se para a Páscoa do ano jubilar. Um período que deve ser vivido «intensamente – recomenda o Pontífice – como momento forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus».
A misericórdia de Deus – sublinha o Pontífice – transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia. É um milagre sempre novo que a misericórdia divina possa irradiar-se na vida de cada um de nós, estimulando-nos ao amor do próximo e animando aquilo que a tradição da Igreja chama as obras de misericórdia corporal e espiritual. Estas recordam-nos que a nossa fé se traduz em actos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados: alimentá-lo, visitá-lo, confortá-lo, educá-lo.
- See more at: http://www.osservatoreromano.va/pt/news/o-tempo-das-obras#sthash.6nN3PDYN.dpuf

Mensagem para a Quaresma

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2016

«“Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13).
As obras de misericórdia no caminho jubilar»

1. Maria, ícone duma Igreja que evangeliza porque evangelizada
Na Bula de proclamação do Jubileu, fiz o convite para que «a Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus» (Misericordiӕ Vultus, 17). Com o apelo à escuta da Palavra de Deus e à iniciativa «24 horas para o Senhor», quis sublinhar a primazia da escuta orante da Palavra, especialmente a palavra profética. Com efeito, a misericórdia de Deus é um anúncio ao mundo; mas cada cristão é chamado a fazer pessoalmente experiência de tal anúncio. Por isso, no tempo da Quaresma, enviarei os Missionários da Misericórdia a fim de serem, para todos, um sinal concreto da proximidade e do perdão de Deus.
Maria, por ter acolhido a Boa Notícia que Lhe fora dada pelo arcanjo Gabriel, canta profeticamente, no Magnificat, a misericórdia com que Deus A predestinou. Deste modo a Virgem de Nazaré, prometida esposa de José, torna-se o ícone perfeito da Igreja que evangeliza porque foi e continua a ser evangelizada por obra do Espírito Santo, que fecundou o seu ventre virginal. Com efeito, na tradição profética, a misericórdia aparece estreitamente ligada – mesmo etimologicamente – com as vísceras maternas (rahamim) e com uma bondade generosa, fiel e compassiva (hesed) que se vive no âmbito das relações conjugais e parentais.
2. A aliança de Deus com os homens: uma história de misericórdia
O mistério da misericórdia divina desvenda-se no decurso da história da aliança entre Deus e o seu povo Israel. Na realidade, Deus mostra-Se sempre rico de misericórdia, pronto em qualquer circunstância a derramar sobre o seu povo uma ternura e uma compaixão viscerais, sobretudo nos momentos mais dramáticos quando a infidelidade quebra o vínculo do Pacto e se requer que a aliança seja ratificada de maneira mais estável na justiça e na verdade. Encontramo-nos aqui perante um verdadeiro e próprio drama de amor, no qual Deus desempenha o papel de pai e marido traído, enquanto Israel desempenha o de filho/filha e esposa infiéis. São precisamente as imagens familiares – como no caso de Oseias (cf. Os 1-2) – que melhor exprimem até que ponto Deus quer ligar-Se ao seu povo.
Este drama de amor alcança o seu ápice no Filho feito homem. N’Ele, Deus derrama a sua misericórdia sem limites até ao ponto de fazer d’Ele a Misericórdia encarnada (cf. Misericordiӕ Vultus, 8). Na realidade, Jesus de Nazaré enquanto homem é, para todos os efeitos, filho de Israel. E é-o ao ponto de encarnar aquela escuta perfeita de Deus que se exige a cada judeu peloShemà, fulcro ainda hoje da aliança de Deus com Israel: «Escuta, Israel! O Senhor é nosso Deus; o Senhor é único! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5). O Filho de Deus é o Esposo que tudo faz para ganhar o amor da sua Esposa, à qual O liga o seu amor incondicional que se torna visível nas núpcias eternas com ela.
Este é o coração pulsante do querigma apostólico, no qual ocupa um lugar central e fundamental a misericórdia divina. Nele sobressai «a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado» (Evangelii gaudium, 36), aquele primeiro anúncio que «sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese» (Ibid., 164). Então a Misericórdia «exprime o comportamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade de se arrepender, converter e acreditar» (Misericordiӕ Vultus, 21), restabelecendo precisamente assim a relação com Ele. E, em Jesus crucificado, Deus chega ao ponto de querer alcançar o pecador no seu afastamento mais extremo, precisamente lá onde ele se perdeu e afastou d'Ele. E faz isto na esperança de assim poder finalmente comover o coração endurecido da sua Esposa.
3. As obras de misericórdia
A misericórdia de Deus transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia. É um milagre sempre novo que a misericórdia divina possa irradiar-se na vida de cada um de nós, estimulando-nos ao amor do próximo e animando aquilo que a tradição da Igreja chama as obras de misericórdia corporal e espiritual. Estas recordam-nos que a nossa fé se traduz em actos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados: alimentá-lo, visitá-lo, confortá-lo, educá-lo. Por isso, expressei o desejo de que «o povo cristão reflicta, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina» (Ibid., 15). Realmente, no pobre, a carne de Cristo «torna-se de novo visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga... a fim de ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Ibid., 15). É o mistério inaudito e escandaloso do prolongamento na história do sofrimento do Cordeiro Inocente, sarça ardente de amor gratuito na presença da qual podemos apenas, como Moisés, tirar as sandálias (cf. Ex 3, 5); e mais ainda, quando o pobre é o irmão ou a irmã em Cristo que sofre por causa da sua fé.
Diante deste amor forte como a morte (cf. Ct 8, 6), fica patente como o pobre mais miserável seja aquele que não aceita reconhecer-se como tal. Pensa que é rico, mas na realidade é o mais pobre dos pobres. E isto porque é escravo do pecado, que o leva a utilizar riqueza e poder, não para servir a Deus e aos outros, mas para sufocar em si mesmo a consciência profunda de ser, ele também, nada mais que um pobre mendigo. E quanto maior for o poder e a riqueza à sua disposição, tanto maior pode tornar-se esta cegueira mentirosa. Chega ao ponto de não querer ver sequer o pobre Lázaro que mendiga à porta da sua casa (cf. Lc 16, 20-21), sendo este figura de Cristo que, nos pobres, mendiga a nossa conversão. Lázaro é a possibilidade de conversão que Deus nos oferece e talvez não vejamos. E esta cegueira está acompanhada por um soberbo delírio de omnipotência, no qual ressoa sinistramente aquele demoníaco «sereis como Deus» (Gn 3, 5) que é a raiz de qualquer pecado. Tal delírio pode assumir também formas sociais e políticas, como mostraram os totalitarismos do século XX e mostram hoje as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem tornar Deus irrelevante e reduzir o homem a massa possível de instrumentalizar. E podem actualmente mostrá-lo também as estruturas de pecado ligadas a um modelo de falso desenvolvimento fundado na idolatria do dinheiro, que torna indiferentes ao destino dos pobres as pessoas e as sociedades mais ricas, que lhes fecham as portas recusando-se até mesmo a vê-los.
Portanto a Quaresma deste Ano Jubilar é um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia. Se, por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados, visitados, as obras espirituais tocam mais directamente o nosso ser de pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar. Por isso, as obras corporais e as espirituais nunca devem ser separadas. Com efeito, é precisamente tocando, no miserável, a carne de Jesus crucificado que o pecador pode receber, em dom, a consciência de ser ele próprio um pobre mendigo. Por esta estrada, também os «soberbos», os «poderosos» e os «ricos», de que fala o Magnificat, têm a possibilidade de aperceber-se que são, imerecidamente, amados pelo Crucificado, morto e ressuscitado também por eles. Somente neste amor temos a resposta àquela sede de felicidade e amor infinitos que o homem se ilude de poder colmar mediante os ídolos do saber, do poder e do possuir. Mas permanece sempre o perigo de que os soberbos, os ricos e os poderosos – por causa de um fechamento cada vez mais hermético a Cristo, que, no pobre, continua a bater à porta do seu coração – acabem por se condenar precipitando-se eles mesmos naquele abismo eterno de solidão que é o inferno. Por isso, eis que ressoam de novo para eles, como para todos nós, as palavras veementes de Abraão: «Têm Moisés e o Profetas; que os oiçam!» (Lc 16, 29). Esta escuta activa preparar-nos-á da melhor maneira para festejar a vitória definitiva sobre o pecado e a morte conquistada pelo Esposo já ressuscitado, que deseja purificar a sua prometida Esposa, na expectativa da sua vinda.
Não percamos este tempo de Quaresma favorável à conversão! Pedimo-lo pela intercessão materna da Virgem Maria, a primeira que, diante da grandeza da misericórdia divina que Lhe foi concedida gratuitamente, reconheceu a sua pequenez (cf. Lc 1, 48), confessando-Se a humilde serva do Senhor (cf. Lc 1, 38).
Vaticano, 4 de Outubro de 2015
Festa de S. Francisco de Assis
Francisco

Evangelho segundo S. Marcos 4,1-20.


Naquele tempo, Jesus começou a ensinar de novo à beira mar. Veio reunir-se junto d’Ele tão grande multidão que teve de subir para um barco e sentar-Se, enquanto a multidão ficava em terra, junto ao mar.
Ensinou-lhes então muitas coisas em parábolas. E dizia-lhes no seu ensino:
«Escutai: Saiu o semeador a semear.
Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; vieram as aves e comeram-na.
Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; logo brotou, porque a terra não era funda.
Mas, quando o sol nasceu, queimou-se e, como não tinha raiz, secou.
Outra parte caiu entre espinhos; os espinhos cresceram e sufocaram-na e não deu fruto.
Outras sementes caíram em boa terra e começaram a dar fruto, que vingou e cresceu, produzindo trinta, sessenta e cem por um».
E Jesus acrescentava: «Quem tem ouvidos para ouvir, oiça».
Quando ficou só, os que O seguiam e os Doze começaram a interrogá-l’O acerca das parábolas.
Jesus respondeu-lhes: «A vós foi dado a conhecer o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes propõe em parábolas,
para que, ao olhar, olhem e não vejam, ao ouvir, oiçam e não compreendam; senão, convertiam-se e seriam perdoados».
Disse-lhes ainda: «Se não compreendeis esta parábola, como haveis de compreender as outras parábolas?
O semeador semeia a palavra.
Os que estão à beira do caminho, onde a palavra foi semeada, são aqueles que a ouvem, mas logo vem Satanás e tira a palavra semeada neles.
Os que recebem a semente em terreno pedregoso são aqueles que, ao ouvirem a palavra, logo a recebem com alegria;
mas não têm raiz em si próprios, são inconstantes, e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbem imediatamente.
Outros há que recebem a semente entre espinhos. Esses ouvem a palavra,
mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e todas as outras ambições entram neles e sufocam a palavra, que fica sem dar fruto.
E os que receberam a palavra em boa terra são aqueles que ouvem a palavra, a aceitam e frutificam, dando trinta, sessenta ou cem por um».

Livro de Salmos 89(88),4-5.27-28.29-30.


Concluí uma aliança com o meu eleito, fiz um juramento a David, meu servo:
«Conservarei a tua descendência para sempre, estabelecerei o teu trono por todas as gerações».
Ele Me invocará: «Vós sois meu pai, meu Deus, meu Salvador».
E Eu farei dele o primogénito, o mais alto entre os reis da terra.
Assegurar-lhe-ei para sempre o meu favor, a minha aliança com ele será irrevogável.
Conservarei a sua descendência eternamente e o seu trono terá a duração dos céus.


Livro de 2º Samuel 7,4-17.


Naqueles dias, o Senhor falou a Natã, dizendo:
«Vai dizer ao meu servo David: Assim fala o Senhor: Pensas edificar um palácio para Eu habitar?
Desde o dia em que tirei Israel do Egipto até hoje, nunca habitei numa casa, mas andava de um lado para o outro numa tenda e num tabernáculo.
Durante o tempo em que peregrinei com todos os filhos de Israel, perguntei porventura a alguns dos juízes de Israel, a quem estabeleci como pastores do meu povo: ‘Porque não Me construís uma casa de cedro?’
Eis o que dirás ao meu servo David: Assim fala o Senhor do Universo: Tirei-te das pastagens onde guardavas os rebanhos, para seres o chefe do meu povo de Israel.
Estive contigo em toda a parte por onde andaste e exterminei diante de ti todos os teus inimigos. Dar-te-ei um nome tão ilustre como o nome dos grandes da terra.
Prepararei um lugar para o meu povo de Israel e nele o instalarei para que habite nesse lugar, sem que jamais tenha receio e sem que os maus tornem a oprimi-lo como outrora,
quando Eu constituía juízes no meu povo de Israel. Farei que vivas seguro de todos os teus inimigos. E o Senhor anuncia que te vai fazer uma casa:
Quando chegares ao termo dos teus dias e fores repousar com os teus pais, estabelecerei em teu lugar um descendente que há-de nascer de ti e consolidarei a sua realeza.
Ele construirá um palácio ao meu nome e Eu consolidarei para sempre o seu trono real.
Serei para ele um pai e ele será para Mim um filho. Se praticar o mal, corrigi-lo-ei com varas de homens, com castigo de homens.
Mas não retirarei dele a minha misericórdia, como fiz a Saul que afastei da minha presença.
A tua casa e o teu reino permanecerão para sempre diante de Mim. O teu trono será firme para sempre».
Natã comunicou fielmente a David todas as palavras desta revelação.