quinta-feira, 30 de junho de 2016

No que creem os que não creem?

Sabeis que os que parecem governar as nações
as oprimem e os grandes as tiranizam. Entre
vós, porém, não deve ser assim".
                        (Marcos 10,42-43)


Há homens que por orgulho preferem seguir o que dizem outros homens. Que se curvam servilmente a confusos ditos de mestres, filósofos ou gurus. E se congregam em partidos, agremiações ou grupos e a eles rendem obediência cega e a nada questionam sobre as ordens que lhes são dadas.
Mas, diante da Palavra de Deus procuram distância, dizendo que são crenças de pessoas ignorantes ou em fuga das coisas do mundo, em busca de consolo em um mundo futuro. Sequer procuram ouvir os ensinamentos existentes e não mudam nunca de opinião.
É um direito homens agirem assim. Mas, no que creem os que não creem? Será que as coisas que idolatram realmente respondem aos anseios do coração ou as dúvidas que marcam a existência de cada um?


«Ele levantou-se e seguiu Jesus.»

Comentário do dia:

Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano de Estrasburgo
Sermão 64


Nosso Senhor disse a São Mateus: «Segue-Me.» Este santo amável é um modelo para todos os homens. Tinha sido um grande pecador, de acordo com aquilo que o evangelho diz dele, mas tornou-se um dos maiores amigos de Deus. Porque Nosso Senhor falou-lhe no fundo do seu ser, e nessa altura ele abandonou tudo para seguir o Mestre.

Seguir a Deus na verdade; para isso, temos de abandonar verdadeira e completamente todas as coisas que não são Deus, sejam elas quais forem. Deus ama os corações; não Lhe interessa aquilo que é exterior, mas quer de nós uma devoção interior viva. Esta devoção tem em si mais verdade do que se eu fizesse as orações de todos os homens, ou se cantasse com tal intensidade, que o meu canto subisse aos céus; tem mais verdade do que tudo o que eu possa fazer exteriormente, em jejuns, vigílias e outras práticas.

Evangelho segundo S. Mateus 9,9-13.


Naquele tempo, Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança dos impostos, e disse-lhe: «Segue-Me». Ele levantou-se e seguiu Jesus.
Um dia em que Jesus estava à mesa em casa de Mateus, muitos publicanos e pecadores vieram sentar-se com Ele e os seus discípulos.
Vendo isto, os fariseus diziam aos discípulos: «Por que motivo é que o vosso Mestre come com os publicanos e os pecadores?».
Jesus ouviu-os e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os doentes.
Ide aprender o que significa: ‘Prefiro a misericórdia ao sacrifício’. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores».

Livro de Salmos 119(118),2.10.20.30.40.131.


Felizes os que observam as ordens do Senhor
e O procuram de todo o coração.
De todo o coração Vos procuro, Senhor,
não me deixeis afastar dos vossos mandamentos.

A minha alma suspira
por cumprir sempre a vossa vontade.
Escolhi o caminho da verdade
e decidi-me pelos vossos juízos.

Vede como amo os vossos preceitos:
fazei-me viver segundo a vossa justiça.
Eu abro a minha boca e aspiro,
porque estou ávido dos vossos mandamentos.


Livro de Amós 8,4-6.9-12.


Escutai bem, vós que espezinhais o pobre e quereis eliminar os humildes da terra.
Vós dizeis: «Quando passará a lua nova, para podermos vender o nosso grão? Quando chegará o fim de sábado, para podermos abrir os celeiros de trigo? Faremos a medida mais pequena, aumentaremos o preço, arranjaremos balanças falsas.
Compraremos os necessitados por dinheiro e os indigentes por um par de sandálias. Venderemos até as cascas do nosso trigo».
Diz o Senhor Deus: «Eis o que há-de acontecer naquele dia: Eu farei que o sol se ponha ao meio-dia e em pleno dia escurecerei a terra.
Mudarei em luto as vossas festas e em lamentações os vossos cânticos. Porei o cilício em todos os flancos e tonsura em todas as cabeças. Imporei luto como por um filho único e o seu fim será como um dia amargo».
«Dias virão – diz o Senhor Deus – em que mandarei a fome sobre a terra: não será fome de pão, nem sede de água, mas fome de ouvir a palavra do Senhor.
Irão cambaleando de um ao outro mar, irão sem rumo do Norte até ao Oriente, à procura da palavra do Senhor, mas não a poderão encontrar».

Jesus

Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo



Preciosíssimo Sangue de Cristo


Em 1848, o Papa Pio IX foi expulso de Roma pelas forças revolucionárias. No ano seguinte, os exércitos franceses permitiram-lhe voltar à Cidade Eterna, após um ataque que durou de 28 de Junho a 1 de Julho. Invocando e dando graças pelo sangue derramado por Jesus por amor aos homens de todos os tempos, o Sumo Pontífice criou esta festa, situando-a no dia em que lhe foi possível voltar a Roma. S. Pio X alargou a festa à Igreja Universal. Nos nossos dias é celebrada solenemente em algumas congregações religiosas.

Martírio dos cristãos

Santos Protomártires da Igreja de Roma, 64-67

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Protomártires de Roma
Hoje a Igreja celebra a memória dos cristãos que sofreram o martírio durante a perseguição de Nero, no ano 64. A culpa do incêndio de Roma recaiu sobre os cristãos, os quais foram cruelmente martirizados. Do lado Sul da Basílica Vaticana há um recinto pequeno, chamado ainda hoje Praça dos Protomártires (primeiros mártires) Romanos. As iluminações que lá se vêem na noite de 26 de Junho, evocam as fogueiras que, pelos anos 64 e 65 extinguiram, ou sublimaram, humildes e heróicas vidas humanas. Roma ardera seis dias e sete noites. Prendem-se primeiro os que são suspeitos de seguir o cristianismo, e depois, conforme as denúncias que se vão fazendo, prendem-se outros em massa, condenados menos pelo crime de incêndio, do que pelo ódio que outros lhes têm. Aos tormentos juntam-se as mofas, homens envolvidos em peles de animais morrem despedaçados pelos cães, ou são presos a cruzes, ou destinados a ser abrasados e acendidos, à maneira luz nocturna ao anoitecer ... Nero oferece os seus jardins para este espectáculo; vestido de cocheiro, corre misturado com a multidão, ou em cima dum carro. A perseguição movida por Nero prolongou-se até ao ano 67. E entre os mártires mais ilustres estavam São Pedro e São Paulo. O primeiro foi crucificado no circo de Nero, actual Basílica de São Pedro. São Paulo foi decapitado junto da estrada que leva a Óstia.

Santo do dia

S. Marçal, bispo, séc. III




São Marçal


São Marçal, o Padroeiro e Protector dos Bombeiros, mais conhecido por São Marcial de Limoges, foi o grande apóstolo de Aquitânia, atribuindo-se também a fundação da Sede Episcopal de Limoges. Segundo São Gregório de Tours tudo isto se passa em pleno século III.
No entanto, algumas lendas giram à volta deste popular santo da região Limosina, nomeadamente a de ter pertencido aos setenta e dois discípulos de Cristo, assistindo ao milagre da multiplicação dos pães, ressurreição de Lázaro e foi ele quem segurou na toalha de Jesus, enquanto Este lavava os pés. Por tudo isto e por numerosos milagres atribuídos ao santo, Marcial tornou-se muito popular, tendo sido imediatamente canonizado pelo Vox Populi em pleno século VI.
Limoges resulta assim numa importante Sede Episcopal e o culto a São Marcial espalha-se por toda a Gália (actual território francês), chegando mesmo à Itália e Península Ibérica.
Consta-se que São Pedro terá baptizado o santo e entregue o seu báculo a São Marcial, ao qual atribuíam poderes mágicos. Aliás, será este báculo a característica iconográfica mais visível na figuração escultórica do santo. Imagens e outras representações vulgarizam-se entre os séculos XII e XV e, muito provavelmente, será o fresco do palácio dos Papas de Avignon, onde o báculo de São Marcial ressuscita o Conde Sigiberto e extingue um incêndio, que originou a invocação do santo como Padroeiro e Protector dos Bombeiros.
A festa a São Marcial é celebrada a 30 de Junho e de sete em sete anos as suas relíquias são solenemente veneradas e levadas em procissão na cidade de Limoges.

Jesus

Comentário do dia:

São Cirilo de Alexandria (380-444), bispo, doutor da Igreja
Comentário ao evangelho de Lucas, 5; PG 72, 565

«A multidão ficou cheia de temor e glorificava a Deus por ter dado tal poder aos homens.»


O paralítico, incurável, estava deitado no seu catre. Depois de ter esgotado a arte dos médicos, foi, levado pelos seus, ter com o único médico verdadeiro, o médico que vem do céu. Mas, quando foi colocado em frente Àquele que o podia curar, foi a fé dele que atraiu o olhar do Senhor. Para mostrar claramente que esta fé destruía o pecado, Jesus declarou imediatamente: «Os teus pecados estão perdoados». Dir-me-ão talvez: este homem queria a cura da sua doença, porque é que Cristo lhe anuncia a remissão dos seus pecados? Foi para aprenderes que Deus vê o coração do homem no silêncio e sem ruído, que Ele contempla os caminhos de todos os viventes. A Escritura diz, com efeito: «O Senhor olha atentamente para os caminhos do homem e observa os seus passos» (Prov 5,21). [...]

No entanto, quando Cristo disse: «Os teus pecados estão perdoados», deixou o campo livre à incredulidade da assistência; o perdão dos pecados não se vê com os olhos da carne. Então, quando o paralítico se levanta e anda, manifesta com evidência que Cristo possui o poder de Deus. [...]

Quem possui este poder? Somente Ele ou também nós? Nós também, com Ele. Ele perdoa os pecados porque é o homem-Deus, o Senhor da Lei. Quanto a nós, recebemos dele esta graça admirável e maravilhosa, porque Ele quis dar ao homem este poder. Com efeito, Ele disse aos seus apóstolos: «Em verdade vos digo: tudo o que desligardes na terra será desligado no céu» (Mt 18,18). E ainda: «Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados» (Jo 20,23).

Evangelho segundo S. Mateus 9,1-8.


Naquele tempo, Jesus subiu para um barco, atravessou o mar e foi para a cidade de Cafarnaum.
Apresentaram-Lhe então um paralítico que jazia numa enxerga. Ao ver a fé daquela gente, Jesus disse ao paralítico: «Filho, tem confiança; os teus pecados estão perdoados».
Alguns escribas disseram para consigo: «Este homem está a blasfemar».
Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse: «Porque pensais mal em vossos corações?
Na verdade, que é mais fácil: dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levanta-te e anda’?
Pois bem. Para saberdes que o Filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados, ‘Levanta-te __ disse Ele ao paralítico __ toma a tua enxerga e vai para casa’.
O homem levantou-se e foi para casa.
Ao ver isto, a multidão ficou cheia de temor e glorificava a Deus por ter dado tal poder aos homens.

Livro de Salmos 19(18),8.9.10.11.


A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma.
As ordens do Senhor são firmes
e dão sabedoria aos simples.

Os preceitos do Senhor são rectos
e alegram o coração.
Os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos.

O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente.
Os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são rectos.

São mais preciosos que o ouro,
o ouro mais fino;
são mais doces que o mel,
o puro mel dos favos.

Livro de Amós 7,10-17.


Naqueles dias, Amasias, sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: «Amós conspira contra ti no meio da casa de Israel. O país já não pode suportar os suas palavras.
Porque Amós anda a dizer: ‘Jeroboão morrerá à espada e Israel será deportado para longe da sua terra’».
Depois, Amasias disse a Amós: «Vai-te embora daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias.
Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino».
Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros.
Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho, foi o Senhor que me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’.
E agora escuta a palavra do Senhor: Tu dizes: ‘Não profetizes contra Israel, nem faças vaticínios contra a casa de Isaac’.
Por isso, assim fala o Senhor: ‘A tua mulher será desonrada na cidade, os teus filhos e filhas cairão mortos à espada, as tuas terras serão repartidas a cordel. Tu próprio morrerás em terra impura. E Israel será levado para o exílio, para longe da sua terra’». 

quarta-feira, 29 de junho de 2016

29 de junho - O Santo do Dia

Quarta-feira, dia 29 de Junho de 2016

Solenidade de São Pedro e S. Paulo (ofício próprio)



São Pedro e São Paulo


A liturgia da Solenidade dos apóstolos S. Pedro e S. Paulo convida-nos a reflectir sobre estas duas figuras e a considerar o seu exemplo de fidelidade a Jesus Cristo e de testemunho do projecto libertador de Deus.

O Evangelho convida os discípulos a aderirem a Jesus e a acolherem-no como "o Messias, Filho de Deus". Dessa adesão, nasce a Igreja - a comunidade dos discípulos de Jesus, convocada e organizada à volta de Pedro. A missão da Igreja é dar testemunho da proposta de salvação que Jesus veio trazer. À Igreja e a Pedro é confiado o poder das chaves - isto é, de interpretar as palavras de Jesus, de adaptar os ensinamentos de Jesus aos desafios do mundo e de acolher na comunidade todos aqueles que aderem à proposta de salvação que Jesus oferece.

A primeira leitura mostra como Deus cauciona o testemunho dos discípulos e como cuida deles quando o mundo os rejeita. Na acção de Deus em favor de Pedro - o apóstolo que é o protagonista da história que este texto dos Actos hoje nos apresenta -, Lucas mostra a solicitude de Deus pela sua Igreja e pelos discípulos que testemunham no mundo a Boa Nova da salvação.

A segunda leitura apresenta-se como o "testamento" de Paulo. Numa espécie de "balanço final" da vida do apóstolo, o autor deste texto recorda a resposta generosa de Paulo ao chamamento que Jesus lhe fez e o seu compromisso total com o Evangelho. É um texto comovente e questionante, que convida os crentes de todas as épocas e lugares a percorrer o caminho cristão com entusiasmo, com entrega, com ânimo - a exemplo de Paulo.

S. Pedro, apóstolo

São Pedro


Comemoramos hoje o dia dedicado ao príncipe dos Apóstolos e primeiro Papa da Igreja, São Pedro. Esta festa foi instituída por volta do século IV, antes mesmo de ser definida a data actual da festa do Natal. 
Ele era um pescador e o seu nome originalmente era Simão, filho de Jonas e irmão de André. Mas Jesus mudou-lhe o nome para Pedro que significa pedra, pois ele seria a rocha forte sobre a qual Jesus edificaria a sua Igreja. Por isso comprovadamente ele foi o primeiro Papa da Igreja Católica Apostólica Romana. 
Uma parte importante da sua vida está documentada nos Evangelhos e nos Actos do Apóstolos; sobre a sua vida em Roma existem muitas e belas narrativas passadas de geração em geração, algumas delas contadas em diferentes romances inspirados nos primeiros tempos da Igreja.
Morreu crucificado como Jesus, mas de cabeça para baixo, pois não se achava digno de morrer de maneira igual ao mestre.


S. Paulo, apóstolo




São Paulo


Judeu, da tribo de Benjamim, originário de Tarso, chamava-se Saulo. Converteu-se ao cristianismo e tornou-se o grande e insuperável missionário, o apóstolo dos gentios. Foi ele quem lançou as bases da evangelização no mundo helénico, fundando numerosas comunidades e percorrendo toda a Ásia Menor, a Grécia e Roma, anunciando o Evangelho de Jesus Cristo crucificado, morto e ressuscitado pelo poder de Deus. 
São Paulo foi o primeiro a elaborar uma teologia cristã. Ao lado dos Evangelhos, as suas epístolas são as fontes de todo o pensamento e de toda a vida mística cristã. Isto coloca-o num lugar de destaque entre os maiores pensadores da história do cristianismo. 
São Paulo era um homem de fortes paixões e de grande poder de liderança e de organização. É a figura mais cosmopolita de toda a Bíblia. Segundo os estudiosos, Paulo era um homem da cidade, e em nenhum lugar de seus escritos mostra qualquer mentalidade ou interesse pela vida rural ou pela vila. 
Nunca houve conversão mais ruidosa do que a sua, tão pouco houve mais sincera, pois o mais furioso perseguidor de Jesus Cristo passou, de repente, a ser um dos seus mais fervorosos apóstolos.

«Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus»

Comentário do dia:

São Máximo de Turim (?-c. 420), bispo
Sermão CC1

«Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus»

O Senhor reconheceu em Pedro o intendente fiel, a quem confiou as chaves do Reino, e em Paulo um mestre qualificado, que encarregou de ensinar na Igreja. Para prometer aos que foram formados por Paulo que encontrariam a salvação, era preciso que Pedro os acolhesse para lhes dar repouso. Quando Paulo tiver aberto os corações com a sua pregação, Pedro abrirá às almas o Reino dos Céus. Assim, pois, também Paulo recebeu de Cristo uma espécie de chave, a chave da ciência, que permite abrir em profundidade os corações endurecidos para a fé, para em seguida trazer à superfície, por uma revelação espiritual, aquilo que se encontrava escondido no interior. Trata-se de uma chave que deixa escapar da consciência a confissão do pecado e que nela encerra para sempre a graça do mistério do Salvador.

Ambos receberam, pois, chaves das mãos do Senhor; um deles recebeu a chave da ciência, o outro a chave do poder; este dispensa as riquezas da imortalidade, aquele distribui os tesouros da sabedoria. Porque há tesouros do conhecimento, como está escrito: «O mistério de Deus, isto é, Cristo, no Qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência» (Col 2,2-3).

Evangelho segundo S. Mateus 16,13-19.


Naquele tempo, Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?».
Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas».
Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?».
Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo».
Jesus respondeu-lhe: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus.
Também Eu te digo: Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus».

2ª Carta a Timóteo 4,6-8.17-18.


Caríssimo: Eu já estou oferecido em libação e o tempo da minha partida está iminente.
Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.
E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me há-de dar naquele dia; e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem esperado com amor a sua vinda.
O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todos os pagãos a ouvissem; e eu fui libertado da boca do leão.
O Senhor me livrará de todo o mal e me dará a salvação no seu reino celeste. Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Amen.

Livro de Salmos 34(33),2-3.4-5.6-7.8-9.


A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor,
escutem e alegrem-se os humildes.

Enaltecei comigo o Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.

O Anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.

Livro dos Actos dos Apóstolos 12,1-11.


Naqueles dias, o rei Herodes começou a perseguir alguns membros da Igreja.
Mandou matar à espada Tiago, irmão de João,
e, vendo que tal procedimento agradava aos judeus, mandou prender também Pedro. Era nos dias dos Ázimos.
Mandou-o prender e meter na cadeia, entregando-o à guarda de quatro piquetes de quatro soldados cada um, com a intenção de o fazer comparecer perante o povo, depois das festas da Páscoa.
Enquanto Pedro era guardado na prisão, a Igreja orava instantemente a Deus por ele.
Na noite anterior ao dia em que Herodes pensava fazê-lo comparecer, Pedro dormia entre dois soldados, preso a duas correntes, enquanto as sentinelas, à porta, guardavam a prisão.
De repente, apareceu o Anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela da cadeia. O Anjo acordou Pedro, tocando-lhe no ombro, e disse-lhe: «Levanta-te depressa». E as correntes caíram-lhe das mãos.
Então o Anjo disse-lhe: «Põe o cinto e calça as sandálias». Ele assim fez. Depois acrescentou: «Envolve-te no teu manto e segue-me».
Pedro saiu e foi-o seguindo, sem perceber a realidade do que estava a acontecer por meio do Anjo; julgava que era uma visão.
Depois de atravessarem o primeiro e o segundo posto da guarda, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, e a porta abriu-se por si mesma diante deles. Saíram, avançando por uma rua, e subitamente o Anjo desapareceu.
Então Pedro, voltando a si, exclamou: «Agora sei realmente que o Senhor enviou o seu Anjo e me libertou das mãos de Herodes e de toda a expectativa do povo judeu».

terça-feira, 28 de junho de 2016

«Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?»

Comentário do dia:

Carta a Diogneto (c. 200)
§7, 1-4; PG 2, 1174-1175; SC 33 bis (trad. de J. L. Cordeiro, Secretariado Nacional de Liturgia, Fátima, 2004)





Aos cristãos, o que lhes foi transmitido não tem origem terrestre (Gal 1,12) e o que eles fazem questão de conservar com tanto cuidado não é invenção dum mortal [...] mas foi o próprio Deus invisível, verdadeiro Senhor e Criador de tudo, que do alto dos céus colocou a Verdade no meio dos homens (Jo 14,6), o seu Verbo santo e incompreensível, e O estabeleceu firmemente em seus corações.

Não realizou tudo isto, como alguém poderia imaginá-lo, enviando aos homens algum subordinado, anjo ou espírito de entre os que governam as coisas terrenas ou têm a seu cargo o cuidado das coisas celestes (Ef 1,21), mas o próprio Autor e Criador do universo (Heb 11,10). Por seu intermédio criou os céus e encerrou o mar nos seus limites (Sl 104,9; Pr 8,29). Todos os elementos obedecem com fidelidade às suas leis misteriosas: o Sol, ao seguir a medida do curso dos dias; a Lua, brilhando durante a noite; os astros, acompanhando o percurso da Lua. Por Ele todas as coisas foram feitas, definidas e hierarquizadas: os céus e o que neles existe, a terra e o que ela contém, o mar e o que nele se encontra, o fogo, o ar, o abismo, os seres que existem nas alturas, nas profundidades e no espaço intermédio. Foi Ele que Deus enviou aos homens.

Não foi de modo nenhum para exercer tirania ou incutir terror e assombro, como alguém poderia pensar, que Deus O enviou, mas com bondade e doçura. Como um Rei que enviasse o seu filho rei (Mt 21,37), assim Deus O enviou como Deus. Enviou-O como Homem ao meio dos homens. Enviou-O para os salvar pela persuasão e não pela força, porque em Deus não há violência.

Evangelho segundo S. Mateus 8,23-27.


Naquele tempo, Jesus subiu para o barco e os discípulos acompanharam-n’O.
Entretanto, levantou-se no mar tão grande tormenta que as ondas cobriam o barco. Jesus dormia.
Aproximaram-se os discípulos e acordaram-n’O, dizendo: «Salva-nos, Senhor, que estamos perdidos».
Disse-lhes Jesus: «Porque temeis, homens de pouca fé?». Então levantou-Se, falou imperiosamente ao vento e ao mar e fez-se grande bonança.
Os homens ficaram admirados e disseram: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?».

Livro de Salmos 5,5-6.7.8.


Vós não sois um Deus que se agrade do mal,
o perverso não tem aceitação junto de Vós,
nem os ímpios suportam o vosso olhar.

Vós detestais todos os malfeitores
e exterminais os que dizem mentiras:
o Senhor abomina os sanguinários e fraudulentos.

Mas, confiado na vossa bondade,
eu entrarei na vossa casa,
com reverência me prostrarei no vosso templo santo.


Livro de Amós 3,1-8.4,11-12.


Escutai esta palavra, que o Senhor pronuncia contra vós, filhos de Israel, contra todo o povo que Ele tirou da terra do Egipto:
«Só a vós conheci, entre todos os povos da terra. Por isso vos pedirei contas de todos os vossos pecados.
Porventura seguem juntos dois homens, sem que antes tenham combinado?
Ruge o leão na floresta, sem ter uma presa? O leãozinho faz ouvir no esconderijo a sua voz, sem ter a sua caça?
Cai o pássaro por terra num laço, sem haver armadilha? Levanta-se do chão a rede, sem nada ter apanhado?
Soa a trombeta na cidade, sem que o povo fique alarmado? Pode haver na cidade uma desgraça, sem que o Senhor a tenha mandado?
O Senhor Deus não fez coisa alguma, sem revelar as suas intenções aos profetas, seus servos.
Quando ruge o leão, quem não terá medo? Quando fala o Senhor Deus, quem recusará profetizar?
Arruinei-vos, como fiz a Sodoma e Gomorra, e vós ficastes como tição arrancado ao incêndio, mas não voltastes para Mim – oráculo do Senhor –.
Por isso, é assim que hei-de tratar-te, Israel, e, porque vou tratar-te assim, prepara-te, Israel, para enfrentares o teu Deus».

Papa Francisco

Diante do espelho
· Missa do Pontífice em Santa Marta ·
20 de Junho de 2016
Há regras claras sugeridas por Jesus para não cair na hipocrisia: não julgar os outros para não sermos também nós julgados com a mesma medida; e quando sentimos a tentação de o fazer, é melhor primeiro olhar-se ao espelho, não para nos escondermos com a maquilhagem mas para ver bem como somos realmente. Recordando que o único verdadeiro juízo é o de Deus com a sua misericórdia, o Papa Francisco – na missa celebrada na manhã de segunda-feira 20 de junho na capela da Casa de Santa Marta – recomendou que não cedamos à tentação de nos colocarmos no lugar do Senhor, duvidando da sua palavra.
«Jesus fala às pessoas e ensina muitas coisas acerca da oração, das riquezas, das preocupações fúteis, muitas, sobre como se deve comportar um seu discípulo» afirmou Francisco. E assim «temos este trecho do Evangelho sobre o julgamento» proposto pela liturgia (Mateus 7, 1-15). É um excerto em que «o Senhor é muito concreto». De facto, se o Senhor «algumas vezes para nos fazer compreender, conta uma parábola, aqui é: direto, porque o julgamento é algo que só ele pode fazer».
«O episódio começa» com uma palavra clara de Jesus: «Não julgueis, para não serdes julgados». Portanto, «se não quiseres ser julgados não julgues os outros: “tac, tac”, claro». E o Senhor «dá um passo adiante», indicando precisamente o critério da medida: «Porque com o julgamento mediante o qual julgais sereis julgados e com a medida com a qual medis, sereis medidos».
«Todos nós queremos, no dia do julgamento, que o Senhor olhe para nós com benevolência, que o Senhor se esqueça de muitas coisas ruins que fizemos na vida» disse Francisco. E «isto é justo, porque somos filhos, e um filho espera isto do pai, sempre». Mas «se julgares constantemente os outros, com a mesma medida serás julgados: isto é claro».
«Primeiro, o mandamento, o facto: “Não julgueis para não ser julgados”» reafirmou o Papa, acrescentando: «Segundo, a medida será a mesma que vós usais para com os irmãos». E depois «o terceiro passo: olha-te ao espelho mas não a fim de te maquilhar para que não se vejam as rugas; não, não, não é este o conselho!». Pelo contrário, sugeriu Francisco, «olha-te ao espelho para te veres a ti mesmo, como és». As palavras de Jesus são claras: «Por que olhas para o cisco que está no olho do teu irmão e não te dás conta da trave que está no teu? Ou como dirás ao teu irmão: “deixa que te tire o cisco do olho” enquanto no teu há a trave?”».
«Como nos qualifica o Senhor – questionou-se o Pontífice – quando fazemos isto? Uma só palavra: “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho de teu irmão”». Na realidade, não deveria surpreender a reação do Senhor que «se altera; é muito forte, e parece também que nos insulta: chama “hipócrita” quem julga os outros».
A razão é que «quem julga – explicou o Papa – coloca-se no lugar de Deus, considera-se Deus e duvida da palavra de Deus». É precisamente «o que a serpente convenceu os nossos pais a fazer: “Não, não, Deus é um mentiroso, se vós comerdes disto, sereis como ele”. E eles queriam colocar-se no lugar de Deus».
Por esta razão, insistiu o Pontífice, «é muito feio julgar: deixemos o julgamento só a Deus, só a ele!». A nós compete «o amor, a compreensão, rezar pelos outros quando vemos coisas que não são boas», se serve «também falar com eles» para os admoestar se algo parece não estar no caminho certo. De qualquer forma «nunca julgar, nunca», porque «se julgarmos é hipocrisia».
Aliás, afirmou Francisco, «quando julgamos colocamo-nos no lugar de Deus, isto é verdade, mas o nosso juízo é um pobre juízo: nunca, nunca pode ser um verdadeiro julgamento». Porque, «o verdadeiro julgamento é o que Deus faz». E «por que o nosso não pode ser como o de Deus? Por que Deus é Omnipotente e nós não? Não, porque ao nosso julgamento falta a misericórdia» E «quando Deus julga, julga com misericórdia».
Na conclusão o Papa sugeriu que pensemos «hoje naquilo que o Senhor nos diz: não julgar, para não ser julgado, a medida com a qual julgamos será a mesma que usarão para connosco; e, terceiro, olhemo-nos ao espelho antes de julgar». E assim quando temos a tentação de dizer: «ela faz isto, ele faz aquilo», é melhor olhar-se ao espelho antes de falar. Caso contrário, «serei um hipócrita – reiterou Francisco – porque me coloco no lugar de Deus». E contudo «o meu julgamento é um pobre juízo: falta algo tão importante que o juízo de Deus possui, falta a misericórdia». O Senhor, auspiciou o Papa, «nos faça compreender bem estas coisas».
Missa em Santa Marta

Santo do Dia

Terça-feira, dia 28 de Junho de 2016

Terça-feira da 13ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santo Irineu, bispo, mártir, +200 





Santo Ireneu
Santo Irineu foi bispo de Lião. Nasceu provavelmente em Esmirna, na Ásia Menor, por volta de 130-135. Viveu em uma época dilacerada por heresias que colocavam em risco a unidade da Igreja na fé. Discípulo de São Policarpo - que havia conhecido pessoalmente o apóstolo São João e outras testemunhas oculares de Jesus, Santo Irineu foi, sem dúvida, o escritor cristão mais importante do século II. Foi o primeiro a procurar fazer uma síntese do pensamento cristão, cuja influência se faz notar até nossos dias. Santo Irineu, cujo nome significa "paz", lutou para a preservação da paz e da unidade da Igreja. Era um homem equilibrado e cheio de ponderação. Escreveu ao papa Vítor, aconselhando-o mui respeitosamente a evitar toda e qualquer precipitação no que dissesse respeito às comunidades cristãs da Ásia. 
A Florino, seu amigo de infância que se tornou agnóstico, escreveu: Não te ensinaram estas doutrinas, Florino, os presbíteros que nos precederam, os que tinham sido discípulos dos apóstolos. Eu te lembro, criança como eu, na Ásia inferior, junto a Policarpo ... Recordo as coisas de então melhor que as recentes, talvez, porque aquilo que aprendemos em crianças parece que nos vai acompanhando e firmando em nós segundo passam os anos. Poderia assinalar o lugar onde se sentava Policarpo para ensinar ... seu modo de vida, os traços de sua fisionomia e as palavras que dirigia à multidão. Poderia reproduzir o que nos contava de seu trato com João e os demais que tinham visto o Senhor; e como repetia suas mesmas palavras ... Eu ouvia tudo isto com toda a alma e não o anotava por escrito porque me ficava gravado no coração e continuo pensando-o e repensando-o, pela Graça de Deus, cada dia.


segunda-feira, 27 de junho de 2016

«O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.»

Segunda-feira da 13ª semana do Tempo Comum
Comentário do dia
Beato Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara
Retiro em Nazaré («Escritos espirituais»)

Ó meu Senhor Jesus, aqui está a divina pobreza! Tendes de ser Vós a instruir-me acerca dela! Vós amaste-la tanto! [...] Na vossa vida mortal, fizestes dela vossa companhia fiel. Deixaste-la em herança aos vossos santos, a todos os que querem seguir-Vos, a todos os que querem ser vossos discípulos. Ensinaste-la pelo exemplo de toda a vossa vida; glorificaste-la, beatificaste-la, proclamaste-la necessária pelas vossas palavras. Escolhestes para pais pobres operários; nascestes numa gruta que servia de estábulo, sendo pobre no vosso nascimento. Os vossos primeiros adoradores são pastores. Aquando da vossa apresentação no Templo, vossos pais ofereceram o dom dos pobres. Vivestes trinta anos como pobre operário, nesta Nazaré que eu tenho a felicidade de pisar, onde tenho a alegria [...] de apanhar estrume.

Mais, durante a vossa vida pública, vivestes de esmolas entre os pescadores pobres que havíeis escolhido para companheiros, sem uma pedra onde reclinar a cabeça. No Calvário, foste espoliado das vossas vestes, a única coisa que possuíeis, e os soldados sortearam-nas entre si. Morrestes nu, e fostes amortalhado por esmola, por estrangeiros. «Bem aventurados os pobres!» (Mt 5,3)

Meu Senhor Jesus, como se tornará rapidamente pobre aquele que, amando-Vos de todo o coração, não conseguir suportar ser mais rico que o seu Bem-amado!

Evangelho segundo S. Mateus 8,18-22.


Naquele tempo, vendo Jesus à sua volta uma grande multidão, mandou passar para a outra margem do lago.
Aproximou-se então um escriba, que Lhe disse: «Mestre, seguir-Te-ei para onde fores».
Jesus respondeu-Lhe: «As raposas têm as suas tocas e as aves os seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça».
Disse-Lhe outro discípulo: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai».
Mas Jesus respondeu-Lhe: «Segue-Me e deixa que os mortos sepultem os seus mortos».
 

Santo do Dia

Segunda-feira, dia 27 de Junho de 2016

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro




Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Na ilha de Creta havia um quadro da Virgem Maria muito venerado devido aos estupendos milagres que operava. Certo dia, porém, um rico negociante, pensando no bom preço que poderia obter por ele, roubou-o e levou-o para Roma. Durante a travessia do Mediterrâneo, o navio que transportava a preciosa carga foi atingido por terrível tempestade, que ameaçava submergi-lo. Os tripulantes, sem saber da presença do quadro, recorreram à Virgem Maria. Logo a tormenta amainou, permitindo que a embarcação ancorasse, sendo salva num porto italiano. Algum tempo depois, o ladrão faleceu e a Santíssima Virgem apareceu a uma menina, filha da mulher que guardava a pintura em sua casa, avisando que a imagem de Santa Maria do Perpétuo Socorro deveria ser colocada numa igreja. O milagroso quadro foi então solenemente entronizado na capela de São Mateus, em Roma, no ano de 1499, e aí permaneceu recebendo a homenagem dos fiéis durante três séculos, até que o templo foi criminosamente destruído. Os religiosos dispersaram-se e a imagem caiu no esquecimento. Finalmente em 1866 a milagrosa efígie foi conduzida triunfalmente ao seu actual santuário por ordem do Santo Padre, que recomendou aos filhos de Santo Afonso de Ligório: - "Fazei que todo o mundo conheça o Perpétuo Socorro".

S. Cirilo de Alexandria, bispo, Doutor da Igreja, +444



S. Cirilo de Alexandria
Cirilo nasceu em 370, no Egipto, e durante muitos anos foi o firme condutor da Igreja do Egipto. Lutou pela ortodoxia da doutrina católica e presidiu o Concílio de Éfeso que definiu a maternidade de Maria, derrotando seu adversário Nestório que colocava em discussão a maternidade divina de Nossa Senhora. Durante o Concílio pronunciou o célebre “Sermão em louvor à Mãe de Deus” que marca o início do florescimento dos hinos em honra à Virgem Maria.

A coragem e a persistência com a qual defendia a verdade católica deram a santidade a este bispo de Alexandria: “Nós – dizia – pela fé em Cristo, estamos prontos a sofrer tudo – algemas, cárcere, a própria morte”.

São Cirilo morreu em 444. Sua santidade foi reconhecida no pontificado de Leão XIII que lhe outorgou também o título de Doutor da Igreja. A sua devoção foi assim estendida a toda a Igreja latina.




 

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domingo, 26 de junho de 2016

Comentário do domingo - 26 de junho



São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja
Sermão 71, para a ressurreição do Senhor; PL 54, 388

«Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus.»

Meus caros, Paulo, o apóstolo dos pagãos, não contradiz a nossa fé quando diz: «Ainda que tenhamos conhecido a Cristo à maneira humana, agora já não O conhecemos assim» (2Cor 5,16). A ressurreição do Senhor não pôs um termo à sua carne; transformou-a. O aumento da sua força não destruiu a sua substância. A qualidade mudou, mas a natureza não foi aniquilada. Crucificaram aquele corpo, ferrando-o a pregos, e ele tornou-se inacessível ao sofrimento. Deram-lhe a morte, e Ele tornou-Se imortal. Assassinaram-no, e Ele tornou-Se incorruptível. Bem podemos dizer que a carne humana de Cristo não é a que tínhamos conhecido, porque nela deixou de haver vestígios de sofrimento ou de fraqueza. Continua a mesma na sua essência, mas já não é a mesma quanto à glória. Não surpreende, pois, que São Paulo se exprima desta maneira a propósito do corpo de Jesus Cristo, referindo-se a todos os cristãos que vivem segundo o espírito: «De agora em diante, não conhecemos ninguém à maneira humana».

Quer com isto dizer que a nossa ressurreição começou em Jesus Cristo. Nele, que morreu por nós, toda a esperança tomou corpo. Deixou de haver em nós dúvida, hesitação, espera desiludida; as promessas começaram a cumprir-se e conseguimos já ver, com os olhos da fé, a graça com que amanhã seremos cumulados. A nossa natureza elevou-se; na alegria, já possuímos o objeto da nossa fé [...].

Que o povo de Deus tome consciência de que se «está em Cristo, é uma nova criação» (2Cor 5,17). Que compreenda bem Quem o escolheu, e a Quem ele próprio escolheu. Que o ser renovado não volte à instabilidade do seu antigo estado. Que, depois de «lançar a mão ao arado», não pare de trabalhar, cuide do grão que semeou, sem se voltar para trás, para o que abandonou. [...] É esta a via da salvação; é a maneira de imitar a ressurreição que começou com Cristo.

Evangelho segundo S. Lucas 9,51-62.


Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém
e mandou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem.
Mas aquela gente não O quis receber, porque ia a caminho de Jerusalém.
Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: «Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?».
Mas Jesus voltou-Se e repreendeu-os.
E seguiram para outra povoação.
Pelo caminho, alguém disse a Jesus: «Seguir-Te-ei para onde quer que fores».
Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm as suas tocas, e as aves do céu os seus ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça».
Depois disse a outro: «Segue-Me». Ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai».
Disse-lhe Jesus: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos; tu, vai anunciar o reino de Deus».
Disse-Lhe ainda outro: «Seguir-Te-ei, Senhor; mas deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família».
Jesus respondeu-lhe: «Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus».

Carta aos Gálatas 5,1.13-18.


Irmãos: Foi para a verdadeira liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permanecei firmes e não torneis a sujeitar-vos ao jugo da escravidão.
Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Contudo, não abuseis da liberdade como pretexto para viverdes segundo a carne; mas, pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros,
porque toda a Lei se resume nesta palavra: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo».
Se vós, porém, vos mordeis e devorais mutuamente, tende cuidado, que acabareis por destruir-vos uns aos outros.
Por isso vos digo: Deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne.
Na verdade, a carne tem desejos contrários aos do Espírito, e o Espírito desejos contrários aos da carne. São dois princípios antagónicos e por isso não fazeis o que quereis.
Mas se vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sujeitos à Lei de Moisés.

Livro de Salmos 16(15),1-2.5.7-8.9-10.11.


Defendei-me, Senhor: Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: "Tu és o meu Deus."
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino.

Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei.

Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta,
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma
na mansão dos mortos,

nem deixareis o vosso fiel sofrer a corrupção.
Dar-me-eis a conhecer os caminhos da vida,
alegria plena na vossa presença,
delícias eternas à vossa direita.

Livro de Salmos 16(15),1-2.5.7-8.9-10.11.


Defendei-me, Senhor: Vós sois o meu refúgio.
Digo ao Senhor: "Tu és o meu Deus."
Senhor, porção da minha herança e do meu cálice,
está nas vossas mãos o meu destino.

Bendigo o Senhor por me ter aconselhado,
até de noite me inspira interiormente.
O Senhor está sempre na minha presença,
com Ele a meu lado não vacilarei.

Por isso o meu coração se alegra e a minha alma exulta,
e até o meu corpo descansa tranquilo.
Vós não abandonareis a minha alma
na mansão dos mortos,

Livro de 1º Reis 19,16-21.


Naqueles dias, disse o Senhor a Elias: «Ungirás Eliseu, filho de Safat, de Abel-Meola, como profeta em teu lugar»


Elias pôs-se a caminho e encontrou Eliseu, filho de Safat, que andava a lavrar com doze juntas de bois e guiava a décima segunda. Elias passou junto dele e lançou sobre ele a sua capa.
Então Eliseu abandonou os bois, correu atrás de Elias e disse-lhe: «Deixa-me ir abraçar meu pai e minha mãe; depois irei contigo». Elias respondeu: «Vai e volta, porque eu já fiz o que devia».
Eliseu afastou-se, tomou uma junta de bois e matou-a; com a madeira do arado assou a carne, que deu a comer à sua gente. Depois levantou-se e seguiu Elias, ficando ao seu serviço.

Santo do dia

Domingo, dia 26 de Junho de 2016

13º Domingo do Tempo Comum - Ano C


Santo do dia : Santos João e Paulo, mártires, +362S. José Maria Escrivá, presbítero, fundador, +1975S. Paio, mártir, +925

S. Paio, mártir, +925



São Paio

S. Paio (ou Pelágio) era natural da Galiza e sobrinho de Hermígio, bispo de Tui. Nasceu no início do séc. X.
Tendo participado, como pagem, na dura batalha que opôs Ordonho II de Leão a Abdemarrão III, emir de Córdova, foi feito prisioneiro e levado para esta cidade. As negociações entre as partes permitiram a libertação do bispo Hermígio, mas Paio teve de ficar como refém, apesar de ser ainda muito novo. A sua formosura despertou sentimentos de desejo tanto no rei como num dos seus filhos, que tudo fizeram para o seduzir. A todos resistiu o jovem, o que exacerbou a ira do rei que o mandou torturar até que cedesse aos seus apetites. No entanto, a fortaleza de ânimo de Paio foi superior à violência dos algozes que o despedaçaram e acabaram por lançá-lo ao rio Guadalquivir. Tinha 13 anos de idade.
A sua fama espalhou-se por todo o nordeste da Península, havendo hoje muitas localidades portuguesas que têm o seu nome.

S. José Maria Escrivá, presbítero, fundador, +1975




S. Josemaria Escrivá
Josemaría Escrivá nasceu em Barbastro (Huesca, Espanha) no dia 9 de Janeiro de 1902. Os pais chamavam-se José e Dolores que deram aos filhos uma profunda educação cristã.
Em 1915 faliu o negócio do pai, que era um industrial de tecidos, e ele teve de mudar-se para Logronho, onde encontrou outro trabalho. Nessa cidade, Josemaría apercebe-se da sua vocação pela primeira vez: depois de ver na neve umas pegadas dos pés descalços de um frade, intui que Deus deseja qualquer coisa dele, embora não saiba exactamente o que é. Pensa que poderá descobri-lo mais facilmente se se fizer sacerdote e começa a preparar-se para tanto, primeiro em Logronho, e mais tarde no seminário de Saragoça. Estuda Direito como aluno voluntário. O pai morre em 1924, e ele fica como chefe de família. Recebe a ordenação sacerdotal em 28 de Março de 1925 e começa a exercer o seu ministério numa paróquia rural e, depois, em Saragoça.
Em 1927 muda-se para Madrid, com autorização do seu bispo, com o objectivo de se doutorar em Direito. Aí, no dia 2 de Outubro de 1928, no decorrer de um retiro espiritual, vê aquilo que Deus lhe pede e funda o Opus Dei. Desde então começa a trabalhar na fundação, ao mesmo tempo que continua exercendo o ministério sacerdotal, especialmente entre pobres e doentes. Além disso, estuda na Universidade de Madrid e dá aulas para manter a família.
Quando rebenta a guerra civil encontra-se em Madrid, e a perseguição religiosa obriga-o a refugiar-se em diversos lugares. Exerce o ministério sacerdotal clandestinamente, até que consegue sair de Madrid. Depois de ter atravessado os Pirenéus, fixa residência em Burgos.
Acabada a guerra, em 1939, regressa a Madrid e obtém o doutoramento em Direito. Nos anos que se seguem dirige numerosos retiros para leigos, para sacerdotes e para religiosos.
Em 1946 fixa residência em Roma. Faz o doutoramento em Teologia pela Universidade Lateranense. É nomeado consultor de duas Congregações da Cúria Romana, membro honorário da Academia Pontifícia de Teologia e prelado honorário de Sua Santidade. De Roma desloca-se, em numerosas ocasiões, a diversos países da Europa - e em 1970 ao México -, a fim de impulsionar o estabelecimento e consolidação do Opus Dei nessas regiões. Com o mesmo objectivo, em 1974 e em 1975, realiza duas longas viagens pela América Central e do Sul, onde, além disso, tem reuniões de catequese com grupos numerosos de pessoas.
A Santa Missa era a raiz e o centro da sua vida interior. O sentido profundo da sua filiação divina, vivido numa contínua presença de Deus Uno e Trino, levava-o a procurar em tudo a mais completa identificação com Jesus Cristo, a uma devoção terna e forte a Nossa Senhora e a S. José, a um trato habitual e confiado com os Santos Anjos da Guarda e a ser um semeador de paz e de alegria por todos os caminhos da terra.
Mons. Escrivá oferecera a sua vida, repetidas vezes, pela Igreja e pelo Romano Pontífice. O Senhor acolheu esta oferta e Mons. Escrivá entregou santamente a alma a Deus, em Roma, no dia 26 de Junho de 1975, no seu quarto de trabalho.

Santo do dia -

Sabado, dia 25 de Junho de 2016

S. Máximo, bispo de Turim, +séc. V




S. Máximo
São Máximo, bispo de Turim, que nasceu mais ou menos nos meados do século IV no Piemonte e morreu entre 408 e 423, é considerado o fundador da diocese de Turim, erigida pela iniciativa de santo Ambrósio e de santo Eusébio de Vercelli, de quem o próprio São Máximo se declarava discípulo. Do seu grande empenho apostólico dão testemunho os numerosos sermões e homilias, escritos com estilo claro e persuasivo, nos quais se percebe um caráter manso e benévolo, que sabe todavia reprovar e advertir com firmeza e às vezes com sutil ironia. Ele exorta seus fiéis, amedrontados pela aproximação do exército dos bárbaros a empunhar as armas do “jejum, da oração e da misericórdia” e aos medrosos que se apressavam a fugir da cidade diz: “É injusto e ímpio o filho que abandona a mãe no perigo. A pátria é sempre uma doce mãe.” Quando tratava dos temas de catequese dogmática, a sua palavra iluminadora hauria plenamente das páginas da Sagrada Escrituras, que interpretava com perfeita ortodoxia.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

«Ele é que deve crescer, e eu diminuir» (Jo 3,30)

Comentário do dia:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão 289, 3.º para a Natividade de João Baptista



O maior dos homens foi enviado para dar testemunho daquele que era mais que um homem. Com efeito quando aquele que «é o maior de entre os nascidos de mulher» (cf Mt 11,11) diz: «Eu não sou o Messias» (Jo 1,20) e se humilha face a Cristo, temos de entender que Cristo não é apenas um homem. [...] «Sim, todos nós participamos da sua plenitude, recebendo graça sobre graça» (Jo 1,16). Que quer dizer «todos nós»? Quer dizer os patriarcas, os profetas e os santos apóstolos, aqueles que precederam a encarnação ou que foram enviados depois pelo próprio Verbo encarnado, «todos nós participamos da sua plenitude». Nós somos recipientes, ele é a fonte. Portanto [...], João é homem, Cristo é Deus: é preciso que o homem se humilhe, para que Deus seja exaltado.

Foi para ensinar o homem a humilhar-se que João nasceu no dia a partir do qual os dias começam a decrescer; para nos mostrar que Deus deve ser exaltado, Jesus Cristo nasceu no dia em que os dias começam a aumentar. Há aqui um ensinamento profundamente misterioso. Nós celebramos a natividade de João como celebramos a de Cristo, porque essa natividade está cheia de mistério. De que mistério? Do mistério da nossa grandeza. Diminuamo-nos em nós próprios para podermos crescer em Deus; humilhemo-nos na nossa baixeza, para sermos exaltados na sua grandeza.

São JOÃO

Nascimento de S. João Baptista (ofício próprio)



Natividade de São João Baptista
Solenidade


São João Baptista era filho de Zacarias e de Santa Isabel. Chamava-se "Baptista" pelo facto de pregar um baptismo de penitência (cf. Lucas 3,3). João, cujo nome significa "Deus é propício", veio à luz em idade avançada de seus pais (cf. Lucas 1,36). Parente de Jesus, foi o precursor do Messias. É João Baptista que aponta Jesus, dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Dele é que eu disse: Depois de mim, vem um homem que passou adiante de mim, porque existia antes de mim" (João 1,29ss.). De si mesmo deu este testemunho: "Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai os caminhos do Senhor ..." (João 1,22ss.).

São Lucas, no primeiro capítulo de seu Evangelho, narra a concepção, o nascimento e a pregação de João Baptista, marcando assim o advento do Reino de Deus no meio dos homens. A Igreja celebra-o desde os primeiros séculos do cristianismo. É o único santo cujo nascimento (24 de Junho) e martírio são evocados em duas solenidades pelo povo cristão. O seu nascimento é celebrado pelo povo com grande júbilo: cantos e danças folclóricas, fogueiras e quermesses fazem da sua festa uma das mais populares e queridas da nossa gente.

Evangelho segundo S. Lucas 1,57-66.80.


Naquele tempo, chegou a altura de Isabel ser mãe e deu à luz um filho.
Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe tinha feito tão grande benefício e congratularam-se com ela.
Oito dias depois, vieram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias.
Mas a mãe interveio e disse: «Não, Ele vai chamar-se João».
Disseram-lhe: «Não há ninguém da tua família que tenha esse nome».
Perguntaram então ao pai, por meio de sinais, como queria que o menino se chamasse.
O pai pediu uma tábua e escreveu: «O seu nome é João». Todos ficaram admirados.
Imediatamente se lhe abriu a boca e se lhe soltou a língua e começou a falar, bendizendo a Deus.
Todos os vizinhos se encheram de temor e por toda a região montanhosa da Judeia se divulgaram estes factos.
Quantos os ouviam contar guardavam-nos em seu coração e diziam: «Quem virá a ser este menino?». Na verdade, a mão do Senhor estava com ele.
O menino ia crescendo e o seu espírito fortalecia-se. E foi habitar no deserto até ao dia em que se manifestou a Israel.

Livro dos Actos dos Apóstolos 13,22-26.


Naqueles dias, Paulo falou deste modo: «Deus concedeu aos filhos de Israel David como rei, de quem deu este testemunho: ‘Encontrei David, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará sempre a minha vontade’.
Da sua descendência, como prometera, Deus fez nascer Jesus, o Salvador de Israel.
João tinha proclamado, antes da sua vinda, um batismo de penitência a todo o povo de Israel.
Prestes a terminar a sua carreira, João dizia: ‘Eu não sou quem julgais; mas depois de mim, vai chegar Alguém, a quem eu não sou digno de desatar as sandálias dos seus pés’.
Irmãos, descendentes de Abraão e todos vós que temeis a Deus: a nós é que foi dirigida esta palavra de salvação».

Livro de Isaías 49,1-6.


Terras de Além-Mar, escutai-me; povos de longe, prestai atenção. O Senhor chamou-me desde o ventre materno, disse o meu nome desde o seio de minha mãe.
Fez da minha boca uma espada afiada, abrigou-me à sombra da sua mão. Tornou-me semelhante a uma seta aguda, guardou-me na sua aljava.
E disse-me: «Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória».
E eu dizia: «Cansei-me inutilmente, em vão e por nada gastei as minhas forças». Mas o meu direito está no Senhor e a minha recompensa está no meu Deus.
E agora o Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo, a fim de Lhe restaurar as tribos de Jacob e reconduzir os sobreviventes de Israel. Eu tenho merecimento aos olhos do Senhor e Deus é a minha força.
Ele disse-me então: «Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob e reconduzires os sobreviventes de Israel. Farei de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra».

Livro de Salmos 139(138),1-3.13-14ab.14c-15.


Senhor, Vós conheceis o íntimo do meu ser:
sabeis quando me sento e quando me levanto.
De longe penetrais o meu pensamento:
Vós me vedes quando caminho e quando descanso,

Vós observais todos os meus passos.
Vós formastes as entranhas do meu corpo
e me criastes no seio de minha mãe.
Eu Vos dou graças por me terdes feito

tão maravilhosamente:
admiráveis são as vossas obras.
Vós conhecíeis já a minha alma
e nada do meu ser Vos era oculto,

quando secretamente era formado,
modelado nas profundidades da terra.

Papa Francisco

Nas nascentes da fé

· ​Mensagem vídeo do Papa na vigília da visita à Arménia ·

«Vou como peregrino para haurir da antiga sabedoria do vosso povo e beber das nascentes da vossa fé». Afirmou Francisco numa mensagem vídeo dirigida à população da Arménia – em visita de 24 a 26 de junho – e transmitida no país na noite de quarta-feira, 22 de junho.
Para o Pontífice a viagem ao «primeiro país cristão» – que tem início na tarde de sexta-feira com a cerimónia de boas-vindas no aeroporto de Yerevan e o momento de oração na catedral arménia apostólica de Santa Etchmiadzin – é a ocasião para manifestar à comunidade local «admiração e dor»: admiração, porque encontrastes na cruz de Jesus e no vosso engenho a força para vos erguerdes sempre, até de sofrimentos entre os mais terríveis que a humanidade recorda», e «dor, pelas tragédias que os vossos pais viveram na sua carne».
Não é por acaso que um dos gestos mais significativos da visita será precisamente a homenagem às vítimas do Metz Yeghérn, com a oração da manhã de sábado no memorial de Tzitzernakaberd juntamente com Karekin II. E ao catholicos o Papa dirigiu o convite a «dar renovado impulso à nossa senda para a plena unidade», evidenciando assim a dimensão ecuménica de uma viagem que terá entre os seus eventos centrais a missa em Gyumri, a oração pela paz em Yerevan e a divina liturgia dominical em Etchmiadzin.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Dar bons frutos

Comentário do dia:

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
Não há maior amor




Se alguém sente que Deus lhe pede que se comprometa na reforma da sociedade, isso é um assunto entre essa pessoa e o seu Deus. Todos nós temos o dever de servir Deus segundo o apelo que sentimos. Eu sinto-me chamada ao serviço dos indivíduos, a amar cada ser humano. Nunca penso em termos de massa, de grupo, mas sempre nas pessoas concretas. Se pensasse nas multidões, nunca iniciaria nada; é a pessoa que conta; acredito nos encontros cara a cara.

A plenitude do nosso coração transparece nos nossos actos: a forma como me comporto com os leprosos, com este ou aquele agonizante, com este ou aquele sem-abrigo. Por vezes, é mais difícil trabalhar com os vagabundos do que com os moribundos dos nossos hospícios, porque estes estão em paz, na expectativa, prontos a partir ao encontro de Deus. Mas, quando se trata de um bêbado que protesta, é mais difícil pensar que estamos frente a frente com Jesus escondido nele. Como devem ser puras e amáveis as nossas mãos para manifestarem compaixão para com essas pessoas!

Ver Jesus na pessoa que está espiritualmente mais pobre exige um coração puro. Quanto mais desfigurada estiver a imagem de Deus numa pessoa, tanto maiores devem ser a fé e a veneração na nossa busca do rosto de Jesus e no nosso ministério de amor junto dela... Façamo-lo com um sentimento de profundo reconhecimento e piedade. O amor e a alegria de servir devem ser à medida do carácter repugnante da tarefa a realizar.      

Evangelho segundo S. Mateus 7,15-20.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Acautelai-vos dos falsos profetas, que andam vestidos de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes.
Pelos frutos os conhecereis. Poderão colher-se uvas dos espinheiros ou figos dos cardos?
Assim, toda a árvore boa dá bons frutos e toda a árvore má dá maus frutos.
Uma árvore boa não pode dar maus frutos, nem uma árvore má dar bons frutos.
Toda a árvore que não dá bom fruto é cortada e lançada ao fogo.
Portanto, pelos frutos os conhecereis».

Livro de Salmos 119(118),33.34.35.36.37.40.


Ensinai-me, Senhor, o caminho dos vossos decretos
para ser fiel até ao fim.
Dai-me entendimento para guardar a vossa lei
e para a cumprir de todo o coração.

Conduzi-me pela senda dos vossos mandamentos,
pois nela estão as minhas delícias.
Inclinai o meu coração para as vossas ordens
e não para o vil interesse.

Desviai os meus olhos das vaidades
e fazei-me viver nos vossos caminhos.
Vede como amo os vossos preceitos:
fazei-me viver segundo a vossa justiça.

Livro de 2º Reis 22,8-13.23,1-3.


Naqueles dias, o sumo sacerdote Helcias disse ao secretário Safã: «Encontrei no templo do Senhor o Livro da Lei». E Helcias entregou o livro a Safã, que o leu.
O secretário Safã foi ter com o rei Josias e deu-lhe contas da missão recebida, dizendo: «Os teus servos juntaram o dinheiro que estava no templo e entregaram-no aos empreiteiros encarregados das obras no templo do Senhor».
Depois o secretário Safã informou o rei, dizendo: «O sacerdote Helcias entregou-me um livro». E Safã leu-o diante do rei.
Quando ouviu ler as palavras do Livro da Lei, o rei Josias rasgou as suas vestes
e deu esta ordem ao sacerdote Helcias, a Aicam, filho de Safã, a Acbor, filho de Miqueias, ao secretário Safã e a Asaías, ministro do rei:
«Ide consultar o Senhor em meu nome, em nome do povo e de todo o reino de Judá, acerca das palavras deste livro que foi encontrado. A ira do Senhor deve ser grande contra nós, porque os nossos pais não obedeceram às palavras deste livro, cumprindo tudo o que nele está escrito».
Então o rei convocou todos os anciãos de Judá e de Jerusalém.
Depois subiu ao templo do Senhor, com todos os homens de Judá e todos os habitantes de Jerusalém: os sacerdotes, os profetas e todo o povo, crianças e adultos. Leu-lhes as palavras do Livro da Aliança, encontrado no templo do Senhor.
Em seguida, o rei, de pé sobre o estrado, renovou a Aliança diante do Senhor, comprometendo-se a seguir o Senhor e a guardar os seus mandamentos, ordens e preceitos, com todo o coração e com toda a alma, para cumprir as palavras da Aliança escritas no livro. E todo o povo aderiu à Aliança.

Viver com Deus

Morrer tanto faz
de tiro ou de
espirro.
Viver só faz 
sentido com 
Deus


Histórias e rostos a ser acolhidos


· No Angelus o novo apelo do Papa a favor dos refugiados ·
20 de Junho de 2016
«Os refugiados são pessoas como todas, mas às quais a guerra tirou a casa, o trabalho, os familiares e amigos. As suas histórias e os seus rostos convidam-nos a renovar o compromisso para construir a paz na justiça». Na véspera do dia mundial promovido pela Onu, o Papa lançou no domingo, 19 de junho, um novo apelo para o acolhimento dos refugiados, exortando os fiéis presentes na praça de São Pedro para a recitação do Aneglus a «estar com eles: a encontrá-los, acolhê-los, escutá-los, para nos tornarmos juntos artífices de paz segundo a vontade de Deus». Aliás, o tema deste ano escolhido pelas Nações Unidas é precisamente «Com os refugiados. Nós estamos do lado de quem é obrigado a fugir».
No final da oração mariana Francisco recordou também o início em Creta do concílio pan-ortodoxo, com o convite a unir-se aos «nossos irmãos ortodoxos, invocando o Espírito Santo para que assista com os seus dons os patriarcas, os arcebispos e os bispos reunidos no concílio» e exortou os fiéis na praça a recitar uma Ave-Maria «por todos os nossos irmãos ortodoxos».
Precedentemente, comentando como de costume o Evangelho de domingo, explicou o que significa seguir Cristo. O trecho de Lucas (9, 18-24), explicou, «convida-nos mais uma vez a confrontar-nos diretamente com Jesus. Num dos raros momentos tranquilos em que se encontra sozinho com os seus discípulos, Ele pergunta-lhes: “As multidões, quem dizem que eu sou?”». E hoje a mesma pergunta, acrescentou atualizando a reflexão, é proposta a cada um de nós. Por conseguinte, esclareceu o Pontífice, «somos chamados a tornar a resposta de Pedro a nossa resposta». Com efeito, «muitas pessoas sentem o vazio à sua volta e dentro de si; outras vivem na inquietude e na insegurança por causa da precariedade e dos conflitos. Todos necessitamos de respostas adequadas aos nossos interrogativos, às nossas perguntas concretas. Em Cristo, só nele, é possível encontrar a paz verdadeira e o cumprimento de cada aspiração humana», concluiu.
Angelus do Papa