quinta-feira, 23 de maio de 2013

O mundo nos cobra uma atitude


Os Dez Mandamentos e o século XXI
Floriano Pesaro, sociólogo e vereador/SP
O mundo atual acredita que o conceito de responsabilidade social é algo razoavelmente novo tendo em vista o sofrimento que tantas pessoas, povos, grupos sociais e minorias ainda enfrentam nos dias de hoje. Entretanto, como judeus, sabemos que princípios de responsabilidade social foram estabelecidos já nos Dez Mandamentos e muito do que se conhece como Leis sociais, Constituições, Declarações de Direitos, são regras e normas que interpretam de forma abrangente os Dez Mandamentos.
O judaísmo e sua ortopraxia exigem uma postura responsável diante de Deus, de seus pais, de si mesmo e de seu próximo. Aliás, o judaísmo criou a mais importante regra das relações sociais: "Não faça aos outros o que não quer que lhe façam." Ou seja, não faça o mal!! Não existe nenhuma outra regra necessária em uma sociedade liberal. Os teólogos judeus dizem que todos os outros mandamentos sociais são interpretações deste. É preciso aprender a compaixão para não prejudicar os outros.
A importância dos Dez Mandamentos para a religião judaica é de maior magnitude porque não temos dogmas que sejam a pedra angular de nossa religião. Assim, este código de ética, recebido pelo povo enquanto povo constituído e sofrido, e o nosso livre arbítrio enquanto indivíduos é, afinal, o que podemos considerar como a definição do "povo eleito". Sempre tive dificuldade em lidar com esta expressão, que me parecia preconceituosa, até que aprendi a vê-la dotada de certa responsabilidade maior de buscar agir de forma sagrada, criando o exemplo ético a ser seguido.
• Honra teu pai e tua mãe.
• Não matarás.
• Não adulterarás.
• Não furtarás.
• Não darás falso testemunho contra o teu próximo.
• Não cobiçarás a casa do teu próximo
Hoje, no século XXI, já não temos escolha. O mundo nos cobra uma atitude. E mesmo o Estado de Israel parece ser visto através de uma lente de aumento. Cada desvio de caminho que por lá acontece é noticiado como se fosse um crime de grandeza diferente. É como se Israel tivesse o pior serviço de Relações Públicas do mundo. Mas não. É porque de nós se espera muito. É porque a lente que nos examina tem outro calibre. Sim, temos uma responsabilidade de outa natureza. A ética dos Dez Mandamentos é nossa bússola, nossa escolha pessoal e nossa responsabilidade social.
Todos os anos, nesta época de Shavuot, o dia no qual celebramos a grande revelação da Outorga da Torá no Monte Sinai, no ano 2448, podemos nos imaginar no deserto, como povo constituído, recebendo esta missão, mais uma vez sendo fiéis depositários deste código ético social, que nos coloca à frente de um caminho que não pode mais esperar. As demandas sócias se multiplicam, a intolerância e a violência florescem. Como indivíduos, temos o livre arbítrio, como seres sociais e povo judeu eleito com a responsabilidade moral da compaixão, temos o dever de sermos parceiros de Deus no aperfeiçoamento deste mundo.

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