domingo, 15 de dezembro de 2013

O cristão e o compromisso com a honestidade

O Brasil tem vivido nos últimos tempos um período de intenso combate à corrupção, cujo ápice é o que se convencionou chamar de Mensalão. Infelizmente, outros episódios entram em cena, com fatos antigos e novos, mostrando que a praga da desonestidade continua envolvendo muitas pessoas. É claro que muitos condenados alegam inocência, enquanto outros consideram a pena excessiva e há ainda os que alegam problemas de saúde, solicitando um tratamento especial. 

O grande fato é que, toda a raiz da corrupção e desonestidade pode ser encontrada no desvio das pessoas da Palavra de Deus e seus Mandamentos. Não é que o rótulo de cristão seja, por si só, condição básica para termos pessoas honestas e comprometidas com o que é justo. Pelo contrário, infelizmente, muitos utilizam a capa da religiosidade para cometer com mais facilidades falcatruas. Há pessoas sem credo religioso ou mesmo descrente das coisas de Deus, que, no entanto, adotam em suas vidas conduta ética e colocam os princípios da honestidade em todas as suas ações.

Saber o que é de César, distinguindo o que é de Deus, é tarefa cada vez maior, em um mundo, no qual, desde criança muitos aprendem a lição de "levar vantagem" sobre os demais a qualquer custo. Por isso, ter um verdadeiro compromisso com a Palavra de Deus deve ser o compromisso de todo o verdadeiro religioso, servindo de exemplo para os demais. 

Luiz Paim, um cristão de Angola, faz a seguinte interessante abordagem sobre o tema:


Um povo só se torna realmente justo quando conhece,  o real significado da palavra Justiça.


Ainda não aprendemos a importância socioeconômica de se levar a sério o princípio de justiça.
A maioria dos cidadãos conhece apenas duas situações: ser beneficiado ou ser prejudicado.
Infelizmente,  não compreendemos  como discernir estes extremos e a adotar situações intermediárias.
É no ponto médio, entre o benefício e o malefício, que encontramos o que é justo para todos.
Em linhas gerais, ser justo é não oprimir nem privilegiar, não é menosprezar nem endeusar, não subvalorizar e tampouco supervalorizar.

Ser justo é saber dividir corretamente sem subtrair e sem adicionar (sem roubar ou subornar).
Ser justo é não se apropriar de pertences alheios e dar o correto valor a cada coisa e a cada pessoa.

Ser justo é estabelecer regras claras sem dar vantagem para uns e desvantagem para outros.
Ser justo é encontrar o equilíbrio que satisfaz ou sacrifica, por igual, sem deixar resíduos de insatisfação que possam resultar em desforras posteriores.

A ausência de uma boa educação, nesse sentido, tem propiciado comportamentos extremistas (ora omisso, ora violento) por parte da maioria dos cidadãos.

A falta de diálogo, para se estabelecer o que é justo e correto, faz o cidadão prejudicado se cansar de ser omisso e partir para violência (ir direto ao outro extremo).
Essas reações têm acontecido até mesmo entre parentes e vizinhos.
Por isso, precisamos nos reeducar.

Os cristãos, em especial, precisam ensinar ao povo o que é justo e correto para que os cidadãos não se tornem omissos e saibam estabelecer o diálogo ao perceber toda e qualquer injustiça.

Se cultivarmos um padrão de comportamento realmente justo, ninguém acumulará motivos para se tornar infeliz, desleal, subornável ou violento.

As autoridades precisam agir de maneira totalmente imparcial (sem se inclinar para nenhum dos lados), em respeito aos ensinamentos bíblicos que ordenam que: nem mesmo para favorecer ao pobre se distorça o que é justo, e que sempre se use o mesmo padrão de peso e de medida para qualquer pessoa, seja pobre, rico, analfabeto, doutor, mendigo, autoridade, etc...

A sociedade precisa entender que é a prática correta do princípio de justiça que produz a paz social viabilizando a prosperidade de forma ordeira e bem distribuída.

A esperteza, a exploração e a má fé, são técnicas ilusórias que têm vida curta e acidentada.

As instituições governamentais, empresas privadas e negócios pessoais, estabelecidos com injustiças, com espertezas, com explorações e má fé, são comparáveis a construções sobre areia porque desmoronam nos dias de tempestades (crises, pragas, acidentes, novas concorrências, etc.).

Mas, os negócios estabelecidos de forma justa, com justiça nos preços, nos salários, nos serviços e nos relacionamentos em geral, são comparáveis a construções sobre rocha porque permanecem de pé mesmo depois de grandes tempestades.

Portanto, precisamos abandonar a mania subdesenvolvida de gostar de levar vantagem em tudo, e cultivar a mania desenvolvida de gostar de fazer e receber justiça em tudo. Já é hora de entendermos que a vantagem que se leva hoje se transforma no prejuízo de amanhã, enquanto a justiça que se pratica hoje se transformará no lucro de amanhã.

Comportar-se de forma realmente justa, tanto na hora de dar ou de vender, quanto na hora de cobrar ou de receber, é condição primordial para um povo se tornar pacífico e bem-sucedido.

O efeito da Justiça será a Paz...Isaías 32:17

Texto de Luis Paim (Angola)


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