Para não nos resignarmos
ao fechamento nem à indiferença
«Demasiadas vezes não vos acolhemos! Perdoai o fechamento e a indiferença das nossas sociedades». O Papa dirige-se diretamente aos refugiados numa videomensagem ao centro Astalli por ocasião do trigésimo quinto aniversário da fundação. O texto foi difundido terça-feira, 19 de abril, durante a apresentação em Roma do relatório anual da associação, que constitui a principal atividade na Itália do Serviço internacional dos jesuítas para os refugiados (Jrs).
A mensagem do pontífice continua a manter viva a atenção do mundo sobre o drama dos refugiados, depois da viagem feita a Lesbos no passado dia 16. «Cada um de vós — ressalta Francisco — tem o rosto de Deus, é carne de Cristo. A vossa experiência de dor e de esperança recorda-nos que somos todos estrangeiros e peregrinos nesta terra, acolhidos por alguém com generosidade e sem mérito algum». E «quantos, como vós, fugiram da própria terra por causa da opressão, da guerra, de uma natureza desfigurada pela poluição e pela desertificação, ou da injusta distribuição dos recursos do planeta — reitera — é um irmão com o qual devemos partilhar o pão, a casa, a vida».
O Papa convida a não ter medo da «mudança de vida e de mentalidade» que a presença dos refugiados exige. «Tratados como um peso, um problema, um custo, sois ao contrário um dom», afirma dirigindo-se a eles. «Cada um de vós — explica — pode ser uma ponte que une povos distantes, que torna possível o encontro entre culturas e religiões diversas, um caminho para voltar a descobrir a nossa humanidade comum». Neste sentido o centro Astalli, que nasceu da «visão profética» do padre Pedro Arrupe — prepósito-geral dos jesuítas de 1965 a 1983 — representa uma experiência exemplar, porque mostra «concretamente que se caminharmos juntos a senda será menos assustadora».
E esta, para Francisco, é a «única vereda para uma convivência reconciliada». Por isso, o Papa convida a sermos «testemunhas da beleza do encontro» e a ajudarmos «a nossa sociedade a ouvir a voz dos refugiados», os quais — conclui — «conhecem os caminhos que levam à paz porque conhecem o cheiro acre da guerra».
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