quinta-feira, 3 de março de 2016

Papa Francisco

Uma porta sempre aberta

· ​Francisco falou do perdão de Deus e reafirmou que a Igreja não aceita ofertas manchadas de sangue e recordou os tantos refugiados que desembarcam na Europa e não sabem para onde ir ·

«Deus deixa a porta sempre aberta à esperança»: naquele «sempre», acrescentado ao discurso pelo Papa ao texto preparado para a audiência geral de quarta-feira 2 de março, está todo o sentido do jubileu extraordinário da misericórdia. Com efeito, disse, «Deus não nos trata segundo as nossas culpas» e «nunca nos renega» a nós «que somos o seu povo». Também porque «o mais maldoso dos homens, a mais maldosa das mulheres são seus filhos».
O tema para a reflexão com os fiéis presentes na praça de São Pedro, foi o vínculo entre misericórdia e correção. Partindo do trecho bíblico tirado de Isaías (1, 16b-17.18b), Francisco falou da misericórdia de Deus evocando «a figura do pai de família, que ama os seus filhos, se ocupa deles, os perdoa»; mas também «os educa e os corrige quando erram». Em síntese, afirmou o Pontífice, «a missão educativa dos pais tem por finalidade fazê-los crescer na liberdade, torná-los responsáveis, capazes de praticar» o bem.
Mas infelizmente, constatou, com frequência «a liberdade torna-se pretensão de autonomia, de orgulho», que leva «à ilusão de autossuficiência». Contudo, «o sofrimento, consequência inevitável de uma decisão auto-destruidora, deve fazer refletir o pecador para o abrir à conversão» e «a punição torna-se o instrumento que leva à reflexão». A este propósito Francisco admoestou que «a salvação requer a decisão de ouvir e deixar-se converter». Neste sentido «o Senhor indica um caminho que não é aquele dos sacrifícios rituais, mas o da justiça». Para esclarecer o conceito, Francisco usou um exemplo concreto: «Quando alguém está doente vai ao médico; quando alguém se sente pecador procura o Senhor. Mas se ao contrário vai ao curandeiro não se restabelece. Muitas vezes não procuramos o Senhor, mas preferimos ir pelas veredas erradas, procurando fora dele uma justificação». E a referência foi àqueles «benfeitores que levam a oferta» à Igreja, muitas vezes «fruto do sangue de tanta gente explorada, maltratada, escravizada com o trabalho mal pago». A eles o Papa repetiu que «a Igreja não precisa de dinheiro manchado» mas «de corações abertos à misericórdia». E concluiu com um pensamento «aos muitos refugiados que desembarcam na Europa e não sabem para onde ir».
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