sexta-feira, 15 de abril de 2016

Papa Francisco

Quando o ódio mata

· Missa em Santa Marta ·

Para praticar bem a justiça, vivendo o mandamento do amor, é preciso ser realistas, coerentes e reconhecer-se filhos do mesmo Pai, por conseguinte irmãos. São os três critérios práticos sugeridos pelo Papa Francisco na missa celebrada na manhã de quinta-feira, 12 de Junho, na capela da Casa de Santa Marta.
No trecho evangélico de Mateus (5, 20-26) proposto pela liturgia, Jesus – explicou o Pontífice – fala-nos de «como deve ser o amor entre nós». Ele começa o seu discurso «exortando a compreender bem como devemos seguir o caminho do amor fraterno». Eis as suas palavras: «Eu vos digo: se a vossa justiça não superar a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no reino dos céus».
Por conseguinte, afirma Jesus, «devemos ser justos, amar o próximo, que é o problema de hoje; mas não como estes doutores da lei que tinham uma filosofia especial», isto é, dizer bem «tudo o que se deve fazer» - considerando-se «inteligentes» e «competentes» - sem «depois o fazer». E é por isto que, em relação a eles, «Jesus diz: fazei o que dizem mas não o que fazem». E di-lo «porque não eram coerentes».
Em síntese, «Jesus é realista» quando afirma que «esta capacidade de fazer acordos entre nós significa também superar a justiça dos fariseus e dos doutores da lei». É «o realismo da vida». A ponto que Jesus recomenda expressamente que se alcance «um acordo enquanto estamos a caminho, precisamente para eliminar a luta e o ódio entre nós. Mas muitas vezes nós queremos levar as coisas ao limite».
«Um segundo critério que Jesus nos dá é o da verdade» explicou o Pontífice. Com efeito, há o mandamento de não matar; mas «também mata falar mal do próximo, porque a raiz é o mesmo ódio: não tens a coragem de o matar ou pensas que é demais, mas máta-lo de outra forma, com os mexericos, com as calúnias, com a difamação».
O terceiro critério que Jesus nos dá é «um critério de filiação». Nós, afirmou o Pontífice, «não devemos matar o irmão» precisamente porque ele é nosso irmão: «temos o mesmo pai». E, lê-se no Evangelho, «não posso ir ao pai se não estiver em paz com o meu irmão». Com efeito Jesus diz: «Se levares a tua oferta ao altar e lá te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e depois volta para oferecer o teu dom». Por conseguinte, recomenda o Senhor, «não fales com o pai se não estiveres em paz com o teu irmão» ou «pelo menos em acordo».
Eis, portanto, os três critérios resumidos pelo Papa: realismo, coerência e filiação. Um «programa não fácil», reconheceu, «mas é o caminho que Jesus nos indica para ir em frente». E em conclusão o Papa Francisco pediu ao Senhor «a graça de poder ir em frente em paz entre nós», possivelmente também «com os acordos mas sempre com coerência e com espírito de filiação».
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