Maior compromisso
pelo futuro do Brasil
Os leigos cristãos não podem «abdicar da participação na política». Afirmaram os bispos brasileiros numa mensagem difundida no final da sua assembleia plenária que teve lugar recentemente em Aparecida. No centro dos trabalhos o tema do papel dos cristãos leigos «na Igreja e na sociedade», como «sal da terra e luz do mundo».
A mensagem, apresentada à imprensa pelo presidente da Cnbb, o arcebispo de Brasília, D. Sérgio da Rocha, refere-se de modo direto às eleições municipais de outubro próximo. Mas inegavelmente no fundo há também a situação política nacional muito tensa, que a seguir a clamorosas evoluções das investigações sobre o caso Petrobras, que chegaram a envolver diretamente o ex-presidente Lula, agora levou a Câmara a votar o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Os bispos escrevem: «Os cristãos católicos, de maneira especial, são chamados a explicar a razão de sua esperança nesse tempo de profunda crise pela qual passa o Brasil». Neste sentido, os prelados evidenciam também a importância de um conhecimento adequado entre candidatos e eleitores. Uma participação que não se deve esgotar no voto, mas prosseguir no tempo. Contudo, advertem, se por um lado isto facilita as relações, por outro pode levar a práticas reprováveis como a aquisição de consensos. «A compra e a venda de votos e o uso da máquina administrativa nas campanhas eleitorais — recordam os prelados — constituem um crime eleitoral que atenta contra a honra do eleitor e contra a cidadania». Preocupações confirmadas pelo presidente do episcopado também na homilia da missa conclusiva dos trabalhos da plenária: «Neste momento de crise que vivemos no país, pedimos a todos mais uma vez que promovam a paz, rejeitando todas as formas de agressão ou violência nos protestos». Uma questão tratada publicamente também pelo cardeal arcebispo de Aparecida, Raymundo Damasceno Assis que, explicando o significado do pronunciamento do espiscopado, denunciou: «Muitas vezes há políticos que ocupam um cargo público para satisfazer os próprios interesses, ou interesses particulares, não se preocupam com os interesses da nação, de todo o povo, sobretudo dos mais pobres». Nesta perspetiva, acrescentou o prelado numa declaração à Rádio Vaticano, «penso que devemos recuperar o significado próprio da palavra “política”: serviço à comunidade, serviço ao bem comum». Com efeito, sobretudo «neste momento, no qual nos aproximamos das eleições municipais de outubro, os brasileiros devem votar bem, com responsabilidade, com liberdade e, sobretudo, exigir dos candidatos que tenham projetos concretos para o bem comum e acompanhar os políticos eleitos depois do voto para verificar se cumprem o que prometeram aos eleitores. Isto é fundamental. Então, devemos fazer votar com responsabilidade, exigindo projetos concretos de quantos se apresentam para ocupar cargos políticos».
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