sexta-feira, 17 de abril de 2015

«Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20,29).



Comentário do dia:


«Ao ver o sinal que Jesus realizara, as multidões diziam: “Ele é verdadeiramente o grande Profeta que havia de vir ao mundo”»

Governar todo o universo é na verdade um milagre maior do que saciar cinco mil homens com cinco pães. E contudo, isso não espanta ninguém, mas as pessoas espantam-se diante de um milagre de menor importância, porque sai do habitual. Com efeito, quem sustenta ainda hoje o universo inteiro, senão Aquele que, apenas com algumas sementes, cria as searas? Cristo fez o mesmo que Deus faz. Usando do seu poder de multiplicar as searas a partir de uns quantos grãos, Ele multiplicou cinco pães; porque tinha poder para tal, e esses cinco pães eram como sementes, que o Criador da terra multiplicou mesmo sem as lançar à terra. […]

Esta obra foi-nos apresentada aos sentidos para nos elevar o espírito. […] Tornou-se-nos assim possível admirar «o Deus invisível, através das suas obras visíveis» (Rom 1,20). Depois de termos sido ensinados na fé e purificados por ela, podemos desejar ver sem os olhos do corpo o Ser invisível que conhecemos a partir do visível. […] Com efeito, Jesus fez este milagre para que ele fosse visto pelos que ali se encontravam, e eles puseram-no por escrito para que nós tomássemos conhecimento dele. O que os olhos fizeram para eles, fá-lo para nós a fé. De igual modo, reconhecemos na nossa alma o que os nossos olhos não puderam ver e recebemos um belo elogio, pois foi acerca de nós que Ele disse: «Felizes os que acreditam sem terem visto» (Jo 20,29).

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermões sobre o evangelho de João, nº 24, 1.6.7; CCL 36, 244

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