quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Comentário do dia:

«Participar no festim no reino de Deus»
[Quando o pecador reconhece o seu pecado,] a graça divina faz nascer um arrependimento, uma compaixão e uma verdadeira sede de Deus tão grandes, que o pecador, subitamente liberto do pecado e da dor, se levanta. […] O arrependimento purifica-nos, a compaixão prepara-nos, a verdadeira sede de Deus torna-nos dignos. Segundo a minha forma de entender, eis os três meios através dos quais as almas vão para o céu – isto é, as que pecaram na Terra e que serão salvas. Porque qualquer alma pecadora deve ser curada por estes três remédios. Apesar de curada, as suas feridas permanecem diante de Deus, não tanto como feridas, mas como sinais gloriosos. Em contrapartida da nossa punição na Terra pelo sofrimento e pela penitência, no céu seremos recompensados pelo amor benfazejo de Nosso Senhor. […] Ele considera o pecado dos que O amam uma tristeza e um sofrimento; mas, devido à sua morte, este pecado não tem de os condenar. A recompensa que receberemos não é mínima, mas eminente, honrosa, gloriosa; e, deste modo, a vergonha transformar-se-á em glória e em alegria.


Porque, na sua benevolência, Nosso Senhor não quer que os seus servos desesperem após as suas quedas frequentes e lamentáveis; as nossas quedas não O impedem de nos amar. […] Ele quer que saibamos que Ele é o fundamento de toda a nossa vida no amor e, mais ainda, que Ele é o nosso protector eterno, defendendo-nos com força contra todos os inimigos que se encarniçam furiosamente contra nós. E de facto, temos uma grande necessidade dele pois damos frequentemente azo a isso pelas nossas quedas.

Juliana de Norwich (1342-depois de 1416), mística inglesa
«Revelações do amor divino», cap. 39

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