quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Comentário do dia

«Eles começaram a pressioná-Lo fortemente, armando-Lhe ciladas»
«Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho único» (Jo 3,16). Este Filho único «foi oferecido», não porque os seus inimigos prevaleceram, mas «porque Ele próprio o quis» (Is 53,10-11). «Amou os seus e amou-os até ao fim» (Jo 13,1). O fim é a morte, aceite por aqueles que ama; eis o fim de toda a perfeição, o fim do amor perfeito, porque «ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15,13).


Na morte de Cristo, este seu amor foi mais poderoso do que o ódio dos seus inimigos; pois o ódio fez apenas o que o amor lhe permitia. Judas, ou os inimigos de Cristo, entregaram-No à morte por um ódio maldoso. O Pai entregou o seu Filho e o Filho entregou-se a Si mesmo por amor (Rom 8,32; Gal 2,20). Mas o amor não é culpado de traição; está inocente, mesmo quando Cristo morre por sua causa. Porque apenas o amor pode fazer impunemente o que lhe agrada. Apenas o amor pode coagir Deus e como que impor-se a Ele. Foi ele que O fez descer do céu e O pôs na cruz, ele que derramou o sangue de Cristo para remissão dos pecados, num acto tão inocente como salutar. Todas as nossas acções para a salvação do mundo são, então, devidas ao amor. E este insta-nos, por uma lógica que se nos impõe, a amar Cristo tanto quanto outros O odiaram.

Balduíno de Ford (?-c. 1190), abade cisterciense, depois bispo
O Sacramento do altar, II, 1; SC 93

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