sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Cristãos ortodoxos

Como o rico insensato

· O patriarca Bartolomeu sobre a salvaguarda da Criação ·

Istambul, 31. «Como cristãos ortodoxos fomos instruídos
pelos padres da Igreja a limitar na medida do
possível as nossas necessidades. Contrastamos
o princípio do consumismo com o princípio da
ascese, limitando as necessidades ao indispensável.
Isto não significa privação mas racionalização do
consumo e condenação ética do desperdício.
“Contentemo-nos pois com ter que comer e com
que nos cobrir” (1 Tm6, 8), como nos exorta o
apóstolo de Cristo».
É o convite contido na mensagem do patriarca ecuménico, Bartolomeu, arcebispo de Constantinopla, difundida por ocasião do dia mundial de oração pela salvaguarda da criação. O próprio Cristo – frisou o primaz ortodoxo – «depois da multiplicação dos pães e dos peixes e de ter saciado com eles cinco mil homens, mulheres e crianças, ordenou que fosse
recolhido o que sobejava “para que nada se
perca” (Jo 6, 12). Infelizmente as sociedades
hodiernas abandonam o cumprimento deste
mandamento, dando-se ao desperdício
e ao uso irracional para a satisfação
das percepções vaidosas de prosperidade».
Bartolomeu recordou que o dia 1 de Setembro
de cada ano foi dedicado, por iniciativa do
patriarcado ecuménico («e recentemente
também da Igreja católica romana»), à oração
pela protecção do meio ambiente natural.
Infelizmente «nós, homens, individual ou
colectivamente, muitas vezes nos
comportamos de modo contrário. Abusamos
da natureza de maneira que as mudanças
climáticas e ambientais acontecem
inesperadamente e de forma indesejável».
Na mensagem Bartolomeu afirmou que
«nós, homens, somos os destruidores da
criação com a nossa avidez, com o
nosso apego à terra, aos bens
terrenos, que nos esforçamos continuamente
em aumentar, como o “rico insensato” do
Evangelho. Esquecemos o Espírito Santo, no
qual vivemos, nos movemos e existimos».
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