Mulheres que lutam e rezam
O Papa Francisco dirigiu o seu pensamento reconhecido às "numerosas mulheres que lutam pela própria família, que rezam e que nunca se cansam": mulheres que "com a sua atitude nos oferecem um verdadeiro testemunho de fé e de coragem, um modelo de oração". E fê-lo durante o Angelus de domingo 21 de Outubro na praça de São Pedro, inspirando-se na parábola evangélica da viúva "que, com a insistência da sua súplica a um juiz desonesto, obtém que ele lhe faça justiça". Prezados irmãos e irmãs
No Evangelho de hoje, Jesus narra uma parábola sobre a necessidade de rezar sempre, sem se cansar. A protagonista é uma viúva que, com a insistência da sua súplica a um juiz desonesto, obtém que ele lhe faça justiça. E Jesus conclui: se a viúva conseguiu convencer aquele juiz, julgais que Deus não nos ouve, se lhe suplicarmos com insistência? A expressão de Jesus é muito forte: "Porventura não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam por Ele dia e noite?" (Lc 18, 7).
"Clamar dia e noite" por Deus! Impressiona-nos esta imagem da oração. Mas interroguemo-nos: por que motivo Deus quer isto? Não conhece Ele já as nossas necessidades? Que sentido tem "insistir" com Deus? Trata-se de uma boa pergunta, que nos faz aprofundar um aspecto muito importante da fé: Deus convida-nos a rezar com insistência, não porque não sabe do que nós temos necessidade, nem porque não nos ouve. Pelo contrário, Ele ouve sempre e conhece tudo acerca de nós, com amor. No nosso caminho quotidiano, especialmente nas dificuldades, na luta contra o mal fora e dentro de nós, o Senhor não está distante, está ao nosso lado; nós lutamos, tendo-o ao nosso lado, e a nossa arma é precisamente a oração, que nos faz sentir a sua presença ao nosso lado, a sua misericórdia e também a sua ajuda. Mas a luta contra o mal é árdua e longa, exige paciência e resistência - como Moisés, que devia manter as mãos levantadas para fazer com que o seu povo vencesse (cf. Êx 17, 8-13). É assim: há uma luta a empreender todos os dias; mas Deus é o nosso aliado, a fé nele é a nossa força e a oração é a expressão desta fé. Por isso, Jesus assegura-nos a vitória, mas no final interroga-se: "Mas, quando o Filho do Homem vier, acaso encontrará a fé sobre a terra?" (Lc 18, 8). Se se apaga a fé, apaga-se a oração, e nós caminhamos na escuridão, perdemo-nos no caminho da vida.
Portanto, aprendamos da viúva do Evangelho a rezar sempre, sem nos cansarmos. Esta viúva era forte! Sabia lutar pelos seus filhos! E penso em tantas mulheres que lutam pela própria família, que rezam, que nunca se cansam. Uma recordação hoje, da parte de todos nós, a estas mulheres que com a sua atitude nos oferecem um verdadeiro testemunho de fé e de coragem, um modelo de oração! Uma recordação a elas! Rezemos sempre, mas não para convencer o Senhor com a força das palavras! Ele sabe melhor do que nós do que temos necessidade! Ao contrário, a oração perseverante é expressão da fé num Deus que nos chama a combater com Ele, todos os dias, em cada momento, para vencer o mal com o bem.
No final o Papa proferiu, entre outras, as seguintes palavras de saudação. Hoje celebra-se o Dia Missionário Mundial. Qual é a missão da Igreja? Propagar no mundo a chama da fé, que Jesus acendeu no mundo: a fé em Deus que é Pai, Amor e Misericórdia. O método da missão cristã não é do proselitismo, mas da chama compartilhada que aquece a alma. Agradeço a todos aqueles que, com a oração e a ajuda concreta, assistem a obra missionária, em particular a solicitude do Bispo de Roma pela propagação do Evangelho. Neste Dia estamos próximos de todos os missionários e missionárias que trabalham muito, sem fazer ruído, oferecendo a própria vida. Como a italiana Afra Martinelli, que trabalhou muitos anos na Nigéria: há alguns dias foi assassinada durante um assalto; todos choraram, cristãos e muçulmanos, porque a amavam. Anunciou o Evangelho com a vida, com a obra que realizou, um centro de instrução; assim propagou a chama da fé, combateu a boa batalha! Pensemos nesta nossa irmã e saudemo-la com um aplauso, todos juntos!
Penso também em Estêvão Sándor, que ontem foi proclamado Beato em Budapeste. Era um leigo salesiano, exemplar no serviço aos jovens, no oratório e na educação profissional. Quando o regime comunista fechou todas as obras católicas, enfrentou as perseguições com coragem e foi assassinado com 39 anos. Unamo-nos à acção de graças da Família salesiana e da Igreja húngara.
Desejo manifestar a minha proximidade às populações das Filipinas atingidas por um forte sismo, e convido-vos a rezar por aquela amada Nação, que recentemente padeceu várias calamidades. Saúdo o grupo de oração "Raio de Luz", do Brasil! Feliz Domingo. Até à vista e bom almoço!
(©L'Osservatore Romano - 24 de outubro de 2013)
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