quarta-feira, 27 de março de 2013

"A longa caminhada até a liberdade".

Reflexões pós Pessach
Jonathan Sacks, rabino-chefe da Grã-Bretanha

Acredito que cada um de nós tem seus próprios candidatos para os livros que nos mudaram e nos ensinaram a enxergar o mundo de modo um tanto diferente. Minha própria escolha seria a história que os judeus em todo o mundo leram na noite de Pessach, a história do Livro do Êxodo que conta como nossos ancestrais, há 33 séculos, foram libertados da escravidão e começaram aquilo que Nelson Mandela chamou de "a longa caminhada até a liberdade". Obviamente, nós não apenas o lemos, nós o revivemos, comendo matzá, o pão ázimo da aflição e saboreando as ervas amargas da opressão, e tudo começa com perguntas feitas por uma criança. Embora pensemos nela como uma história judaica, ela foi adotada por outros como se também pertencesse a eles. Quando os americanos conquistaram sua liberdade após lutarem com os britânicos, Thomas Jefferson a comparou ao Êxodo. Quando os afro-americanos marcharam pela liberdade, cantaram as palavras de Moshê: Deixe meu povo ir." Mais recentemente, inspirou a Teologia da Libertação na América do Sul. É uma das narrativas mais notáveis sobre esperança e realmente ajudou a mudar o mundo.






"Mesquitas, sinagogas, templos hindus e santuários budistas ainda são atacados. As pessoas ainda odeiam em nome do D'us do amor, matam em nome do D'us da vida, e praticam crueldade em nome do D'us da compaixão. Pergunto-me se o próprio D'us não chora ao ver os males cometidos em Seu Nome."
                                                                                   (Jonathan Sacks - rabino-chefe da Grã-Bretanha) 




Por quê? Porque foi a primeira vez que a religião entrou na situação humana como uma voz revolucionária. As religiões do mundo antigo, como seus substitutos seculares atuais, eram justificativas do "status quo". Explicavam por que os ricos e poderosos tinham de ser ricos e poderosos. O Êxodo disse o contrário. O poder supremo entra na história para resgatar os indefesos. O D'us de toda a humanidade nos pede para garantirmos liberdade e dignidade a toda a raça humana. Acima de tudo, Ele nos ordena amar o estrangeiro porque nossos ancestrais certa vez foram estrangeiros numa terra que não lhes pertencia. O que mais me abalou em minhas reflexões neste Pessach é como a humanidade está indo mal no Século XXI. Ainda hoje a religião é usada como uma desculpa para a violência e derramamento de sangue. Mesquitas, sinagogas, templos hindus e santuários budistas ainda são atacados. As pessoas ainda odeiam em nome do D'us do amor, matam em nome do D'us da vida, e praticam crueldade em nome do D'us da compaixão. Pergunto-me se o próprio D'us não chora ao ver os males cometidos em Seu Nome. Pessach começa com essas palavras: "Este é o pão da aflição que nossos ancestrais comeram no Egito. Deixe que todos os famintos venham e comam". A liberdade começa quando partilhamos nosso pão com os outros. Uma história simples, porém ainda tem o poder de mudar o mundo.

Fonte: chabad.org

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