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quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Comentário do dia:
«Se neste dia também tu tivesses conhecido o que te pode trazer a paz!»
Debrucei-me um pouco da janela. […] O sol começava a levantar-se. Uma paz muito grande reinava sobre a natureza. Tudo começava a despertar, a terra, o céu, os pássaros. Tudo, pouco a pouco, começava a despertar sob as ordens de Deus. Tudo obedecia às suas leis divinas, sem queixas nem sobressaltos, suavemente, com mansidão, tanto a luz como as trevas, tanto o céu azul como a terra dura coberta pelo orvalho da alvorada. Que bom é Deus!, pensava eu. Há paz em todo o lado, excepto no coração humano.
E delicada, suavemente, Deus ensinou-me também, nessa madrugada suave e tranquila, a obedecer; uma grande paz preencheu a minha alma. Pensei que só Deus é bom, que tudo é ordenado por Ele, que nada no que os homens fazem ou dizem tem importância, e que, para mim, só uma coisa deve haver no mundo: Deus. Deus, que tudo vai ordenar para o meu bem. Deus, que faz que a cada manhã o sol se levante, que faz que a geada derreta, que faz que os pássaros cantem, e que transmuta as nuvens do céu em mil cores suaves. Deus, que me oferece um cantinho nesta Terra para eu orar, que me dá um cantinho onde poder ficar à espera daquilo em que ponho a minha esperança.
Deus, tão bom para comigo que, no silêncio, me fala ao coração, e me ensina aos poucos, talvez em lágrimas, sempre com a cruz, a desligar-me das criaturas; a não procurar a perfeição a não ser nele; que me mostra Maria e me diz: «Eis a única criatura perfeita; nela encontrarás o amor e a caridade que não encontras junto dos homens. De que te queixas tu, Irmão Rafael? Ama-Me, sofre comigo; sou eu, Jesus!»
São Rafael Arnaiz Baron (1911-1938), monge trapista espanhol
Escritos espirituais 23/02/1938
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