domingo, 6 de abril de 2014

«Tirai a pedra»


«Eu sou a Ressurreição e a Vida»


Quando perguntou: «Onde o pusestes?», as lágrimas vieram aos olhos de Nosso Senhor. As suas lágrimas eram como a chuva, Lázaro como a semente e o sepulcro como a terra. Ele clamou com voz retumbante, a morte tremeu à sua voz, Lázaro germinou como a semente e, tendo saído, adorou o Senhor que o tinha ressuscitado.
Jesus […] devolveu a vida a Lázaro e morreu em seu lugar, pois quando o tirou do sepulcro e tomou lugar à sua mesa, foi Ele próprio amortalhado simbolicamente, com o óleo que Maria derramou sobre a sua cabeça (cf Mt 26,7). A força da morte, que tinha triunfado durante quatro dias, foi esmagada […] para que a morte soubesse que era fácil ao Senhor vencê-la ao terceiro dia […]; a sua promessa é verdadeira: Ele prometera ressuscitar pessoalmente ao terceiro dia (cf Mt 16,21) […]. O Senhor devolveu, portanto, a alegria a Maria e a Marta ao arrasar o inferno para mostrar que Ele próprio não seria retido pela morte para sempre. […] Agora, quando se disser que é impossível ressuscitar da morte ao terceiro dia, bastará que se olhe para aquele que ressuscitou ao quarto dia. […]
«Tirai a pedra». Então aquele que ressuscitou um morto e lhe deu a vida não poderia ter aberto o sepulcro e virado a pedra? Ele, que disse aos seus discípulos: «Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: “Muda-te daqui para acolá”, e ele há-de mudar-se» (Mt 17,20), não teria podido deslocar a pedra que fechava a entrada do sepulcro? Claro que Ele também poderia ter tirado a pedra com a sua palavra, Ele, cuja voz, quando suspenso da cruz, fendeu as pedras e os sepulcros (cf. Mt 27,51-52). Mas, como era amigo de Lázaro, disse: «Abri para que vos sintais atingidos pelo cheiro da podridão e desligai-o, vós que o haveis envolto no seu sudário, para que possais reconhecer aquele que amortalhastes.»
Santo Efrém (c. 306-373), diácono da Síria, doutor da Igreja
Comentário do Evangelho concordante, 17, 7-10





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