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quinta-feira, 10 de abril de 2014
«Abraão viu o meu dia»
«Deus pôs Abraão à prova e disse: “Pega no teu filho, no teu único filho, a quem tanto amas, Isaac, e oferece-o em sacrifício num dos montes que Eu te indicar”» (Gn 22, 2). Deus ordena a Abraão que Lhe ofereça em holocausto no alto da montanha aquele filho no qual se depositam tão grandes e maravilhosas promessas!
O que sentes ao ouvir esta ordem, Abraão? […] O apóstolo Paulo, a quem o Espírito revelou, penso eu, os pensamentos e sentimentos de Abraão, disse: «Pela fé, Abraão não hesitou em oferecer o seu único filho, apesar de ter recebido as promessas, porque acreditava que Deus era suficientemente poderoso para ressuscitar os mortos» (Rom 4,20; Hb 11,17-19). Foi a primeira vez que surgiu a fé na ressurreição. Sim, Abraão esperava que Isaac ressuscitasse, acreditava na realização do que nunca tinha acontecido. […] Abraão sabia que nele se formava já o prenúncio da realidade futura; ele sabia que Cristo nasceria dos seus descendentes, Ele que seria a verdadeira vítima oferecida pelo mundo inteiro, Aquele que triunfaria sobre a morte pela sua ressurreição.
«Então, Abraão levantou-se de manhã cedo […], e ao terceiro dia chegou ao lugar que Deus lhe indicara.» O terceiro dia está sempre ligado ao mistério […]; principalmente à ressurreição do Senhor, que ocorreu no terceiro dia. […] «Erguendo os olhos, viu ao longe o lugar. E disse aos servos: “Ficai aqui com o jumento; eu e o menino iremos até além, para adorarmos; depois, voltaremos para junto de vós”». […] Diz-me, Abraão, declaras a verdade aos teus servos quando afirmas que vais adorar e depois regressas com a criança, ou queres enganá-los? […] «Digo a verdade, responde Abraão; eu ofereço a criança em holocausto, e é por isso que levo a madeira comigo. Depois retornarei para junto de vós com a criança. Na verdade, acredito com todo o meu coração que “Deus é suficientemente poderoso para ressuscitar os mortos”.»
Orígenes (c. 185-253), presbítero, teólogo
Homilias sobre o Livro de Génesis, nº 8; SC 7
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