Beato Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense
5º sermão para o Advento
É uma alegria para mim, irmãos, evocar convosco esse caminho do Senhor […] de que Isaías fazia tão belo elogio: «Haverá ali uma estrada e um caminho que se chamará via sagrada» (Is 35,8), pois ela é a santificação dos pecadores e a salvação para os que andam perdidos. […]
«Nenhum impuro passará por ele.» Caro Isaías, queres dizer que aqueles que são impuros passarão por outro caminho? Ah não! Que venham todos a este caminho, e que nele avancem! Foi sobretudo para os impuros que Cristo o traçou, Ele que «veio procurar e salvar o que estava perdido» (Lc 19,10). […] Então o impuro vai passar pela via sagrada? Queira Deus que não! Por muito sujo que esteja ao começá-la, já estará limpo depois de passar por ela; pois, logo que nela ponha os pés, a sujidade desparecerá. Com efeito, o caminho sagrado está aberto ao homem impuro; mas, logo que o acolhe, purifica-o, apagando nele todo o mal que tiver cometido. […] Este caminho não o deixará passar com a sua sujidade, pois ele é «a porta estreita» e, por assim, dizer «o fundo da agulha» (Mt 7,14; 19,24). […]
Assim pois, se já estás no caminho, não te afastes dele; senão, o Senhor deixar-te-á errar no «caminho do teu próprio coração» (Is 57,17). […] Se achas a via demasiado estreita, considera o termo para onde te conduz. […] Mas, se não conseguires ver tão longe, confia em Isaías, o vidente. Ele, que conseguia ver ao mesmo tempo a estreiteza e o fim da estrada, acrescentava: «Apenas passarão os remidos. Os que o Senhor libertar é que passarão por ela. Chegarão a Sião entre cânticos de júbilo, com a alegria estampada no rosto, transbordando de gozo e de alegria; nos seus corações, não haverá mais tristeza nem aflição» (35,9-10).
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