segunda-feira, 7 de julho de 2014

Todos temem a morte do corpo; e muito pouco a morte da alma

«Vem impor a mão sobre ela e viverá»
«Porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a sua voz» (Jo 5,28). […] No Evangelho, vemos três mortos ressuscitados por Nosso Senhor, porque as ações do Senhor não são apenas fatos mas também sinais. […] Ficamos surpreendidos com a narração da ressurreição de Lázaro (Jo 11); mas, se fixarmos a nossa atenção noutras obras de Cristo, bem mais admiráveis, veremos que todos os homens que acreditam ressuscitam. E, se quisermos refletir seriamente, compreenderemos que há mortes muito mais terríveis e que qualquer homem que pecar morre.


Todos temem a morte do corpo; e muito pouco a morte da alma. […] O homem faz tudo para escapar à morte que não pode evitar, e este mesmo homem, que é chamado a viver eternamente, nada faz para evitar o pecado. […] Oh, se pudéssemos despertar os homens da sua apatia, e despertarmos nós próprios, para amarmos a vida eterna com o mesmo ardor com que eles amam esta vida fugitiva! […] Se dissermos a um homem que atravesse os mares para evitar a morte, ele hesita? Se lhe dissermos que tome os maiores cuidados para não morrer, fica de braços cruzados? Eis que Deus nos pede coisas mais leves para obtermos a vida eterna e nós recusamo-nos a obedecer. […]


Se Nosso Senhor, pela sua grande graça e a sua grande misericórdia, ressuscita as nossas almas para as salvar da morte eterna, temos razão para ver nos três mortos cujo corpo Ele ressuscitou o símbolo e a prefiguração da ressurreição das almas operada pela fé.
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Sermões sobre o Evangelho de João, n°49, 1-2

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