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sábado, 12 de julho de 2014
«Meus irmãos pássaros, é bom que louveis o vosso Criador»
«E nem um deles [pássaros] cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai. […] Não temais!»
Ao chegar perto dum grande bando de pássaros, o beato Francisco constatou que estes o esperavam; saudou-os como habitualmente, maravilhou-se ao ver que não levantavam voo como seria normal e disse-lhes que deviam escutar a Palavra de Deus, pedindo-lhes humildemente que prestassem atenção.
Disse-lhes, entre outras coisas: «Meus irmãos pássaros, é bom que louveis o vosso Criador e O ameis sempre: Ele deu-vos as penas para vos vestirdes, as asas para voardes e tudo aquilo de que precisais para viver. De todas as criaturas de Deus, sois vós as mais agraciadas. Deu-vos como domínio os ares e a sua limpidez. Não precisais de semear nem de colher; Ele dá-vos alimento e abrigo sem que tenhais de vos inquietar» (cf Mt 6,26). Ao ouvirem estas palavras, que também se referiam ao próprio santo e aos seus companheiros, os pássaros exprimiram à sua maneira uma alegria admirável: alongaram o pescoço, abriram as asas e o bico e olharam-no atentamente. Ele ia e vinha entre eles, roçando-lhes com a túnica na cabeça e no corpo. Finalmente, abençoou-os, traçando sobre eles o sinal da cruz, e permitiu-lhes levantar voo. Depois retomou o caminho com os seus companheiros e, exultando de alegria, dava graças a Deus que assim era reconhecido e venerado por todas as suas criaturas.
Francisco não era um pobre de espírito; mas tinha a graça da simplicidade e assim recriminava-se pela sua negligência por ainda não ter pregado aos pássaros, uma vez que esses animais escutavam com tanto respeito a Palavra de Deus. E a partir desse dia não deixava de exortar todas as aves, todos os animais, os répteis e mesmo as criaturas inanimadas a amar e a louvar o Criador.
Tomás de Celano (c. 1190-c. 1260), biógrafo de São Francisco e de Santa Clara
Primeira vida de São Francisco, §58
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