segunda-feira, 14 de julho de 2014

«Não penseis que vim trazer a paz à Terra»


«Quando lhes falo de paz, logo eles falam de guerra» (Sl 119,7)
Jesus veio «reconciliar todas as coisas, pacificando com o sangue da sua cruz tanto as que estão na Terra como as que estão no céu» (Col 1,20). Se isto é verdade, como compreenderemos nós o que o próprio Salvador diz no Evangelho: «Não penseis que vim trazer a paz à Terra»? […] Acaso poderia a paz não trazer a paz?


Quando enviou o seu Filho, o desígnio de Deus era salvar os homens. E a missão que devia cumprir era a de estabelecer a paz no céu e na Terra. Então porque não há paz? Por causa da fraqueza daqueles que não conseguiram receber o brilho da Luz verdadeira (cf Jo 1, 9-10). Cristo proclama a paz; é o que diz também o apóstolo Paulo: «Ele é a nossa paz» (Ef 2,14); mas trata-se unicamente da paz daqueles que creem e que O recebem.


Certa filha fez-se crente, mas seu pai continua descrente […]: «que parte pode ter o fiel com o infiel?» (2Cor 6,15). Torna-se crente o filho, mas o pai mantém-se incrédulo […]: onde a paz é proclamada, instala-se a confusão […]. «Proclamo a paz, sim, mas a Terra não a recebe.» Não era este o desígnio do semeador, que esperava o fruto da Terra.


Eusébio de Cesareia (c. 265-340), bispo, teólogo, historiador
Sobre a palavra do Senhor: «Não penseis que vim trazer a paz à Terra»; PG 24, 1176



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