segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Comentário do dia



Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Sobre os sacramentos, 1

A quaresma leva ao baptismo

Aproximaste-te, viste a pia baptismal e viste também o bispo perto da pia. E terá certamente surgido na tua alma o mesmo pensamento que se insinuou na de Naaman, o sírio. Pois, embora tenha sido purificado, inicialmente ele duvidara. [...] É possível que alguém tenha dito: «É só isto?» Sim, realmente é só isto; mas ali encontra-se toda a inocência, toda a piedade, toda a graça, toda a santidade. Viste o que conseguiste ver com os olhos do corpo [...]; ora, aquilo que não se vê é muito maior [...], porque aquilo que não se vê é eterno [...]. Haverá coisa mais surpreendente do que a travessia do Mar Vermelho pelos israelitas, para não falarmos agora apenas do baptismo? E, no entanto, todos os que o atravessaram morreram no deserto. Pelo contrário, aquele que atravessa a pia baptismal, isto é, aquele que passa dos bens terrestres para os do céu [...], não morre, mas ressuscita.

Naaman estava leproso. [...] Ao vê-lo chegar, o profeta disse-lhe: «Vai banhar-te no Jordão e ficarás curado.» Ele pôs-se a reflectir e disse para consigo: «É só isto? Vim desde a Síria até à Judeia para ouvir dizerem-me: "Vai banhar-te no Jordão e ficarás curado"? Como se não houvesse rios melhores no meu país!» Os servos diziam-lhe: «Senhor, por que não fazes o que diz o profeta? Experimenta.» Então ele foi até ao Jordão, banhou-se e ficou curado.

Que significa isto? Tu viste a água; ora, nem toda a água cura, mas a água que contém em si a graça de Cristo cura. Há uma diferença entre o elemento e a santificação, entre o acto e a eficácia. O acto realiza-se com água, mas a eficácia vem do Espírito Santo. A água não cura se o Espírito Santo não tiver descido e a tiver consagrado. Quando nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o rito do baptismo, foi ter com João e este disse-Lhe: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por Ti. E Tu vens até mim?» (Mt 3,14). [...] Cristo baixou-Se e João, a seu lado, baptizou-O; e eis que, como uma pomba, o Espírito Santo desceu. [...] Por que foi que Cristo Se baixou primeiro e em seguida desceu o Espírito Santo? Porquê? Para que não parecesse que o Senhor tinha necessidade do sacramento da santificação. Pois é Ele que santifica; e é também o Espírito que santifica.

Evangelho segundo S. Lucas 4,24-30.


Naquele tempo, Jesus veio a Nazaré e falou ao povo na sinagoga, dizendo: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra.
Em verdade vos digo que havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra;
contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia.
Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã».
Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga.
Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo.
Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Lições do Budismo

Pensar de forma positiva mantém os problemas longe e as ações são grandes influências na felicidade. Quando temos boas ações, plantamos sementes que vão florescer em felicidade e o mesmo se dá com as ações negativas. Por isso devemos refletir antes de pensar, agir e falar.

“Não há caminho para a felicidade: a felicidade é o caminho.” (Buda)
Devemos nos preocupar também com as outras pessoas. É preciso olhar para o outro com a certeza de que ele fez algo de bom em sua vida e alegrar-se pela felicidade das pessoas ao nosso redor.


Ninguém é mais merecedor do seu amor do que a sua própria pessoa.
“Pode procurar em todo o universo inteiro por alguém que é mais merecedor de seu amor e carinho do que a sua própria pessoa, e essa pessoa não é para ser encontrada em qualquer lugar. Você, você mesmo, tanto quanto qualquer um em todo o universo, merece o seu amor e carinho. ”
 Conhecer os outros é sabedoria, conhecendo-se a si mesmo é iluminação.
“É melhor para conquistar a si mesmo do que ganhar mil batalhas. Em seguida, a vitória é sua. Ela não pode ser tirado de si, nem por anjos ou por demónios, céu ou inferno. ”
 A espiritualidade não é um luxo, é uma necessidade.
“Assim como uma vela não pode queimar sem fogo, os homens não podem viver sem uma vida espiritual.”
 Substituir o ciúme com admiração.
“Não seja ciumento de boas qualidades dos outros, mas por admiração, podes adoptar essas qualidades para ti mesmo.”
Olhe para a paz dentro de si mesmo.
“A paz vem de dentro. Não a procures no exterior”.
 Abandonar o apego.
“Para viver uma vida altruísta pura, é preciso não contabilizar nada para nós mesmo, ainda que estejamos no meio da abundância.”
 Escolha seus amigos sabiamente.
“Um amigo desonesto e mau é mais temível que um animal selvagem; uma fera pode ferir o seu corpo, mas um mau amigo irá ferir a sua mente. ”
 Não há um trilho certo para a felicidade.
“Não há caminho para a felicidade: a felicidade é o caminho.”
 Desista de viver com rótulos ou atribui-los. 
“No céu, não há distinção de leste e oeste; pessoas criam distinções fora das suas próprias mentes e acreditam-nas então para ser verdade “.
 Ame. Viver. Solte.
“No final, essas coisas são mais importantes: Quão bem amou? Quão completo viveu a vida? Quão profundamente deixou ir o que não faz falta? ”

Formação de sacerdotes

Capazes de nos alegrarmos pelo próximo

· Concluído o curso de formação para sacerdotes latino-americanos promovido pela Congregação para o clero ·

Foi contra «a inveja e a auto-referencialidade, duas tentações que se opõem à fraternidade», que o cardeal Beniamino Stella alertou os presbíteros latino-americanos que participaram no curso de atualização promovido em Roma pela Congregação para o clero. Trata-se de sacerdotes com experiência no âmbito da formação presbiteral. A finalidade é promover iniciativas semelhantes nas dioceses e nos países de proveniência.
«Os estudos em Roma — disse o prefeito do dicastério na homilia da missa celebrada a 26 de fevereiro no Pontifício colégio espanhol — não devem ser visto como uma posse ou projeto pessoal que leva a separar a comunidade em que vivemos ou a considerar que ela é só um instrumento em vista da consecução de fins subjetivos. Ai de nós se os irmãos não forem a finalidade para a qual tende a nossa ação, mas de certo modo um nexo para alcançar outros objetivos!». O purpurado insistiu acima de tudo sobre o «espírito de fraternidade», convidando a pedir «ao Senhor para sermos capazes de nos alegrarmos pelo êxito dos outros e de rezar pelo próximo, livres da inveja, sentindo-nos com os irmãos humildes e jubilosos discípulos do único Mestre, evitando de pôr no centro só as nossas pessoas e as nossas pretensões, na disponibilidade ao serviço recíproco».
No curso, que se realizou no mesmo colégio, participaram 30 sacerdotes provenientes da Bolívia, Brasil, Chile, Costa Rica, Cuba, Equador, Guatemala, México, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. O programa, que se prolongou por quatro semanas, abarcou as várias dimensões do ministério sacerdotal e da vida espiritual e pastoral.
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Livro de Salmos 42(41),2-3.43(42),3-4.


Como suspira o veado pelas correntes das águas,
assim minha alma suspira por Vós, Senhor.
Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo:
quando irei contemplar a face de Deus?

Enviai a vossa luz e verdade,
sejam elas o meu guia e me conduzam
à vossa montanha santa e ao vosso santuário.
E eu irei ao altar de Deus,

a Deus que é a minha alegria.
Ao som da cítara Vos louvarei, Senhor, meu Deus.

Livro de 2º Reis 5,1-15a.


Naqueles dias, Naamã, general dos exércitos do rei da Síria, era tido em grande consideração e estima pelo seu soberano, porque, por seu intermédio, o Senhor tinha dado a vitória à Síria. Mas este homem, valente guerreiro, estava leproso.
Ora, numa incursão, os sírios tinham levado uma menina da terra de Israel, que ficou ao serviço da mulher de Naamã.
Ela disse à sua senhora: «Se o meu senhor fosse ter com o profeta que vive na Samaria, ele decerto o livraria da lepra».
Naamã foi contar ao soberano o que dissera a jovem da terra de Israel.
O rei da Síria respondeu-lhe: «Vai, que eu escreverei uma carta ao rei de Israel». Naamã pôs-se a caminho, levando consigo dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa;
e entregou ao rei de Israel a carta, que dizia: «Logo que esta carta te chegar às mãos, ficarás a saber que te envio o meu servo Naamã, para que o livres da sua lepra».
Depois de ter lido a carta, o rei de Israel rasgou as vestes, exclamando: «Serei eu um deus que possa dar a morte e a vida, para este me mandar dizer que livre um homem da sua lepra? Reparai e vede como ele procura um pretexto contra mim».
Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei de Israel tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: «Por que motivo rasgaste as tuas vestes? Esse homem venha ter comigo e saberá que existe um profeta em Israel».
Naamã seguiu com os seus cavalos e o seu carro e parou à porta de Eliseu.
Eliseu mandou-lhe dizer por um mensageiro: «Vai banhar-te sete vezes no Jordão e o teu corpo ficará limpo».
Naamã irritou-se e decidiu ir-se embora, dizendo: «Eu pensava que ele mesmo viria ao meu encontro, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, colocaria a mão sobre a parte doente e me livraria da lepra.
Não valem os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, mais do que todas as águas de Israel? Não poderia eu banhar-me neles para ficar limpo?» Deu meia volta e partiu indignado.
Mas os servos aproximaram-se dele e disseram: «Meu pai, se o profeta te tivesse mandado uma coisa difícil, não a terias feito? Quanto mais, se ele te diz apenas: ‘Vai banhar-te e ficarás limpo’?»
Naamã desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, como lhe ordenara o homem de Deus. A sua carne tornou-se como a de uma criança e ficou limpo.
Voltou de novo, com todo o seu séquito, à casa do homem de Deus, entrou e apresentou-se, dizendo: «Agora sei que não há Deus em toda a terra, senão em Israel».

Santo do dia

Segunda-feira, dia 29 de Fevereiro de 2016

Segunda-feira da 3ª semana da Quaresma


Santo do dia : S. Gregório de Narek, religioso, +1010 





S. Gregório de NareK
Nasceu entre 945 e 951, passou a maior parte da sua vida no Mosteiro de NareK, onde ensinava e onde morreu, por volta de 1010. Foi teólogo, poeta e filósofo.
Pelo fim da sua vida, este grande místico  escreveu em língua arménia clássica um poema intitulado Livro das Lamentações, obra-prima da poesia arménia medieval. Para o fazer, o mestre tinha ido buscar a língua litúrgica e deu-lhe uma nova forma, remodelada e simplificada. Redigiu também odes a Maria, cânticos e panegíricos. A sua influência marcou os mais importantes poetas da literatura arménia e a sua obra é considerada um dos cumes da literatura universal.


domingo, 28 de fevereiro de 2016

Comentário do dia



São Narsés Snorhali (1102-1173), patriarca arménio
Jesus, Filho único do Pai, §§ 677-679, SC 203


«Talvez venha a dar frutos»

Não me amaldiçoes como à figueira (cf Mt 21,19)
Ainda que eu me assemelhe a uma árvore estéril,
Para que a folhagem da fé
Não seque com o fruto das minhas obras.

Antes, fixa-me no bem,
Como o sarmento na vinha sagrada
De que teu Pai celeste cuida (Jo 15,2)
E que o Espírito faz frutificar pelo crescimento.

E à árvore que eu sou, estéril em frutos saborosos,
Mas fecunda em frutos amargos,
Não a arranques da tua vinha,
Mas muda-a, cavando-lhe em volta.

Evangelho segundo S. Lucas 13,1-9.


Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam.
Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus?
Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo.
E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?
Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante.
Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou.
Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’.
Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo.
Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».


Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

1ª Carta aos Coríntios 10,1-6.10-12.


Irmãos: Não quero que ignoreis que os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, passaram todos através do mar e,
na nuvem e no mar, receberam todos o batismo de Moisés.
Todos comeram o mesmo alimento espiritual
e todos beberam a mesma bebida espiritual. Bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava: esse rochedo era Cristo.
Mas a maioria deles não agradou a Deus, pois caíram mortos no deserto.
Esses factos aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de não cobiçarmos o mal, como eles cobiçaram.
Não murmureis, como alguns deles murmuraram, tendo perecido às mãos do Anjo exterminador.
Tudo isto lhes sucedia para servir de exemplo e foi escrito para nos advertir, a nós que chegámos ao fim dos tempos.
Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.

Livro de Salmos 103(102),1-2.3-4.6-7.8.11.


Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.

Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia.

O Senhor faz justiça
e defende o direito de todos os oprimidos.
Revelou a Moisés os seus caminhos
e aos filhos de Israel os seus prodígios.

O Senhor é clemente e compassivo,
paciente e cheio de bondade.
Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia para os que O temem.


Livro de Êxodo 3,1-8a.13-15.


Naqueles dias, Moisés apascentava o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madiã. Ao levar o rebanho para além do deserto, chegou ao monte de Deus, o Horeb.
Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor numa chama ardente, do meio de uma sarça. Moisés olhou para a sarça, que estava a arder, e viu que a sarça não se consumia.
Então disse Moisés: «Vou aproximar-me, para ver tão assombroso espetáculo: por que motivo não se consome a sarça?».
O Senhor viu que ele se aproximava para ver. Então Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés, Moisés!». Ele respondeu: «Aqui estou!».
Continuou o Senhor: «Não te aproximes. Tira as sandálias dos pés, porque o lugar que pisas é terra sagrada».
E acrescentou: «Eu sou o Deus de teus pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob». Então Moisés cobriu o rosto, com receio de olhar para Deus.
Disse-lhe o Senhor: «Eu vi a situação miserável do meu povo no Egipto; escutei o seu clamor provocado pelos opressores. Conheço, pois, as suas angústias.
Desci para o libertar das mãos dos egípcios e o levar deste país para uma terra boa e espaçosa, onde corre leite e mel».
Moisés disse a Deus: «Vou procurar os filhos de Israel e dizer-lhes: ‘O Deus de vossos pais enviou-me a vós’. Mas se me perguntarem qual é o seu nome, que hei-de responder-lhes?».
Disse Deus a Moisés: «Eu sou ‘Aquele que sou’». E prosseguiu: «Assim falarás aos filhos de Israel: O que Se chama ‘Eu sou’ enviou-me a vós».
Deus disse ainda a Moisés: «Assim falarás aos filhos de Israel: ‘O Senhor, Deus de vossos pais, Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob, enviou-me a vós. Este é o meu nome para sempre, assim Me invocareis de geração em geração’».

Papa Francisco

Uma economia de todos e para todos 

· Aos empresários italianos o Papa recordou que precariedade e desemprego privam os jovens da dignidade, e convidou-os a rejeitar parcialidades, favoritismos e desonestidade ·

Deve ser «o bem comum» a «bússola que orienta a atividade produtiva», para fazer crescer «uma economia de todos e para todos», que não seja «insensível ao olhar dos necessitados», recomendou o Papa aos empresários italianos reunidos em congresso, recebendo-os em audiência na manhã de 27 de fevereiro. 
Depois de ter promovido um seminário de estudos em Roma, que teve como slogan «agir juntos» a confederação dos industriais viveu um dia jubilar na sala Paulo VI, culminado no encontro com o Pontífice que, com a Evangelii gaudiumna mão, confirmou que uma economia solidária só é deveras possível se «a simples proclamação da liberdade financeira não prevalecer sobre a liberdade concreta do homem e sobre os seus direitos» e «se o mercado não for um absoluto, mas honre as exigências da justiça e, em última análise, da dignidade da pessoa, pois não há liberdade sem justiça, não há justiça sem o respeito pela dignidade».
Pensando nas novas gerações, o Papa referiu-se em especial a «todos os potenciais trabalhadores, em particular os jovens que, prisioneiros da precariedade ou de longos períodos de desemprego, não são interpelados por um pedido de trabalho que lhes confira um salário honesto e também a dignidade da qual às vezes se sentem privados». Além disso, «a atenção à pessoa concreta exige uma série de escolhas importantes», como «dar a cada um o seu, tirando mães e pais de família da angústia de não poder dar um futuro e nem sequer um presente aos seus filhos; saber dirigir, mas também ouvir, compartilhando com humildade e confiança projetos e ideias; fazer com que o trabalho crie mais trabalho, a responsabilidade crie mais responsabilidade, a esperança crie mais esperança». Por isso, convidou os industriais italianos a empreender a «via mestra» da justiça, rejeitando «os atalhos dos parcialidades e favoritismos, bem como os desvios perigosos da desonestidade e dos compromissos fáceis».
«A lei suprema seja sempre — concluiu — a atenção à dignidade do outro», que não pode ser «espezinhada em nome de exigências de produção, que mascaram miopias individualistas, egoísmos e sede de lucro».
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Santo do dia

Domingo, dia 28 de Fevereiro de 2016

3º Domingo da Quaresma - Ano C


Santo do dia : S. Torcato, bispo, séc. IBeato Daniel Brottier, presbítero, +1936 



Domingo, dia 28 de Fevereiro de 2016

3º Domingo da Quaresma - Ano C


Nesta terceira etapa da caminhada para a Páscoa somos chamados, mais uma vez, a repensar a nossa existência. O tema fundamental da liturgia de hoje é a "conversão". Com este tema enlaça-se o da "libertação": o Deus libertador propõe-nos a transformação em homens novos, livres da escravidão do egoísmo e do pecado, para que em nós se manifeste a vida em plenitude, a vida de Deus.

O Evangelho contém um convite a uma transformação radical da existência, a uma mudança de mentalidade, a um re-centrar a vida de forma que Deus e os seus valores passem a ser a nossa prioridade fundamental. Se isso não acontecer, diz Jesus, a nossa vida será cada vez mais controlada pelo egoísmo que leva à morte.

A segunda leitura avisa-nos que o cumprimento de ritos externos e vazios não é importante; o que é importante é a adesão verdadeira a Deus, a vontade de aceitar a sua proposta de salvação e de viver com ele numa comunhão íntima.

A primeira leitura fala-nos do Deus que não suporta as injustiças e as arbitrariedades e que está sempre presente naqueles que lutam pela libertação. É esse Deus libertador que exige de nós uma luta permanente contra tudo aquilo que nos escraviza e que impede a manifestação da vida plena.

S. Torcato, bispo, séc. I




São Torcato, bispo

São Torcato é considerado o primeiro dos Varões Apostólicos, bispos enviados ainda no século I para evangelizar a Península Ibérica. A sua história está envolvida em lenda. Aparentemente, terá aportado a Cádis, no sul de Espanha, onde teria morrido e sido sepultado.
O seu corpo terá sido trazido para o norte da Península no século VIII, quando os cristãos de Cádis fugiram da invasão dos mouros, e depositado no mosteiro de Celanova, perto de Ourense. Mais tarde, as suas relíquias foram distribuídas por vários mosteiros da Galiza e do norte de Portugal. No ano de 1059 (cerca de cem anos antes da independência de Portugal), já existia o mosteiro de S. Torcato, perto de Guimarães, o mais célebre centro português da devoção ao santo bispo, o qual veio a dar o nome a muitas aldeias no Minho.


Beato Daniel Brottier, presbítero, +1936




Beato Daniel Brottier
Daniel Brottier era natural da França. Nasceu no dia 7 de setembro de 1876. Ingressou na Congregação do Espírito Santo (Padres Espiritanos) e por sete anos foi missionário no Senegal (Äfrica). Na Primeira Guerra Mundial, alistou-se voluntariamente como capelão militar nas linhas de frente. Por quatros anos, assistiu os moribundos, cuidou dos feridos, deu assistência espiritual a seus compatriotas. No fim da Guerra foi condecorado com a Cruz da Guerra e com a Legião de Honra. Em 1923, tornou-se diretor da Casa dos Órfãos Aprendizes de Auteuil, que chegou a abrigar cerca de mil e quatrocentos jovens abandonados e carentes. Fundou também a União Nacional dos Antigos Combatentes, com cerca de dois milhões de associados. Sua fé, sua oração, sua grande capacidade inventiva e de organização fizeram dele um apóstolo e homem de empresa, empreendedor e contemplativo. Daniel Brottier foi um homem de nosso tempo. Morreu no dia 28 de fevereiro de 1936. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em 1984, em Roma.




sábado, 27 de fevereiro de 2016

Papa Francisco

Diminuir, diminuir, diminuir

· ​Missa em Santa Marta ·

João Baptista «o maior dos profetas», ensina-nos uma regra fundamental da vida cristã: tornar-nos pequenos com humildade para que seja o Senhor a cresecer. Este é o «estilo de Deus», diferente do «estilo dos homens», que o Papa recordou durante a missa celebrada na sexta-feira 5 de Fevereiro, na capela da Casa de Santa Marta.
Marcos, no trecho evangélico hodierno (6, 14-29), escreve «que as pessoas falavam de Jesus porque “o seu nome se tinha tornado famoso”». Resumindo «todos falavam» e perguntavam-se quem ele fosse realmente. E um dizia: «É um dos profetas que voltou». E outro: «É João Baptista que ressuscitou». O facto é que diante de Jesus «as pessoas permaneciam curiosas». Enquanto o rei Herodes, escreve Marcos, estava «temoroso e angustiado» porque «era perseguido pelo fantasma de João» que ele tinha mandado assassinar.
Além disso, observou Francisco, há «outros personagens presentes neste trecho do Evangelho: uma mulher má, que odiava e procurava vingança; uma jovem que nada entendia e interessava-se só da sua vaidade». A ponto que «parecia um romance»: é a história de Herodíades e de sua filha.
Precisamente «nesta moldura – explicou o Papa – o evangelista narra o final de João Baptista, “o maior homem nascido de mulher” como dizia a fórmula de canonização». E «esta fórmula não foi pronunciada pelo Papa mas por Jesus!». Deveras João «é o maior homem nascido de mulher, o maior santo: assim Jesus canonizou-o».
Mas João «acaba na prisão, degolado». E «a última frase» da passagem evangélica de hoje parece ter inclusive uma nota de «resignação»: «Os discípulos de João, ao saberem do facto, vieram, pegaram no cadáver e sepultaram-no». Acaba assim «o maior homem nascido de mulher: um grande profeta, o último dos profetas, o único ao qual foi concedido ver a esperança de Israel». Sim, «o grande João que chamou à conversão: todo o povo o seguia e lhe perguntava “o que devemos fazer?”». Seguiam-no, acrescentou o Pontífice «também os soldados, para se fazer baptizar, pedir perdão, a tal ponto que os doutores da lei foram ter com ele e perguntaram: “és tu aquele que esperamos?”». A resposta de João é clara: «Não, não sou eu. Virá outro depois de mim: é ele. Sou só a voz que clama no deserto».
A tal propósito, explicou o Papa «santo Agostinho faz-nos pensar bem quando afirma: «Sim, João diz de si mesmo que é a voz, porque depois dele vem a palavra». E «Cristo é a palavra de Deus, o verbo de Deus». Deveras «é grande, João» reafirmou Francisco. Grande quando diz que não é aquele esperado: precisamente «aquela frase é o seu destino, o seu programa de vida: “Ele, aquele que virá depois de mim, deve crescer; eu, pelo contrário, devo diminuir”». Assim «foi a vida de João: diminuir, diminuir, diminuir e acabar desta maneira tão prosaica, no anonimato». Eis que João foi «um grande que não procurou a própria glória, mas a de Deus».
E não termina aqui. O Pontífice quis frisar o facto de que João «sofreu na prisão também – digamos a palavra – a tortura interior da dúvida». A ponto de se perguntar: «Mas será que errei? Este messias não é como imaginava que deveria ser o messias!». E «convidou os seus discípulos a perguntar a Jesus: “Diz a verdade: és tu que deves vir?”».
Evidentemente «aquela dúvida fazia-o sofrer» e perguntava-se: «Errei ao anunciar alguém que não é?» Enganei o povo?». Foi grande «o sofrimento, a solidão interior deste homem». E voltam com toda a força, as suas palavras: « Ao contrário, devo diminuir, mas diminuir assim: na alma, no corpo, tudo». À dúvida de João, «Jesus responde: “Olha para o que acontece». E confiando, não diz: “Sou eu”. Diz: “Ide e dizei a João o que vistes”. Ele dá também sinais, e deixa-o sozinho com a dúvida e a interpretação dos sinais».
Eis, afirmou Francisco, «este é o grande profeta». Mas sempre em relação a João «há um último aspecto sobre o qual reflectir: com esta atitude de «diminuir» para que Cristo possa «crescer», preparou o caminho a Jesus. E Jesus morreu na angústia, sozinho, sem os discípulos». Portanto, a «grande glória» de João foi ser «profeta não só de palavras mas com a sua carne: com a sua vida preparou o caminho a Jesus. É um grande!».
Na conclusão, o Papa sugeriu – «far-nos-á bem» – «ler hoje este trecho do Evangelho de Marcos, capítulo seis». Sim, insistiu, «ler aquele trecho» para «ver como Deus vence: o estilo de Deus não é o mesmo do homem». E precisamente à luz da passagem evangélica, «pedir ao Senhor a graça da humildade que tinha João sem nos revestirmos de méritos ou glórias de outros». E «sobretudo a graça de que na nossa vida sempre haja um lugar para que Jesus cresça e nós diminuamos, até ao fim».
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Evangelho segundo S. Lucas 15,1-3.11-32.


Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem.
Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles».
Jesus disse-lhes então a seguinte parábola:
«Um homem tinha dois filhos.
O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos.
Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta.
Tendo gastado tudo, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar privações.
Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos.
Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome!
Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti.
Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’.
Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos.
Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’.
Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés.
Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos,
porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa.
Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.
Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo.
O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’.
Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele.
Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos.
E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’.
Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.
Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’».

Livro de Salmos 103(102),1-2.3-4.9-10.11-12.


Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e todo o meu ser bendiga o seu nome santo.
Bendiz, ó minha alma, o Senhor
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.

Ele perdoa todos os teus pecados
e cura as tuas enfermidades.
Salva da morte a tua vida
e coroa-te de graça e misericórdia.

Não está sempre a repreender
nem guarda ressentimento.
não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas.

Como a distância da terra aos céus,
assim é grande a sua misericórdia para os que O temem.
Como o Oriente dista do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados.


Livro de Miqueias 7,14-15.18-20.


Apascentai o vosso povo com a vossa vara, o rebanho da vossa herança, que vive isolado na selva, no meio de uma terra frutífera, para que volte a apascentar-se em Basã e Galaad,
como nos dias de outrora; mostrai-nos prodígios, como nos dias em que saístes da terra do Egipto.
Qual é o deus semelhante a Vós que perdoa o pecado e absolve a culpa deste resto da vossa herança? Não guarda para sempre a sua ira, porque prefere a misericórdia.
Ele voltará a ter piedade de nós, pisará aos pés as nossas faltas, lançará para o fundo do mar todos os nossos pecados.
Mostrai a Jacob a vossa fidelidade e a Abraão a vossa misericórdia, como jurastes aos nossos pais, desde os tempos antigos.

Lições do Budismo

Posso meditar sozinho?
Não há nada que impeça alguém de começar a praticar meditação sozinho. É necessário ter um conhecimento razoável dos ensinamentos do Buda e com base nos textos disponíveis sobre meditação é possível ter uma idéia geral sobre como funciona a prática. Havendo oportunidade é recomendável que o meditador tenha o apoio de pessoas mais experientes e que participe de retiros de meditação para obter mais experiência e contar com o auxílio de um professor.
No entanto, há dois obstáculos que são enfrentados por todos os meditadores. Primeiro é a motivação e segundo, como lidar com as dificuldades que surgem.
A meditação como qualquer arte ou esporte requer continuidade na prática. Certo maestro de uma orquestra sinfônica dizia que se um músico da sua orquestra ficasse três dias sem praticar, a audiência perceberia; se ele ficasse dois dias sem praticar, os seus colegas na orquestra perceberiam; e se ele ficasse um dia sem praticar, ele, maestro, perceberia. Com a meditação é a mesma coisa. É necessário incorporá-la como parte da rotina diária, assim como escovar os dentes ou ir ao banheiro. Para fazer isso, no entanto, é necessário motivação. Num retiro de meditação, onde há um grupo de pessoas e uma rotina de atividades estabelecida, fica mais fácil manter a disciplina. Em casa, sozinho, é muito mais difícil. A pessoa tem de encontrar dentro de si mesma essa motivação. Desenvolver um senso de urgência, (samvega em Pali), é um dos principais fatores que ajuda a estimular a energia para a prática da meditação. Esse senso de urgência é despertado ao refletirmos sobre as inevitáveis vicissitudes da vida e o sofrimento gerado pelas enfermidades, envelhecimento e morte. O estudo, a leitura de textos Budistas pode servir como fonte de inspiração, e a participação num grupo que medite regularmente também pode ajudar. Ayya Khema dizia que as pessoas com tendência para aversão são aquelas que são motivadas com mais facilidade para a prática, porém são aquelas que provavelmente, pela própria aversão, irão encontrar mais dificuldades.
O segundo aspecto é como lidar com as dificuldades. Não que a meditação seja algo difícil. A meditação em si é muito fácil. As dificuldades são em geral criadas por nós mesmos devido aos
hábitos mentais inábeis acumulados durante muito tempo. Isso é o que cria as dificuldades na meditação.
Qualquer prática de meditação terá mais chance de ser bem sucedida se for acompanhada por uma sensação de bem-estar mental. Isso não só cria um fator de estímulo para praticar a meditação, como é também a condição necessária para que a meditação transcorra com menos dificuldades. O objeto de meditação mais recomendado é a respiração, que inclusive foi o que o próprio Buda empregou. A respiração tem a vantagem de ser algo neutro, mas ao mesmo tempo capaz de condicionar a mente e o corpo. Dependendo da forma como a respiração é observada, ou seja, o tipo de atenção e intenção na mente ao observar a respiração, combinado com um ritmo de respiração que seja confortável e agradável, é possível com facilidade criar essa sensação de bem-estar no corpo e na mente. Esse será um bom ponto de partida, ao qual poderemos sempre recorrer.
Além disso é importante, como base para uma meditação bem sucedida, que o meditador observe certas regras de conduta, cujo conteúdo mínimo abarca os cinco preceitos e o ideal, a Ação Correta, a Linguagem Correta e Modo de Vida Correto do Nobre Caminho Óctuplo. A observação dessas regras de conduta visa evitar o remorso e a agitação mental e com isso, contribuir para o ambiente de bem-estar e tranqüilidade da mente.
Mas mesmo tomando todas essas precauções, é inevitável que as dificuldades surjam, e nesse aspecto, uma pessoa mais experiente pode ajudar bastante evitando que o meditador perca tempo em demasia com problemas de fácil solução. Por outro lado, o meditador tem de estar preparado para emoções fortes que podem se encontrar contidas dentro da mente e que devido à prática da meditação encontrem uma forma de vir à tona e assim impossibilitar que a mente se tranquilize. Nesse caso, o mais prudente é descontinuar a prática da meditação até que ele receba instrução adequada de como lidar com esse aspecto da prática, e para isso a ajuda de um meditador mais experiente ou de um professor será necessária, pois se essa emoção for demasiado intensa e perturbadora, a prática da meditação poderá alimentá-la.
No entanto, há algumas dificuldades que o meditador irá enfrentar e para as quais ele mesmo terá de encontrar a solução, pois as experiências das pessoas variam muito e nem sempre um meditador mais experiente, ou um professor, terá uma resposta satisfatória. Mesmo que o professor tenha tido uma experiência semelhante, as soluções para as dificuldades na meditação podem variar de pessoa para pessoa. Nesses casos o meditador terá que agir como seu próprio professor, ser aluno e professor ao mesmo tempo. Para conseguir isso é necessário ser muito observador e estar disposto a fazer experimentos, tentar diferentes alternativas para avaliar o resultado, é dessa forma que o meditador irá conhecer melhor a sua mente. O importante é não ficar frustrado com as dificuldades que forem encontradas, lembrando sempre que a paciência e a equanimidade são qualidades mentais importantes e que são justamente as dificuldades que fazem com que elas amadureçam.
Lembro de uma história do Ajaan Mun, um dos fundadores da tradição de florestas da Tailândia, que no início da sua carreira como monge, perambulando pelas florestas da Tailândia, ao meditar, com a mente concentrada, tinha a visão de um cadáver e não sabia bem o que fazer com aquilo. Ele recorreu ao seu companheiro monge para pedir ajuda mas este foi incapaz de ajudá-lo, pois as suas experiências meditativas eram completamente distintas. Ajaan Mun teve de encontrar a resposta sozinho através da própria perspicácia. Através da sua determinação e esforço Ajaan Mun acabou se convertendo num dos mais renomados mestres de meditação na Tailândia no século XX. Para aqueles que o conheceram Ajaan Mun era um iluminado. A tradição que ele estabeleceu se mantém viva até os dias de hoje, não só na Tailândia, mas em vários monastérios estabelecidos pelos seus discípulos em muitos países da América do Norte, Europa e Oceania.
Uma pessoa com a mente instável,
sem compreender o verdadeiro Dhamma,
com a serenidade à deriva:
a sabedoria não chega à sua plenitude.
Dhammapada 38

Papa Francisco

O coração e a bússola

· No congresso internacional promovido pelo Cor Unum o Papa falou sobre a caridade na vida da Igreja ·

A caridade é o «coração pulsante» da vida da Igreja e a «bússola» que orienta os seus passos: recordou o Papa Francisco no discurso dirigido na manhã de sexta-feira, 26 de fevereiro, aos participantes no congresso internacional organizado pelo Pontifício Conselho Cor Unum dez anos depois da publicação da encíclica de Bento XVI «Deus caritas est».
«A história da Igreja é também história de caridade» frisou a propósito o Pontífice, explicando que se trata de «uma história de amor recebido de Deus que deve ser levado ao mundo». Precisamente «esta caridade recebida e doada é o centro da história da Igreja e da história de cada um de nós». Por conseguinte, disto deriva que o ato de caridade não pode ser considerado «só uma esmola para limpar a consciência»; ao contrário, ele deve abranger «uma atenção de amor dirigida ao outro, que considera o outro um só consigo mesmo e deseja partilhar a amizade com Deus».
Ao pôr em relevo o estreito vínculo entre caridade e misericórdia o Papa observou que «Deus não tem simplesmente o desejo ou a capacidade de amar; Deus é caridade: a caridade é a sua essência, a sua natureza». Ele «não pode estar sozinho, nem se fechar em si mesmo, porque é comunhão, é caridade, e a caridade pela sua natureza comunica-se, difunde-se». Eis por que «Deus associa à sua vida de amor o homem e, mesmo quando o homem se afastar, ele não fica distante e vai ao encontro do homem». Nisto consiste a sua misericórdia: «é o seu modo de se exprimir a nós, pecadores, o seu rosto que nos observa e cuida de nós». Portanto, caridade e misericórdia «estão tão estreitamente ligadas, porque são o modo de ser e de agir de Deus: a sua identidade e o seu nome».
Eis por que cada forma de solidariedade e de partilha é só «um reflexo da caridade que é Deus» e para a qual «devemos olhar como para a bússola que orienta a nossa vida, antes de iniciar cada atividade: ali encontramos a direção, dela aprendemos como olhar para os irmãos e para o mundo». Uma caridade que, para o Papa Francisco, se deveria refletir cada vez mais na vida da Igreja. «Como gostaria – desejou – que cada um na Igreja, cada instituição, cada atividade revelasse que Deus ama o homem!». Sim, a missão dos organismos caritativos eclesiais «é importante, porque aproximam muitas pessoas pobres a uma vida mais digna, mais humana, mais que nunca necessária; mas esta missão é importantíssima porque, não com palavras, mas com o amor concreto pode fazer sentir que cada homem é amado pelo Pai, seu filho, destinado à vida eterna com Deus». O Pontífice agradeceu «a todos os que se comprometem diariamente nesta missão».
Com a certeza de que a Deus caritas est «conserva intacto o vigor da sua mensagem, com a qual indica a perspetiva sempre atual para o caminho da Igreja».
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Santo do dia

Sabado, dia 27 de Fevereiro de 2016

Sábado da 2ª semana da Quaresma


Santo do dia : S. Gabriel de Nossa Senhora das Dores, confessor, +1862S. Leandro, bispo, +600 


S. Gabriel de Nossa Senhora das Dores, confessor, +1862




S. Gabriel de Nossa Senhora das Dores
Data de 1838 o nascimento de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, na cidade de Assis. Órfão de mãe aos quatro anos, foi para a cidade de Espoleto, onde estudou com os Irmãos das Escolas Cristãs e com os jesuítas.

Eleito ainda muito jovem para o cargo de presidente da Academia de Literatura, em 1856, o santo decidiu ingressar na ordem dos passionistas, na congregação da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Possuidor de uma alma alegre e bem humorada, a todos cativava pela sua simplicidade e humildade.

Morreu muito jovem, com apenas 24 anos, no dia 27 de Fevereiro de 1862. Foi beatificado por Pio X em 1908 e canonizado por Bento XV, em 1920.

S. Leandro, bispo, +600




S. Leandro, bispo
Nasceu em Cartagena e foi para Sevilha em 554. Destacou-se pela sua luta contra o Arianismo.
Foi exilado pelo Rei Visigodo Levegildo para Constantinopla de 579 a 582. Mas retornou a Sevilha quando Recaredo, filho do rei visigodo e que havia sido baptizado por Leandro, ascendeu ao trono.
Presidiu ao terceiro Concilio de Toledo em 589. Converteu novamente os Visigodos à fé cristã ortodoxa. Escreveu várias regras de conduta para as freiras. Introduziu em Niceia o Credo na Missa no Ocidente.
Na Espanha ele é considerado Doutor da Igreja. Faleceu em Sevilha no ano de 600 DC.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Comentário do dia



Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de São Lucas 9, 29-30 (trad. Véricel, L'Evangile commenté, p. 290 rev. ; cf SC 52, p. 150)

A parábola da vinha

A vinha é o nosso símbolo, porque o povo de Deus eleva-se acima da terra enraizado na cepa da vinha eterna (Jo 15, 5). Fruto de um solo ingrato, a vinha pode desenvolver-se e florescer, ou revestir-se de verdura, ou assemelhar-se ao jugo amável da cruz, quando cresce e os seus braços estendidos são os sarmentos de uma videira fecunda. [...] É, pois, com razão que chamamos vinha ao povo de Cristo, quer porque ele traça na testa o sinal da cruz (Ez 9, 4), quer porque os frutos da vinha são recolhidos na última estação do ano, quer porque, tal como acontece aos ramos da videira, pobres e ricos, humildes e poderosos, servos e senhores, todos são, na Igreja, de uma igualdade completa. [...]

Quando é ligada, a vinha endireita-se; se é podada, não é para a diminuir, mas para fazê-la crescer. E o mesmo se passa com o povo santo: quando é preso, liberta-se; quando é humilhado, eleva-se; quando é cortado, é uma coroa que lhe é dada. Melhor ainda: tal como o rebento que é retirado de uma árvore velha e enxertado noutra raiz, assim também este povo santo [...] se desenvolve quando é alimentado na árvore da cruz [...]. E o Espírito Santo, como que expandindo-Se nos sulcos de um terreno, derrama-Se sobre o nosso corpo, lavando tudo o que é imundo e limpando-nos os membros, para os dirigir para o céu.

O Vinhateiro tem por costume mondar esta vinha, ligá-la e apará-la (Jo 15, 2). [...] Ora inunda de sol os segredos do nosso corpo, ora os rega com a chuva. Ele gosta de mondar o terreno, para que os espinheiros não perturbem os rebentos; e vela para que as folhas não façam demasiada sombra [...], privando de luz as virtudes e impedindo os frutos de amadurecer.

Evangelho segundo S. Mateus 21,33-43.45-46.


Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Ouvi outra parábola: Havia um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou uma torre; depois arrendou-a a uns vinhateiros e partiu para longe.
Quando chegou a época das colheitas, mandou os seus servos aos vinhateiros para receber os frutos.
Os vinhateiros, porém, lançando mão dos servos, espancaram um, mataram outro e a outro apedrejaram-no.
Tornou ele a mandar outros servos, em maior número que os primeiros, e eles trataram-nos do mesmo modo.
Por fim mandou-lhes o seu próprio filho, pensando: ‘Irão respeitar o meu filho’.
Mas os vinhateiros, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro; vamos matá-lo e ficaremos com a sua herança’.
Agarraram-no, levaram-no para fora da vinha e mataram-no.
Quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?»
Os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam-Lhe: «Mandará matar sem piedade esses malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entreguem os frutos a seu tempo».
Disse-lhes Jesus: «Nunca lestes na Escritura: ‘A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; tudo isto veio do Senhor e é admirável aos nossos olhos’?
Por isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos».
Ao ouvirem as parábolas de Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus compreenderam que falava deles
e queriam prendê-l’O; mas tiveram medo do povo, que O considerava profeta.

Livro de Salmos 105(104),16-17.18-19.20-21.


Deus chamou a fome sobre aquela terra e privou-os do pão que dá o sustento.
Adiante deles enviara um homem: José vendido como escravo.
Apertaram-lhe os pés com grilhões, lançaram-lhe ao pescoço uma coleira de ferro,
até que se cumpriu a profecia e a palavra do Senhor o mostrou inocente.
Então o rei mandou que o soltassem, o soberano dos povos deu-lhe a liberdade;
e fê-lo senhor da sua casa e governador de todos os seus domínios.


Livro de Génesis 37,3-4.12-13a.17b-28.


Jacob gostava mais de José que dos seus outros filhos, porque ele era o filho da sua velhice; e mandou fazer-lhe uma túnica de mangas compridas.
Os irmãos, vendo que o pai o preferia a todos eles, começaram a odiá-lo e não eram capazes de lhe falar com bons modos.
Um dia foram para Siquém apascentar os rebanhos do pai.
Jacob disse a José: «Os teus irmãos apascentam os rebanhos em Siquém. vem cá, pois quero mandar-te ir ter com eles».
José partiu à procura dos irmãos e encontrou-os em Dotain.
Eles viram-no de longe e, antes que chegasse perto, combinaram entre si a sua morte.
Disseram uns aos outros: «Aí vem o homem dos sonhos.
Vamos matá-lo e atirá-lo a uma cisterna e depois diremos que um animal feroz o devorou. Veremos então em que vão dar os seus sonhos».
Mas Rúben ouviu isto e, querendo livrá-lo das suas mãos, disse: «Não lhe tiremos a vida». Para o livrar das suas mãos e entregá-lo ao pai,
Rúben disse aos irmãos: «Não derrameis sangue. Lançai-o nesta cisterna do deserto, mas não levanteis as mãos contra ele».
Quando José chegou junto dos irmãos, eles tiraram-lhe a túnica de mangas compridas que trazia,
pegaram nele e lançaram-no dentro da cisterna, uma cisterna vazia, sem água.
Depois sentaram-se para comer. Mas, erguendo os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que vinha de Galaad. Traziam camelos carregados de goma de tragacanto, resina aromática e láudano, que levavam para o Egipto.
Então Judá disse aos irmãos: «Que interesse haveria em matar o nosso irmão e esconder-lhe o sangue?
Vamos vendê-lo aos ismaelitas, mas não lhe ponhamos as mãos, porque é nosso irmão, da mesma carne que nós». Os irmãos concordaram.
Passando por ali uns negociantes de Madiã, tiraram José da cisterna e venderam-no por vinte moedas de prata aos ismaelitas, que o levaram para o Egipto.

Lições do Budismo

Quantos tipos de meditação existem?

Existem vários tipos de meditação no Budismo, mas para atingir os objetivos descritos acima, há dois tipos de meditação que são os mais adequados. Uma é a meditação da concentração e a outra é a meditação de insight. Os dois tipos também são conhecidos como samadhi e vipassana em Pali (shamatha e vipayshana em Sânscrito).
A meditação da concentração visa acalmar e tranquilizar a mente enquanto que a meditação de insight visa ver as coisas que ocorrem na nossa mente como elas na verdade são.
Para dar um exemplo, imaginemos um lago com águas cristalinas, tão limpas que nos permita ver o fundo, ver as pedras e o cascalho, os peixes nadando. Agora imaginem a superfície do lago com ondas agitadas pelo vento, seria possível ver até o fundo do lago? Muito provavelmente não, a superfície do lago tem de estar calma, sem ondas, sem nenhuma agitação. Assim é como funciona a meditação da concentração, que tem como objetivo subjugar a agitação natural da mente para poder ver melhor o que está acontecendo. Agora imaginem que a superfície do lago está calma, a pessoa que está olhando é capaz de ver e apreciar aquilo que está na água, agora se essa pessoa tiver conhecimentos de biologia, geologia ou ecologia, ela poderá apreciar aquilo que está vendo num grau muito mais completo e profundo do que uma que não tenha esse tipo de conhecimento. De modo semelhante com a meditação de insight, que possibilita ao meditador enxergar e entender completa e profundamente aquilo que está ocorrendo na sua mente. Mas isso também implica que há um certo referencial para a prática da meditação de insight que são exatamente os ensinamentos do Buda sobre a realidade das coisas. Praticar a meditação de insight sem esse referencial é perda de tempo. Esse referencial pode ser obtido através do estudo dos ensinamentos Budistas.

Papa Francisco

O nome e o adjetivo

· ​Missa em Santa Marta ·

Estamos abertos aos outros, somos capazes de misericórdia ou vivemos fechados em nós mesmos, escravos do nosso egoísmo? A parábola evangélica de Lázaro e do homem rico, apresentada pela liturgia, guiou o Papa Francisco — na missa celebrada a 25 de Fevereiro em Santa Marta — numa reflexão sobre a qualidade da vida cristã. Evocando a antífona de entrada tirada do salmo 139 (23-24), o Pontífice frisou a importância de pedir ao Senhor «a graça de saber» se percorremos «o caminho da mentira» ou «da vida».
Estamos, explicou Francisco, no sulco da reflexão feita nos dias precedentes, quando se falava da «religião do fazer» e da «religião do dizer». A sugestão é dada pelos dois personagens evangélicos: o homem rico, descrito como alguém «que vestia roupas de púrpura e de linho finíssimo» e que «todos os dias dava banquetes de luxo». Ou seja, uma caraterização até um pouco forçada que quer mostrar-nos uma pessoa que «tinha tudo, todas as possibilidades». Diante dele há «um pobre chamado Lázaro» que «estava à sua porta, coberto de chagas, desejoso de matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do rico; mas eram os cães que vinham lamber as suas feridas».
O Papa analisou a descrição dos personagens e realçou que o rico — como «se vê no diálogo final com o pai Abraão» — era «um homem de fé», que «tinha estudado a lei, conhecia os mandamentos» e que «certamente todos os sábados ia à sinagoga e una vez por ano ao templo»; em síntese: «um homem que tinha uma certa religiosidade». Ao mesmo tempo, da narração evangélica sobressai que ele era também «um homem fechado no seu pequeno mundo, o mundo dos banquetes, das roupas, da vaidade, dos amigos». Fechado na sua «redoma de vaidade», ele «não conseguia ver além» e não se «dava conta do que acontecia fora do seu mundo fechado». Por exemplo, «não pensava nas carências de muita gente, nem na necessidade de os doentes terem companhia», mas só pensava em si mesmo, «nas suas riquezas, na sua vida sossegada: dava-se à boa vida». Era — concluiu — um homem «religioso, aparente». Sim, um exemplo perfeito «da religião do dizer».
O rico epulão «não conhecia periferia alguma, mas vivia fechado em si mesmo». Contudo, «precisamente a periferia» estava «perto da porta da sua casa», mas ele «não a conhecia». Esta, explicou o Papa, «é a vida da mentira», da qual na antífona pedimos ao Senhor que nos liberte.
Diante desta descrição, o Pontífice aprofundou a análise interior do homem rico, que «só confiava em si mesmo, nos seus bens», e «não em Deus»; absolutamente distante do «homem bem-aventurado que confia no Senhor», que lhe é contraposto no salmo responsorial tirado do salmo 1. «Que herança — interrogou-se — deixou este homem?». Certamente, disse citando o mesmo salmo, «não é como uma árvore plantada na margem do regato», mas «como a palha que o vento leva».
Aquele homem tinha uma família, irmãos; na narração evangélica lê-se que pede ao pai Abraão que lhes envie alguém para os avisar: «Parai, não é este o caminho!». Mas depois da morte, explicou o Papa, ele «não deixou herança nem vida, porque vivia fechado em si mesmo».
Uma aridez de vida ressaltada, recordou o Pontífice, por um pormenor: quando fala deste o homem o Evangelho «não diz como se chamava, só diz que era rico». Detalhe significativo, pois «quando o teu nome só é um adjetivo, é porque perdeste: perdeste substância e força». Assim, diz-se: «este é rico, esse é poderoso, aquele pode fazer tudo, este é um sacerdote de carreira, um bispo de carreira...». Muitas vezes, explicou, somos levados a «mencionar as pessoas com adjetivos, não com nomes, porque não têm substância». Era esta a realidade do rico da narração de hoje.
Neste ponto Francisco interrogou-se: «Deus que é Pai não teve misericórdia deste homem? Não bateu à porta do seu coração para o sensibilizar?». E a resposta foi imediata: «Sim, estava à porta, na pessoa de Lázaro». E Lázaro tinha um nome. «Aquele Lázaro — acrescentou o Papa — com as suas necessidades, misérias e doenças, era precisamente o Senhor que batia à porta, para que aquele homem abrisse o coração, e a misericórdia pudesse entrar». E no entanto, o rico «não via», «estava fechado» e «para ele fora da porta não havia nada».
O trecho evangélico, comentou, é útil para todos nós, a meio do caminho quaresmal, para despertar em nós algumas perguntas: «Percorro a vereda da vida ou da mentira? Quanto egoísmo ainda tenho no coração? Onde está a minha alegria: no fazer ou no dizer?», e ainda: a minha alegria está «no sair de mim mesmo para ir ao encontro do próximo para ajudar», ou «no manter tudo arrumado, fechado em mim mesmo?».
Enquanto pensamos nisto, concluiu, «peçamos ao Senhor» a graça «de ver sempre os Lázaros que estão à nossa porta, os Lázaros que batem à porta do nosso coração», e a graça de «sair de nós mesmos com generosidade e atitude de misericórdia, para que a misericórdia de Deus possa entrar no nosso coração».
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