Surpresa africana
«Para mim a África foi uma surpresa. Pensei: Deus surpreende-nos, mas também a África nos surpreende». Ainda com as imagens da sua primeira viagem ao continente impressas na mente, o Papa Francisco falou aos jornalistas presentes no voo que na segunda-feira à tarde, 30 de Novembro, o trouxe de Bangui para Roma.
Mais de uma hora de conversa, durante a qual, respondendo a doze perguntas, tratou numerosos temas da actualidade como o processo no Vaticano por subtração e divulgação de documentos confidenciais e a conferência de Paris, a propósito da qual recordou que o planeta «está à beira de um suicídio» mas reafirmou a sua «confiança» na acção dos protagonistas da cimeira.
As perguntas referiram-se sobretudo às várias etapas da viagem, começando pela primeira, o Quénia. A referência foi ao encontro com as famílias pobres do bairro de lata. Interpelado sobre a sua sensação, o Pontífice confidenciou que «sentiu uma grande dor». E a propósito fez menção à sua visita ao único hospital pediátrico de Bangui e da República Centro-Africana. As crianças «em terapia intensiva – recordou – não têm os aparelhos de oxigénio». Muitas delas estão subnutridas e já condenadas à morte. Eis a renovada denúncia da idolatria, que se verifica quando se «perde o “bilhete de identidade” do ser filhos de Deus» e se «prefere procurar um deus à própria medida. A partir disto, se a humanidade não mudar, continuarão as misérias, as tragédias, as guerras, as crianças que morrem de fome, a injustiça».
Quanto à etapa ugandesa, o Papa evidenciou que esse país «tem a identidade dos mártires: o povo quer católico quer anglicano, venera os mártires. Visitei – disse – os dois santuários, o anglicano primeiro e depois o católico; e a memória dos mártires é o seu bilhete de identidade. A coragem de dar a vida por um ideal». Por fim, da República Centro-Africana o Papa reconfirmou «a vontade de paz, de reconciliação e de perdão».
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