Deus poderia dizer-nos: «O meu Filho é toda a minha Palavra, toda a minha resposta; Ele é a visão plena e toda a revelação. Respondi-vos totalmente, disse-vos tudo e tudo vos manifestei, revelei-vos tudo dando-vo-lo por irmão, companheiro, mestre, herança e recompensa […]: “Este é o meu filho muito amado em quem pus todo o meu enlevo: escutai-o” (Mt 17,5) […].
Portanto, se desejas escutar da minha boca uma palavra de consolação, olha para o meu Filho, que Me obedeceu e que, por amor, Se entregou à humilhação e à aflição, e verás o que Ele te responde. Se desejas que Eu te explique as coisas ocultas e os acontecimentos misteriosos, basta que fixes os teus olhos nele e nele encontrarás encerrados os mistérios mais profundos, a sabedoria e as maravilhas de Deus, como diz o meu apóstolo: Nele, que é o Filho de Deus, “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento” (Col 2,3). Esses tesouros de sabedoria serão para ti mais sublimes, mais doces e mais úteis que tudo o que pudesses aprender noutros lados. Por isso é que o mesmo apóstolo se gloriava “de não saber outra coisa a não ser Jesus Cristo e Jesus Cristo crucificado” (1Cor 2,2). Se procuras ter visões ou revelações, sejam elas divinas, sejam corpóreas, olha também para Ele enquanto homem e encontrarás muito mais do que julgas possível, porque o apóstolo Paulo também disse: “é nele que habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Col 2,9).»
Por isso, não convém voltar a interrogar a Deus como antigamente e já nem é necessário que Ele fale […]: não há, nem nunca haverá, mais nenhuma verdade de fé a revelar.
São João da Cruz (1542-1591), carmelita descalço, doutor da Igreja
A Subida ao Carmelo, II, cap. 22
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