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segunda-feira, 4 de maio de 2015
«A palavra que ouvis não é minha, mas é do Pai, que Me enviou»
Comentário do dia
A razão principal por que na Lei Antiga eram lícitas as perguntas que se faziam a Deus, e era justo que os profetas e os sacerdotes quisessem revelações e visões de Deus, era porque ainda não estava bem fundamentada a fé nem estabelecida a Lei evangélica. […] Mas agora, […] não há razão para O interpelar daquela maneira, nem para que Ele agora fale e responda como então. Porque ao dar-nos, como nos deu, o seu Filho, que é a sua Palavra (Jo 1,1) – e não tem outra –, Deus disse-nos tudo ao mesmo tempo, e nada mais tem a revelar.
É este o sentido daquele texto de S. Paulo aos Hebreus: o que antigamente Deus disse pelos profetas a nossos pais de muitos modos e de muitas maneiras, agora, por último, nestes dias, disse-nos pelo Filho de uma só vez (Heb 1,1-2) […]
Portanto, quem agora quisesse consultar a Deus ou pedir-Lhe alguma visão ou revelação, não só cometeria um disparate, mas faria agravo a Deus, por não pôr os olhos totalmente em Cristo e buscar fora dele outra realidade ou novidade.
Deus poderia responder-lhe desta maneira : «Se já te disse tudo na minha Palavra, que é o meu Filho – e não tenho outra –, que mais te posso Eu responder agora ou revelar? Põe os olhos só nele, porque nele tudo disse e revelei, e acharás ainda mais do que pedes e desejas. […] Fi-lo desde o dia em que desci com o meu Espírito sobre Ele no monte Tabor dizendo: “Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu encanto, escutai-O” (Mt 17,5). Já não tenho mais fé para revelar, nem mais nada para manifestar. Porque, se falava antes, era prometendo a Cristo; e, se Me interrogavam, as perguntas eram orientadas à petição e esperança de Cristo, no qual haviam de encontrar o Bem total, como vo-lo explica agora a doutrina dos evangelistas e dos apóstolos.»
São João da Cruz (1542-1591), carmelita descalço, doutor da Igreja
O Monte Carmelo, livro 2, cap. 22
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