segunda-feira, 29 de junho de 2015

SÃO PEDRO

Segunda-feira, dia 29 de Junho de 2015
São Pedro e São Paulo, apóstolos - Solenidade

Festa da Igreja : Solenidade de São Pedro e S. Paulo (ofício próprio)
Santo do dia : S. Pedro, apóstolo, S. Paulo, apóstolo

Ver comentário em baixo, ou carregando aqui
São Leão Magno : «Quando fores velho, levar-te-ão para onde não quererias ir» (Jo 21,18)

Livro dos Actos dos Apóstolos 12,1-11.
Naqueles dias, o rei Herodes começou a perseguir alguns membros da Igreja.
Mandou matar à espada Tiago, irmão de João,
e, vendo que tal procedimento agradava aos judeus, mandou prender também Pedro. Era nos dias dos Ázimos.
Mandou-o prender e meter na cadeia, entregando-o à guarda de quatro piquetes de quatro soldados cada um, com a intenção de o fazer comparecer perante o povo, depois das festas da Páscoa.
Enquanto Pedro era guardado na prisão, a Igreja orava instantemente a Deus por ele.
Na noite anterior ao dia em que Herodes pensava fazê-lo comparecer, Pedro dormia entre dois soldados, preso a duas correntes, enquanto as sentinelas, à porta, guardavam a prisão.
De repente, apareceu o Anjo do Senhor e uma luz iluminou a cela da cadeia. O Anjo acordou Pedro, tocando-lhe no ombro, e disse-lhe: «Levanta-te depressa». E as correntes caíram-lhe das mãos.
Então o Anjo disse-lhe: «Põe o cinto e calça as sandálias». Ele assim fez. Depois acrescentou: «Envolve-te no teu manto e segue-me».
Pedro saiu e foi-o seguindo, sem perceber a realidade do que estava a acontecer por meio do Anjo; julgava que era uma visão.
Depois de atravessarem o primeiro e o segundo posto da guarda, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, e a porta abriu-se por si mesma diante deles. Saíram, avançando por uma rua, e subitamente o Anjo desapareceu.
Então Pedro, voltando a si, exclamou: «Agora sei realmente que o Senhor enviou o seu Anjo e me libertou das mãos de Herodes e de toda a expectativa do povo judeu».



Livro de Salmos 34(33),2-3.4-5.6-7.8-9.
A toda a hora bendirei o Senhor, o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor: escutem e alegrem-se os humildes.
Enaltecei comigo o Senhor e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me, libertou-me de toda a ansiedade.

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes, o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu, salvou-o de todas as angústias.
O Anjo do Senhor protege os que O temem e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom: feliz o homem que n’Ele se refugia.





2ª Carta a Timóteo 4,6-8.17-18.
Caríssimo: Eu já estou oferecido em libação e o tempo da minha partida está iminente.
Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.
E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz, me há de dar naquele dia; e não só a mim, mas a todos aqueles que tiverem esperado com amor a sua vinda.
O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todos os pagãos a ouvissem; e eu fui libertado da boca do leão.
O Senhor me livrará de todo o mal e me dará a salvação no seu reino celeste. Glória a Ele pelos séculos dos séculos. Amen.



Evangelho segundo S. Mateus 16,13-19.
Naquele tempo, Jesus foi para os lados de Cesareia de Filipe e perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?».
Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas».
Jesus perguntou: «E vós, quem dizeis que Eu sou?».
Então, Simão Pedro tomou a palavra e disse: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo».
Jesus respondeu-lhe: «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus.
Também Eu te digo: Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus».




Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja
Serão 82/69 para o aniversário dos apóstolos Pedro e Paulo

«Quando fores velho, levar-te-ão para onde não quererias ir» (Jo 21,18)

Tu não receias vir a esta cidade de Roma, ó santo apóstolo Pedro![...] Não temes Roma, senhora do mundo, tu que em casa de Caifás tiveste medo diante da criada do sumo-sacerdote. O poder dos imperadores Cláudio e Nero é então menor que o julgamento de Pilatos ou o furor dos chefes dos judeus? É que a força do amor triunfou em ti sobre as razões do temor; não te pareceu que devias recear aqueles que recebeste a missão de amar. Recebeste essa caridade intrépida quando o amor que tinhas professado pelo Senhor foi fortalecido pela sua tripla pergunta (Jo 21,15ss). [...] E, para acrescentar a tua confiança, havia ainda os sinais de tantos milagres, o dom de tantos carismas, a experiência de tantas obras maravilhosas! [...] Assim, sem duvidar da fecundidade da tarefa nem ignorar o tempo que te faltava viver, trazias o troféu da cruz de Cristo a Roma onde, por divina predestinação, te esperavam a honra da autoridade e a glória do martírio.


A essa mesma cidade chegava São Paulo, apóstolo contigo, instrumento escolhido (Act 9,19) e mestre dos pagãos (1Tim 2,7), para estar contigo nesse tempo em que toda a inocência, toda a liberdade, todo o pudor eram já oprimidos sob o poder de Nero. Foi ele o primeiro que, na sua loucura, decretou uma perseguição geral e atroz contra os cristãos, como se a graça de Deus pudesse ser extinta com o massacre dos santos. [...] Mas «preciosa aos olhos do Senhor é a morte dos seus santos» (Sl 115,15). Nenhuma crueldade podia destruir a religião fundada pelo mistério da cruz de Cristo. A Igreja não foi diminuída mas acrescentada pelas perseguições; o campo do Senhor reveste-se sem cessar de uma seara mais rica quando os grãos, que ao cair estavam sós, renascem multiplicados (Jo 12,24).


Que descendência não deram, ao desenvolver-se, estas duas plantas divinamente semeadas! Milhares de santos mártires, imitando o triunfo destes dois apóstolos, coroaram esta cidade com um diadema de pedras preciosas que ninguém pode contar.


sexta-feira, 26 de junho de 2015

Quero, fica purificado

Sexta-feira, dia 26 de Junho de 2015
Sexta-feira da 12ª semana do Tempo Comum
Santo do dia : Santos João e Paulo, mártires, +362, S. José Maria Escrivá, presbítero, fundador, +1975, S. Paio, mártir, +925

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Livro de Génesis 17,1.9-10.15-22.
Quando Abraão tinha noventa e nove anos de idade, o Senhor apareceu-lhe e disse-lhe: «Eu sou o Deus todo-poderoso. Anda na minha presença e sê perfeito».
Deus disse ainda a Abraão: «Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência, de geração em geração.
Esta é a aliança que estabeleço contigo e com os teus descendentes e que deveis observar: todos os homens serão circuncidados».
Deus disse a Abraão: «A Sarai, tua esposa, nunca mais lhe chamarás Sarai; o seu nome é Sara.
Eu a abençoarei e por ela te darei um filho. Eu a abençoarei e ela dará origem a nações; dela sairão reis de povos».
Abraão prostrou-se com o rosto em terra e começou a rir, dizendo: «Como pode nascer um filho a um homem de cem anos? Como pode Sara aos noventa anos ser mãe?».
Abraão disse a Deus: «Ao menos viva Ismael na vossa presença».
Mas Deus respondeu-lhe: «Não é isso. Sara, tua esposa, dar-te-á um filho e tu lhe porás o nome de Isaac. Estabelecerei com ele a minha aliança, como aliança perpétua com a sua descendência.
Quanto a Ismael, também te ouvi: Eu o abençoarei e tornarei fecundo e o farei multiplicar-se sem medida. Será pai de doze chefes e farei dele um grande povo.
Mas estabelecerei a minha aliança com Isaac, que Sara dará à luz, por este mesmo tempo, no próximo ano».
Quando acabou de falar, Deus retirou-se de junto de Abraão.


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Livro de Salmos 128(127),1-2.3.4-5.
Feliz de ti, que temes o Senhor e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos, serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa será como videira fecunda no íntimo do teu lar; teus filhos serão como ramos de oliveira ao redor da tua mesa.
Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.

De Sião te abençoe o Senhor: vejas a prosperidade de Jerusalém todos os dias da tua vida.


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Evangelho segundo S. Mateus 8,1-4.
Ao descer Jesus do monte, seguia-O uma grande multidão.
Veio então prostrar-se diante d’Ele um leproso, que Lhe disse: «Senhor, se quiseres, podes curar-me».
Jesus estendeu a mão e tocou-o, dizendo: «Eu quero: fica curado». E imediatamente ficou curado da lepra.
Disse-lhe Jesus: «Não digas nada a ninguém; mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferta que Moisés ordenou, para que lhes sirva de testemunho».

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Comentário do dia:

Bento XVI, papa de 2005 a 2013
Encíclica «Spe Salvi», 36 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana)

«Quero, fica purificado»

Tal como o agir, também o sofrimento [sob todas as suas formas] faz parte da existência humana. Este deriva, por um lado, da nossa finitude e, por outro, da súmula de erros que se acumularam ao longo da história e que ainda hoje não cessa de aumentar.


É preciso, obviamente, fazer tudo o que é possível para atenuar o sofrimento: impedir, na medida do possível, o sofrimento dos inocentes; amenizar as dores; ajudar a superar os sofrimentos psíquicos. Tudo isto são deveres, tanto de justiça como de amor, que se inserem nas exigências fundamentais da existência cristã e de todas as vidas verdadeiramente humanas. Na luta contra a dor física, conseguiram-se realizar grandes progressos; mas o sofrimento dos inocentes e também os sofrimentos psíquicos aumentaram no decurso destas últimas décadas.


Sim, devemos fazer tudo para superar o sofrimento, mas eliminá-lo completamente do mundo não está nas nossas possibilidades humanas, simplesmente porque não podemos ultrapassar a nossa finitude e porque nenhum de nós é capaz de eliminar o poder do mal, do erro, que – como constatámos – é uma fonte contínua de sofrimento. Isto só Deus o poderia fazer: só um Deus que entra pessoalmente na História tornando-se homem e sofrendo nela. Nós sabemos que este Deus existe e que, por isso, este poder que «tira os pecados do mundo» (Jo 1,29) está presente no mundo. Pela fé na existência deste poder, surgiu na História a esperança da cura do mundo.





quinta-feira, 25 de junho de 2015

Meditar assiduamente a Palavra de Deus



«Acorda, tu que dormes» (Ef 5,14)

«Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.» Por isso, convém que nos apliquemos, não somente a escutar a Palavra de Deus, mas também a conformar a nossa vida com essa mesma Palavra. [...] Escutar a lei é uma boa regra, porque nos incita à prática das virtudes. Fazemos bem em ler e meditar as Escrituras, pois é assim que purificamos o fundo da nossa alma dos maus pensamentos.


Mas ler, escutar e meditar assiduamente a Palavra de Deus sem a pôr em prática é uma falta que o Espírito de Deus já condenou antecipadamente. [...] Os que se encontram nestas disposições nem sequer devem pegar nos livros sagrados. Ao ímpio, Deus declara: «Porque andas sempre a falar da minha lei e trazes na boca a minha aliança, tu que detestas os meus ensinamentos e rejeitas as minhas palavras?» (Sl 49,16-17) Aquele que lê assiduamente as Escrituras sem as pôr em prática encontra a sua condenação na própria leitura; e merece uma condenação tanto mais grave quanto despreza e desdenha em cada dia aquilo que ouve em cada dia. É como um morto, um cadáver sem alma. Podem soar milhares de trombetas aos ouvidos dum morto, que ele não as ouvirá. Da mesma forma, a alma que está morta no pecado, o coração que perdeu a lembrança de Deus não ouve o som nem os gritos da Palavra divina, e a trombeta das palavras espirituais não a impressiona; esta alma está mergulhada no sono da morte.


Comentário do dia:

Filoxeno de Mabug (?-c. 523), bispo da Síria
Homilia 1

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Quinta-feira, dia 25 de Junho de 2015
Quinta-feira da 12ª semana do Tempo Comum

Santo do dia : S. Máximo, bispo de Turim, +séc. V, S. Guilherme de Vercelli, monge, fundador, +1142
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Livro de Génesis 16,1-12.15-16.
Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos. Tinha, porém, uma escrava egípcia, chamada Agar.
Sarai disse a Abrão: «Tu vês que o Senhor não me tem deixado ser mãe. Toma para ti a minha escrava; talvez por ela eu possa ter filhos». E Abrão escutou as palavras de Sarai.
Dez anos depois de Abrão se ter estabelecido na terra de Canaã, Sarai, sua esposa, tomou Agar, a egípcia, sua escrava, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido.
Ele tomou-a para si e Agar concebeu. Vendo que tinha concebido, Agar começou a desprezar a sua senhora.
Então Sarai disse a Abrão: «A ofensa que me fazem é por tua causa. Pus nos teus braços a minha escrava e, depois de ter concebido, ela começou a desprezar-me. O Senhor será juiz entre nós dois».
Abrão respondeu a Sarai: «A tua escrava está nas tuas mãos; faz dela o que te parecer melhor». Então Sarai começou a maltratá-la, de tal modo que a escrava fugiu da sua presença.
O Anjo do Senhor encontrou-a no deserto, junto duma nascente, a nascente que está no caminho de Sur,
e disse-lhe: «Agar, escrava de Sarai, donde vens e para onde vais?». Ela respondeu-lhe: «Fugi da presença de Sarai, minha senhora».
O Anjo do Senhor disse-lhe: «Volta para junto da tua senhora e entrega-te humildemente nas suas mãos».
O Anjo do Senhor continuou: «Eu multiplicarei a tua descendência e será tão numerosa que não se poderá contar».
Disse-lhe ainda o Anjo do Senhor: «Estás grávida e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Ismael, porque o Senhor ouviu a tua aflição.
Será um homem semelhante ao potro selvagem: levantará a mão contra todos e todos levantarão a mão contra ele; e viverá à margem de todos os seus irmãos».
Assim Agar deu um filho a Abrão e Abrão pôs ao filho que lhe dera Agar o nome de Ismael.
Abrão tinha oitenta e seis anos de idade, quando Agar lhe deu o filho Ismael.

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Livro de Salmos 106(105),1-2.3-4a.4b-5.

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
Quem poderá contar as obras do Senhor
e apregoar todos os seus prodígios?

Felizes os que observam os seus preceitos
e praticam sempre o que é justo.
Lembrai-Vos de nós, Senhor,
por amor do vosso povo.

Visitai-nos com a vossa salvação,
para que vejamos a felicidade dos vossos eleitos, rejubilemos com a alegria do vosso povo
e exultemos com a vossa herança.


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Evangelho segundo S. Mateus 7,21-29.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Nem todo aquele que Me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos Céus, mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus.
Muitos Me dirão no dia do Juízo: ‘Senhor, não foi em teu nome que profetizámos e em teu nome que expulsámos demónios e em teu nome que fizemos tantos milagres?’
Então lhes direi bem alto: ‘Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade’.
Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha.
Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; mas ela não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.
Mas todo aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como o homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia.
Caiu a chuva, vieram as torrentes e sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se e foi grande a sua ruína».
Quando Jesus acabou de falar, a multidão estava admirada com a sua doutrina,
porque a ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.

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domingo, 21 de junho de 2015

São Luiz Gonzaga



São Luís Gonzaga nasceu em Mântua, Itália, em 1568 e morreu com 23 anos de idade, em 1591. É o patrono da juventude, e o seu corpo repousa na Igreja de Santo Inácio, em Roma.
Recebeu educação esmerada e frequentou os ambientes mais sofisticados da alta nobreza italiana: Corte dos Médici, em Florença; Corte de Mântua; Corte de Habsburgos, em Madrid. Foi pajem do príncipe Diego, filho de Filipe II.
Para surpresa de todos, optou pela vida religiosa, derrubando por terra os interesses nele depositados pelo pai. Finalmente conseguiu realizar o seu ideal: entrar para a Companhia de Jesus. Entretanto, viveu ali apenas seis anos. Morreu mártir da caridade ao serviço daqueles atacados pela peste, em Roma, a 21 de Junho de 1591. A 21 de Julho de 1604 a mãe pôde venerar como Beato a Luís, seu filho primogénito. Deixou a coroa de marquês, fez-lhe Deus presente a coroa dos Santos. Morreu aos 24 anos. Foi canonizado por Bento XIII em 1724 e pelo mesmo Papa dado como padroeiro à juventude que estuda.

Evangelho segundo S. Marcos 4,35-41.


Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos seus discípulos: «Passemos à outra margem do lago».
Eles deixaram a multidão e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado. Iam com Ele outras embarcações.
Levantou-se então uma grande tormenta, e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água.
Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada. Eles acordaram-n’O e disseram: «Mestre, não Te importas que pereçamos?».
Jesus levantou-Se, falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: «Cala-te e está quieto». O vento cessou e fez-se grande bonança.
Depois disse aos discípulos: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?».
Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?».

Porque vos perturbais, gente de pouca fé?

Comentário do dia
Homilia grega antiga
Erradamente atribuída a Orígenes (c.185-253), presbítero, teólogo

«Porquê ter medo?»

Os discípulos aproximam-se dele, despertam-No e dizem: «Senhor, ajuda-nos que perecemos!» [...] Ó bem-aventurados, ó verdadeiros discípulos de Deus, tendes convosco o Senhor, vosso Salvador e temeis? A Vida está convosco e e inquieta-vos a vossa morte? Tirais do sono o Criador, como se Ele não pudesse, mesmo a dormir, acalmar as ondas, fazer cessar a tempestade!

Que respondem a isto os discípulos bem-amados? Somos criancinhas ainda fracas. Ainda não somos homens vigorosos. [...] Ainda não vimos a cruz; a Paixão do Senhor, a sua ressurreição, a sua ascensão aos céus, a descida do Espírito Santo Paráclito ainda nos não tornaram sólidos. [...] O Senhor tem razão ao dizer-nos: «Porque temeis, homens de pouca fé?» Porque estais sem força? Porquê essa falta de confiança? Porquê tão pouca temeridade quando tendes a Confiança convosco? Mesmo que a morte irrompesse, não deveríeis suportá-la com grande constância? Em tudo aquilo que acontece, dar-vos-ei a força necessária, em todos os perigos, em todas as provas, incluindo a saída da alma do seu corpo. [...] Se, nos perigos, a minha força é necessária para tudo suportardes com fé, como homens, quanto mais necessária não será ela para não caírdes nas tentações desta vida!

Porque vos perturbais, gente de pouca fé? Sabeis que tenho poder sobre a terra; porque não acreditais que tenho também poder sobre o mar? Se Me reconheceis como verdadeiro Deus e Criador de tudo, porque não acreditais que tenho poder sobre tudo o que criei? Então, «falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: "Cala-te e está quieto". O vento cessou e fez-se grande bonança.»

sábado, 20 de junho de 2015

Escritos espirituais

Comentário do dia
São Rafael Arnaiz Barón (1911-1938), monge trapista espanhol
Escritos espirituais, 04/03/1938


«Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?»

Em nome do Deus santo, tomo hoje a pena para que as minhas palavras, que se imprimem sobre a folha branca, sirvam de louvor perpétuo ao Deus bendito, autor da minha vida, da minha alma, do meu coração. Gostaria que o universo inteiro, com os planetas, todos os astros e os inúmeros sistemas estelares, fosse uma imensa extensão, polida e brilhante, onde eu pudesse escrever o nome de Deus. Gostaria que a minha voz fosse mais potente que mil trovões, mais forte que o estrépito do mar, e mais terrível que o bramido dos vulcões, para dizer apenas: Deus! Gostaria que o meu coração fosse tão grande como o céu, puro como o dos anjos, simples como o da pomba (Mt 10,16), para nele pôr Deus! Mas, dado que toda esta grandeza com que sonhaste não se pode tornar realidade, contenta-te com pouco e contigo, que não és nada, Irmão Rafael, porque o nada deve bastar-te [...].

Por quê calar? Por que escondê-lO? Por que não gritar ao mundo inteiro e bradar aos quatro ventos as maravilhas de Deus? Por que não dizer às pessoas e a todos os que quiserem entender: vêem o que sou? Vêem o que fui? Vêem a minha miséria que se arrasta na lama? Pouco importa: maravilhem-se; apesar de tudo, possuo Deus. Deus é meu amigo! Deus ama-me, a mim, com tal amor que, se o mundo inteiro o compreendesse, todas as criaturas ficariam loucas e bramiriam de assombro. Mas isso ainda é pouco. Deus ama-me tanto, que nem os próprios anjos o compreendem! (cf 1Ped 1,12) A misericórdia de Deus é grande! Amar-me, a mim, ser meu Amigo, meu Irmão, meu Pai, meu Senhor, sendo Ele Deus, e eu o que sou!

Ah, meu Jesus, não tenho nem papel, nem pena. Que posso dizer! Como não enlouquecer?

Evangelho segundo S. Mateus 6,24-34.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há-de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
Por isso vos digo: «Não vos preocupeis, quanto à vossa vida, com o que haveis de comer, nem, quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as aves do céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros; o vosso Pai celeste as sustenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
Quem de entre vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à sua estatura?
E porque vos inquietais com o vestuário? Olhai como crescem os lírios do campo: não trabalham nem fiam;
mas Eu vos digo: nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.
Se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao forno, não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
Não vos inquieteis, dizendo: ‘Que havemos de comer? Que havemos de beber? Que havemos de vestir?’
Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas. Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso.
Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo.
Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado».


Evangelho segundo S. Mateus 7,1-5.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não julgueis e não sereis julgados.
Segundo o julgamento que fizerdes sereis julgados, segundo a medida com que medirdes vos será medido.
Porque olhas o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua?
Como poderás dizer a teu irmão: ‘Deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, enquanto a trave está na tua?
Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão».

Santo do dia

Sábado da 11ª semana do Tempo Comum

Santo do dia : Beata Teresa, viúva, religiosa, +1250, Beata Mafalda, virgem, +1256, Beato Francisco Pacheco, presbítero e mártir, +1626, Beata Sancha, virgem, +1229
image Sabe

Não matarás

· Mensagem do Pontifício Conselho para o diálogo inter-religioso para o mês do Ramadão ·
19 de Junho de 2015
«Ninguém pode matar. Ninguém pode matar em nome de Deus; isto seria uma crime duplo: contra Deus e contra a própria pessoa».



Eis quanto reafirma a mensagem que o Pontifício conselho para o diálogo inter-religioso dirigiu à comunidade muçulmana por ocasião do mês do Ramadão (´Id al-Fitr 1436 h. / 2015 a.d.). No texto, assinado pelo cardeal presidente Jean-Louis Tauran e pelo secretário, o comboniano Miguel Ángel Ayuso Guixot, recorda-se que «comunidades étnicas e religiosas em numerosos países do mundo padeceram sofrimentos enormes e injustos: o assassinato de alguns dos seus membros, a destruição do seu património cultural e religioso, emigração forçada das suas casas e cidades, moléstias e estupros das suas mulheres, escravização de alguns dos seus membros, tráfico de seres humanos, comércio de órgãos, e até venda de cadáveres! Estamos todos cientes da gravidade destes crimes. Todavia, o que os torna ainda mais hediondos é a tentativa de os justificar em nome da religião. Trata-se de uma clara manifestação da instrumentalização da religião para obter poder e riqueza».

Islam

quinta-feira, 18 de junho de 2015

A Oração Dominical



«Orai assim: Pai Nosso...»

Antes de tudo, Jesus, o Doutor e Senhor da unidade, não quis que a oração fosse individual e privada, de modo que ao rezar cada um pedisse só por si. Com efeito, não dizemos: «Pai meu que estás nos céus», nem «o pão meu». Cada um não pede que as suas dívidas lhe sejam descontadas, e não é só por si próprio que pede para não cair em tentação e ser livrado do mal. Para nós, a oração é pública e comunitária; e quando rezamos, não intercedemos por um só, mas por todo o povo; porque nós, todo o povo, somos um.


O Deus da paz e o Senhor da concórdia, que ensinou a unidade, quis que um só rezasse por todos, tal como Ele próprio carregou com todos os homens. Os três jovens hebreus presos na fornalha ardente observaram esta lei da oração (cf Dan 3,15); e, depois da ascensão do Senhor, os apóstolos e os discípulos rezavam deste modo: «perseveravam unidos na oração, com as mulheres, com Maria, Mãe de Jesus, e com os seus irmãos» (Act 1,14). Num só coração, perseveravam na oração; pelo seu fervor e pelo seu amor mútuo, testemunhavam que Deus, que faz com que os homens unânimes habitem numa mesma casa (cf Sl 67,7), só admite na sua morada eterna aqueles cuja oração traduz a união das almas.


Comentário do dia:

São Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago e mártir
A Oração Dominical

Evangelho segundo S. Mateus 6,7-15.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando orardes, não digais muitas palavras, como os pagãos, porque pensam que serão atendidos por falarem muito.
Não sejais como eles, porque o vosso Pai bem sabe do que precisais, antes de vós Lho pedirdes.
Orai assim: ‘Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino; seja feita a vossa vontade assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido;
e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal’.
Porque se perdoardes aos homens as suas faltas, também o vosso Pai celeste vos perdoará.
Mas se não perdoardes aos homens, também o vosso Pai não vos perdoará as vossas faltas».

2ª Carta aos Coríntios 11,1-11.


Irmãos: Podereis vós suportar-me um pouco de insensatez? Estou certo de que a suportareis.
Sinto por vós um ciúme semelhante ao ciúme de Deus, porque vos desposei com um só esposo, que é Cristo, a quem devo apresentar-vos como virgem pura.
Receio, porém, que, assim como Eva foi seduzida pela astúcia da serpente, os vossos pensamentos sejam corrompidos e se afastem da simplicidade para com Cristo.
De facto, se alguém vier pregar-vos outro Jesus diferente d’Aquele que vos pregámos, ou se vos oferecer um Espírito diferente d’Aquele que recebestes, ou um Evangelho diferente daquele que aceitastes, vós o suportareis muito bem.
Mas penso que em nada sou inferior a esses eminentes apóstolos.
Se eu sou inculto na arte de falar, não o sou na ciência, como sempre e em tudo vos temos claramente mostrado.
Teria eu cometido uma falta, por vos ter anunciado o Evangelho de Deus gratuitamente, rebaixando-me a mim próprio para vos exaltar?
Despojei outras Igrejas, aceitando delas sustento para vos poder servir.
E quando estive entre vós e passei necessidade, não fui pesado a ninguém, porque os irmãos que chegaram da Macedónia providenciaram para que nada me faltasse. Em tudo evitei e evitarei ser-vos pesado.
Pela verdade de Cristo de que sou portador, essa glória não me será tirada em terras da Acaia.
E porquê? Porque não vos amo? Deus bem o sabe.

Livro de Salmos 111(110),1-2.3-4.7-8.


Louvarei o Senhor de todo o coração,
no conselho dos justos e na assembleia.
Grandes são as obras do Senhor,
admiráveis para os que nelas meditam.

A sua obra é esplendor e majestade
e a sua justiça permanece eternamente.
Instituiu um memorial das suas maravilhas;
o Senhor é misericordioso e compassivo.

Fiéis e justas são as obras das suas mãos,
imutáveis todos os seus preceitos,
irrevogáveis pelos séculos dos séculos,
estabelecidos na retidão e na verdade.

Santo do Dia

Quinta-feira, dia 18 de Junho de 2015

Quinta-feira da 11ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : Beata Osana, religiosa, +1505, S. Gregório Barbarigo, bispo, +1697


Beata Osana

Em Mântua, na Lombardia, nasceu em 1449 e morreu em 1505. Toda a sua existência decorreu em palácios, cumulada de graças e oprimida com sofrimentos, umas e outros invisíveis aos olhos dos homens. Foi o confessor que revelou depois da sua morte que ela ficava, por vezes, sete horas imóvel em oração e tinha misteriosas feridas interiores que renovavam nela as dores da Paixão. Desde a infância teve a obsessão das realidades do alto. Aos seis anos, imaginando que os teólogos sabiam muito mais sobre Deus do que sabia o comum dos mortais, veio pedir ao pai que lhe comprasse livros de teologia e lhe desse licença de aprender a ler para conseguir estudá-los; mas foi recambiada para os seus jogos. No ano seguinte, caiu tão doente que se julgou que ia partir. Foi então autorizada, o que lhe tinha sido recusado até então, a entrar na Ordem terceira dominicana. Mas só fez profissão em 1501, de maneira que o noviciado durou perto de 50 anos. Osana passou os últimos 37 anos da vida na corte de Mântua. Em 1478, os soberanos de então, o duque Francisco II e a mulher Isabel de Este, fizeram dela superintendente da sua Casa. Depressa compreenderam que era um anjo quem tinham debaixo do tecto. Quando ela estava a morrer, ajoelhados junto do leito, pediram-lhe a bênção; respondeu que pertencia ao sacerdote presente abençoá-los; foi preciso que este tomasse a mão dela para Ihes traçar na testa o sinal da cruz. Francisco II isentou de contribuições, por vinte anos, todos os membros da família dela. E a duquesa Isabel ergueu-lhe um belo mausoléu, que ainda agora se vê na catedral de Mântua.
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S. Gregório Barbarigo

Gregório Barbarigo nasceu em Veneza em 1625, numa família patrícia. Em 1648 participou nas negociações que levaram ao Tratado de Vestefália e, em Münster, conheceu o futuro papa Alexandre VII. Foi este que o nomeou bispo de Bérgamo, cardeal e, mais tadre, bispo de Pádua. Na altura em que chegou a Pádua, esta diocese contava com 24 escolas de doutrina cristã; quando ele morreu, o número chegava a 356. Fundou uma Companhia da Doutrina Cristã para o ensino da religião, uma congregação mariana, uma Congregação dos Pais de Família para a educação da juventude, escolas para o povo, escolas de governo de casas. Cuidou da assistência sanitária do povo. Fundou casas de acolhimento para raparigas pobres. Morreu no dia 18 de Junho de 1697. Foi canonizado por João XXIII.




quarta-feira, 17 de junho de 2015

2º discurso sobre o Salmo 33




«Quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo»

Entrar no fundo da tua casa é entrar no teu coração. Felizes os que se alegram por entrar no seu próprio coração e nele não encontram mal. [...]


São de lamentar aqueles que, ao entrarem em sua casa, podem recear ser dela expulsos por causa de duras disputas com os seus. Mas muito mais infelizes são aqueles que não ousam sequer entrar na sua consciência, com medo de serem expulsos pelo remorso dos seus pecados. Se queres entrar com prazer no teu coração, purifica-o: «felizes os corações puros, porque verão a Deus» (Mt 5,8). Arranca do teu coração as nódoas da cupidez, as manchas da avareza, a úlcera da superstição; arranca os sacrilégios, os maus pensamentos, os ódios, não só para com os teus amigos mas também para com os teus inimigos. Arranca tudo isso; depois, entra no teu coração e nele serás feliz.


Comentário do dia:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
2º discurso sobre o Salmo 33

Evangelho segundo S. Mateus 6,1-6.16-18.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus.
Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita,
para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa.
Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto,
para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente no que é oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa».

Livro de Salmos 112(111),1-2.3-4.9.

Feliz o homem que teme o Senhor
e ama ardentemente os seus preceitos.
A sua descendência será poderosa sobre a terra,
será abençoada a geração dos justos.

Haverá em sua casa abundância e riqueza,
a sua generosidade permanece para sempre.
Brilha aos homens rectos, como luz nas trevas,
o homem misericordioso, compassivo e justo.


Ditoso o homem que se compadece e empresta
e dispõe das suas coisas com justiça.
Reparte do que é seu com os pobres;

a sua generosidade subsistirá para sempre.


2ª Carta aos Coríntios 9,6-11.


Irmãos: Lembrai-vos disto: Quem semeia pouco também colherá pouco e quem semeia abundantemente também colherá abundantemente.
Dê cada um segundo o impulso do seu coração, sem tristeza nem constrangimento, porque Deus ama aquele que dá com alegria.
E Deus é poderoso para vos cumular de todas as graças, de modo que, tendo sempre e em tudo o necessário, vos fique ainda muito para toda a espécie de boas obras,
como está escrito: «Repartiu com largueza pelos pobres; a sua justiça permanece para sempre».
Aquele que dá a semente ao semeador e o pão para alimento também vos dará a semente em abundância e multiplicará os frutos da vossa justiça.
Sereis enriquecidos em tudo e podereis praticar a mais larga generosidade, que fará subir, por nosso intermédio, a ação de graças a Deus.

Santo do dia

Quarta-feira da 11ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : S. Rainério de Pisa, peregrino, +1160

Quarta-feira da 11ª semana do Tempo Comum




Santo do dia : S. Rainério de Pisa, peregrino, +1160

S. Rainério de Pisa

Padroeiro de Pisa, Itália, S. Rainério ou Raniero nasceu em Pisa e viveu no século XII. Levava vida fútil, cheia de vaidades e entregue aos prazeres. Era músico, tocador de lira. Um dia encontrou-se com o monge Alberto Leccapecore, homem de Deus. Esse encontro levou-o a repensar sua vida e mudá-la radicalmente. Recolheu-se então a uma vida solitária e penitente. Sem comer, e em contínuos prantos, acabou por ficar cego, mas obteve de Deus a graça da própria cura. Por inspiração divina partiu para a Terra Santa como mercador. Alimentava-se apenas duas vezes por semana e entregava-se a rudes trabalhos. Teve então uma visão em que as jóias de sua bolsa se transformavam em enxofre e ardiam em chamas. Uma voz explicou-lhe o sentido da visão dizendo que a bolsa era seu corpo; o fogo e o enxofre a sua vida fútil. Como peregrino, visitou os Lugares Santos e passou no deserto 40 dias, jejuando como o fez um dia Jesus. De regresso a Pisa, ingressou no mosteiro de S. Guido, levando vida simples. Morreu em 1160.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Discursos ascéticos



«Ele faz com que o sol se levante sobre os maus e os bons»

Anuncia a bondade de Deus. Pois, sendo tu indigno, Ele te guiará, e como Lhe deves tudo, Ele nada te exige. Em troca das pequenas coisas que fizeres, Ele te dará grandes coisas. Não digas de Deus apenas que Ele é justo. Porque não é relativamente ao que fazes que Ele revela a sua justiça. Se David Lhe chama justo e recto (Sl 32,5), o seu Filho revelou-nos que, mais do que isso, Ele é bom e amável: «Ele é bom até para os ingratos e os maus» (Lc 6,35).


Como podes limitar-te a falar na justiça de Deus, quando lês o capítulo sobre o salário dos trabalhadores? «Em nada te prejudico, meu amigo. Não foi um denário que nós ajustámos? Leva, então, o que te é devido e segue o teu caminho, pois eu quero dar a este último tanto como a ti. Ou não me será permitido dispor dos meus bens como entender? Será que tens inveja por eu ser bom?» (Mt 20,13-15). Como se pode simplesmente dizer que Deus é justo se, ao lermos o capítulo do filho pródigo que dissipou as riquezas de seu pai na devassidão, nos é relatado que, tendo percebido a dor do filho, logo para este seu pai correu, se lhe atirou ao pescoço e lhe deu plenos poderes sobre toda a riqueza paterna? (Lc 15,11ss). Quem nos contou estas coisas acerca de Deus não foi alguém de quem possamos duvidar. Foi o seu próprio Filho: Ele próprio deu esse testemunho de Deus. Onde está portanto a justiça de Deus? Não é aqui: «quando ainda éramos pecadores é que Cristo morreu por nós»? (Rom 5,8). Se Deus Se mostra compassivo aqui na Terra, acreditemos que o é desde a eternidade.

Comentário do dia:

Isaac o Sírio (século VII), monge perto de Mossul
Discursos ascéticos, 1.ª série, n.º 60

Evangelho segundo S. Mateus 5,43-48.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’.
Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem,
para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos.
Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos?
E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos?
Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».




Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

ARDGOSPEL - sua mensagem diária

Livro de Salmos 146(145),2.5-6.7.8-9a.



Hei-de louvar o Senhor, enquanto viver;
enquanto existir, hei-de cantar hinos ao meu Deus.
Feliz o que tem por auxílio o Deus de Jacob,
o que põe a sua confiança no Senhor, seu Deus,

Criador dos céus e da terra,
do mar e de tudo o que ele encerra.
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome

e a liberdade aos cativos.
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.

o Senhor protege os peregrinos,

2ª Carta aos Coríntios 8,1-9.


Queremos dar-vos a conhecer, irmãos, a graça que Deus concedeu às Igrejas da Macedónia.
No meio de grandes tribulações com que foram provadas, distribuíram generosamente e com transbordante alegria, apesar da sua extrema pobreza, os tesouros da sua liberalidade.
Sou testemunha de que eles, segundo as suas posses e para além das suas posses, nos pediram espontaneamente
e com muita insistência a graça de participarem neste serviço em favor dos cristãos de Jerusalém.
Ultrapassando as nossas esperanças, deram-se a si mesmos, primeiro ao Senhor, depois a nós, por vontade de Deus.
Por isso pedimos a Tito que levasse a bom termo entre vós esta obra de generosidade, como ele a tinha começado.
Portanto, já que sobressaís em tudo __ na fé, na eloquência, na ciência, em toda a espécie de atenções e na caridade que vos ensinámos __ procurai também sobressair nesta obra de generosidade.
Não vo-lo digo como quem manda, mas quero verificar, perante a solicitude dos outros, a sinceridade da vossa caridade.
Conheceis a generosidade de Nosso Senhor Jesus Cristo: Ele, que era rico, fez-Se pobre por vossa causa, para vos enriquecer pela sua pobreza.

Santo do dia

Terça-feira, dia 16 de Junho de 2015

Terça-feira da 11ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : S. Ciro, mártir, séc. IV, S. João Francisco Régis, presbítero, +1640
S. Ciro



Ciro vivia em Icónio com sua mãe Julita (celebrada no mesmo dia). Tinha ele três anos, quando o governador de Licaônia, Domiciano, iniciou a aplicação dos editos perseguidores de Diocleciano. Julita procurou primeiro refúgio em Selência e depois em Tarso.
Em Tarso, Julita foi detida por ordem do governador da Cilícia, Alexandre. Declarou-se cristã e logo ali começou o martírio.
Possuímos várias narrativas do martírio de Santa Julita e de São Ciro, alguns muito diferentes entre si. O martirológio jeronimiano anunciava: "Em Antioquia, os santos Ciro e Julita, sua mãe, e com eles quatrocentos e quatro mártires", enquanto as Actas de martírio colocam a morte deles em Tarso.

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S. João Francisco Regis

Francisco Régis nasceu, em 31 de janeiro de 1597, numa pequena aldeia de Narbone, na França. Filho de um rico comerciante, foi educado num colégio dirigido por sacerdotes jesuítas desde pequeno. Nada mais natural que entrasse para a Companhia de Jesus quando, em 1616, decidiu-se pela vida religiosa. Desejava, ardentemente, seguir o exemplo dos jesuítas missionários que evangelizavam em terras pagãs estrangeiras.


Tornou-se rapidamente respeitado e admirado pela dedicação na catequização que fazia diretamente ao povo, auxiliando os sacerdotes, assim como nas escolas que a Companhia de Jesus dirigia. Aos trinta e três anos, ordenou-se sacerdote, tomando o nome de João Francisco. Só então o seu contagiante trabalho disseminou-se pela cidade, por meio das obras dedicadas aos marginalizados, necessitados e doentes. Essa era a missão importantíssima que o aguardava lá mesmo, na sua terra natal: atender aos pobres e doentes e converter os pecadores.


Entre os anos 1630 e 1640, duas epidemias de pestes assolaram a comunidade. Francisco Régis era incansável no atendimento aos doentes pobres e suas famílias. Nesse período, conscientizou-se de que a França precisava da sua ação apostólica e não o exterior. Assim, tornou-se um valente missionário jesuíta, e o mais freqüente sacerdote visitador de cárceres e hospitais. Os registros relatam às centenas os doentes que salvou e os pagãos que converteu ao mesmo tempo.


Bispos de seu tempo relataram que ele era dotado de um carisma muito especial. Onde pregava os ensinamentos de Cristo, as pessoas, invariavelmente, se convertiam. Conseguiu, com o auxilio da Virgem Mãe, como ele mesmo dizia, converter aldeias inteiras com o seu apostolado. Foram dez anos empregados nesse fatigante e profícuo trabalho missionário.


Francisco Régis foi designado para chefiar a missão enviada à La Louvesc, na diocese de Dauphine. Antes de iniciar a viagem, quis despedir-se dos companheiros jesuítas. Percebera, apesar da pouca idade, que sua morte estava muito próxima. A viagem até lá foi um tremendo sacrifício. Além de atravessar altas montanhas, o caminho foi trilhado debaixo de um rigoroso inverno.

Chegou a La Louvesc doente e perigosamente febril. Mas, como havia uma enorme multidão de fiéis que desejavam ouvir seus sermões, pregou por três dias seguidos. Os intervalos de descanso foram utilizados para o atendimento no confessionário. Finalmente, abatido por uma enorme fraqueza, que evoluiu para uma pneumonia fulminante, faleceu no dia 31 de dezembro de 1640, aos quarenta e três anos de idade.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Contra as Heresias



«A lei perfeita, a lei da liberdade» (Tg 1,25)

A quem te tirar a túnica, diz Cristo, dá também o teu manto; a quem ficar com o que te pertence, não o reclames; e aquilo que quiserdes que os outros vos façam, fazei-o vós a eles (Mt 5,40; Lc 6,30-31). Deste modo, não nos entristeceremos como pessoas a quem arrebatam os bens contra a sua vontade, mas, pelo contrário, alegrar-nos-emos como pessoas que dão de bom grado, uma vez que faremos ao próximo um dom gratuito em vez de cedermos a uma pressão. E diz ainda: se alguém te obrigar a caminhar uma milha, caminha duas com ele; desse modo, não o seguimos como um escravo mas precedemo-lo como homens livres. Em todas as coisas, portanto, Cristo convida-te a tornares-te útil ao teu próximo, não considerando a sua maldade mas acrescentando a tua bondade. Convida-nos assim a tornar-nos semelhantes ao nosso Pai «que faz nascer o sol sobre os maus e sobre os bons e cair a chuva sobre os justos e sobre os injustos» (Mt 5,45).



E isto não é obra de quem vem abolir a Lei mas de alguém que a cumpre e a alarga (Mt 5,17). O serviço da liberdade é um serviço mais amplo; o nosso libertador propõe-nos uma submissão e uma devoção mais profundas. Porque Ele não nos libertou das amarras da Lei antiga para que nos separemos dele {...] mas para que, tendo recebido mais abundantemente a sua graça, O amemos mais e, tendo-O amado mais, recebamos dele uma glória ainda maior quando estivermos para sempre na presença de seu Pai.

Comentário do dia:

Santo Ireneu de Lyon (c. 130-c. 208), bispo, teólogo, mártir
Contra as Heresias, IV, 13, 3



Evangelho segundo S. Mateus 5,38-42.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’.
Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda.
Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto.
Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha, acompanha-o durante duas.
Dá a quem te pedir e não voltes as costas a quem te pede emprestado».


Livro de Salmos 98(97),1.2-3ab.3cd-4.


Cantai ao Senhor um cântico novo
pelas maravilhas que Ele operou.
A sua mão e o seu santo braço
Lhe deram a vitória.

O Senhor deu a conhecer a salvação,
revelou aos olhos das nações a sua justiça.
Recordou-Se da sua bondade e fidelidade
em favor da casa de Israel.

Os confins da terra puderam ver
a salvação do nosso Deus.
Aclamai o Senhor, terra inteira,
exultai de alegria e cantai.

2ª Carta aos Coríntios 6,1-10.


Irmãos: Como colaboradores de Deus, nós vos exortamos a que não recebais em vão a sua graça.
Porque Ele diz: «No tempo favorável, Eu te ouvi; no dia da salvação, vim em teu auxílio». Este é o tempo favorável, este é o dia da salvação.
Evitamos dar qualquer motivo de escândalo, para que o nosso ministério não seja desacreditado.
Mas mostramo-nos em tudo como ministros de Deus, com grande perseverança nas tribulações, nas necessidades, nas angústias,
nos açoites, nos tumultos, nas prisões, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns;
pela pureza, pela sabedoria, pela paciência, pela bondade, pelo espírito de santidade, pela caridade sem fingimento;
pela palavra da verdade, pelo poder de Deus; pelas armas ofensivas e defensivas da justiça;
na honra e na ignomínia, na difamação e na boa fama. Somos considerados como impostores, embora verdadeiros;
como desconhecidos, embora bem conhecidos; como agonizantes, embora estejamos com vida; como condenados, mas livres da morte;
como tristes, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como não tendo nada, mas possuindo tudo.

Santo do dia

Segunda-feira, dia 15 de Junho de 2015

Segunda-feira da 11ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santa Maria Micaela do Santíssimo Sacramento, virgem, fundadora, +1865, Beata Albertina Berkenbrock, virgem, mártir, +1931



Santa Maria Micaela

Micaela nasceu em Madrid no dia 1 de Janeiro de 1809. Nobre e generosa como o seu pai, piedosa e caritativa como a sua mãe, óptimos alicerces para o controvertido trabalho em favor das mulheres que viviam da prostituição. Para elas abre a sua primeira casa no dia 21 de Abril de 1845. Como com qualquer pessoa, o seu caminho de santidade não foi fácil. O Espírito Santo faz a sua parte nuns exercícios espirituais decisivos, em Abril de 1847, assim como na festa do Pentecostes do mesmo ano, brindando-a com uma graça extraordinária. Ela vai titubeando, entre obras de caridade e a vida mundana que a sua classe social exige; as cortes de Paris e Bruxelas abrem-lhe as suas portas, juntamente com o seu irmão Diego, embaixador de Espanha nos anos 47 e 48 respectivamente. Precisamente os mesmos anos em que ela procura com verdadeira paixão o seu lugar, o seu caminho, a orientação total da sua vida. Conseguiria ela, no meio de tanto bulício, ouvir a única voz que pacifica e dilacera? Saberia ela escolher, entre os muitos candidatos amantes, o único AMOR da sua vida? "Vi-O tão grande, tão bom, tão AMANTE e misericordioso, que decidi não servir mais que a Ele, que tudo reúne para preencher o meu coração". E semeia casas de acolhimento, no meio de dificuldades económicas, incompreensões e perseguições. E gera filhas acolhedoras que, juntamente com ela, guiadas pelo Espírito Santo e alimentadas na Eucaristia, dão origem à Congregação de Adoradoras Escravas do Santíssimo Sacramento e da Caridade. É o dia 1 de Março de 1856. Micaela, que agora já se chama Madre Sacramento, falece no dia 24 de Agosto de 1865. Morre como os santos: "dando a vida" pelas suas " jovens ", num gesto de heróica caridade; "por uma só que se salve, eu daria a minha vida". Ainda não tinham passado 70 anos após a sua morte e a Igreja proclama-a SANTA. Foi Pio XI quem no dia 4 de Março de 1934, elevando-a aos altares, disse à comunidade dos crentes que o caminho de Micaela foi sem dúvida um caminho de santidade.
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Beata Albertina Berkenbrock


Albertina nasceu a 11 de abril de 1919, em São Luís, município de Imaruí, SC. Foi batizada no dia 25 de maio de 1919, crismou-se a 9 de março de 1925 e fez a primeira comunhão no dia 16 de agosto de 1928.
Seus pais e familiares souberam educar a menina na fé, transmitiram-lhe muito cedo as principais verdades da Igreja. Ela aprendeu logo as orações, era perseverante em fazê-las e muito recolhida ao rezar. Sempre que um padre aparecia em São Luís, lá ia ela participar da vida religiosa da comunidade.
Confessava-se com freqüência, ia regularmente à missa, comungava com fervor. Aliás, preparou-se com muita diligência para a primeira comunhão. Falava muitas vezes da Eucaristia e dizia que o dia de sua primeira comunhão fora o mais belo de sua vida.
Albertina foi também muito devota de Nossa Senhora, venerava-a com carinho, tanto na capela da comunidade como em casa. Junto com os familiares recitava o terço e recomendava a Maria sua alma e sua salvação eterna. Tinha especial devoção a São Luís, titular da capela e modelo de pureza.
A formação cristã instilou em Albertina a inclinação à bondade, às práticas religiosas e à vivência das virtudes cristãs, na medida em que uma menina de sua idade as entendia e podia vivê-las. Nada de estranho se seus divertimentos refletiam seu apego à vida religiosa. Gostava de fazer cruzinhas de madeira, colocava-as em pequenos sepulcros, adornava-os com flores.
Foi no ambiente simples, belo e cristão de sua família que Albertina cresceu. Ajudava os pais nos trabalhos da roça e em casa. Foi dócil, obediente, incansável, sacrificada, paciente. Mesmo quando os irmãos a mortificavam, às vezes até lhe batiam... ela sofria em silêncio, unindo-se aos sofrimentos de Jesus que amava sinceramente.
Também fora de casa Albertina se apresentava como modelo para os colegas e motivo de admiração para os adultos. Gozava de grande estima na escolinha local, particularmente por parte de seu professor, que a elogiava por suas condições espirituais e morais superiores à sua idade que a distinguiam entre as colegas de escola. Ela se aplicou ao estudo, aprendeu bem o catecismo, conheceu os mandamentos de Deus e seu significado. Jamais faltou à modéstia. Se pensarmos na maneira como sacrificou sua vida, conforme declarou seu professor, ela tinha compreendido o sentido do sexto mandamento no que tange à pureza e à castidade. Foi menina boa, estimada por colegas e por adultos.
Às vezes, porém, alguns meninos punham à prova sua mansidão, modéstia, timidez e repugnância por certas faltas. Albertina então se calava. Nunca se revoltou, menos ainda nunca se vingou, mesmo quando lhe batiam. Era pessoa cândida, simples, sem fingimentos, vestia-se com simplicidade e modéstia.
Sua caridade era grande. Gostava de acompanhar as meninas mais pobres, de jogar com elas e com elas dividir o pão que trazia de casa para comer no intervalo das aulas. Teve especial caridade com os filhos do seu assassino, que trabalhava na casa do pai. Muitas vezes Albertina deu de comer a ele e aos filhos pequenos, com os quais se entretinha alegremente, acariciando-os e carregando-os ao colo. Isto é tanto mais digno de nota quanto Indalício era negro, sabendo-se que nas regiões de colonização européia uma dose de racismo sempre esteve presente.
Todas essas atitudes cristãs mostram que Albertina, apesar de sua pouca idade, era pessoa impregnada de Evangelho. Não é de estranhar, portanto, se teve forças para comportar-se com fortaleza cristã no momento de sua morte a fim de defender sua pureza e virgindade.
No dia 15 de Junho de 1931, Albertina procura um boi fugitivo. De repente vê ao longe alguns chifres e corre naquela direção. Mas eram outros bois, que estavam amarrados. Como surpresa, porém, encontra perto deles um empregado de seu pai, Maneco, carregando feijão na carroça. À pergunta de Albertina pelo boi desaparecido, o homem lhe dá uma pista falsa para encaminhá-la ao lugar onde poderia satisfazer seus desejos sem chamar atenção.
Maneco, que já tinha violentado outra menina, disse: - Hoje tenho que matar alguém! Pensou: - Se Albertina não aceitar, vou usar o canivete...
Albertina seguiu a indicação de Maneco, embrenhou-se pela mata. Repentinamente percebe que os gravetos estalam, as folhas farfalham... Ela pensa ser o boi. Eis, porém, que, dá de cara com Maneco. Fica petrificada. Sozinha, no mato, com aquele homem na frente!
Chegara o momento supremo! Maneco lhe propõe seus intentos. Albertina, decidida, não aceita. Sabe o que é o pecado e o recusa peremptoriamente. Começa então a tentativa do assassino de se apossar de Albertina, mas ela não se deixa subjugar. A menina é forte. Aos pontapés, quase derruba o assassino. A luta é longa e terrível. Ela não cede. Derrubada, por fim, ao chão, agora está toda nas mãos do agressor. Ainda assim, defende-se, agarra seu vestido e se cobre o mais que pode.
Maneco, derrotado moralmente pela menina, vinga-se, agarra-a pelos cabelos e afunda o canivete no pescoço e a degola.
Está morta Albertina! Seu corpo está manchado de sangue... Sua pureza e virgindade, porém, estão intactas.

O assassino despista o crime. ..Diz que encontrou o corpo de Albertina e sabe quem a matou. Prendem João Candinho, que protesta, diz-se inocente, chora, mas é inútil. Maneco confirma: - Foi esse homem que matou Albertina!
Os colonos, porém, começam a duvidar: Acaso não seria Maneco o assassino?
Maneco aparecia toda hora por perto da sala onde se velava o corpo de Albertina. Não parava de ir e vir. Como contam testemunhas, sempre que se aproximava, a ferida do pescoço de Albertina vertia sangue. Não seria um sinal?
Enquanto o povo cismava, Maneco tramava sua fuga...
Dois dias depois chegou o prefeito de Imaruí. Acalmou a população e mandou soltar João Candinho. Foi à capela, tomou um crucifixo e, acompanhado por Candinho e outras pessoas, foi à casa do pai de Albertina, o colocou sobre o peito da menina morta. Mandou que João Candinho colocasse as mãos sobre o crucifixo e jurasse que era inocente. Dizem que naquele momento o sangue da ferida parou de sangrar.
Entretanto, Maneco acabava de fugir. Preso em Aratingaúba, confessou o crime. Aliás, confessou um outro crime cometido em Palmas, onde matara um sargento. Tinha também matado um homem em São Ludgero.
Maneco Palhoça - ou Indalício Cipriano Martins (conhecido também como Manuel Martins da Silva) - foi levado para Laguna. Correu o processo. Foi condenado. Levado para a penitenciária, depois de alguns anos morreu. Na prisão comportou-se bem. Confessou ter matado Albertina porque ela recusara ceder à sua intenção de manter relações sexuais com ela.




domingo, 14 de junho de 2015

Sermão



«Mas, uma vez semeado, cresce e ultrapassa todas as plantas do horto»

Irmãos, ouvistes que o Reino dos céus, em toda a sua grandeza, é parecido a um grão de mostarda. [...] É apenas isto que os crentes esperam? É isto que os fiéis aguardam? [...] É isto «que o olho não viu, nem o ouvido ouviu, nem jamais veio ao coração do homem»? É isto que o apóstolo Paulo promete e que está reservado, no mistério inexprimível da salvação, àqueles que amam? (1Cor 2,9) Não nos deixemos desconcertar pelas palavras do Senhor. Se, de facto, «a fraqueza de Deus é mais forte do que o homem, e a loucura de Deus é mais sábia do que o homem» (1Cor 1,25), essa pequena coisa que é o bem de Deus é mais esplêndida do que a imensidão do mundo.


Possamos nós semear no nosso coração esta semente de mostarda, de modo que ela venha a ser a grande árvore do conhecimento (Gn 2,9), elevando-se em toda a sua altura para elevar os nossos pensamentos para o céu, e desenvolvendo todos os ramos da inteligência. [...]


Cristo é o Reino. Como se fosse um grão de mostarda, Ele foi lançado num jardim, o corpo da Virgem. Cresceu e tornou-Se a árvore da cruz que cobre a terra inteira. Depois de ter sido esmagado pela Paixão, o seu fruto produziu sabor suficiente para dar o seu bom gosto e o seu aroma a todos os seres vivos que nele tocam. Pois, enquanto a semente de mostarda está intacta, as suas virtudes permanecem ocultas, mas desenvolvem toda a sua pujança quando a semente é esmagada. Da mesma forma, Cristo quis que o seu corpo fosse esmagado para que a sua força não ficasse oculta. [...] Cristo é Rei, porque é a fonte de toda a autoridade. Cristo é o Reino, pois nele está toda a glória do seu reino.

Comentário do dia:

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja
Sermão 98, 1-2; CCL 24A, 602

Evangelho segundo S. Marcos 4,26-34.


Naquele tempo, disse Jesus à multidão: «O reino de Deus é como um homem que lançou a semente à terra.
Dorme e levanta-se, noite e dia, enquanto a semente germina e cresce, sem ele saber como.
A terra produz por si, primeiro a planta, depois a espiga, por fim o trigo maduro na espiga.
E quando o trigo o permite, logo se mete a foice, porque já chegou o tempo da colheita».
Jesus dizia ainda: «A que havemos de comparar o reino de Deus? Em que parábola o havemos de apresentar?
É como um grão de mostarda, que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes que há sobre a terra;
mas, depois de semeado, começa a crescer e torna-se a maior de todas as plantas da horta, estendendo de tal forma os seus ramos que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra».
Jesus pregava-lhes a palavra de Deus com muitas parábolas como estas, conforme eram capazes de entender.
E não lhes falava senão em parábolas; mas, em particular, tudo explicava aos seus discípulos.

2ª Carta aos Coríntios 5,6-10.


Irmãos: Nós estamos sempre cheios de confiança, sabendo que, enquanto habitarmos neste corpo, vivemos como exilados, longe do Senhor,
pois caminhamos à luz da fé e não da visão clara.
E com esta confiança, preferíamos exilar-nos do corpo, para irmos habitar junto do Senhor.
Por isso nos empenhamos em ser-Lhe agradáveis, quer continuemos a habitar no corpo, quer tenhamos de sair dele.
Todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que receba cada qual o que tiver merecido, enquanto esteve no corpo, quer o bem, quer o mal.

Livro de Salmos 92(91),2-3.13-16.


É bom louvar o Senhor
e cantar salmos ao vosso nome, ó Altíssimo,
proclamar pela manhã a vossa bondade
e durante a noite a vossa fidelidade.

O justo florescerá como a palmeira,
crescerá como o cedro do Líbano;
plantado na casa do Senhor,
florescerá nos átrios do nosso Deus.

Mesmo na velhice dará o seu fruto,
cheio de seiva e de vigor,
para proclamar que o Senhor é justo:
n’Ele, que é o meu refúgio, não há iniquidade.

Livro de Ezequiel 17,22-24.


Eis o que diz o Senhor Deus: «Do cimo do cedro frondoso, dos seus ramos mais altos, Eu próprio arrancarei um ramo novo e vou plantá-lo num monte muito alto.
Na excelsa montanha de Israel o plantarei, e ele lançará ramos e dará frutos e tornar-se-á um cedro majestoso. Nele farão ninho todas as aves, toda a espécie de pássaros habitará à sombra dos seus ramos.
E todas as árvores do campo hão-de saber que Eu sou o Senhor; humilho a árvore elevada e elevo a árvore modesta, faço secar a árvore verde e reverdeço a árvore seca. Eu, o Senhor, digo e faço».

O Reino de Deus

Domingo, dia 14 de Junho de 2015
Décimo primeiro domingo do tempo comum (semana III do saltério)



Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum
A liturgia do 11º Domingo do Tempo Comum convida-nos a olhar para a vida e para o mundo com confiança e esperança. Deus, fiel ao seu plano de salvação, continua, hoje como sempre, a conduzir a história humana para uma meta de vida plena e de felicidade sem fim.

Na primeira leitura, o profeta Ezequiel assegura ao Povo de Deus, exilado na Babilónia, que Deus não esqueceu a Aliança, nem as promessas que fez no passado. Apesar das vicissitudes, dos desastres e das crises que as voltas da história comportam, Israel deve continuar a confiar nesse Deus que é fiel e que não desistirá nunca de oferecer ao seu Povo um futuro de tranquilidade, de justiça e de paz sem fim.

O Evangelho apresenta uma catequese sobre o Reino de Deus – essa realidade nova que Jesus veio anunciar e propor. Trata-se de um projecto que, avaliado à luz da lógica humana, pode parecer condenado ao fracasso; mas ele encerra em si o dinamismo de Deus e acabará por chegar a todo o mundo e a todos os corações. Sem alarde, sem pressa, sem publicidade, a semente lançada por Jesus fará com que esta realidade velha que conhecemos vá, aos poucos, dando lugar ao novo céu e à nova terra que Deus quer oferecer a todos.

A segunda leitura recorda-nos que a vida nesta terra, marcada pela finitude e pela transitoriedade, deve ser vivida como uma peregrinação ao encontro de Deus, da vida definitiva. O cristão deve estar consciente de que o Reino de Deus (de que fala o Evangelho de hoje), embora já presente na nossa actual caminhada pela história, só atingirá a sua plena maturação no final dos tempos, quando todos os homens e mulheres se sentarem à mesa de Deus e receberem de Deus a vida que não acaba. É para aí que devemos tender, é essa a visão que deve animar a nossa caminhada.

Santo do dia

Domingo, dia 14 de Junho de 2015

11º Domingo do Tempo Comum - Ano B


Festa da Igreja : Décimo primeiro domingo do tempo comum (semana III do saltério)
Santo do dia : S. Fernando de Portugal, o Infante Santo, Beata Francisca de Jesus (Nhá Xica), +1895

S. Fernando de Portugal, o Infante Santo



O Infante Santo

Nasceu em Santarém, a 29 de Setembro de 1402, e era filho de D. João I e de D. Filipa de Lancastre. Muito bom e religioso, o Papa Eugénio IV ofereceu-lhe em 1434 o Chapéu de Cardeal, que D. Fernando por humildade recusou. Em 1437, fez parte da expedição a Tânger, caindo prisioneiro dos mouros que o enviaram para Arzila. Passados 7 meses em que exigiram para seu resgate a entrega de Ceuta, foi posto a ferros em Fez e martirizado durante seis anos, falecendo a 5 de Julho de 1443. A resignação com que D. Fernando sofreu os maus tratos aplicados pelos Mouros fez com que a tradição portuguesa lhe aplicasse a designação de Infante Santo.
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Beata Francisca de Jesus

Filha e neta de escravos, Francisca de Paula de Jesus nasceu em 1810, no povoado de Santo António do Rio das Mortes Pequeno, no município de São João d'el-Rei (Minas Gerais, Brasil), onde também foi batizada no dia 26 de abril desse ano. Pouco tempo depois, a sua família mudou-se para a cidade de Baependi, no sul do mesmo estado, onde viveu até 14 de junho de 1895, data do seu falecimento.

Francisca ficou órfã aos dez anos. Mulher humilde, era fervorosa devota de Nossa Senhora da Conceição e, a pedido da mãe, passou avida inteira a dedicar-se à prática da caridade. Leiga, foi chamada ainda em vida "a mãe dos pobres" e era respeitada por todos os que a procuravam, desde os mais humildes aos grandes do Império brasileiro. Durante 30 anos, reuniu doações para construir a capela de Nossa Senhora da Conceição, em Baependi, onde hoje está sepultada. Francisca de Jesus era conhecida por Nhá Chica.

Foi beatificada em 4 de maio de 2013, na sua cidade, e tornou-se a primeira negra brasileira a ser declarada beata pela Igreja Católica.




sábado, 13 de junho de 2015

SANTO ANTONIO

Sabado, dia 13 de Junho de 2015

Santo António de Lisboa, presbítero, Doutor da Igreja, +1231



Santo António nasceu em Lisboa, provavelmente a 15 de Agosto de 1195, numa casa junto das portas da antiga cidade (Porta do Mar), que se pensa ter sido o local onde, mais tarde, se ergueu a Igreja em sua honra.
Tendo então o nome de Fernando, fez na vizinha Sé os seus primeiros estudos, tomando mais tarde, em 1210 ou 1211, o hábito de Cónego Regrante de Santo Agostinho, em São Vicente de Fora, pela mão do Prior D. Estêvão.
Ali permaneceu até 1213 ou 1214, data em que se deslocou para o austero Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde realizou os seus estudos superiores em Direito Canónico, Ciências, Filosofia e Teologia.
Segundo a tradição, talvez um pouco lendária, o Santo tinha uma memória fora do comum, sabendo de cor não só as Escrituras Sagradas, como também a vida dos Santos Padres.
As relíquias dos Santos Mártires de Marrocos que chegaram a Coimbra em 1220, fizeram-no trocar de Ordem Religiosa, envergando o burel de Frade Franciscano e recolher-se como Eremita nos Olivais (em Coimbra). Foi nessa altura que mudou o seu nome para António e decidiu deslocar-se a Marrocos, onde uma grave doença o reteve todo o inverno na cama. Decidiram os superiores repatriá-lo como medida de convalescença.
Quando de barco regressava a Portugal, desencadeou-se uma enorme tempestade que o arrastou para as costas da Sicília, sendo precisamente na Itália que iria revelar-se como teólogo e grande pregador.
Em 19 de Março de 1222, em Forli, falou perante religiosos Franciscanos e Dominicanos recém ordenados sacerdotes e tão fluentemente o fez que o Provincial pensou dedicá-lo imediatamente ao apostolado.
Fixou-se em Bolonha onde se dedicou ao ensino de Teologia, bem como à sua leitura. Exercendo as funções de pregador, mostrou-se contra as heresias dos Cátaros, Patarinos e Valdenses. Seguiu depois para França com o objectivo de lutar contra os Albijenses e em 1225 prega em Tolosa. Na mesma época, foi-lhe confiada a guarda do Convento de Puy-en-Velay e seria custódio da Província de Limoges, um cargo para que foi eleito pelos Frades da região. Dois anos mais tarde instalou-se em Marselha, mas brevemente seria escolhido para Provincial da Romanha.
Assistiu à canonização de São Francisco em 1228 e deslocou-se a Ferrara, Bolonha e Florença. Durante 1229 as suas pregações dividiram-se entre Vareza, Bréscia, Milão, Verona e Mântua. Esta actividade absorvia-o de tal maneira que a ela passou a dedicar-se exclusivamente. Em 1231, e após contactos com Gregório IX, regressou a Pádua, sendo a Quaresma do ano seguinte marcada por uma série de sermões da sua autoria.
Instalou-se depois em casa do Conde de Tiso, seu amigo pessoal, onde morreu em 1231 no Oratório de Arcela.
O facto de ter sido canonizado um ano após a sua morte, mostra-nos bem qual a importância que teve como Homem, para lhe ter sido atribuída tal honra. Este acto foi realizado pelo Papa Gregório IX, que lhe chamou "Arca do Testamento".
Considerado Doutor da Igreja e alvo de algumas biografias, todos os autores destas obras são unânimes em considerá-lo como um homem superior. Daí os diversos atributos que lhe foram conferidos: "Martelo dos hereges, defensor da fé, arca dos dois Testamentos, oficina de milagres, maravilha da Itália, honra das Espanhas, glória de Portugal, querubim eminentíssimo da religião seráfica, etc.".
Com a sua vida, quase mítica, quase lendária, mas que foi passando de geração em geração, e com os milagres que lhe foram atribuídos em bom número, transformou-se num taumaturgo de importância especial.



Sermões sobre S. Mateus, nº 15



O sal da terra

«Vós sois o sal da terra», diz o Salvador, mostrando-lhes a necessidade de todos os preceitos que acaba de enunciar. «A minha palavra, diz-lhes, não vos será confiada apenas para a vossa própria vida, mas para o mundo inteiro. Não vos envio a duas cidades, a dez ou a vinte, nem a um só povo, como outrora os profetas. Envio-vos à terra, ao mar, a toda a criação (Mc 16,15), a toda a parte onde o mal abunda.»

Na verdade, ao dizer-lhes: «Vós sois o sal da terra», indicou-lhes que toda a natureza humana está insossa, corrompida pelo pecado; e que será pelo seu ministério que a graça do Espírito Santo regenerará e conservará o mundo. É por isso que lhes ensina as virtudes das bem-aventuranças, que são as mais necessárias e eficazes para estes homens que vão dedicar-se à multidão. Aquele que é manso, modesto, misericordioso e justo não encerra em si mesmo as boas acções que realiza; quer que essas belas fontes jorrem também para bem dos outros. Aquele que tem o coração puro, que é constºrutor da paz, que sofre perseguição pela verdade consagra a sua vida ao bem dos outros.


Comentário do dia:

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Sermões sobre S. Mateus, nº 15

Evangelho segundo S. Mateus 5,13-19.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;
nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa.
Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus.
Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar.
Em verdade vos digo: Antes que passem o céu e a terra, não passará da Lei a mais pequena letra ou o mais pequeno sinal, sem que tudo se cumpra.
Portanto, se alguém transgredir um só destes mandamentos, por mais pequenos que sejam, e ensinar assim aos homens, será o menor no reino dos Céus. Mas aquele que os praticar e ensinar será grande no reino dos Céus».

Livro de Salmos 19(18),8-11.


A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma.
As ordens do Senhor são firmes
e dão sabedoria aos simples.

Os preceitos do Senhor são retos
e alegram o coração.
Os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos.

O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente.
Os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são retos.

São mais preciosos que o ouro,
o ouro mais fino;
são mais doces que o mel,
o puro mel dos favos.

Livro de Eclesiástico 39,8-14.


Aquele que medita na lei do Altíssimo, se for do agrado do Senhor omnipotente, será cheio do espírito de inteligência.
Então ele derramará, como chuva, as suas palavras de sabedoria e na sua oração louvará o Senhor.
Adquirirá a retidão do julgamento e da ciência e refletirá nos mistérios de Deus.
Fará brilhar a instrução que recebeu e a sua glória estará na lei da aliança do Senhor.
Muitos louvarão a sua inteligência, que jamais será esquecida.
Não desaparecerá a sua memória e o seu nome viverá de geração em geração.
As nações proclamarão a sua sabedoria e a assembleia celebrará os seus louvores.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

A árvore da vida




Eis o coração que tanto amou os homens

Contempla, ó homem que foste salvo, Aquele que por ti foi pregado na cruz. [...] Levanta-te, tu que amas a Cristo, sê como a pomba «que faz o seu ninho no fundo da fresta» (Jer 48,28); aí, «como o passarinho que encontrou a sua morada» (Sl 83.4), vigiarás permanentemente, e como a toutinegra abrigarás os teus filhinhos e estenderás a boca para «beber água das fontes da salvação» (Is 12,3). Com efeito, essa é «a fonte que, brotando no meio do Éden, se divide em quatro braços» (Gn 2,10) e, derramada nos corações dos fiéis, irriga e fecunda a terra inteira. [...]


Corre, pois, até essa fonte de vida e de luz com um vivo desejo, sejas tu quem fores, e, no teu amor a Deus, grita-Lhe com toda a força do teu coração: «Ó beleza inefável do Altíssimo, esplendor puríssimo da luz eterna, vida que vivificas toda a vida, claridade que iluminas toda a luz e conservas em eterno fulgor os diversos astros que brilham diante do trono da tua divindade desde o início dos tempos! Ó torrente eterna e inacessível, límpida e suave, cuja fonte está escondida aos olhos de todos os mortais! A tua profundeza é sem fundo, a tua altura sem limites, a tua largura sem margens, a tua pureza sem qualquer mancha. É de Ti que emana "o rio que alegra a cidade de Deus" (Sl 45,5), [...] para que Te cantemos hinos de louvor, "em explosão de alegria e de acção de graças" (Sl 41,5), pois sabemos por experiência que "junto a Ti está a fonte da vida e na tua luz veremos a luz" (Sl 35,10).»

Comentário do dia:

São Boaventura (1221-1274), franciscano, doutor da Igreja
A Árvore da Vida, 29-30. Opera omnia 8, 79

Evangelho segundo S. João 19,31-37.


Por ser a Preparação da Páscoa, e para evitar que no sábado ficassem os corpos na cruz, porque aquele sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com ele.
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Aquele que viu é que dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis.
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso lhe será quebrado».
Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de olhar para Aquele que trespassaram».

Carta aos Efésios 3,8-12.14-19.


Irmãos: A mim, o último de todos os cristãos, foi concedida a graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo
e de manifestar a todos como se realiza o mistério escondido, desde toda a eternidade, em Deus, criador de todas as coisas.
E agora é por meio da Igreja que se dá a conhecer aos principados e potestades celestes a multiforme sabedoria de Deus,
realizada, conforme o seu eterno desígnio, em Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Assim, é pela fé em Cristo que podemos aproximar-nos de Deus com toda a confiança.
Por isso, dobro os joelhos diante do Pai,
de quem recebe o nome toda a paternidade nos céus e na terra,
para que Se digne, segundo as riquezas da sua glória, armar-vos poderosamente pelo seu Espírito, para que se fortifique em vós o homem interior
e Cristo habite pela fé em vossos corações. Assim, profundamente enraizados na caridade,
podereis compreender, com todos os cristãos, a largura, o comprimento, a altura e a profundidade
do amor de Cristo, que ultrapassa todo o conhecimento, e assim sejais totalmente saciados na plenitude de Deus.

Livro de Isaías 12,2-3.4bcd.5-6.


Deus é o meu Salvador,
tenho confiança e nada temo.
O Senhor é a minha força e o meu louvor,
Ele é a minha salvação.

Tirareis água, com alegria,
das fontes da salvação.
Agradecei ao Senhor,
bendizei o seu nome.

Anunciai aos povos a grandeza das suas obras,
proclamai a todos que o seu nome é santo.
Cantai ao Senhor, porque Ele fez maravilhas,
anunciai-as em toda a terra.

Entoai cânticos de alegria e exultai,
habitantes de Sião:
porque é grande no meio de vós
o Santo de Israel.


Livro de Oseias 11,1.3-4.8c-9.


Eis o que diz o Senhor: «Quando Israel era ainda criança, já Eu o amava; do Egito chamei o meu filho.
Eu ensinava Efraim a andar e trazia-o nos braços; mas não compreenderam que era Eu quem cuidava deles.
Atraía-os com laços humanos, com vínculos de amor. Tratava-os como quem pega um menino ao colo, inclinava-Me para lhes dar de comer.
O meu coração agita-se dentro de Mim, estremece de compaixão.
Não cederei ao ardor da minha ira, nem voltarei a destruir Efraim. Porque Eu sou Deus e não homem, sou o Santo no meio de ti e não venho para destruir».

Santo do dia

Sexta-feira, dia 12 de Junho de 2015

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, solenidade - Ano B


Festa da Igreja : Sagrado Coração de Jesus (ofício próprio)Nossa Senhora do Sameiro
Santo do dia : Beato Ludovico Mzyk, presbítero, e companheiros mártires (+1940), Santa Paula Frassinetti, virgem, fundadora, +1882




Sagrado Coração de Jesus

O culto à humanidade de Cristo e ao Seu Coração, que sempre existiu na Igreja, conheceu um grande incremento a partir das revelações privadas a Santa Margarida Maria Alacoque (1673-75), as quais despertaram entre os cristãos uma consciência mais viva do mistério do amor de Cristo.

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus foi reconhecida pela Igreja cerca de um século mais tarde: em 1765, Clemente XIII aprovou a Solenidade do Sagrado Coração e, em 1856, Pio IX inseriu-a no calendário da Igreja universal.

A devoção ao Coração de Jesus foi "um meio providencial" pra a renovação da vida cristã. Com efeito, certas doutrinas tinham desfigurado uma das verdades essenciais ao cristianismo - o amor de Deus para com todos os homens. Pela devoção ao Sagrado Coração, o Povo de Deus reagiu "contra uma concepção demasiado rigorista das relações entre Deus e o homem - concepção que, levada às últimas consequências, seria o renascer da ideia pagã de um Deus vingador e, portanto, a anulação da história da salvação e da incessante misericórdia divina" (Thierry Maertens).

Levando-nos a amar a Cristo e a compartilhar do Seu amor pelo Pai e pelos homens, a devoção ao Coração de Jesus leva-nos também a promover aquela solidariedade universal que é uma exigência da fraternidade. O mistério do Coração de Cristo torna-se, assim, o caminho para a plena libertação do homem, libertação tantas vezes procurada através de caminhos que só conduzem à degradação da mesma dignidade humana.

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Beato Ludovico Mzyk

O Pe. Ludovico (Ludwik) Mzyk, Verbita, nasceu a 22 de Abril de 1905, na Polónia. Em Março de 1918 entrou para o Seminário Menor dos Padres Verbitas em Nysa (Casa de Santa Cruz - na época, ficava no território alemão), onde se formou em 1926. Em seguida, entrou no noviciado da Congregação do Verbo Divino em St. Augustin, perto de Bonn, na Alemanha. Fez os primeiros votos em 1928. Após ter terminado os estudos da Filosofia, foi enviado para Roma, para estudar Teologia. Foi ordenado sacerdote em 30 de Outubro de 1932. No verão de 1935 foi para Chludowo (perto de Poznan), na Polónia, onde os Verbitas estavam inaugurando o primeiro noviciado. Nomeado mestre de noviços, o Pe. Ludovico ficou em Chludowo. Em 1939 recebeu a nomeação para ser o primeiro Reitor da Casa. Era orientador, educador e formador. A 1 de Setembro de 1939 rebentou a guerra. Os exércitos alemães invadiram a Polônia. Chludowo também foi ocupada. No dia 25 de Janeiro de 1940, o Pe. Ludovico foi preso e levado para a Fortaleza VII em Poznan. Neste mesmo dia o Seminário de Chludowo foi transformado em prisão. O Pe. Ludovico sofreu muitas humilhações e torturas durante esses dias de prisão. No dia 20 de Fevereiro de 1940, na cela onde estava o Pe. Ludovico, junto com vários outros presos, entraram dois oficiais e cruelmente o torturaram. As palavras que saíram da sua boca: «Não pode ser o servo maior que o Senhor» foram memorizadas para sempre pelos outros presos que testemunharam o martírio. Na mesma noite, os soldados retiraram o Pe. Ludovico da cela, espancaram-no violentamente e em seguida executaram-no com um tiro na nuca.
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Santa Paula Frassinetti

Nasceu em Génova, na Itália, de uma família profundamente religiosa e crente.
Aos nove anos perdeu a Mãe e aos dezassete uma tia paterna que tinha procurado substitui-la. Confiou-se a Maria, a mãe do Céu, e começou a ser a mãe de seus irmãos: dois mais velhos (José e Francisco) e dois mais novos (João e Rafael) – os quatro irmãos foram sacerdotes e Paula fundou o Instituto das Irmãs de Santa Doroteia quando tinha apenas 25 anos, no dia 12 de Agosto de 1834, nessa altura Festa de Santa Clara de quem admirava muito o amor a Cristo e à Pobreza.
Sem ter frequentado a escola pública, aprendeu a ler em casa, com o Pai e com os irmãos, tendo adquirido muitos conhecimentos úteis e uma boa cultura religiosa, como se pode verificar nas 886 cartas que dela se conservam. Numa dessas cartas escreve às alunas: «E quando, completada a vossa educação, regressardes ao seio das vossas famílias, sereis para elas verdadeiros anjos de paz e de consolação; e os vossos exemplos atrairão outras jovens, como vós, a amar a virtude e a praticá-la».
Desde cedo aprendeu a ser educadora com uma pedagogia muito própria: firmeza e suavidade, aliadas à caridade, conduzindo a juventude «pela via do coração e do amor» para tornar Jesus cada vez mais conhecido e amado. Procurou viver em caridade e simplicidade, fazendo da Vontade de Deus o seu Paraíso, a sua bússola, o seu alimento quotidiano, a pérola preciosa que procurou em cada situação da vida.
Verdadeira apóstola e missionária, em 1866 mandou as primeiras Irmãs para o Brasil e Portugal.
Morreu em 11 de Junho de 1882. Foi canonizada em 11 de Março de 1984.
As Irmãs Doroteias estão presentes em 16 países de quatro continentes (Itália, Brasil, Portugal, Espanha, Inglaterra, Suiça, Peru, Malta, Angola, Moçambique, América do Norte, Taiwan, Argentina, Albânia, Camarões, Filipinas).
Também as Mães de Paula (grupos de oração-vida que procuram aprender com Santa Paula a completar a sua maternidade natural, vivendo a maternidade espiritual), as Antigas Alunas e outros Leigos vão aderindo à Família de Paula, considerando sempre actual o seu carisma e a «paixão educativa» (na expressão de João Paulo II) com que se dedicou à construção do Reino de Deus.