domingo, 31 de maio de 2015

Festa da Santíssima Trindade





A Festa que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de "um Deus em três pessoas"; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor.

Na primeira leitura, Jahwéh revela-se como o Deus da relação, empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. É um Deus que vem ao encontro dos homens, que lhes fala, que lhes indica caminhos seguros de liberdade e de vida, que está permanentemente atento aos problemas dos homens, que intervém no mundo para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida plena e verdadeira.

A segunda leitura, confirma a mensagem da primeira: o Deus em quem acreditamos, não é um Deus distante e inacessível, que se demitiu do seu papel de criador e que assiste com indiferença e impassibilidade aos dramas dos homens; é um Deus que acompanha com paixão a caminhada da humanidade e que não desiste de oferecer aos homens a vida plena e definitiva.

No Evangelho, Jesus dá a entender que ser seu discípulo é aceitar o convite para se vincular com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Os discípulos de Jesus recebem a missão de testemunhar a sua proposta de vida no meio do mundo e são enviados a apresentar, a todos os homens e mulheres, sem excepção, o convite de Deus para integrar a comunidade trinitária.

Sermões para o domingo


«Um só Deus, um só Senhor, na trindade das pessoas e na unidade da natureza» (Prefácio)

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são de uma só substância e de uma inseparável igualdade. A unidade está na essência, a pluralidade nas pessoas. O Senhor indica abertamente a unidade da essência divina e a trindade das pessoas quando diz: «Baptizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.» Não diz «nos nomes», mas «em nome», mostrando assim a unidade da essência. Em seguida, porém, emprega três nomes, para mostrar que há três pessoas.


Nesta Trindade se encontra a origem suprema , a beleza perfeita, a alegria bem-aventurada de todas as coisas. A origem suprema, afirma Santo Agostinho no seu livro sobre a verdadeira religião, é Deus Pai, de quem provêm todas as coisas, de quem procedem o Filho e o Espírito Santo. A beleza perfeita é o Filho, a verdade do Pai, que em nada se distingue dele, que veneramos com o Pai e no Pai, que é o modelo de todas as coisas, porque tudo foi feito por Ele e tudo se refere a Ele. A alegria bem-aventurada, a soberana bondade, é o Espírito Santo, que é o dom do Pai e do Filho; e devemos crer e manter que este dom é exactamente como o Pai e o Filho.


Ao contemplar a criação, concluímos pela Trindade de uma só substância. Apreendemos um só Deus: Pai, de quem somos, Filho, por quem somos, Espírito Santo, em quem somos. Príncipe, a quem recorremos; modelo, que seguimos; graça, que nos reconcilia.

Comentário do dia:

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja
Sermões para o domingo e as festas dos santos



Evangelho segundo S. Mateus 28,16-20.


Naquele tempo, os Onze discípulos partiram para a Galileia, em direção ao monte que Jesus lhes indicara.
Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram.
Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra.
Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».


Carta aos Romanos 8,14-17.


Irmãos: Todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
Vós não recebestes um espírito de escravidão para recair no temor, mas o Espírito de adoção filial, pelo qual exclamamos: «Abá, Pai».
O próprio Espírito dá testemunho, em união com o nosso espírito, de que somos filhos de Deus.
Se somos filhos, também somos herdeiros, herdeiros de Deus e herdeiros com Cristo; se sofrermos com Ele, também com Ele seremos glorificados.


Livro de Salmos 33(32),4-5.6.9.18-19.20.22.


A palavra do Senhor é reta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a retidão:

a terra está cheia da bondade do Senhor.
A palavra do Senhor criou os céus,
o sopro da sua boca os adornou.

Ele disse e tudo foi feito,
Ele mandou e tudo foi criado.
Os olhos do Senhor estão voltados para os que O temem, para os que esperam na sua bondade,

para libertar da morte as suas almas
e os alimentar no tempo da fome.
A nossa alma espera o Senhor:

Ele é o nosso amparo e protetor.
Venha sobre nós a vossa bondade,
porque em Vós esperamos, Senhor

Livro de Deuteronómio 4,32-34.39-40.


Moisés falou ao povo, dizendo: «Interroga os tempos antigos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra. Dum extremo ao outro dos céus, sucedeu alguma vez coisa tão prodigiosa? Ouviu-se porventura palavra semelhante?
Que povo escutou como tu a voz de Deus a falar do meio do fogo e continuou a viver?
Qual foi o deus que formou para si uma nação no seio de outra nação, por meio de provas, sinais, prodígios e combates, com mão forte e braço estendido, juntamente com tremendas maravilhas, como fez por vós o Senhor, vosso Deus, no Egipto, diante dos vossos olhos?
Considera hoje e medita em teu coração que o Senhor é o único Deus, no alto dos céus e cá em baixo na terra, e não há outro.
Cumprirás as suas leis e os seus mandamentos, que hoje te prescrevo, para seres feliz, tu e os teus filhos depois de ti, e tenhas longa vida na terra que o Senhor teu Deus te vai dar para sempre».


Santo do dia

Domingo, dia 31 de Maio de 2015

SANTÍSSIMA TRINIDADE - solenidade - Ano B


Festa da Igreja : Domingo da Santíssima Trindade (semana II do saltério)Visitação de Nossa Senhora
Santo do dia : S. Raimundo Nonato, escravo mercedário, +1240

S. Raimundo Nonato

O espanhol Raimundo Nonato, viveu no século XIII, e se rebelou contra a escravidão que na época era tida como natural por muita gente. Em 1224, entrou na ordem dos mercedários, que era dedicada a resgatar os cristãos capturados pelos islâmicos, que eram levados para prisões na Argélia. São Raimundo não queria apenas libertar os escravos, mas lutava também para manter viva a fé cristã dentro deles. Capturado e preso na Argéliaa, converteu presos e guardas, mas teve a boca perfurada e fechada por um cadeado para não pregar mais. Após sua libertação, foi nomeado em 1239 cardeal pelo papa Gregório IX; todavia, no início de seu caminho para Roma padeceu violentas febres pela qual morreu.

Recebeu a alcunha de Nonato (em catalão Nonat) porque foi extraído do ventre de sua mãe, já morta antes de dar-lhe à luz, ou seja, não nasceu de uma mãe viva, mas foi retirado de seu útero, algo raríssimo à época.

É considerado o patrono das parteiras e obstetras.






sábado, 30 de maio de 2015

Convertamo-nos irmãos



«João Baptista veio até vós [...] e não acreditastes nele» (Mt 21,32)

«João Baptista proclamava: 'Arrependei-vos porque está próximo o reino dos céus'» (Mt 3,1). [...] Bem-aventurado João, que quis que a conversão precedesse o julgamento, que os pecadores não fossem julgados mas recompensados, que os ímpios entrassem no Reino e não na punição. [...] Quando proclamou João esta iminência do reino dos Céus? O mundo estava ainda na sua infância [...]; mas para nós, que hoje proclamamos essa iminência, o mundo está extremamente velho e cansado. Perdeu as forças, perde as faculdades; os sofrimentos acabrunham-no [...]; clama o seu enfraquecimento, ostenta todos os sintomas do fim. [...]


Vamos a reboque de um mundo que se evade; esquecemos os tempos que aí vêm. Estamos ávidos de actualidade, mas não temos em consideração o julgamento que se aproxima. Não acorremos ao encontro do Senhor que chega. [...]


Convertamo-nos irmãos, convertamo-nos depressa. [...] O Senhor, pelo facto de tardar, de ainda esperar, revela o seu desejo de nos ver voltar para Ele, o desejo de que não pereçamos. Na sua grande bondade, continua a dirigir-nos estas palavras: «Não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim na sua conversão, de maneira que ele tenha a vida» (Ez 33,11). Convertamo-nos, irmãos; não tenhamos medo de o tempo estar a acabar. O tempo do Autor do tempo não pode ser encurtado. A prova disso é aquele malfeitor do Evangelho que, na cruz e na hora da sua morte, escamoteou o perdão, se apoderou da vida e, ladrão do paraíso com arrombamento, conseguiu penetrar no Reino (Lc 23,43).

Comentário do dia:

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), bispo de Ravena, doutor da Igreja
Sermão 167; CCL 248, 1025; PL 52, 636


Evangelho segundo S. Marcos 11,27-33.



Naquele tempo, Jesus e os discípulos foram de novo a Jerusalém. Quando Ele andava no templo, aproximaram-se os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos, que Lhe perguntaram:
«Com que autoridade fazes isto? Quem Te deu autoridade para o fazeres?».
Jesus respondeu: «Vou fazer-vos só uma pergunta. Respondei-Me e Eu vos direi com que autoridade faço isto.
O batismo de João era do Céu ou dos homens? Respondei-Me».
Eles começaram a discorrer, dizendo entre si: «Se dissermos: ‘É do Céu’, Ele dirá: ‘Então porque não acreditastes nele?’.
Vamos dizer-Lhe que é dos homens?». Mas eles temiam a multidão, pois todos pensavam que João era realmente um profeta.
Então responderam: «Não sabemos». Disse-lhes Jesus: «Também Eu não vos digo com que autoridade faço isto».

Evangelho segundo S. Marcos 11,27-33.


Naquele tempo, Jesus e os discípulos foram de novo a Jerusalém. Quando Ele andava no templo, aproximaram-se os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos, que Lhe perguntaram:
«Com que autoridade fazes isto? Quem Te deu autoridade para o fazeres?».
Jesus respondeu: «Vou fazer-vos só uma pergunta. Respondei-Me e Eu vos direi com que autoridade faço isto.
O batismo de João era do Céu ou dos homens? Respondei-Me».
Eles começaram a discorrer, dizendo entre si: «Se dissermos: ‘É do Céu’, Ele dirá: ‘Então porque não acreditastes nele?’.
Vamos dizer-Lhe que é dos homens?». Mas eles temiam a multidão, pois todos pensavam que João era realmente um profeta.
Então responderam: «Não sabemos». Disse-lhes Jesus: «Também Eu não vos digo com que autoridade faço isto».

Livro de Salmos 19(18),8.9.10.11.


A lei do Senhor é perfeita,
ela reconforta a alma.
As ordens do Senhor são firmes
e dão sabedoria aos simples.

Os preceitos do Senhor são retos
e alegram o coração.
Os mandamentos do Senhor são claros
e iluminam os olhos.

O temor do Senhor é puro
e permanece eternamente.
Os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são retos.

São mais preciosos que o ouro,
o ouro mais fino;
são mais doces que o mel,
o puro mel dos favos.

Livro de Eclesiástico 51,17-27.


Eu Vos louvarei e darei graças, meu Deus, bendizendo o nome do Senhor.
Na minha juventude, antes de andar errante, busquei abertamente a sabedoria na minha oração.
Pedi-a diante do santuário e procurá-la-ei até ao fim da vida. Quando florescia como uva temporã, ela era a alegria do meu coração.
Os meus pés andaram por caminho reto e segui na sua esteira desde a juventude.
Mal lhe prestei ouvidos, logo a recebi
e encontrei para mim abundante instrução. Graças a ela, fiz grandes progressos:
darei glória Àquele que me deu a sabedoria.
Porque eu decidi pô-la em prática, procurei zelosamente o bem e não serei confundido.
A minha alma combateu corajosamente por ela e fui muito diligente na observância da Lei.
Levantei as minhas mãos para o alto e compreendi os seus mistérios.
Dirigi para ela a minha alma e encontrei-a na pureza de vida. Com ela, desde o princípio, adquiri inteligência; por isso não serei abandonado.

Santo do Dia

Sabado, dia 30 de Maio de 2015

Sábado da 8a semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santa Joana d'Arc, virgem, mártir, (+ Rouen, França, 1431), Beata Matilde do Sagrado Coração Tellez Robles, religiosa, fundadora, +1902




Santa Joana d'Arc, Virgem
(+ Rouen, França, 1431)

A donzela suscitada por Deus para libertar a França dos ingleses, depois de
vencer as resistências dos que não queriam reconhecer a sua missão,
conseguiu obter vitórias espantosas sobre os invasores e obteve a coroação
do rei Carlos VII em Reims. Sua obra parecia terminada, mas Deus ainda
queria dela um sacrifício supremo. Traída e entregue aos ingleses, foi
julgada iniquamente e queimada como feiticeira. Mais tarde a Igreja a
reabilitou e reconheceu a heroicidade de suas virtudes. Foi beatificada em
1909, pelo Papa São Pio X, e canonizada por Bento XV em 1920.

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Beata Matilde Tellez Robles

Matilde Téliez Robles nasceu em Robledillo de la Vera (Cáceres - Espanha) no dia 30 de maio de 1841, um dia de plenitude primaveril inundado pela luz da solenidade litúrgica de Pentecostes. Ela recebeu as águas do batismo na igreja paroquial no dia seguinte do seu nascimento. Era a segunda dos quatro filhos de Félix Téliez Gómez e de sua esposa Basilea Robles Ruiz. No mês de novembro de 1841, seu pai, devido a sua profissão de escrivão, se estabeleceu com a sua família em Béjar (Salamanca).

Nesta cidade de Béjar, importante pela sua indústria textil, a pequena Matilde vai crescendo; recebe uma formação cultural de base, própria da sua classe social média, e uma boa formação religiosa, iniciada no ambiente profundamente cristão do seu lar. Guiada por sua mãe, já desde pequenina começa a amar intensamente o Senhor e a exercitar-se na prática da oração e nas virtudes, com uma meiga devoção a Nossa Senhora e uma grande misericórdia pelos necessitados e os pecadores.

Ainda muito jovem, quando tudo na vida lhe sorria, Matilde faz a sua opção radical e definitiva por Cristo. Decidiu-se consagrar toda a sua existência a Ele, trabalhando com empenho constante e generoso em busca de corações que o amem.

Sua mãe compreende e apoia sempre a aspiração da filha, mas seu pai lhe deseja um futuro diferente. Obriga-a a engajar-se na vida da sociedade, limita o tempo que Matilde transcorre na igreja, desejando vê-la realizada na vida matrimonial. Obedecendo, ela se adorna e participa da vida social, encantando a todos com sua graça juvenil. Mas mesmo assim, a sua inclinação pelas coisas de Deus é clara e, no fim, o senhor Félix, vencido pela constância de sua filha, deixa-a em liberdade para seguir o caminho por ela escolhido.

Matilde continua a intensificar a sua vida espiritual e a sua devoção a Nossa Senhora. Sente no seu interior que Maria a conduz a uma profunda intimidade com Jesus na Eucaristia, a quem ama com grande paixão. Mesmo «no meio do inverno ardia quando se colocava perto do tabernáculo!», ela afirma nos seus escritos.

Aos 23 anos é eleita presidente da associação das Filhas de Maria, apenas estabelecida em Béjar, e pouco tempo depois é nomeada enfermeira investigadora das Conferências de São Vicente de Paulo. Ela, em seu ardente desejo de ganhar corações para Jesus, exclama diante do sacrário: «Meu senhor, Jesus amante! O mundo é cheio de necessidades. Todos têm coração. Eu vou à procura daqueles de que sou capaz. Estes, eu vou trazê-los a ti».

Unindo a contemplação e a ação, Matilde se lança por longos anos em uma intensa atividade apostólica com crianças e jovens, pobres e doentes; trabalha com as Filhas de Maria, faz catequese, atende a escola dominical, prepara os cristãos para o matrimônio e acompanha as jovens vocacionadas; percorre alegre a cidade em todas as direções para levar consolação e ajuda a qualquer doente ou necessitado, «visitando o seu amante Jesus na pessoa de seus pobres».

Sempre contemplativa na ação, a Eucaristia é a sua força, o sacrário é o seu refúgio. Ela vive prolongadas horas de oração, sendo Nossa Senhora a sua guia, mestra e companheira inseparável.

Ainda jovem sente o chamado para a vida religiosa e desde então recebe diante do tabernáculo a inspiração de fundar um Instituto religioso; e assim o comunica ao Papa Pio IX numa carta escrita no dia 4 de maio de 1874. Mas seu pai volta a provar a filha impedindo-a de realizar a sua vocação, por causa do clima político anticlerical daquela época na Espanha.

Matilde no entanto sofre em silêncio, reza e espera, confortada pelo seu diretor espiritual, Pe. Manuel da Oliva, sacerdote de São Filipe, até que seu pai lhe concede a desejada autorização.

Ela exulta de alegria em ação de graças a Deus e rápidamente prepara tudo para iniciar a fundação com sete jovens das filhas de Maria, que se comprometeram a seguí-la na vida religiosa.

No dia 19 de marzo de 1875, solenidade de São José, todas devem participar da celebração eucarística na Paróquia de Santa Maria e em seguida, unidas e solidárias, seguirem para a casa preparada, onde darão início à vida religiosa. Mas entre as sete jovens comprometidas só uma se apresenta: Maria Briz. Diante desta grande provação, Matilde não se desanima. Fortalecidas com o pão da Eucaristia, ela e a sua única companheira se dirigem alegres e esperançosas, com heróica intrepidez, na «casita de Nazaret», como Matilde a denomina.

Nesta casa procuram imitar a Sagrada Familia de Nazaré, vivendo com muito amor e alegria no recolhimento e na oração, em humildade e pobreza, sem contar com nada e plenamente confiantes na divina Providência. Nesta nova residência, elas não têm um tabernáculo, mas são acompanhadas por uma imagem de Nossa Senhora, diante da qual rezam e a quem consultam tudo.

Poucos dias mais tarde, unindo sempre a contemplação e a ação, recebem em casa um grupo de meninas órfãs, dão aulas às crianças pobres e cuidam dos doentes a domicílio. O seu testemunho evangélico vai atraindo algumas jovens a unirem-se a elas, não obstante as críticas daqueles que consideram a fundação uma loucura.

No dia 23 de abril de 1876, o bispo de Plasencia, D. Pedro Casas y Souto, autoriza provisoriamente a Obra com o título de «Amantes de Jesus e Filhas de Maria Imaculada»; e no dia 20 de janeiro de 1878, Matilde e Maria vestem o hábito religioso em Plasencia.

No fim de março de 1879, a comunidade se transfere de Béjar para Don Benito (Badajoz), onde instalam o noviciado, acolhem as crianças órfãs, dão aulas diárias e dominicais, cuidam dos doentes em suas casas e prestam ajuda aos pobres.

Na comunidade se respira o espirito de Nazaré e toda a vida da casa se desenvolve em torno ao sacrário, diante do qual, a turno, as Irmãs passam várias horas durante todo o dia. Nossa Senhora também recebe um culto especial.

No dia 19 de março de 1884, o mesmo bispo erige canonicamente a Obra como Instituto religioso de direito diocesano, e no dia 29 de junho, a Fundadora com outras Irmãs emitem a profissão religiosa.

No ano seguinte declara-se uma terrível epidemia de cólera na cidade. Madre Matilde e todas as Irmãs consagram-se heroicamente ao cuidado amoroso dos contaminados pela peste, despertando grande admiração nas pessoas pela sua delicada caridade evangélica. A Irmã Maria Briz falece vítima de contágio e a Madre abre em sua memória um Hospital para os pobres.

Em 1889 começa a expansão do Instituto, com uma fundação em Cáceres, e continua nos anos seguintes com outras fundações em Trujillo, Béjar, Villanueva de Córdoba, Almendralejo, Los Santos de Maimona e Villaverde de Burguilios. De cada uma delas se poderia escrever uma bela história de amor: amor apaixonado a Jesus Eucaristia, amor a Maria, amor aos irmãos necessitados: doentes, pobres, meninas órfãs, etc. A missão da Fundadora e das irmãs nesta época é marcada pelo total desinteresse econômico e pela constante ajuda da Providência que não as abandona jamais.

Não faltam as provas e as dificuldades de todos os tipos, mas não importa:

Matilde prossegue o caminho, com Jesus sempre avante!, sempre praticando o lema por ela deixado para o seu Instituto: «Oração, ação, sacrificio»; sempre buscando forças em seus prolongados tempos de oração diante do sacrário e conduzida pela mão materna de Maria.

Da sua forte experiência eucarística nasce o seu ardor evangelizador bem como a ardente caridade que todos admiram. «Seja toda a vida um ato de amor!», ela repete às suas Irmãs. E bem assim o que observam na Madre: è uma vida cheia de Deus, em continua oração e ao mesmo tempo dedicada aos irmãos. Multiplica sua atenção maternal com as novas comunidades, é a animadora da Obra, a Regra viva. Sua simplicidade, sua prudência, sua bondade e sua inalterável alegria atraem a todos. Pobres e ricos se aproximam confiantes na Madre, pois para todos tem uma atenção, um conselho e um sorriso.

Apenas com 61 anos, o seu organismo encontra-se já muito debilitado, por causa dos sofrimentos passados, do intenso trabalho e das doenças que sofria. Madre Matilde parece pressentir o aproximar-se da sua hora de união definitiva com o Senhor. Ao sair de manhã para uma viajem, no dia 15 de dezembro de 1902, sofreu um forte ataque de apoplexia, e nas primeiras horas do dia 17, rodeada por suas filhas, com uma grande paz, partiu para a casa do Pai.

Todo o povoado, sobretudo os pobres, choraram a sua perda como se fosse uma mãe, proclamando ao mesmo tempo a sua grande caridade e as suas numerosas virtudes.

No dia 23 de abril de 2002, o Papa João Paulo II reconheceu oficialmente as Virtudes Heróicas da Serva de Deus Matilde Téllez, e no ano seguinte, no dia 12 de abril, promulgava-se o Decreto sobre o milagre operado por sua intercessão, constituindo esse fato a passagem decisiva para a sua Beatificação no dia 21 de março de 2004.

O Instituto da Madre Matilde, fiel à herança recebida da sua fundadora, continua a viver o seu carisma, tendo no centro a Eucaristia e Maria como Mãe e Mestra, para que Ela forme seu coração para o Evangelho e guie as Irmãs para a Eucaristia. Segundo as Constituições atuais, da Eucaristia nasce uma viva resposta de amor a Jesus Cristo e, n’Ele e com Ele, ao mundo inteiro, levando a boa nova do amor do Pai, com preferência e de modo integral, aos pobres, aos pequenos e aos que sofrem.

Atualmente as Filhas de Maria Mãe da Igreja (chamam-se assim a partir do ano 1965) realizam sua missão evangelizadora na Espanha, Portugal, Itália, Venezuela, Colômbia, Peru e México, através de: lares - internatos onde acolhem meninas e jovens marginalizadas; escolas e colégios abertos à todas as famílias e pessoas excluídas; comunidades sanitárias dedicadas aos doentes, idosos abandonados, transeuntes, alcóolatras, etc., comunidades orantes, casas de acolhida, e comunidades de Pastoral rural e de colaboração nas Paróquias.

Todas as Irmãs do Instituto suplicam a sua Fundadora que as ajudem a fazer de suas vidas um continuo ato de amor e uma «eucaristia perene», para a maior glória de Deus e a salvação do mundo, assim como fez a Madre Matilde.




sexta-feira, 29 de maio de 2015

«Quem achará um homem verdadeiramente fiel?»




«Tende fé em Deus»

«Quem achará um homem verdadeiramente fiel?», pergunta a Escritura (Prov 20,6). Não to digo para te incitar a abrires-me o coração, mas para que mostres a Deus a candura da tua fé, a esse Deus que sonda os rins e os corações e que conhece os pensamentos dos homens (Sl 7,10; 93,11). Sim, grande coisa é um homem de fé, mais rico do que todos os ricos. Com efeito, o crente possui todas as riquezas do universo, dado que as despreza e as esmaga aos pés. Porque, mesmo que possuam imensas coisas materiais, que pobres são espiritualmente os ricos! Quanto mais juntam, mais consumidos se sentem pelo desejo daquilo que não têm. Pelo contrário, e esse é o cúmulo do paradoxo, o homem de fé é rico na sua pobreza, porque sabe que apenas precisa de se alimentar e se vestir; contentando-se com isso, pisa aos pés as riquezas.

E não somos só nós, os que trazemos o nome de Cristo, que vivemos da fé. Todos os homens, mesmo os que são estranhos à Igreja, vivem da mesma maneira. É pela fé no futuro que pessoas que não se conhecem por completo contraem matrimónio; a agricultura baseia-se na confiança de que os trabalhos empreendidos trarão frutos; os marinheiros depositam a sua confiança num frágil esquife de madeira. […] A maior parte dos empreendimentos humanos assenta na fé; toda a gente acredita em princípios.

Hoje, porém, a Escritura apela à verdadeira fé e traça-nos o caminho que verdadeiramente agrada a Deus. Foi esta fé que, em Daniel, fechou a boca aos leões (Dan 6,23). «Empunhai o escudo com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno» (Ef 6,16). […] A fé sustenta os homens, a ponto de eles conseguirem andar sobre as águas do mar (Mt 14,29). Alguns, como o paralítico, foram salvos pela fé de outros (Mt 9,2); a fé das irmãs de Lázaro foi tão forte, que ele foi chamado dos mortos (Jo 11). […] A fé dada gratuitamente pelo Espírito Santo ultrapassa todas as forças humanas. Graças a ela, podemos dizer a esta montanha: «Muda-te daqui para acolá» e ela mudar-se-á (Mt 17,21).

Comentário do dia:
São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja
Catequese baptismal 5

Evangelho segundo S. Marcos 11,11-25.



Naquele tempo, Jesus, depois de ser aclamado pela multidão, entrou em Jerusalém e foi ao templo. Observou tudo à sua volta e, como já era tarde, saiu para Betânia com os Doze.
No dia seguinte, quando saíam de Betânia, Jesus sentiu fome.
Viu então de longe uma figueira com folhas e foi ver se encontraria nela algum fruto. Mas, ao chegar junto dela, nada encontrou senão folhas, pois não era tempo de figos.
Então, dirigindo-Se à figueira, disse: «Nunca mais alguém coma do teu fruto». E os discípulos escutavam.
Chegaram a Jerusalém. Quando Jesus entrou no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam: derrubou as mesas dos cambistas e os bancos dos vendedores de pombas
e não deixava ninguém levar nada através do templo.
E ensinava-os, dizendo: «Não está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos’? E vós fizestes dela um covil de ladrões».
Os príncipes dos sacerdotes e os escribas souberam disto e procuravam maneira de o fazer morrer. Mas temiam Jesus, porque toda a multidão andava entusiasmada com a sua doutrina.
Ao cair da noite, Jesus e os discípulos saíram da cidade.
Na manhã seguinte, ao passarem perto da figueira, os discípulos viram-na seca até às raízes.
Pedro recordou-se do que tinha acontecido na véspera e disse a Jesus: «Olha, Mestre. A figueira que amaldiçoaste secou».
Jesus respondeu: «Tende fé em Deus.
Em verdade vos digo: Se alguém disser a este monte: ‘Tira-te daí e lança-te no mar’, e não hesitar em seu coração, mas acreditar que se vai cumprir o que diz, assim acontecerá.
Por isso vos digo: Tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebestes e assim sucederá.
E quando estiverdes a orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que o vosso Pai que está nos Céus vos perdoe também as vossas faltas».

Livro de Salmos 149(148),1-2.3-4.5-6a.9b.



Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor na assembleia dos santos.

Alegre-se Israel em seu Criador, rejubilem os filhos de Sião em seu Rei.
Louvem o seu nome com danças, cantem ao som do tímpano e da cítara,

porque o Senhor ama o seu povo, coroa os humildes com a vitória.
Exultem de alegria os fiéis, cantem jubilosos em suas casas;
em sua boca os louvores de Deus.

Esta é a glória de todos os seus fiéis.



Livro de Eclesiástico 44,1.9-13.


Celebremos os louvores dos homens ilustres, dos nossos antepassados através das gerações.
Alguns houve que não deixaram lembrança, desapareceram como se não tivessem existido, passaram como se não tivessem nascido, tanto eles como os seus filhos.
Mas outros foram homens virtuosos e as suas boas obras não foram esquecidas.
Na sua descendência permanece a excelente herança que deles nasceu.
Os seus filhos são fiéis à aliança e, graças a eles, também os filhos dos seus filhos.
A sua descendência permanece para sempre e jamais se apagará a sua glória.

Santo do dia

Sexta-feira, dia 29 de Maio de 2015

Sexta-feira da 8ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : S. Félix de Nicósia, religioso, +1787, S. Fernando, rei de Leão e Castela, +1252



S. Félix de Nicósia

Nasceu em Nicosia, Sicília, no ano de 1715, de uma família pobre, mas animada de profunda fé e temor a Deus, unidos a uma grande laboriosidade. O pai começava o dia participando da missa e o encerrava com uma visita ao SS. Sacramento. A mãe, quando dava um pedaço de pão aos filhos, convidava-os a deixar um pouco para os pobres, educando-os desse modo, no amor aos mais necessitados. Félix com a idade de 20 anos pediu para ser admitido no convento dos frades Capuchinhos. Obteve resposta negativa. Mas não desistiu: rezou, implorou, pediu novamente até que, depois de sete anos de provas, em 1743, é admitido na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos.
Frei Félix não precisou de uma transformação no noviciado: pobreza, penitência, humildade, obediência, união com Deus na oração e no trabalho, toda uma vida animada e iluminada no amor de Deus e ao próximo, ele procurou viver também na vida religiosa, numa atmosfera franciscana.
Passou quarenta e três anos de vida religiose e gostava de se chamar “o jumentinho do convento”. Passava dia após dia pelas ruas e becos da cidade e pelas localidades próximas, com uma batina velha e remendada, os pés descalços, cabeça descoberta sob a chuva ou sol quente da Sicília, sacola nos ombros o terço nas mãos e o coração em Deus. Era afável e cordial com grandes e pequenos, ricos e pobres, autoridades e gente simples, tendo sempre uma palavra boa para todos, ora consolando, ora admoestando. Sempre agradecia com um alegre "Deo gratias" não só as esmolas, mas também as ofensas e repulsas. Frei Félix dedicava o dia ao apostolado e a noite às orações e penitências.
No fim de maio de 1787, adoece de uma febre forte e, no último dia do mês de Nossa Senhora, a quem tinha amado e venerado desde a infância, entrou na paz eterna.

Foi canonizado em 2005 pelo Papa Bento XVI

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S. Fernando, rei de Leão e Castela, +1252




S. Fernando

Fernando nasceu na vila de Valparaíso, em Zamora, Espanha, no dia 1o de agosto de 1198. Era filho do famoso Afonso IX de Leão, que reinou no século XII. Um rei que brilhou pelo poder, mas cujo filho o suplantou pela glória e pela fé. A mãe era Barenguela de Castela, que o educou dentro dos preceitos cristãos de amor incondicional a Deus e obediência total aos mandamentos da Igreja. Assim ele cresceu, respeitando o ser humano e preparando-se para defender sua terra e seu Deus.

Assumiu com dezoito anos o trono de Castela, quando já pertencia à Ordem Terceira Franciscana. Casou-se com Beatriz da Suábia, filha do rei da Alemanha, uma das princesas mais virtuosas de sua época, em 1219. Viúvo, em 1235, contraiu segundo matrimónio com Maria de Ponthieu, bisneta do rei Luís VIII, da França. Ao todo teve treze filhos, o filho mais velho foi seu sucessor e passou para a história como rei Afonso X, o Sábio, e sua filha Eleonor, do segundo casamento, foi esposa do rei Eduardo I da Inglaterra.

Essas uniões serviram para estabilizar a casa real de Leão e Castela com a realeza germânica, francesa e inglesa. Condizente com sua fé, evitou os embates, inclusive os diplomáticos, e aplacou revoltas só com sua presença e palavra, preferindo ceder em alguns pontos a recorrer à guerra. Sob seu reinado foram mudados os códigos civis, ficando mais brandos sob a tutela do Supremo Conselho de Castela, instituiu o castelhano como língua oficial e única, fundou a famosa Universidade de Salamanca e libertou sua nação do domínio dos árabes muçulmanos. Abrindo mão do tempo desperdiçado com novas conquistas, utilizava-o para fundar novas dioceses, erguer novas catedrais, igrejas, conventos e hospitais, sem recorrer a novos impostos, como dizem os registros e a história.

Em 1225, teve que pegar em armas contra os invasores árabes, mas levou em sua companhia o arcebispo de Toledo, para que o ajudasse a perseverar os soldados na fé. Queria, com a campanha militar, apenas reconquistar seus domínios e propagar o catolicismo. Vencida a batalha, com a expulsão dos muçulmanos, os despojos de guerra foram utilizados para a construção da belíssima catedral de Toledo. Durante seu reinado, cidades inteiras foram doadas às ordens religiosas, para que o povo não fosse oprimido pela ganância dos senhores feudais.

Com a morte do pai em 1230, foi coroado também rei de Leão. Em seguida, chefiou um pequeno exército, aos seus moldes, e reconquistou dos árabes ainda Córdova e Sevilha, depois do que edificou a catedral de Burgos. Pretendia lutar na África da mesma forma, mas foi acometido de uma grave doença. Morreu aos cinquenta e três anos, depois de despedir-se da família, dos amigos e companheiros, no dia 30 de maio de 1252, em Sevilha.

Imediatamente, o seu culto surgiu e se propagou rapidamente por toda a Europa, com muitas graças atribuídas à sua intercessão. Foi canonizado pelo papa Clemente X, em 1671, após a comprovação de que seu corpo permaneceu incorrupto. São Fernando III é venerado, no dia de sua morte, como padroeiro da Espanha.



quinta-feira, 28 de maio de 2015

A nossa cegueira




«Ele gritava cada vez mais»

Que todo o homem que conhece as trevas que fazem dele um cego [...] grite a plenos pulmões: «Jesus filho de David, tem misericórdia de mim!» Mas ouçamos também o que se segue aos gritos do cego: «Os que iam à frente repreendiam-no para o fazer calar» (Lc 18,39). Quem são estes? Eles estão ali para representar os desejos da nossa condição neste mundo, promotores de confusão, os vícios do homem e o seu tumulto, que, querendo impedir a vinda de Jesus a nós, perturbam o nosso pensamento semeando nele a tentação, e querem abafar a voz do nosso coração que ora. Com efeito, acontece frequentemente que a nossa vontade de nos virarmos de novo para Deus [...], o nosso esforço para afastarmos os nossos pecados através da oração, é contrariado pela sua imagem; a vigilância do nosso espírito afrouxa ao seu contacto, eles semeiam a confusão no nosso coração, sufocam o grito das nossas preces. [...]


Que fez então este cego para receber a luz mau-grado estes obstáculos? «Ele gritava cada vez mais: 'Filho de David, tem misericórdia de mim!'» [...] Sim, quanto mais o tumulto dos nossos desejos nos acabrunhar, mais insistente deve ser a nossa prece. [...] Quanto mais abafada for a voz do nosso coração, mais vigorosamente ela deve insistir até se sobrepor ao tumulto dos pensamentos invasores e tocar o ouvido fiel do Senhor. Creio que todos nos reconheceremos nesta imagem: no momento em que nos esforçamos por desviar o nosso coração deste mundo para o reencaminhar para Deus [...], são muitos os importunos que pesam sobre nós e que temos de combater. É um enxame que o desejo de Deus tem dificuldade em afastar dos olhos do nosso coração. [...] Mas, persistindo vigorosamente na oração, deteremos no espírito Jesus que passa. Donde a narração do Evangelho: «Jesus parou e mandou que o trouxessem até Ele» (v.40)

Comentário do dia:

São Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho n°2; PL 76, 1081



Evangelho segundo S. Marcos 10,46-52.


Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho.
Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim».
Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim».
Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te».
O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus.
Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?». O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja».
Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.

Livro de Eclesiástico 42,15-26.


Vou recordar as obras do Senhor e narrar tudo o que vi. Pela palavra do Senhor existem as suas obras, todas cumprem o desígnio da sua vontade.
O sol contempla todas as coisas que ilumina e a obra do Senhor está cheia da sua glória.
Não é possível aos santos do Senhor descrever todas as suas maravilhas. O Senhor todo-poderoso consolidou o universo, para que se manifeste na sua glória.
Ele sonda o abismo e o coração e penetra nos seus mais íntimos segredos.
Porque o Altíssimo possui toda a ciência e vê claro nos sinais dos tempos. Ele anuncia o passado e o futuro e revela os mistérios escondidos.
Nenhum pensamento Lhe passa despercebido e nem uma só palavra se Lhe pode esconder.
Dispôs harmoniosamente as maravilhas da sua sabedoria, porque só Ele existe desde sempre e para sempre.
Nada Lhe pode ser acrescentado nem tirado, nem precisa de nenhum conselheiro.
Como são belas todas as suas obras, apesar de não entrevermos senão uma centelha!
Todas vivem e permanecem para a eternidade e em todas as circunstâncias Lhe obedecem.
Todas as coisas seguem duas a duas, lado a lado; porque Ele nada fez incompleto.
Cada uma contribui para o bem da outra. Quem se cansará de contemplar a sua glória?

Livro de Salmos 33(32),2-3.4-5.6-7.8-9.


Louvai o Senhor com a cítara,
cantai-Lhe salmos ao som da harpa.
Cantai-Lhe um cântico novo,
cantai-Lhe com arte e com alma.

A palavra do Senhor é reta,
da fidelidade nascem as suas obras.
Ele ama a justiça e a retidão:
a terra está cheia da bondade do Senhor.

A palavra do Senhor criou os céus,
o sopro da sua boca os adornou.
Foi Ele quem juntou as águas do mar
e distribuiu pela terra os oceanos.

A terra inteira tema ao Senhor,
reverenciem-n’O todos os habitantes do mundo,
Ele disse e tudo foi feito,
Ele mandou e tudo foi criado.
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Santo do dia



Santo do dia : Santa Maria Ana de Paredes, virgem, +1645, S. Germano, bispo de Paris, +576
Santa Maria Ana de Paredes

Santa Maria Ana de Paredes nasceu em Quito, Equador, no dia 31 de Outubro de 1618. Órfã de pai aos quatro anos e de mãe dois anos mais tarde. Foi educada pela irmã mais velha. Jovem ainda, foi iniciada nos Exercícios de Santo Inácio de Loyola. Por várias vezes tentou abraçar a vida religiosa, quer como missionária no meio aos índios, quer como reclusa em algum convento. Por fim, foi apoiada pelos irmãos, que lhe deram alguns aposentos da casa, que Santa Maria Ana transformou em clausura. Passou ali a vida inteira recolhida, dedicando-se à penitência e à oração, saindo apenas para assistir à missa e para ajudar os pobres, os necessitados e consolar os infelizes. Em 1645, ofereceu a sua vida pelas vítimas da epidemia que assolava a cidade de Quito. Caindo gravemente enferma, morreu nesse mesmo ano. Foi canonizada por Pio XII, em 1950. É a primeira santa do Equador. Foi proclamada também heroína nacional.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Festa de Todos os Santos


«Eis que subimos a Jerusalém»

Senhor, Pai Santo, Deus eterno e omnipotente,

é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação

dar-Vos graças, sempre e em toda a parte.

Hoje nos dais a alegria de celebrar a cidade santa,

a nossa mãe, a Jerusalém celeste,

onde a assembleia dos Santos, nossos irmãos,

glorifica eternamente o vosso nome.

Peregrinos dessa cidade santa,

para ela caminhamos na fé e na alegria,

ao vermos glorificados os ilustres filhos da Igreja,

que nos destes como exemplo e auxílio para a nossa fragilidade.

Por isso, com todos os anjos e Santos,

proclamamos a vossa glória,

cantando numa só voz:

Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus do Universo!

Comentário do dia:

Missal Romano
Prefácio da Festa de Todos os Santos




Evangelho segundo S. Marcos 10,32-45.


Naquele tempo, Jesus e os discípulos subiam a caminho de Jerusalém. Jesus ia à sua frente. Os discípulos estavam preocupados e aqueles que os acompanhavam iam com medo. Jesus tomou então novamente os Doze consigo e começou a dizer-lhes o que Lhe ia acontecer:
«Vede que subimos para Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Vão condená-l’O à morte e entregá-l’O aos gentios;
hão-de escarnecê-l’O, cuspir-Lhe, açoitá-l’O e dar-Lhe a morte. Mas ao terceiro dia ressuscitará».
Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir».
Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?».
Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».
Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?».
Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis batizados com o batismo com que Eu vou ser batizado.
Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado».
Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder.
Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo,
e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos;
porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».

Livro de Salmos 79(78),8.9.11.13.


Não recordeis, Senhor, contra nós
as culpas dos nossos pais.
Corra ao nosso encontro a vossa misericórdia,
porque somos tão miseráveis.

Ajudai-nos, ó Deus, nosso salvador,
para glória do vosso nome.
Salvai-nos e perdoai os nossos pecados,
para glória do vosso nome.

Chegue à vossa presença, Senhor,
o gemido dos cativos;
pela omnipotência do vosso braço,
libertai os condenados à morte.

E nós, vosso povo,
ovelhas do vosso rebanho,
louvar-Vos-emos para sempre
e de geração em geração cantaremos a vossa glória.


Livro de Eclesiástico 36,1-2a.5-6.13-19.

Tende compaixão de nós, Deus do universo, e mostrai-nos a luz da vossa misericórdia
Infundi o vosso temor sobre todas as nações,
para que reconheçam, como nós reconhecemos, que não há outro Deus senão Vós, Senhor.
Renovai os vossos milagres e fazei novos prodígios,
reuni todas as tribos de Jacob e dai-lhes de novo a herança, como no princípio.
Tende compaixão do povo chamado pelo vosso nome, de Israel que chamaste primogénito.
Tende misericórdia da cidade do vosso santuário, de Jerusalém, o lugar onde habitais.
Enchei Sião com a vossa majestade e o templo com a vossa glória.
Dai testemunho das vossas primeiras criaturas e realizai as profecias feitas em vosso nome.
Dai a recompensa aos que em Vós esperam, para que sejam acreditados os vossos profetas. Ouvi a oração dos vossos servos,
por amor do vosso povo, e conduzi-nos pelos caminhos da justiça, e saibam todos os habitantes da terra que Vós sois o Senhor, o Deus dos séculos.

Santo do dia

Quarta-feira, dia 27 de Maio de 2015

Quarta-feira da 8ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santo Agostinho de Cantuária, bispo, +605



Santo Agostinho de Cantuária

Santo Agostinho de Cantuária viveu no século VI. Em 597, São Gregório Magno enviou-o, com mais 40 monges, como missionários para a Inglaterra. Chegados a Lerins, ficaram de tal modo intimidados com o que se dizia dos saxões que pediram ao Papa que mudasse os planos. São Gregório, para incentivar Santo Agostinho, nomeou-o abade e deu-lhe cartas de recomendação. Pouco tempo depois, nomeou-o bispo. Ao contrário do que imaginavam, foram bem recebidos pelo rei Etelberto. Receberam como residência na cidade de Cantuária ou Canterbury, uma capela que será, mais tarde, a abadia de Santo Agostinho, necrópole dos soberanos e dos bispos de Kent. Etelberto fez-se baptizar e com ele muitas outras pessoas se converteram ao cristianismo. Santo Agostinho foi nomeado então arcebispo primaz da Inglaterra, consolidando assim o cristianismo nessa nação. Santo Agostinho de Cantuária partiu para o paraíso no ano de 605.




terça-feira, 26 de maio de 2015

Amor fraterno


«Neste tempo já, o cêntuplo; e no mundo que há-de vir, a vida eterna»

Estas doutrinas [sociais da Igreja] poderiam diminuir a distância que o orgulho se compraz em manter entre ricos e pobres, mas a simples amizade é ainda muito pouco: quando se obedece aos preceitos do cristianismo, é no amor fraterno que se opera a união. Em qualquer dos casos, sabe-se e compreende-se que todos os homens têm origem em Deus, seu Pai comum; que Deus é o seu fim único e comum, e que só Ele é capaz de comunicar aos anjos e aos homens uma felicidade perfeita e absoluta. Todos eles foram igualmente resgatados por Jesus Cristo e restabelecidos por Ele na sua dignidade de filhos de Deus, e assim um verdadeiro laço de fraternidade os une, quer entre eles, quer a Cristo, seu Senhor que é «o primogénito de muitos irmãos» (Rom 8,29). Saberão enfim que todos os bens da natureza, todos os tesouros da graça, pertencem em comum e indistintamente a todo o género humano, e que só os indignos são deserdados dos bens celestes: «Se sois filhos, sois também herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Jesus Cristo» (Rom 8,17).

Comentário do dia:

Leão XIII (1810-1903), papa
Encíclica Rerum Novarum, 21

Evangelho segundo S. Marcos 10,28-31.


Naquele tempo, Pedro começou a dizer a Jesus: «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir».
Jesus respondeu: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho,
receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna.
Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos serão os primeiros».

Livro de Salmos 50(49),5-6.7-8.14.23.


Reuni os meus fiéis,
que selaram a minha aliança com um sacrifício.
Os céus proclamam a sua justiça:
o próprio Deus vem julgar.

Ouve, meu povo, que Eu vou falar,
contra ti vou testemunhar:
Não é pelos sacrifícios que Eu te repreendo,
os teus holocaustos estão sempre na minha presença.

Oferece a Deus sacrifícios de louvor
e cumpre os votos feitos ao Altíssimo.
Honra-Me quem Me oferece um sacrifício de louvor,
a quem segue o caminho reto darei a salvação de Deus.


Livro de Eclesiástico 35,1-15.


Cumprir a lei equivale a muitas oferendas,
ser fiel aos mandamentos é um sacrifício de salvação.
Dar graças é uma oblação de flor de farinha
e a esmola é um sacrifício de louvor.
O que mais agrada ao Senhor é desviar-se do mal, afastar-se da injustiça é um sacrifício de expiação.
Não te apresentes diante do Senhor de mãos vazias,
todos estes sacrifícios se oferecem porque são mandados por Deus.
A oferenda do justo enriquece o altar e o seu agradável perfume sobe à presença do Altíssimo.
O sacrifício do justo é agradável ao Senhor e o seu memorial não será esquecido.
Dá glória ao Senhor com generosidade e não sejas mesquinho nas primícias que ofereces.
Em todas as tuas oferendas mostra um rosto alegre e consagra o dízimo de boa vontade.
Dá ao Altíssimo conforme Ele te deu, com generosidade, segundo as tuas posses.
Porque o Senhor sabe retribuir e te dará sete vezes mais.
Não tentes suborná-l’O com presentes, porque não os aceitará.
Nem confies num sacrifício injusto, porque o Senhor é juiz e não faz aceção de pessoas.

Santo do dia

Terça-feira, dia 26 de Maio de 2015

Terça-feira da 8ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : S. Filipe Néri, presbítero,fundador, +1595

S. Filipe Neri

Neste dia recordamos a santidade de vida do Santo da Alegria, que encantou a Igreja com seu jeito criativo e excêntrico de viver o Evangelho. Nascido em 1515, São Filipi Néri, foi morar com um tio negociante, que colocou diante de seus olhos a proposta de assumir os empreendimentos, mas acolheu as proposta do Senhor que eram bem outras.
Ao ir para Roma estudou Filosofia e Teologia, sem pensar no sacerdócio. Sendo um homem de caridade, vendeu toda a sua biblioteca e deu tudo aos pobres; visitava as catacumbas tinha devoção aos mártires e tudo fazia para ganhar os jovens para Deus, já que era afável, modesto e alegre, por isso fundou ainda como leigo, a irmandade da Santíssima Trindade.
São Filipe Néri que muito acolhia peregrinos em Roma, foi dócil em acolher o chamamento ao sacerdócio que o despertou para as missões nas Índias, porém, o seu Bispo esclareceu-lhe que a sua Índia era Roma. Como Santo da Jovialidade, simplicidade infantil e confiança na Divina Providência, Filipe fundou a Congregação do Oratório; foi vítima de calúnias; esquivou-se de ser cardeal, mas não da Salvação das Almas e do seu lema: Pecados e melancolia estejam longe de minha casa.


segunda-feira, 25 de maio de 2015

A pergunta do jovem rico




«Mas, então, quem pode salvar-se?»

Em resposta à pergunta do jovem rico, Jesus tinha revelado como se podia aceder à vida eterna. Mas o jovem, entristecido com a ideia de ter de abandonar as suas riquezas, foi-se embora. E Jesus declarou: «É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus.» Então Pedro, que se despojara de tudo, renunciando à sua profissão e à sua barca, que já não possuía sequer um anzol, aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe: «Quem pode, então, salvar-se?»


Repara na reserva mas também no zelo deste discípulo. Ele não diz: «Tu ordenas impossíveis, essa ordem é demasiado difícil, essa lei é demasiado exigente.» E também não se cala. Mas, sem faltar ao respeito e mostrando que estava atento aos outros, pergunta: «Quem pode, então, salvar-se?» É que, muito antes de ser pastor, já ele tinha alma de pastor; antes de ser investido de autoridade [...], já se preocupava com a terra inteira. Um rico teria provavelmente feito essa pergunta por interesse, preocupado com a sua situação pessoal e sem pensar nos outros. Mas Pedro, que era pobre, não pode ser suspeito de ter feito a sua pergunta por esses motivos, mas porque se preocupava com a salvação dos outros, e queria aprender do Mestre como alcançá-la.


Daí a resposta encorajadora de Cristo: «Aos homens é impossível, mas a Deus não; pois a Deus tudo é possível.» Querendo dizer: «Não penseis que vos deixo ao abandono. Eu próprio vos assistirei em assunto tão importante, e tornarei fácil o que é difícil.»

Comentário do dia:

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja
Homilia sobre o devedor de dez mil talentos,3; PG 51, 21



Evangelho segundo S. Marcos 10,17-27.



Naquele tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou: «Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?».
Jesus respondeu: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus.
Tu sabes os mandamentos: ‘Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe’».
O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude».
Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me».
Ao ouvir estas palavras, o homem ficou abatido e retirou-se pesaroso, porque era muito rico.
Então Jesus, olhando à sua volta, disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!».
Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus!
É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus».
Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se
?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível».

Livro de Salmos 32(31),1-2.5.6.7.


Feliz daquele a quem foi perdoada a culpa
e absolvido o pecado.
Feliz o homem a quem o Senhor não acusa de iniquidade
e em cujo espírito não há engano.

Confessei-vos o meu pecado
e não escondi a minha culpa.
Disse: Vou confessar ao Senhor a minha falta
e logo me perdoastes a culpa do pecado.

Por isso a Vós se dirige todo o fiel
no tempo da tribulação.
Quando transbordarem as águas caudalosas,
só a ele não hão-de atingir.

Vós sois o meu refúgio, defendei-me dos perigos,
fazei que à minha volta só haja hinos de vitória.

Livro de Eclesiástico 17,20-28.


O Senhor permite que voltem para Ele os que se arrependem e reconforta aqueles que tinham perdido a esperança.
Converte-te ao Senhor e abandona o pecado,
ora na sua presença e atenua assim a tua ofensa.
Volta-te para o Altíssimo e afasta-te da injustiça e detesta profundamente a iniquidade.
Conhece a justiça e os juízos de Deus e permanece constante na oferenda e na oração ao Deus Altíssimo.
Quem louvará o Altíssimo na morada dos mortos, em lugar dos vivos e de todos os que O glorificam?
Anda na companhia do povo santo com aqueles que vivem e proclamam a glória de Deus. Não te detenhas no erro dos ímpios, louva o Senhor antes da tua morte; o morto, como se não existisse, deixa de O louvar.
Louva o Senhor enquanto viveres, louva-O enquanto tens vida e saúde, louva a Deus e glorifica-O pela sua misericórdia.
Como é grande a misericórdia do Senhor e o seu perdão para os que a Ele se convertem!

Santo do dia

Segunda-feira, dia 25 de Maio de 2015

Segunda-feira da 8ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santa Maria Madalena de Pazzi, virgem, +1607, S. Beda, o Venerável, Doutor da Igreja, +735, S. Gregório VII, papa, +1085



Santa Maria Madalena de Pazzi

Nasceu em Florença, Itália, em 1566, de uma família distinta e foi batizada com o nome de Catherine. Foi educada no Convento de São João em Florença. Foi compelida a casar-se pelo seu pai, mas recusou-se e, com a idade de 16 anos, entrou para a Ordem das Carmelitas Descalças no Convento de Santa Maria do Anjos, em Florença, em 1582. Quando recebeu o hábito, ela escolheu o nome de Maria Madalena.

Ocupou vários cargos no convento: era extremamente capaz e por algumas vezes tornou-se Madre Superiora. Seriamente doente, experimentou vários êxtases. Após recuperar a sua saúde, praticava extremas mortificações e experimentou anos de forte consolação espiritual. Suas irmãs copiavam o que ela dizia durante os êxtases e as Atas desses êxtases foram mais tarde publicados. Eles guardam o espirito da beleza de sua vida.

Maria Madalena encontrou sua vocação na reforma de todos os estados da vida da Igreja para a conversão de todos os homens. Acreditava que o sofrimento levaria a um profundo plano espiritual e ajudaria a salvar uma alma. Maria Madalena tem a reputação de ter tido o dom da profecia, ler as mentes e fazer várias curas milagrosas durante a sua vida. Morreu em 25 de maio de 1607.
Foi canonizada em 1669 pelo Papa Clemente IX.
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S. Beda, o Venerável

Todas as informações que temos sobre o extraordinário Beda, foram escritas por ele mesmo no livro "História da Inglaterra", um dos raros e mais completos registos da formação do povo inglês antes do século VIII, narradas assim:

" Eu, Beda, servo de Cristo e sacerdote, e monge do mosteiro de São Pedro e São Paulo, da Inglaterra, nasci neste país. Aos sete anos fui levado ao mosteiro para ser educado pelos monges. Desde então passei toda a minha vida no mosteiro, e me dediquei sobretudo ao estudo da Sagrada Escritura. Além de cantar e rezar na Igreja, a minha maior alegria foi poder dedicar-me a aprender, a ensinar e a escrever. Aos dezenove anos fui ordenado diácono e aos trinta sacerdote. Todos os momentos livres dediquei-os à busca de explicações da Sagrada Escritura, especialmente extraídas dos escritos dos Santos Padres".

Além desses dados podemos acrescentar ainda, com segurança, que Beda nasceu no ano 672, tendo sido educado e orientado espiritualmente pelo próprio São Bento Biscop, abade do mosteiro, que impressionado com os seus dons e inteligência tratava-o como se fosse seu filho na cidade de Wearmouth.

Cedo, Beda percebeu que um sermão podia ser ouvido por apenas algumas pessoas, mas podia ser lido por milhares delas e por muitos séculos. Por isso ele desejou escrever, e escreveu muito, sem se cansar, com cuidado no seu conteúdo e estilo, resultando em livros agradáveis à leitura, verdadeiras obras literárias, sobre os mais variados temas desde o teológico ao intelectual.

Ao todo foram sessenta obras sobre: teologia, filosofia, cronologia, aritmética, gramática, astronomia, música e até medicina. Mas Beda gostava de aprender, por isso pesquisava e estudava; e gostava também de ensinar, por isso escrevia e dava aulas. Atraídos pela linguagem simples, encantadora e acessível, ajudou a formar várias gerações de monges que eram dirigidos nos ensinamentos de Deus, por meio dessas matérias.

O Papa Gregório II chamou-o a Roma, para tê-lo como seu auxiliar, mas Beda implorou permanecer na solidão do mosteiro, onde ficou até aos últimos momentos da sua vida. Só saiu por poucos dias para estabelecer as bases da Escola de York, na qual depois estudou e se formou o famoso mestre Alcuíno, fundador da primeira universidade de Paris.

Ainda em vida era chamado de "Venerável Beda", ou "Beda o Venerável". Morreu com sessenta e três anos, na paz do seu mosteiro, no dia 25 de maio de 735 em Jarrow, Inglaterra. Muitos séculos depois, pelo imensurável serviço prestado à Igreja, o Papa Leão XIII, em 1899, proclamou-o Santo e Doutor da Igreja. São Beda, único Santo inglês que possui o título de Doutor da Igreja, é celebrado no dia 25 de maio.
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S. Gregório VII

Hildebrando nasceu numa família pobre na cidade de Soana, na Toscana, Itália, em 1020. Desde jovem o atraía a solidão, por isso foi para o mosteiro de Cluny e se tornou monge beneditino. Depois estudou em Laterano, onde se destacou pela inteligência e a firmeza na fé. Galgou a hierarquia eclesiástica e foi consagrado cardeal.

Tornou-se o auxiliar directo dos papas Leão IX e Alexandre II, alcançando respeito e enorme prestígio no colégio cardinalício. Assim, quando faleceu o papa Alexandre II, em 1073, foi aclamado papa pelo povo e pelo clero. Assumiu o nome de Gregório VII e deu início à luta incansável para implantar a reforma, importantíssima para a Igreja, conhecida como “gregoriana”.

Há tempos que a decadência de costumes atingia o próprio cristianismo. A mistura do poder terreno com os cargos eclesiásticos fazia enorme estrago no clero. Príncipes e reis movidos por interesses políticos nomeavam bispos, vigários e abades de forma arbitrária.

Desse modo, acabavam designando pessoas despreparadas e muitas vezes indignas de ocupar tais cargos. Reinavam as incompetências, os escândalos morais e o esbanjamento dos bens da Igreja.

Apoiado por Pedro Damião, depois santo e doutor da Igreja, o papa Gregório VII colocou-se firme e energicamente contra a situação. Claro que provocou choques e represálias dos poderosos, principalmente do arrogante imperador Henrique IV, o qual continuou a conferir benefícios eclesiásticos a candidatos indesejáveis.

O papa não teve dúvidas: excomungou o imperador. Tal foi a pressão sobre Henrique IV, que o tirano teve de humilhar-se e pedir perdão, em 1077, para anular a excomunhão, num evento famoso que ficou conhecido como “o episódio de Canossa”.

Mas o pedido de clemência era uma bem elaborada jogada política. Pouco tempo depois, o imperador saboreou sua vingança, depondo o papa Gregório VII e nomeando um antipapa, Clemente III. Mesmo assim o papa Gregório VII continuou com as reformas, enfrentando a ira do governante. Foi então exilado em Salerno, onde morreu mártir de suas reformas no dia 25 de maio de 1085, com sessenta e cinco anos.

Passou para a história como o papa da independência da Igreja contra a interferência dos poderosos políticos. Sua última frase, à beira da morte, sem dúvida retrata a síntese de sua existência: “Amei a justiça, odiei a iniquidade e, por isso, morro no exílio”.

Muitos milagres foram atribuídos à intercessão de papa Gregório VII, que teve seu culto autorizado pelo papa Paulo V em 1606.











domingo, 24 de maio de 2015

As maravilhas de Deus




«Todos nós ouvimos proclamar as maravilhas de Deus, nas nossas línguas»

Vimos com alegria, meus irmãos, erguer-se este dia do Pentecostes, em que a Santa Igreja resplandece aos olhos dos fiéis e incendeia os seus corações. E celebramos este dia em que Nosso Senhor Jesus Cristo, depois da sua ressurreição e da glória da sua ascensão, enviou o Espírito Santo. [...]


Este sopro purificou os corações da sua palha carnal; este fogo consumiu o feno da antiga cobiça; e estas línguas que os Apóstolos falavam, cheios do Espírito Santo, prefiguravam a difusão da Igreja por todas as nações. Assim como, depois do dilúvio, a impiedade dos homens edificou uma grande torre contra o Senhor e o género humano mereceu ser dividido por línguas diferentes de modo que cada nação falava a sua própria língua sem ser compreendida pelas outras (Gn 11), assim também a piedade humilde dos crentes trouxe para a Igreja a diversidade dessas línguas. Deste modo, o que a discórdia tinha dispersado, a caridade o congregaria, e os membros dispersos do único género humano seriam ligados entre si e com Cristo, o único Chefe, e seriam fundidos pelo fogo do amor na unidade deste Santíssimo Corpo. [...]


Meus irmãos, membros do Corpo de Cristo, sementes de unidade, filhos da paz, passai este dia na alegria, celebrai-o em tranquilidade. Pois o que era anunciado nos dias em que veio o Espírito Santo se realiza hoje em nós. Cada um dos que recebeu então o Espírito Santo falava todas as línguas. Hoje, a unidade da Igreja espalhada entre todos os povos fala todas as línguas, e é no seio desta unidade que possuís o Espírito Santo, vós que não estais separados por qualquer cisma da Igreja de Cristo, que fala todas as línguas.

Comentário do dia:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermão 271; ed. dos Mauristas 5, 1102-1103

Evangelho segundo S. João 15,26-27.16,12-15.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim.
E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.
Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis suportar por agora.
Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos conduzirá à verdade plena, porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há-de vir.
Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará.
Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que receberá do que é meu e vo-lo anunciará».


Carta aos Gálatas 5,16-25.


Irmãos: Deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os desejos da carne.
Na verdade, a carne tem desejos contrários aos do Espírito, e o Espírito desejos contrários aos da carne; são dois princípios antagónicos, e por isso não fazeis o que quereis;
mas se vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sujeitos à Lei.
As obras da carne são bem conhecidas: luxúria, imoralidade, libertinagem,
idolatria, feitiçaria, inimizades, ciúmes, discórdias, ira, rivalidades, dissensões, facciosismos,
invejas, embriaguez, orgias e coisas semelhantes a estas, sobre as quais vos previno, como já vos disse: os que praticam estas ações não herdarão o reino de Deus.
Pelo contrário, os frutos do Espírito são: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, temperança. Contra coisas como estas não há lei.
Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne com as suas paixões e apetites.
Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também segundo o Espírito.

Livro de Salmos 104(103),1ab.24ac.29bc-30.31.34.


Bendiz, ó minha alma, o Senhor.
Senhor, meu Deus, como sois grande!
Como são grandes, Senhor, as vossas obras!
A terra está cheia das vossas criaturas.

Se lhes tirais o alento, morrem
e voltam ao pó donde vieram.
Se mandais o vosso espírito, retomam a vida
e renovais a face da terra.

Glória a Deus para sempre!
Rejubile o Senhor nas suas obras.
Grato Lhe seja o meu canto,
e eu terei alegria no Senhor.


Livro dos Actos dos Apóstolos 2,1-11.


Quando chegou o dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam todos reunidos no mesmo lugar.
Subitamente, fez-se ouvir, vindo do Céu, um rumor semelhante a forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam.
Viram então aparecer uma espécie de línguas de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles.
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que se exprimissem.
Residiam em Jerusalém judeus piedosos, procedentes de todas as nações que há debaixo do céu.
Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou muito admirada, pois cada qual os ouvia falar na sua própria língua.
Atónitos e maravilhados, diziam: «Não são todos galileus os que estão a falar?
Então, como é que os ouve cada um de nós falar na sua própria língua?
Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia,
da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia, vizinha de Cirene, colonos de Roma,
tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes, ouvimo-los proclamar nas nossas línguas as maravilhas de Deus».

Santo do dia

Domingo, dia 24 de Maio de 2015

SOLENIDADE DE PENTECOSTES - Ano B


Festa da Igreja : Domingo de Pentecostes (semana I do saltério)Nossa Senhora Auxiliadora
Santo do dia : Santa Joana Antida Thouret, virgem, +1826




Pentecostes



O tema deste Domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.

O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até à últimas consequências.

Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.

Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.


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Nossa Senhora Auxiliadora



A DEVOÇÃO A MARIA AUXILIADORA



A devoção a Nossa Senhora Auxiliadora, tem seu começo em datas muito remotas, nascida no coração de pessoas piedosas que espalharam ao seu redor a devoção mariana. Assim a Mãe de Deus foi sempre conhecida como condutora da felicidade de todo ser humano. E Maria, sempre esteve junto ao povo, sobretudo do povo simples que não sofre as complicações que contornam e desfazem, muitas vezes, a vida humana, mas que é levado pelas emoções e certezas apontadas pela simplicidade do coração.

Em 1476, o Papa Sisto IV deu o nome de “Nossa Senhora do Bom Auxílio” a uma imagem do século XIV-XV, que havia sido colocada em uma Capelinha, onde ele se refugiou, surpreendido durante o caminho, com um perigoso temporal. A imagem tem um aspecto muito sereno, e o símbolo do ‘auxílio’ é representado pela meiguice do Menino segurando o manto da Mãe.

Com o correr dos anos, entre 1612 e 1620, a devoção mariana cresceu, graças aos Barnabitas, em torno de uma pequena tela de autoria de Scipione Pulzone, representando aspectos de doçura, de abandono confiante, de segurança entre o Menino e sua santa Mãe. A imagem ficou conhecida como “Mãe da Divina Providência”. Esta imagem tornou-se como que meta para as peregrinações de muitos devotos e também para muitos Papas e até mesmo para João Paulo II. Devido ao movimento cristão em busca dos favores e bênçãos de Nossa Senhora e de seu Filho, o Papa Gregório XVI, em 1837, deu-lhe o nome de “AUXILIADORA DOS CRISTÃOS”. O Papa Pio IX, há pouco tempo eleito, também se inscreveu no movimento e diante desta bela imagem, ele celebrou a Missa de agradecimento pela sua volta do exílio de Gaeta.

Mais tarde também foi criada a ‘Pia União de Maria Auxiliadora’, com raízes em um bonito quadro alemão.

E chega o ano de 1815: Nasce aquele que será o grande admirador, grande filho, grande devoto da Mãe de Deus e propagador da devoção a Maria Auxiliadora, o Santo dos jovens: SÃO JOÃO BOSCO. Neste ano era também celebrado o Congresso de Viena e foi a época em que, com a queda do Império Napoleônico, começa a Reestruturação Européia com restabelecimento dos reinos nacionais e das suas monarquias dinásticas

Em 1817, o Papa Pio VII benzeu uma tela de Santa Maria e conferiu-lhe o título de “MARIA AUXILIUM CHRISTIANORUM”.

Os anos foram se sucedendo e o rei Carlo Alberto, foi a cabeça do movimento em prol da unificação da Itália, e ao mesmo tempo, os atritos entre Igreja e Estado, deram lugar a uma forte sensibilização política, com atitudes suspeitas para com a Igreja. E como não podia deixar de ser, Dom Bosco, lutador e defensor insigne da Igreja de Cristo, ficou sendo mira forte do governo e foi até obrigado a fugir de alguns atentados. Sim, tinha de fato inimigos que não viam bem sua postura positiva a favor da Igreja e nem tão pouco a emancipação da classe pobre, defendida tenazmente pelo Santo.

Pio IX, então cabeça da Igreja, manifestou-se logo a favor de uma devoção pessoal para com a Auxiliadora e quando este sofrido Pontífice esteve no exílio, o nosso Santo lhe enviou 35 francos, recolhidos entre seus jovens do oratório. O Papa ficou profundamente comovido com esta atitude e conservou uma grande lembrança deste gesto de afeto de D.Bosco e da generosidade dos rapazes pobres.

E continuam muitas lutas políticas, desavenças, lutas e rixas entre Igreja e Estado. Mas a 24 de maio, em Roma, o Papa Pio IX preside uma grandiosa celebração em honra de Maria Auxiliadora, na Igreja de Santa Maria. E em 1862, houve uma grandiosa organização especificamente para obter da Auxiliadora, a proteção para o Papa diante das perseguições políticas que ferviam cada vez mais, em detrimento para a Igreja de Jesus Cristo.

Nestes momentos particularmente críticos, entre 1860-1862 para a Igreja, vemos que D.Bosco toma uma opção definitiva pela AUXILIADORA, título este que ele decide concentrar a devoção mariana por ele oferecida ao povo. E justamente em 1862, ele tem o “Sonho das Duas Colunas” e no ano seguinte seus primeiros acenos para a construção do célebre e grandioso Santuário de Maria Auxiliadora. E esta devoção à Mãe de Deus, desde então se expandiu imediata e amplamente.

Dom Bosco ensinou aos membros da família Salesiana a amarem Nossa Senhora, invocando-a com o título de AUXILIADORA. Pode-se afirmar que a invocação de Maria como título de Auxiliadora teve um impulso enorme com Dom Bosco. Ficou tão conhecido o amor do Santo pela Virgem Auxiliadora a ponto de Ela ser conhecida também como a "Virgem de Dom Bosco".

Escreveu o santo: “A festa de Maria Auxiliadora deve ser o prelúdio da festa eterna que deveremos celebrar todos juntos um dia no Paraíso".


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Santa Joana Antida Thouret, virgem, +1826




Joana Antida Thouret nasceu perto de Besançon, na França, no dia 27 de novembro de 1765. Francisco e Cláudia eram seus pais, tiveram quatro filhos e ela foi a primeira. Joana cresceu muito bonita, de natureza melancólica, tinha a saúde delicada, um caráter gentil e era muito caridosa. Desde a infância manifestou sua vocação religiosa.
Tinha vinte e dois anos de idade, quando foi fazer seu noviciado no Convento das Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo, em Paris.
Naquela época era normal a noviça ser submetida aos trabalhos pesados da comunidade. Assim foi com Joana que, em função da mudança de clima e do grande esforço físico, acabou adoecendo gravemente. Temendo ser enviada de volta para a casa paterna, rezou muito pedindo a Deus para cura-la. Foi atendida através de uma dedicada enfermeira que a tratou com medicação especial. Em 1788 recebeu o hábito religioso das vicentinas.
Depois disso, Joana andou pelo mundo pregando a palavra de Deus, fazendo caridade, tratando dos doentes, mas principalmente sendo perseguida. Havia estourado a Revolução na França, o clima anticlerical tornava a vida dos religiosos um verdadeiro terror. Muitos sacerdotes, religiosos e fiéis a Igreja foram denunciados, perseguidos, torturados e condenados à morte por guilhotina.
Em 1797 se fixou em Besançon, onde fundou uma escola para meninas, mas sem deixar de cuidar dos enfermos. Entretanto os revolucionários descobriram-na e teve de se esconder por dois anos. Em 1799 pôde retornar e junto com quatro religiosas fundou outra escola com farmácia, formando o primeiro núcleo do Instituto das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Logo as discípulas de Joana Antida aumentaram e a nova congregação se expandiu pela França, Suíça, Sabóia e Nápoles.
Depois disto, em 1810, foi enviada para assumir a direção de um grande hospital de Nápoles. Nesta cidade, Joana Antida passou a última etapa de sua vida, onde empreendeu intensa atividade abrindo muitos institutos, desenvolvendo assim sua congregação. A fundadora morreu no dia 24 de agosto de 1826, no seu convento de Nápoles, rodeada por suas religiosas. O Papa Pio XI canonizou-a em 1934.



sábado, 23 de maio de 2015

«Vossa sou, para Vós nasci»




«Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha, que te importa? Tu, segue-Me.»

Vossa sou, para Vós nasci,

Que quereis fazer de mim?


Soberana Majestade,

Eterna Sabedoria,

Bondade tão boa para a minha alma,

Vós, Deus, Alteza, Ser Único, Bondade,

Olhai para a minha baixeza,

Para mim que hoje Vos canto o meu amor.

Que quereis fazer de mim?


Vossa sou, pois me criastes,

Vossa, pois me resgatastes,

Vossa, pois me suportais,

Vossa, pois me chamastes,

Vossa, pois me esperais,

Vossa pois não estou perdida,

Que quereis fazer de mim?


Que quereis então, Senhor tão bom,

Que faça tão vil servidor?

Que missão destes a este escravo pecador?


Eis-me aqui, meu doce amor,

Meu doce amor, eis-me aqui.

Que quereis fazer de mim?


Eis o meu coração,

Que coloco em vossas mãos,

Com o meu corpo, minha vida, minha alma,

Minhas entranhas e todo o meu amor.

Doce Esposo, meu Redentor,

Para ser vossa me ofereci,

Que quereis fazer de mim?


Dai-me a morte, dai-me a vida,

A saúde ou a doença

Dai-me honra ou desonra,

A guerra, ou a maior paz,

A fraqueza ou a paz plena,

A tudo isso, digo sim:

Que quereis fazer de mim?


Vossa sou, para Vós nasci,

Que quereis fazer de mim?


Comentário do dia:

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita descalça, doutora da Igreja
Poesia «Vossa sou, para Vós nasci»

Evangelho segundo S. João 21,20-25.


Naquele tempo, Pedro, ao voltar-se, viu que o seguia o discípulo predileto de Jesus, aquele que, na Ceia, se tinha reclinado sobre o seu peito e Lhe tinha perguntado: «Senhor, quem é que Te vai entregar?»
Ao vê-lo, Pedro disse a Jesus: «Senhor, que será deste?».
Jesus respondeu-lhe: «Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha, que te importa? Tu, segue-Me».
Divulgou-se então entre os irmãos o boato de que aquele discípulo não morreria. Jesus, porém, não disse a Pedro que ele não morreria, mas sim: «Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha, que te importa?»
É este o discípulo que dá testemunho destes factos e foi quem os escreveu; e nós sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
Jesus realizou muitas outras coisas. Se elas fossem escritas uma a uma, penso que nem caberiam no mundo inteiro os livros que era preciso escrever.


Livro dos Actos dos Apóstolos 28,16-20.30-31.


Quando chegámos a Roma, Paulo foi autorizado a ficar em domicílio pessoal, com um soldado que o guardava.
Três dias depois, ele convocou os principais dos judeus e, quando estavam todos reunidos, disse-lhes: «Irmãos, embora nada tenha feito contra o povo ou contra os costumes dos nossos pais, fui preso em Jerusalém e entregue às mãos dos romanos.
Instruído o processo, estes queriam soltar-me, por não encontrarem em mim nenhum crime de morte.
Mas como os judeus se opunham, fui obrigado a apelar para César, sem pretender de modo algum acusar a minha nação.
Foi por isto que manifestei o desejo de vos ver e de vos falar, pois é por causa da esperança de Israel que estou preso com estas cadeias».
Paulo ficou dois anos inteiros no alojamento que tinha alugado, onde recebia todos aqueles que o procuravam.
Anunciava o reino de Deus e ensinava o que se refere ao Senhor Jesus Cristo, com firmeza e sem nenhum impedimento.

Livro de Salmos 11(10),4.5.7.


O Senhor habita no seu templo santo,
o Senhor tem nos céus o seu trono.
Os seus olhos estão atentos ao pobre,
as suas pupilas observam os homens.

O Senhor observa o justo e o ímpio,
mas odeia o que ama a iniquidade.
O Senhor é justo e ama a justiça,
os homens retos contemplarão a sua face.

Santo do dia

Sabado, dia 23 de Maio de 2015

Sábado da 7ª semana da Páscoa


Santo do dia : S. Julião (Juliano), hospedeiro, mártir, +308, S. João Batista de Rossi, presbítero, +1764

S. Julião

Um casal para figurar na história da Igreja com louvores. Julião era filho de um casal cristão da Antioquia, muito devotado. Para realizar o sonho dos pais, o jovem futuro santo - então com 18 anos - casou-se com Basilissa, uma moça cuja família seguia os mesmos preceitos do clã de seu noivo. O casal resolveu fazer um pacto de consagração a Deus, para poder se dedicar a Seu serviço, apesar do casamento. A união carnal não se concretizou e Basilissa permaneceu virgem. Somente após a morte dos pais é que ambos puderam viver a vida espiritual que queriam. Usaram seus bens para fundar um mosteiro cada um - um masculino, outro feminino - e o restante empregaram em obras de caridade. Mas o Cristianismo vivia os tempos trágicos da perseguição mortal feita pelos imperadores Diocleciano e Maximiniano. Assim, Julião abrigou em seu mosteiro dezenas de cristãos refugiados. Aos poucos, foi vendo um a um ser julgado e condenado ao martírio e à morte, até que chegou sua vez. Como se recusasse a adorar os ídolos pagãos, foi martirizado por longo período, época em que os Escritos registam como de muito sofrimento, mas também de muitos milagres ocorridos através de suas mãos. São Julião foi finalmente assassinado em 9 de Janeiro de 308 (ou 313) e pôde descansar em paz. Quanto a Santa Basilissa viveu seus últimos dias rodeada de pobres a quem tratou como filhos.





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S. João Batista de Rossi, presbítero, +1764




Nasceu em Voltaggio, província de Génova, em 1698, e morreu em 1764. Aos 13 anos foi para Roma, onde se estabeleceu definitivamente. Em 1721, foi ordenado sacerdote. Criou a Pia União de Sacerdotes Seculares, a Casa de São Luiz Gonzaga (para moças carentes), Casa de Santa Galla (para rapazes). São João Baptista de Rossi foi um mestre de espiritualidade. Sua acção apostólica fez-se notar sobretudo junto ao povo simples. A sua gente eram os pobres, os presos, os marginalizados e os desvalidos.
Morreu tão pobre que o seu enterro foi custeado pela caridade alheia.


sexta-feira, 22 de maio de 2015

A serviço do amor



«Apascenta as minhas ovelhas»

O Senhor pergunta a Pedro se ele O ama, coisa que já sabia; e não lho pergunta uma vez, mas duas e mesmo três. E de cada vez Pedro responde que O ama; e de cada vez Jesus confia-lhe o cuidado de apascentar as suas ovelhas. À sua tripla negação, Pedro responde aqui com uma tripla afirmação de amor. É preciso que a sua língua esteja ao serviço do seu amor, tal como esteve ao serviço do seu medo; que a sua palavra dê um testemunho tão claro diante da vida como o deu diante da morte; que ele dê uma prova de amor cuidando do rebanho do Senhor, tal como deu uma prova de temor renegando o Pastor.


Torna-se evidente que aqueles que cuidam das ovelhas de Cristo com a intenção de fazer delas ovelhas suas mais do que de Cristo, têm por elas um afecto maior do que o que experimentam por Cristo. O que os move é o desejo de glória, de poder e de proveito, e não o amoroso desejo de obedecer, de socorrer e de agradar a Deus. Esta palavra três vezes repetida por Cristo condena aqueles que fazem gemer o apóstolo Paulo quando os vê procurar mais os seus interesses que os de Jesus Cristo (Fil 2,21). Com efeito, que significam estas palavras: «Amas-Me? Apascenta as minhas ovelhas»? É como se Ele dissesse: Se Me amas, não cuides de ti mesmo, mas das minhas ovelhas; não as olhes como tuas, mas como minhas; nelas procura a minha glória e não a tua, o meu poder e não o teu, os meus interesses e não os teus. [...] Não nos preocupemos, pois, connosco mesmos; amemos o Senhor e, cuidando das suas ovelhas, procuremos o interesse do Senhor sem nos inquietarmos com o nosso.

Comentário do dia:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Sermões sobre São João, 122, 2-4; 123, 5

Evangelho segundo S. João 21,15-19.


Quando Jesus Se manifestou aos seus discípulos junto ao mar de Tiberíades, depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, amas-Me tu mais do que estes?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros».
Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas».
Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas.
Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres».
Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me».