Valores que não se cotam na Bolsa
Há «valores que não se cotam na Bolsa, valores com os quais não se especula nem têm preço no mercado». Recordou o Papa durante a visita ao bairro-de-lata de Kangemi, um dos sete da periferia de Nairobi, que visitou na sexta-feira, 27 de Novembro.
Entre os pobres e os desfavorecidos da capital do Quénia – de onde Francisco partiu no final da manhã, depois de se ter encontrado com os jovens e com os bispos, com destino ao Uganda, segunda etapa da sua viagem no continente africano – o Pontífice passou quase meia hora, confidenciando às mil e duzentas pessoas que apinharam a igreja da paróquia local de São José trabalhador que se sentia «em casa».
No seu discurso Francisco prestou homenagem à «cultura dos bairros populares» – onde permanecem firmes aqueles «valores que se fundam no facto de que cada ser humano é mais importante que o deus dinheiro» – e denunciou com vigor «a terrível injustiça da marginalização urbana», cujas feridas são causadas «pelas minorias que concentram o poder, a riqueza e desperdiçam egoisticamente enquanto a crescente maioria se deve refugiar em periferias abandonadas, poluídas, descartadas». Eis então o apelo a garantir a todos um ambiente urbano e social à medida do homem, no qual «todos tenham acesso aos serviços básicos» e onde cada família «tenha uma casa decente, acesso à água potável, uma casa de banho, energia eléctrica garantida para iluminar, cozinhar, e melhorar as próprias habitações».
Sobre a necessidade de garantir a todos, sobretudo a quantos vivem em bairros marginais, condições de vida dignas, assegurando os direitos fundamentais da terra, da casa e do trabalho», o Pontífice falou também durante a visita à sede da Sede das Nações Unidas em Nairobi (Unon), que visitou na tarde de quinta-feira 26, depois de ter saudado os sacerdotes, os religiosos e os seminaristas quenianos na St Mary School. Diante dos delegados, dos diplomatas acreditados e dos funcionários, reunidos na sala das conferências, Francisco lançou um novo grito de alarme sobre a emergência ambiental, advertindo os protagonistas da Cop21 – a próxima cimeira sobre as mudanças climáticas que terá início domingo em Paris – da tentação de fazer prevalecer «os interesses particulares sobre o bem comum» e de «manipular as informações para proteger os seus projectos». O Papa fez votos de que a cimeira conduza a «um acordo global e transformador, baseado nos princípios de solidariedade, justiça, igualdade e participação». Um acordo que tenha por finalidade alcançar três objectivos entre si interdependentes: «redução do impacto das mudanças climáticas, luta contra a pobreza e respeito da dignidade humana».
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