Comentário do dia:
«Ele veste os céus de nuvens, prepara a chuva para a terra; faz brotar a erva sobre os montes e as plantas úteis ao homem» (Sl 146, 8)
Os milagres realizados por Nosso Senhor Jesus Cristo são obras verdadeiramente divinas; eles dispõem a inteligência humana para conhecer Deus a partir do que é visível, pois os nossos olhos tornaram-se incapazes de O ver em consequência da sua própria natureza. Com efeito, os milagres que Deus opera para governar o universo e organizar toda a sua criação, à força de se repetirem, perderam de tal modo o seu valor, que quase ninguém se dá ao trabalho de reparar que obra maravilhosa e surpreendente Ele realiza num qualquer grãozinho de semente.
É por isso que, na sua benevolência, Ele Se reserva a possibilidade de realizar, no momento escolhido, algumas acções fora do curso normal das coisas. É que aqueles que menosprezam as maravilhas de todos os dias ficam estupefactos à vista de obras que saem do normal, e todavia nem reparam naquelas. Governar o universo é na verdade um milagre maior do que saciar cinco mil homens com cinco pães! E contudo ninguém se espanta com isso. [...] Com efeito, quem alimenta ainda hoje o universo senão Aquele que, com alguns grãos, cria as ceifas?
Cristo age, pois, em Deus. É pelo seu poder divino que faz sair abundantes colheitas de um pequeno número de grãos, e foi por esse mesmo poder que multiplicou os cinco pães. As mãos de Cristo estavam cheias de poder. Esses cinco pães eram como que sementes que, mesmo não tendo sido lançadas à terra, foram multiplicadas por Aquele que fez o céu e a terra.
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Comentário sobre o evangelho de João, 24,1
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