S. Severino, abade
No século V o império romano do Ocidente foi progressivamente submerso pelos invasores germânicos: visgodos, ostrogodos, vândalos, suevos, burgúndios, alamanos e francos. Na devastação geral surgiu S. Severino, o apóstolo da Nórica. Ao que parece descende de nobres famílias romanas. Nasceu em 410. Em 454 esteve no Oriente, por pouco tempo, estabelecendo-se nesse mesmo ano sobre o Danúbio, nos confins da Nórica e da Panônia, onde erigiu mosteiros capazes de dar refúgio às populações ameaçadas e, ao mesmo tempo, servir de pontos estratégicos para irradiação do Evangelho entre os bárbaros. Sentia-se impelido à vida contemplativa e eremítica e, ao mesmo tempo, era impulsionado ao trabalho missionário. Favorecido com o carisma da profecia, S. Severino foi vidente também no plano humano. Compreendeu, por isso, que a agitação das jovens gerações bárbaras era irrefreável e que a decrépita sociedade romana ganharia vigor com a transfusão dessas novas forças. Era, porém, necessário abrir suas mentes para a verdade evangélica e antes disso entrar em contacto directo. Com um gesto corajoso que chamou a atenção dos rústicos guerreiros, chegou até Comagene, já em poder dos inimigos. A sua comprovada caridade para com os necessitados conquistou definitivamente o coração simples dos bárbaros, a começar pelos chefes. Gibuldo, rei dos alamanos, que tinha para com ele "suma reverência e afecto", diz o seu biógrafo Eugipo. Escutava-o com respeito, dócil como um filho. Flaciteu, rei dos regues, consultava-o nos empreendimentos arriscados como se ele fosse um oráculo. Não faltaram sinais do céu para confirmar suas palavras. Um dia a nora de Flaciteu tinha-o convencido, contra a vontade e parecer de S. Severino, a negar a liberdade a alguns prisioneiros. Severino advertiu-o, energicamente, que temesse a ira de Deus. Naquela mesma noite o filho de Flaciteu caiu prisioneiro de outros bárbaros e só conseguiu a liberdade por intermédio de Severino. Reverenciado e amado pela gente humilde e também por reis e guerreiros, viveu pobremente, sem tirar para si proveito algum das coisas materiais. Vestia-se com a mesma túnica no verão e no inverno, dormia escassas horas de sono estendido sobre a terra, com o cilício apertando-lhe o corpo e, na quaresma, comia apenas uma vez por semana. Morreu no dia oito de Janeiro de 482. Suas relíquias são veneradas em Nápoles.
www.ecclesia.pt
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário