sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

«Logo brotou sangue e água»

Aproximemo-nos do coração do dulcíssimo Senhor Jesus, e exultaremos e regozijar-nos-emos nele. Quão bom e doce é esse coração! Ele é o tesouro escondido, a pérola preciosa, aquilo que encontramos, ó Jesus, escavando o campo do teu corpo (Mt 13,44ss). Quem pois rejeitará esta pérola? Bem pelo contrário, por ela eu darei todos os meus bens; por ela trocarei todas as minhas preocupações, todos os meus afetos. Todas as minhas inquietações, abandoná-las-ei no coração de Jesus: ele bastar-me-á e providenciará sem falta à minha subsistência.

É neste templo, neste Santo dos santos, nesta arca da aliança, que virei adorar e louvar o nome do Senhor. «Encontrei o meu coração», dizia David, «para rezar ao meu Deus» (1Cr 17,25 Vulg). Também eu encontrei o coração do meu Senhor e Rei, do meu irmão e amigo. Como poderia, pois, deixar de rezar? Sim, rezarei, porque, com firmeza o digo, o seu coração pertence-me. [...]

Ó Jesus, digna-Te aceitar e escutar a minha oração. Leva-me todo inteiro para o teu coração. Ainda que a deformidade dos meus pecados me impeça de entrar nele, dado que por um amor incompreensível este coração se dilatou e alargou, Tu podes receber-me e purificar-me da minha impureza. Ó Jesus puríssimo, lava-me das minhas iniquidades a fim de que, purificado por Ti, possa habitar em teu coração todos os dias da minha vida, para ver e fazer a tua vontade. Se o teu lado foi trespassado, foi para que a entrada nos seja amplamente aberta. Se o teu coração foi ferido, foi para que, ao abrigo das agitações exteriores, possamos habitar nele. E é ainda para que, na ferida visível, vejamos a invisível ferida do amor.
Homilia atribuída a São Boaventura (1221-1274), franciscano, doutor da Igreja

Meditações sobre a Paixão do Senhor, 3


 
Evangelho segundo S. João 19,28-37.

Naquele tempo, Jesus, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: «Tenho sede!»
Havia ali uma vasilha cheia de vinagre. Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lha à boca.
Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado.» E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Como era o dia da Preparação da Páscoa, para evitar que no sábado ficassem os corpos na cruz, porque aquele sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.
Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e também ao outro que tinha sido crucificado juntamente.
Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas.
Porém, um dos soldados traspassou-lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água.
Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas e o seu testemunho é verdadeiro. E ele bem sabe que diz a verdade, para vós crerdes também.
É que isto aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: Não se lhe quebrará nenhum osso.
E também outro passo da Escritura diz: Hão-de olhar para aquele que trespassaram.

Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org


Livro de Isaías 53,1-10.

Quem acreditou no nosso anúncio? A quem foi revelado o braço do Senhor?
O servo cresceu diante do SENHOR como um rebento, como raiz em terra árida, sem figura nem beleza. Vimo-lo sem aspecto atraente,
desprezado e abandonado pelos homens, como alguém cheio de dores, habituado ao sofrimento, diante do qual se tapa o rosto, menosprezado e desconsiderado.
Na verdade, ele tomou sobre si as nossas doenças, carregou as nossas dores. Nós o reputávamos como um leproso, ferido por Deus e humilhado.
Mas foi ferido por causa dos nossos crimes, esmagado por causa das nossas iniquidades. O castigo que nos salva caiu sobre ele, fomos curados pelas suas chagas.
Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas perdidas, cada um seguindo o seu caminho. Mas o SENHOR carregou sobre ele todos os nossos crimes.
Foi maltratado, mas humilhou-se e não abriu a boca, como um cordeiro que é levado ao matadouro, ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador.
Sem defesa, nem justiça, levaram-no à força. Quem é que se preocupou com o seu destino? Foi suprimido da terra dos vivos, mas por causa dos pecados do meu povo é que foi ferido.
Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios, e uma tumba entre os malfeitores, embora não tenha cometido crime algum, nem praticado qualquer fraude.
Mas aprouve ao SENHOR esmagá-lo com sofrimento, para que a sua vida fosse um sacrifício de reparação. Terá uma posteridade duradoura e viverá longos dias, e o desígnio do SENHOR realizar-se-á por meio dele.

Livro de Salmos 22(21),8-9.17-18a.19-20.23-24.

Todos os que me vêem escarnecem de mim;
estendem os lábios e abanam a cabeça.
"Confiou no Senhor, Ele que o livre;
Ele que o salve, já que é seu amigo."

Estou rodeado por matilhas de cães,
envolvido por um bando de malfeitores;
trespassaram as minhas mãos e os meus pés:
posso contar todos os meus ossos.

Repartem entre si as minhas vestes
e sorteiam a minha túnica.
Mas Tu, Senhor, não te afastes de mim!
És o meu auxílio: vem socorrer-me depressa!

Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos,
hei-de louvar-vos no meio da assembleia.
Vós, que temeis o Senhor, louvai-O!
Glorificai-O, descendentes de Jacob!
Reverenciai-O, descendentes de Israel!




EVANGELHO QUOTIDIANO
"Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna". João 6, 68


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