Não Podemos Acabar a Nossa Guerra Nem Crucificar a Nós Mesmos
Há várias passagens das escrituras que sugerem que devemos mortificar -
fazer morrer - crucificar - os nossos membros na terra. Dizem para tomarmos nossa Cruz e seguirmos a Cristo. Mas isto não quer dizer que o devamos fazer com nossa própria força.
Suponha que o médico me descubra um caroço no pescoço que o preocupa, e me
diga, "Isso precisa ser operado imediatamente". Ele não está sugerindo que eu mesmo faça a operação - isso é trabalho dele. Cristo, nosso Grande Médico, nos diz que necessitamos ser mortificados, ser crucificados. Mas seria fatal nós executarmos tal operação em nós mesmos. Tão seguramente quanto somos "guardados pelo poder de Deus, mediante a fé para a salvação" - assim somos crucificados pela fé.
O Dr. Donald Barnhouse, numa mensagem intitulada "Céu Agora". escreve, "Um
homem pode se enforcar, se afogar, atirar em si mesmo, se apunhalar, se jogar de um lugar alto - mas não pode se crucificar - pregar uma mão na Cruz, e a outra ficar livre. A crucificação deve ser feita por outra pessoa. E nossa crucificação e morte devem ser feitas para nós por Cristo".
O Dr. Barnhouse teve uma rara experiência de "avanço" enquanto estava a
bordo de um navio cruzando o Atlântico. Testificou:
"Lembro-me tão bem do primeiro dia em que fui ao céu. Eu estava a bordo,
viajando sozinho. Havia resolvido ler o livro de Efésios uma centena de vezes atravessando o Atlântico. Eu o conhecia de cor desde os dias de minha juventude. Tinha o Novo Testamento na mão, e estava descansando na cadeira do convés, dando-me a conhecer o seu significado. De repente vi a grande verdade sobre a qual eu explicava há pouco. O meu coração pulou com alegria inexprimível. Vi o novo e vivo caminho indo de mim até o trono de Deus, com o Senhor Jesus Cristo assentado lá, desejando que eu me unisse a Ele. Era como olhar um castelo através de uma longa alameda arborizada. Felizmente eu estava quase só no meu setor do convés. Levantei o Novo Testamento num gesto brusco, como se fosse o cabo da espada, o que realmente é, e com toda a verdade de Efésios em chamas em mim, gritei – em completo silêncio no que diz respeito aos ouvidos humanos: ‘Senhor, estou avançando agora!'. Acredito que esse grito incitou todas as forças do inferno. Senti seus olhares repulsivos e odiosos. Mas soube então que eles estavam absolutamente derrotados. Tinham sido vencidos pelo Cordeiro e estavam prestes a serem aniquilados por causa da palavra do meu testemunho, pois eu estava totalmente unido a um Senhor ressurrecto e elevado aos céus. Afastem-se, cães aduladores do inferno! Deitem-se em seus canis! Os seus dentes caninos foram retirados em favor dos que se identificam com o Senhor ascendido. E gritei, 'Senhor, não tenho capacidade para isto; vindo forças que estejam além das minhas possibilidades, trate Tu com elas. Mesmo Miguel, o arcanjo, chamou-Te para negociar diretamente com Satanás. Nada devo ser em mim, mas tudo em Cristo’. E, de repente vi, longe de mim, lá embaixo, (alguém passando por lá teria dito que havia um passageiro meio-adormecido, inclinando-se sobre um dos joelhos) o meu navio, um ponto minúsculo num mar azul. Eu sabia que era um dos pontinhos desse navio; mas sabia que doravante esse navio e esse oceano e esse mundo nunca mais teriam importância alguma. Eu estava nas regiões celestiais, unido pela fé a meu Senhor. Ele estava mais próximo do que quando O vi na Cruz. A vida eterna que Ele me deu quando fui salvo era agora conscientizada como sendo a vida de eternidade que eu tinha o privilégio de viver aquele momento. Eu iria passar o resto de minha vida assentado nos lugares celestiais com Cristo."
Concordo com Barnhouse em que o dia da Páscoa foi também o meu dia de
ressurreição e que quando Cristo morreu eu morri; quando foi levantado, fui levantado. Como bem ele expressou:
"Quando Cristo ascendeu aos céus pelo poder do Pai eu fui levantado da terra
ao céu com Ele; quando o Pai entronizou Seu Filho bem acima de tudo, havia também um assento preparado lá para a Noiva. Então não me refreie estar no meu lugar legítimo! Não faça da Igreja uma Noiva exilada! Não me detenha na parede da separação que Cristo derrubou. Não me pare diante dos portões que Cristo destrancou. Não permaneçam meus passos num mar que Ele transformou em cristal diante de mim. Não me proíba de entrar no véu, por onde o Noivo foi antes de mim. Cristo morreu; Cristo ressuscitou; Cristo ascendeu; Cristo tomou-nos com Ele!”
"Acredite! Aceite a ousadia que Ele dá, ingresse no que há de mais sagrado e
tome o nosso lugar legítimo. Os céus querem uma Noiva triunfante já! E enquanto não surge aquilo que seremos, ainda somos muito pequenos em relação ao que Deus quer que sejamos. Que estejamos agora onde deveríamos estar; sejamos agora o que deveríamos ser. Tantas coisas que não são agora, realmente poderiam ser, se tomássemos nosso assento sobre o trono do céu".
Um dos meus escritores favoritos é C. H. Mackintosh. A sua visão da Cruz me
fez gritar e regozijar em inúmeras ocasiões. Compartilho com você pequenas porções sobre sua visão exaltada da Expiação.
"A Cruz é o divino remédio para toda a ruína, e através dessa Cruz o crente
é introduzido num lugar de privilégio divino e perpétuo. Cristo supriu todas as necessidades, respondeu todas as exigências, descarregou todas as responsabilidades, e, tendo feito tudo isso através de Sua morte na Cruz, tornou-se, na ressurreição, a base de todos os privilégios do crente. Temos tudo em Cristo, e O recebemos, não porque cumprimos nossas responsabilidades, mas porque Deus nos amou mesmo tendo nós fracassado em tudo. Achamo-nos, incondicionalmente, numa situação de privilégio inexprimível. Nós não trabalhamos para isto; nós não choramos para isto; nós não oramos para isto; nós não jejuamos para isto. Fomos tomados da profundeza de nossa ruína, daquele abismo em que tínhamos caído - por conseqüência de termos fracassado em todas as nossas responsabilidades; fomos postos abaixo, mas pela gratuita graça de Deus, levados à uma posição de bem-aventurança e privilégio inexprimíveis, da qual nada jamais poderá nos privar. Nem todos os poderes de inferno e da terra juntos - nem toda a malícia de Satanás e seus emissários - nem todo o poder do pecado, da morte, e da sepultura, arranjados em sua forma mais terrível, jamais poderão arrebatar o crente em Jesus desse lugar de privilégio no qual, pela graça, ele está colocado.”
"Não alcançamos nosso lugar de privilégio como resultado de fidelidade ao
invés de responsabilidade. Pelo contrário. Fracassamos em tudo. ‘Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus'. Merecemos a morte; mas recebemos a vida. Merecemos o inferno; mas recebemos o céu. Merecemos a ira eterna; mas recebemos o favor eterno. A graça entrou em cena, e 'reina pela justiça, para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor'.”
"Oh, profundo mistério da Cruz! O glorioso mistério do amor que redime! Vejo
o próprio Deus tomando sobre Si todos os meus pecados – a categoria negra e terrível - todos os meus pecados, conforme tomava conhecimento deles e avaliava. Vejo-O colocando tudo sobre a cabeça de meu bendito Substituto e tratando com Ele acerca deles. Vejo todas as ondas e vagas da justa ira de Deus - Sua ira contra meus pecados - Sua ira que poderia ter me consumido, alma e corpo no inferno por toda uma sombria eternidade; vejo-as causando turbulência a Quem ficou em meu lugar, a Quem me representou diante de Deus, a Quem sofreu tudo que era devido a mim, com Quem um Deus santo tratou quando devia ter tratado comigo. Vejo uma justiça, uma santidade, uma verdade e uma retidão inflexíveis tratando com meus pecados, e deixando claro um livramento eterno delas. Nenhuma delas foi prejudicada! Inexistiu conivência alguma, nenhum relaxamento, nenhuma hesitação, nenhuma indiferença. Não haveria nenhuma possibilidade de isso acontecer, uma vez que Deus tomou isso em Suas próprias mãos. Sua glória estava em jogo, Sua santidade sem mácula, Sua eterna majestade, as reivindicações supremas do Seu governo.”
"Tudo isso teria de ser providenciado com muita sabedoria de modo que Ele
fosse glorificado à vista de anjos, homens, e demônios; Ele poderia ter me enviado para o inferno – com justiça, corretamente, enviar-me para o inferno - por causa dos meus pecados. Eu não merecia nada além disso. Todo meu ser moral, desde sua mais extrema profundidade, reconhece isto - deve reconhecê-lo. Eu não tenho uma palavra a dizer nem desculpa para um único pensamento pecaminoso, nada a dizer de uma vida manchada pelo pecado do princípio ao fim - sim, uma vida de pecados intencionais, de arrogância e rebeliões.”
"Outros podem argumentar o quanto se agradam com a injustiça de uma
eternidade de castigo para uma vida de pecado – a total necessidade da proporção entre alguns anos de erros e tempos intermináveis de tormento no lago de fogo. Podem argumentar. Mas eu acredito inteiramente, e sem reservas confesso, que por causa de um único pecado contra um Ser como o Deus que vejo na Cruz, eu de longe mereceria castigo perpétuo no profundo, escuro e triste abismo do inferno. Eu não escrevo como um teólogo; se eu fosse, seria uma tarefa muito fácil de fato trazer incontestáveis evidências das Escrituras que provam a verdade solene do castigo eterno. Mas não; escrevo como alguém que divinamente aprendeu sobre o verdadeiro deserto do pecado, e esse deserto, eu tranqüila, deliberada, e solenemente declaro, é e pode ser nada menos que a eterna exclusão da presença de Deus e do Cordeiro - tormento eterno no lago que queima com fogo e enxofre.”
"Mas - aleluias eternas ao Deus de toda graça! Em vez de nos enviar para o
inferno por causa de nossos pecados, Ele enviou Seu Filho a fim de ser a propiciação para esses pecados. E ao aclarar o maravilhoso plano de redenção, vemos um Deus santo lidando com a questão dos nossos pecados, e executando julgamento sobre eles na Pessoa do Seu bem-amado, eterno e co-semelhante Filho, a fim de que uma inundação do Seu amor possa fluir em nossos corações. ‘Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.’ (1 João 4:10).”
"Ora, isto deve dar paz à consciência, se somente for recebido na
simplicidade da fé. Como é possível para uma pessoa acreditar que Deus Se satisfez quanto aos seus pecados e não ter paz? Se Deus nos diz, 'De seus pecados e iniqüidades não me lembrarei', o que mais poderemos desejar como base de paz para a nossa consciência? Se Deus me assegura que todos os meus pecados estão cobertos como densas nuvens - que foram lançados longe, eternamente fora de Sua vista - eu não devo ter paz? Se Ele me mostra o Homem que levou meus pecados na Cruz, agora coroado à destra da Majestade nos céus - não deveria a minha alma entrar em descanso perfeito na questão dos meus pecados? Seguramente.”
"Bendito eternamente seja o Deus de toda graça porque não apenas a remissão
dos pecados é anunciada a nós através da morte expiatória de Cristo. Apenas isso já seria uma consolação e uma bênção da mais alta ordem; e, como vimos, desfrutamos de tudo isto segundo a grandeza do coração de Deus, e segundo o valor e a eficácia da morte de Cristo, conforme avaliação de Deus. Mas além da plena e perfeita remissão dos pecados, temos também completo livramento do presente poder do pecado.”
"Este é um ponto grandioso para todo verdadeiro amante da santidade. De
acordo com a gloriosa economia da graça, a mesma obra que assegura a remissão completa dos pecados quebrou para sempre o poder de pecado. Não apenas os pecados da vida são apagados, mas o pecado da natureza é condenado. O crente tem o privilégio de ver a si próprio morto para o pecado. Pode cantar, com o coração alegre,
Por mim, Senhor Jesus, morreste,
E eu morri em Ti; Tu foste levantado, minhas ataduras estão todas desatadas, E agora Tu vives em mim. A face do Pai, plena de radiante graça Brilha agora em luz sobre mim". |
O blog é aberto a todas as pessoas interessadas em colaborarem no sentido da divulgação da Palavra de Deus, de forma não sectária e com respeito a todas as religiões, conforme as leis vigentes no país.
quarta-feira, 31 de julho de 2013
"A face do Pai, plena de radiante graça. Brilha agora em luz sobre mim".
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