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sábado, 6 de setembro de 2014
A voz de Deus é amiga
Falar faz parte da natureza de Deus
Cada um de nós já experimentou sensações impossíveis de serem explicadas: um súbito senso de solidão, ou um sentimento de admiração e espanto em face da vastidão universal. Ou, como que recebendo um raio de luz de um outro sol, tivemos uma revelação momentânea de que pertencemos a um outro mundo, e que nossa origem se explica em Deus. O que então sentimos, ouvimos ou vimos, talvez tenha sido contrário a tudo quanto nos tem sido ensinado nas escolas, ou esteja em total conflito com nossas crenças e conceitos. Naquele momento, em que as nuvens se dissiparam e tivemos aquela revelação pessoal, fomos forçados a afastar as dúvidas costumeiras. Por mais que queiramos explicar essas coisas, penso que não estaremos sendo sinceros, enquanto não admitirmos pelo menos a possibilidade de que tais experiências venham da presença de Deus no mundo, bem como, de Seus persistentes esforços para comunicar-Se com a humanidade. Não ponhamos de lado essa hipótese, por julgá-la falsa.
Eu, particularmente, creio (e não me ressentirei se ninguém concordar comigo) que tudo quanto de bom e de belo o homem tem produzido neste planeta é resultado de sua resposta imperfeita e imaculada pelo pecado, à voz criadora que ecoa por toda a Terra. Como explicar os filósofos moralistas que tiveram elevados sonhos de virtude; os pensadores religiosos, com suas especulações acerca de Deus e da imortalidade; os poetas e os artistas, que da matéria criaram beleza pura e duradoura? Não basta dizer simplesmente: "Ele foi um gênio". Pois, que é um gênio? Não seria possível que um gênio fosse um homem que, "importunado" por essa voz, esforça-se e luta freneticamente para atingir um objetivo que ele apenas vagamente entende? O fato de que, na lida diária, os homens tenham perdido Deus de vista, que até mesmo tenham falado ou escrito contra Deus, não destrói a ideia que eu procuro demonstrar. A revelação redentora de Deus, nas Sagradas Escrituras, é necessária para a fé salvadora e para a paz com Deus. Para que esta inconsciente aspiração pela imortalidade leve o homem a uma comunhão satisfatória com Deus, é necessário que ele confie no Salvador ressurreto. Para mim, essa é uma explicação plausível para tudo que é excelente fora de Cristo.
A voz de Deus é amiga. Ninguém precisa temê-la, a menos que já tenha resolvido resistir a ela. O sangue de Jesus Cristo cobriu não apenas a raça humana mas também toda a criação. "E que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus." (Cl 1:20.) Nós podemos falar, com toda segurança, de um céu que nos é propício. Tanto os céus como a terra estão cheios da boa-vontade daquele que veio manifestar-se na sarça ardente. O sangue santo de Cristo, na expiação, garante isso para sempre.
Quem quiser aplicar os ouvidos, ouvirá a todos dos céus. Estamos numa época em que os homens decididamente não aceitam exortações de bom grado, porquanto ouvir não faz parte do conceito popular da religião. E nisto, estamos fazendo exatamente o contrário do que devemos. As igrejas, de um modo geral, aceitam a grande heresia de que fazer barulho, ser grande e ativa torna-as mais preciosas para Deus. Mas não devemos desanimar, pois é a um povo atingido pela tormenta do último e maior de todos os conflitos que Deus diz: "Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus." (Sl 46:10.) E ele ainda diz o mesmo hoje, como se quisesse informar-nos de que nossa força e segurança dependem não tanto de nossa agitação. mas de nosso silêncio e serenidade.
Precisamos estar quietos para esperar em Deus. Seria melhor se pudéssemos ficar a sós, com a Bíblia aberta à nossa frente. Se quisermos, podemos nos chegar a Deus e começar a ouvi-lO falar ao nosso próprio coração. Penso que para a média das pessoas a manifestação dessa voz será mais ou menos assim: primeiramente, ouve-se um ruído como de uma presença a andar pelo jardim. Em seguida ouve-se uma voz, mais inteligível, mas ainda não muito distinta. Depois disto, vem um instante feliz em que o Espírito Santo começa a iluminar as Sagradas Escrituras, e aquilo que até ali fora apenas um ruído, ou quando muito uma voz, agora se torna em palavra calorosa, íntima e clara como a palavra de um amigo muito caro. Depois é que vêm a vida e a luz, e, melhor de tudo, a capacidade de ver, de descansar em Jesus Cristo e de aceitá-lo como Salvador e Senhor.
A Bíblia jamais será um livro vivo para nós enquanto não ficarmos convencidos de que Deus está articulado com seu próprio universo. A transição de um mundo morto e impessoal para uma Bíblia dogmática é difícil para a maioria das pessoas. Talvez admitam que devem aceitar a Bíblia como a Palavra de Deus, e talvez até tentem pensar nela como tal; mas depois descobrirão ser impossível crer que as palavras, escritas nas páginas da Bíblia, se aplicam à sua vida. Um homem pode dizer com os lábios: "Estas palavras foram dirigidas a mim", e, contudo, em seu coração sentir que não sabe o que elas dizem. É, nesse caso, vítima de um raciocínio errado — pensa que Deus permanece mudo em tudo o mais, e se manifesta apenas em seu livro.
Acredito que grande parte de nossa incredulidade se deve a um conceito errôneo a respeito das Escrituras. Deus está silencioso e, subitamente, começa a falar em um livro. Terminado o livro, cai no silêncio outra vez, e para sempre. Por isso, muitos leem a Bíblia como se fora o registro do que Deus disse quando estava com vontade de falar. Se pensarmos desta forma, como poderemos confiar plenamente? O fato, contudo, é que Deus não está calado, e nunca esteve. Falar faz parte da natureza de Deus. A segunda pessoa da Trindade é chamada de Verbo (Palavra). A Bíblia é o resultado inevitável da contínua manifestação de Deus. É a revelação infalível de Sua mente, a nós dirigida, expressa em termos humanos, para que possamos compreendê-la.
A Voz do Verbo - A. W. Tozer
Marcadores: A.W.Tozer, textos, Vida Cristã
Fonte: Livro: À procura de Deus
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