quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Evangelho segundo S. Lucas 19,41-44.




Naquele tempo, quando Jesus Se aproximou de Jerusalém, ao ver a cidade, chorou sobre ela e disse:
«Se ao menos hoje conhecesses o que te pode dar a paz! Mas não. Está escondido a teus olhos.
Dias virão para ti, em que os teus inimigos te rodearão de trincheiras e te apertarão de todos os lados.
Esmagar-te-ão a ti e aos teus filhos e não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada».


Palavra do Senhor

Livro do Apocalipse 5,1-10.
Eu, João, vi na mão direita d’Aquele que estava sentado no trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos.
Vi também um Anjo poderoso, que proclamava em alta voz: «Quem é digno de abrir o livro e quebrar os seus selos?».
Mas ninguém, nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro nem olhar para ele.
Eu chorava muito, porque não se encontrava ninguém que fosse digno de abrir o livro nem de olhar para ele.
Disse-me então um dos Anciãos: «Não chores! O leão da tribo de Judá, o descendente de David, alcançou a vitória; Ele abrirá o livro e os seus sete selos».
Vi então, entre o trono e os quatro Seres Vivos e os Anciãos, um Cordeiro de pé, que parecia ter sido imolado. Tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus, enviados por toda a terra.
O Cordeiro foi receber o livro da mão direita d’Aquele que estava sentado no trono.
Quando o Cordeiro recebeu o livro, os quatro Seres Vivos e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante d’Ele, cada um com uma harpa e taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos santos.
E cantavam um cântico novo, dizendo: «Sois digno de receber o livro e de abrir os selos, porque fostes imolado e resgatastes para Deus, com o vosso sangue, homens de toda a tribo, língua, povo e nação,
e fizestes deles, para o nosso Deus, um reino de sacerdotes, que reinarão sobre a terra».
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Livro de Salmos 149(148),1-2.3-4.5-6a.9b.
Cantai ao Senhor um cântico novo,

cantai ao Senhor na assembleia dos santos.
Alegre-se Israel em seu Criador,

rejubilem os filhos de Sião em seu Rei.
Louvem o seu nome com danças,
cantem ao som do tímpano e da cítara,

porque o Senhor ama o seu povo,
coroa os humildes com a vitória.
Exultem de alegria os fiéis,
cantem jubilosos em suas casas;

em sua boca os louvores de Deus.
Esta é a glória de todos os seus fiéis.


Santo do dia

Santa Isabel, rainha da Hungria, +1231




Sobre a dura casca espiritual da Idade Média, irrompida pela graça de Deus, brotou uma das flores mais delicadas da Cristandade: Santa Isabel de Hungria. Nasceu no ano 1207 em um dos castelos - Saróspatak ou Posonio - de seu pai, André II rei da Hungria, que a teve com sua primeira mulher, Gertrudes, filha de Bertoldo IV, que corria em suas veias o sangue de Bela I, também rei de Hungria, pelo qual a princesinha Isabel veio a ser a mais preciosa flor da estirpe real húngara.

Abriu a princesinha seus olhos à luz em um ambiente de luxo e abundância que, por divino contraste, foi despertando em seu sensível coração anseios de evangélica pobreza.
Do seu privilegiado posto na corte descia, desde muito pequena, para procurar os necessitados, e os presentes que recebia de seus pais passavam logo para as mãos dos pobres. Em vão a vestiam com ricos trajes, porque aproveitava o menor descuido para tirar as sedas e brocados, e dá-los aos pobres e voltar ao palácio com os farrapos da mais miserável de suas amiguinhas.
Conforme os costumes da época, foi prometida em sua mais tenra idade a Luís, filho de Herman I, da Turingia. O matrimônio aconteceu no ano 1221, quer dizer, quando Isabel completava seus 14 anos, em Wartburgo de Turingia. E desta maneira a princesa, nascida em um país cheio de sol e de abundância como era a Hungria, veio parar à dura e pobre terra germânica.
A pobreza do povo estimulou ainda mais a caridade da princesa Isabel. Tudo lhe parecia pouco para remediar aos necessitados: a prata de suas arcas, as jóias que trouxe como dote e até seus próprios alimentos e roupas. Enquanto podia, aproveitando as sombras da noite, deixava o palácio e visitava uma a uma as choças dos vassalos mais pobres para levar aos doentes e às crianças, sob seu manto, um cântaro de leite ou uma broa de pão.
Tendo Luis morrido no decorrer de uma Cruzada, em 1227, a princesa Isabel ficou viúva e desamparada aos vinte anos numa corte estrangeira e hostil, e foi então que realmente começou o seu calvário. Seu cunhado Herman, querendo substituir os filhos de Luís da herança do Ducado, acusou Isabel de prodigalidade, e era verdade que ela tinha esvaziado até o fundo de sua arca para remediar a miséria do povo no temível "ano da fome" que a Europa inteira atravessava. As acusações de Herman encontraram eco na corte, e a princesa Isabel, expulsa do palácio, teve que buscar refúgio com seus três filhos e a companhia de duas serventes em Marburgo, a pátria de sua mãe.
Neste tempo, voltavam os cruzados dos Santos Lugares ardendo em febres e com suas carnes maceradas pela lepra, e a eles Isabel dedicava seus mais amorosos cuidados, em memória, sem dúvida, de seu marido, morto muito longe do alcance de suas mãos.
Isabel, firme em seu propósito de dedicar a sua vida aos pobres e doentes, buscando neles o próprio Cristo, rejeitou uma e outra vez o apelo de seu pai, o rei da Hungria, que, valendo-se de nobres emissários e até da autoridade episcopal, tentava convencê-la a voltar a seu país.
Em troca, acudiu solícita ao chamamento do Senhor, e aos vinte e quatro anos, em 1231, subiu ao céu para receber o prémio merecido por ter dado água a tantos lábios sedentos, curado tantas feridas ulceradas e consolado tantos corações oprimidos.



cf.www.acidigital.com

«Se ao menos hoje conhecesses o que te pode dar a paz! »

Quinta-feira, dia 17 de Novembro de 2016

Quinta-feira da 33ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santa Isabel, rainha da Hungria, +1231

Ver comentário em baixo, ou carregando aqui
Beato Paulo VI : «Se ao menos hoje conhecesses o que te pode dar a paz! »

Livro do Apocalipse 5,1-10.
Eu, João, vi na mão direita d’Aquele que estava sentado no trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos.
Vi também um Anjo poderoso, que proclamava em alta voz: «Quem é digno de abrir o livro e quebrar os seus selos?».
Mas ninguém, nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro nem olhar para ele.
Eu chorava muito, porque não se encontrava ninguém que fosse digno de abrir o livro nem de olhar para ele.
Disse-me então um dos Anciãos: «Não chores! O leão da tribo de Judá, o descendente de David, alcançou a vitória; Ele abrirá o livro e os seus sete selos».
Vi então, entre o trono e os quatro Seres Vivos e os Anciãos, um Cordeiro de pé, que parecia ter sido imolado. Tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus, enviados por toda a terra.
O Cordeiro foi receber o livro da mão direita d’Aquele que estava sentado no trono.
Quando o Cordeiro recebeu o livro, os quatro Seres Vivos e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante d’Ele, cada um com uma harpa e taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos santos.
E cantavam um cântico novo, dizendo: «Sois digno de receber o livro e de abrir os selos, porque fostes imolado e resgatastes para Deus, com o vosso sangue, homens de toda a tribo, língua, povo e nação,
e fizestes deles, para o nosso Deus, um reino de sacerdotes, que reinarão sobre a terra».



Livro de Salmos 149(148),1-2.3-4.5-6a.9b.
Cantai ao Senhor um cântico novo,

cantai ao Senhor na assembleia dos santos.
Alegre-se Israel em seu Criador,

rejubilem os filhos de Sião em seu Rei.
Louvem o seu nome com danças,
cantem ao som do tímpano e da cítara,

porque o Senhor ama o seu povo,
coroa os humildes com a vitória.
Exultem de alegria os fiéis,
cantem jubilosos em suas casas;

em sua boca os louvores de Deus.
Esta é a glória de todos os seus fiéis.




Evangelho segundo S. Lucas 19,41-44.
Naquele tempo, quando Jesus Se aproximou de Jerusalém, ao ver a cidade, chorou sobre ela e disse:
«Se ao menos hoje conhecesses o que te pode dar a paz! Mas não. Está escondido a teus olhos.
Dias virão para ti, em que os teus inimigos te rodearão de trincheiras e te apertarão de todos os lados.
Esmagar-te-ão a ti e aos teus filhos e não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada».




Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org



Comentário do dia:

Beato Paulo VI (1897-1978), papa de 1963 a 1978
Discurso à ONU, 4 de outubro de 1965



Nunca mais a guerra, nunca mais a guerra! É a paz, a paz, que deve guiar o destino dos povos e de toda a humanidade! [...]

A paz, vós o sabeis, não se constrói apenas por meio da política e do equilíbrio de forças e de interesses. Ela constrói-se com o espírito, as ideias, as obras da paz. Vós trabalhais nesta grande obra.

Mas vós não estais ainda senão no princípio do vosso trabalho. Chegará o mundo a mudar a mentalidade particularista e belicosa que urdiu até agora uma tão grande parte da sua história? É difícil prevê-lo; mas é fácil afirmar que é preciso pôr-se resolutamente a caminho em direção à nova história, uma história pacífica, que será verdadeira e plenamente humana.


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

«Fazei-as render»

Comentário do dia:

São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador
«Amigos de Deus», n.º 46



«Senhor, aqui está a tua mina, que eu guardei num lenço.» Que ocupação escolherá este homem, agora que abandonou o seu instrumento de trabalho? Tendo decidido irresponsavelmente optar pela comodidade de devolver só o que lhe entregaram, dedicar-se-á a matar o tempo: os minutos, as horas, os dias, os meses, os anos, a vida! Os outros afadigam-se, negoceiam, empenham-se nobremente em restituir mais do que receberam – o legítimo fruto, aliás, porque a recomendação foi muito concreta: «Fazei-as render até que eu volte», encarregai-vos deste trabalho para conseguirdes algum lucro, até que o dono regresse. Pois este não; este inutiliza a sua existência.

Que pena viver tendo como ocupação matar o tempo, que é um tesouro de Deus! Não há desculpas para justificar essa atuação. Adverte São João Crisóstomo: «Que ninguém diga: só tenho um talento, não posso ganhar coisa alguma. Também com um só talento podes agir de forma meritória.» Que tristeza não tirar partido, autêntico rendimento, de todas as faculdades, poucas ou muitas, que Deus concede ao homem para que se dedique a servir as almas e a sociedade! Quando, por egoísmo, o cristão se retrai, se esconde, se despreocupa, numa palavra, quando mata o tempo, coloca-se em perigo de matar o Céu. Quem ama a Deus, não entrega só o que tem, o que é, ao serviço de Deus: dá-se a si mesmo.






Evangelho segundo S. Lucas 19,11-28.



Naquele tempo, disse Jesus uma parábola, porque estava perto de Jerusalém e eles pensavam que o reino de Deus ia manifestar-se imediatamente.
Então Jesus disse: «Um homem nobre foi para uma região distante, a fim de ser coroado rei e depois voltar.
Antes, porém, chamou dez dos seus servos e entregou-lhes dez minas, dizendo: ‘Fazei-as render até que eu volte’.
Ora os seus concidadãos detestavam-no e mandaram uma delegação atrás dele para dizer: ‘Não queremos que ele reine sobre nós’.
Quando voltou, investido do poder real, mandou chamar à sua presença os servos a quem entregara o dinheiro, para saber o que cada um tinha lucrado.
Apresentou-se o primeiro e disse: ‘Senhor, a tua mina rendeu dez minas’.
Ele respondeu-lhe: ‘Muito bem, servo bom! Porque foste fiel no pouco, receberás o governo de dez cidades’.
Veio o segundo e disse-lhe: ‘Senhor, a tua mina rendeu cinco minas’.
A este respondeu igualmente: ‘Tu também ficarás à frente de cinco cidades’.
Depois veio o outro e disse-lhe: ‘Senhor, aqui está a tua mina, que eu guardei num lenço,
pois tive medo de ti, que és homem severo: levantas o que não depositaste e colhes o que não semeaste’.
Disse-lhe o rei: ‘Servo mau, pela tua boca te julgo. Sabias que sou homem severo, que levanto o que não depositei e colho o que não semeei.
Então, porque não entregaste ao banco o meu dinheiro? No meu regresso tê-lo-ia recuperado com juros’.
Depois disse aos presentes: ‘Tirai-lhe a mina e dai-a ao que tem dez’.
Eles responderam-lhe: ‘Senhor, ele já tem dez minas!’.
O rei respondeu: ‘Eu vos digo: A todo aquele que tem se dará mais, mas àquele que não tem, até o que tem lhe será tirado.
Quanto a esses meus inimigos, que não me quiseram como rei, trazei-os aqui e degolai-os na minha presença’».
Dito isto, Jesus seguiu, à frente do povo, para Jerusalém.

Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Palavra do Senhor

Livro do Apocalipse 4,1-11.
Eu, João, vi uma porta aberta no Céu e a voz que antes ouvira falar-me como uma trombeta, dizia: «Sobe até aqui e eu te mostrarei o que vai acontecer depois disto».
Imediatamente caí em êxtase e vi um trono colocado no Céu, sobre o qual Alguém estava sentado.
Aquele que estava sentado tinha o aspeto resplandecente como a pedra de jaspe e cornalina e um arco-íris circundava o trono, com reflexos de esmeralda.
À volta deste trono, havia vinte e quatro tronos, em que estavam sentados vinte e quatro anciãos, vestidos de branco e com coroas de ouro na cabeça.
Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões e diante dele brilhavam sete lâmpadas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.
Diante do trono havia como que um mar transparente como o cristal. No meio do trono e ao seu redor, vi quatro Seres Vivos cheios de olhos à frente e atrás.
O primeiro Ser Vivo era semelhante a um leão, o segundo a um novilho, o terceiro tinha o rosto como o de um homem e o quarto era semelhante a uma águia em pleno voo.
Cada um dos quatro Seres Vivos tinha seis asas e estavam cheios de olhos a toda a volta e por dentro. E não cessavam de clamar dia e noite: «Santo, Santo, Santo, Senhor Deus omnipotente, Aquele que é, que era e que há de vir!».
E sempre que os Seres Vivos dão glória, honra e ação de graças Àquele que está sentado no trono e que vive pelos séculos dos séculos,
os vinte e quatro anciãos prostram-se diante d’Aquele que está sentado no trono, adoram Aquele que vive pelos séculos dos séculos e depõem as suas coroas diante do trono, dizendo:
«Sois digno, Senhor, nosso Deus, de receber a honra, a glória e o poder, porque fizestes todas as coisas e pela vossa vontade existem e foram criadas».

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Livro de Salmos 150(149),1-2.3-4.5-6.
Louvai o Senhor no seu santuário,
louvai-O no seu majestoso firmamento.
Louvai-O pela grandeza das suas obras,
louvai-O pela sua infinita majestade.

Louvai-O ao som da trombeta,
louvai-O ao som da lira e da cítara.
Louvai-O com o tímpano e com a dança,
louvai-O ao som da harpa e da flauta.

Louvai o Senhor,
louvai-O com címbalos sonoros.
Louvai-O com címbalos retumbantes.
Tudo quanto respira louve o Senhor.




Santo do dia

Quarta-feira da 33ª semana do Tempo Comum


Santo do dia : Santa Gertrudes, Magna, monja, +1303, Santa Margarida, rainha da Escócia, +1093, S. José Moscati, médico, +1927

Santa Gertrudes, Magna, monja, +1303

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Santa Gertrudes, a Grande



Santa Gertrudes de Helfta foi monja cisterciense e escritora mística, também conhecida como Gertrudes a Grande, ou Gertrudes a Magna. Das origens de Gertrudes de Helfta só se conhece a data de nascimento: 6 de janeiro de 1256. O lugar parece ter sido Eisleben, e a familia é um enigma. O silêncio a respeito resultou suspeito, e se há elaborado conjecturas como a procedência servil ou pobre; haver sido abandonada; ou ser filha ilegítima de algum nobre. O que é seguro é que em sua familia existiam circunstâncias que na época não era adequado mencionar.

Com a idade de 5 anos ingressou no mosteiro de Helfta. Sobre isto tão pouco hão ficado noticias, desconhecendo-se como chegou e se foi acolhida exclusivamente como educanda, para ser formada na escola de meninas a cargo de Matilde de Hackeborn; ou como oblata, oferecida a Deus para converter-se em monja.

Gertrudes iniciou sua aprendizagem monástica. Realizou o noviciado, professou e recebeu uma cuidada formação teológica, filosófica, literaria e musical. Sua vida foi normal até os 25 anos, como uma monja a mais do mosteiro, dedicada à cópia de manuscritos, à costura e aos labores agrícolas da horta monastica. Não desempenhou cargos importantes, ou ao menos só se conhece que foi cantora segundo às ordens de Matilde de Hackeborn.

Em 27 de janeiro de 1281 teve sua primeira experiência mística, que suporía uma profunda mudança em sua vida. Tratou-se de uma visão de Cristo adolescente, que lhe dizia: "Não temas, te salvarei, te livrarei... Volve-te a mim e eu te embriagarei com a torrente de meu divino regalo". A partir disto deixou os estudos profanos e de literatura pelos estudos teológicos; e sua existência passou de ser rotineira a viver uma profunda experiencia mística.

Gertrudes viverá uma intensa vida mística em meio a vida comunitaria. Muitas vezes sofreu enfermidades, porém isto não a incapacitou para dedicar-se a escrever diversas obras literárias entre as que se encontravam comentarios à Sagrada Escritura. Se perderam quase todas as suas obras, conservando-se só três.

Seus escritos e espiritualidade passaram desapercebidos até 1536 em que os cartuxos de Colonia imprimem o Memorial. A aceitação e êxito foi enorme, e produziu-se toda uma corrente espiritual em torno a ela que se traduziu em reedições contínuas de seus escritos e numerosas biografias. Por tal êxito, e ao desconhecer o apelido, começou a ser chamada Gertrudes a Grande, ou a Magna.
Gertrudes morreu em 17 de novembro de 1302, em Helfta, aos 45 anos de idade.
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Santa Margarida, rainha da Escócia, +1093



Santa Margarida da Escócia nasceu em 1046 na Hungria, onde seu pai Edward Aetheling e sua mãe Águeda viviam exilados, porque o reino da Inglaterra havia passado para as mãos do rei Canuto. Com a morte desse rei puderam regressrar à pátria.
Margarida da Escócia conseguiu a santidade não pelos difíceis caminhos da dor e da humilhação, mas na alegria e na simplicidade. Na verdade, Margarida conheceu o rei Malcolm III, pelo qual foi pedida em casamento, subindo aos vinte e quatro anos ao trono na Escócia. Da sua união nasceram seis filhos homens e duas mulheres, educados cristãmente pela piedosa Margarida. Seu marido soube valer-se da ajuda da esposa, culta e sábia, e imitando-lhe, a seu modo, o fervor religioso beijava os livros de devoção, uma vez que não sabia ler.
Santa Margaria morreu a 16 de novembro de 1093 em Edimburgo e foi sepultada em Dunferline. Foi canonizada em 1249.



cf.www.catolicanet.com.br

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S. José Moscati, médico, +1927


S. José Moscati

Nasceu na Itália em 1880 de família que tanto aspirava Deus, que com apenas 17 anos obrigou-se particularmente ao voto de castidade perpétua.

Tendido aos estudos, cursou a faculdade de medicina na Universidade de Nápoles e chegou, com 23 anos, ao doutorado e nesta área pôde ocupar altos cargos, além de representar a Itália nos Congressos Médicos Internacionais. Com competência profissional, Moscati curou com particular eficiência e caridade milhares e milhares de doentes.

Em Nápoles, embora procurado por toda classe de doentes, dava, contudo, preferência aos mais pobres e indigentes. Sem dúvida foi na prática da caridade para com os pobres que se manifestou toda sua grandeza, ao ponto de receber o título de médico e pai dos pobres, isto num tempo em que a cultura se afastava da fé.

José Moscati corajosamente viveu até 1927 e testemunhou a Verdade, tanto assim que encontramos em seus escritos: " Ama a verdade, mostra-te como és, sem fingimentos, sem receios, sem respeito humano. Se a verdade te custa a perseguição, aceita-a; se te custa o tormento, suporta-o. E se, pela verdade, tivesses que sacrificar-te a ti mesmo e a tua vida, sê forte no sacrifício".



http://www.cancaonova.com



terça-feira, 15 de novembro de 2016

«Eu hoje devo ficar em tua casa.»

Comentário do dia:

Santa Isabel da Santíssima Trindade (1880-1906), carmelita
Último retiro, 42-44



«Só em Deus repousa a minha alma; dele vem a minha salvação. Só Ele é o meu rochedo e a minha salvação, a minha fortaleza; jamais vacilarei» (Sl 61, 2-3). Eis o mistério que canta hoje a minha lira! Como a Zaqueu, o meu Mestre disse-me: «Desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa.» Desce depressa, mas aonde? Ao mais fundo de mim própria: depois de me ter deixado a mim própria, separado de mim própria, despojado de mim própria, numa palavra, sem mim própria.

«Eu hoje devo ficar em tua casa.» É o meu Mestre que me exprime esse desejo! O meu Mestre quer habitar em mim, com o Pai e o seu Espírito de amor, porque, segundo a expressão do discípulo amado, eu estou em comunhão com eles (1Jo 1,3). «Já não sois hóspedes nem peregrinos, mas sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus», diz S. Paulo (Ef 2,19). E para mim ser «concidadãos dos santos e membros da família de Deus» consiste em viver no seio da tranquila Trindade, no meu abismo interior, nessa fortaleza inexpugnável do santo recolhimento de que fala S. João da Cruz. [...]

Oh! Que bela é esta criatura assim despojada, salva de si própria! [...] Ela sobe, eleva-se acima dos sentidos, da natureza; ultrapassa-se a si própria; ultrapassa toda a alegria, assim como toda a dor, e passa através das nuvens, para só descansar quando tiver penetrado no interior daquele que ama e que lhe concederá, Ele próprio, o repouso. [...] O Mestre disse-lhe: «Desce depressa.» É ainda sem de lá sair que ela viverá, à imagem da Trindade imutável, num eterno presente [...], tornando-se, por um olhar sempre mais simples, mais unitivo, «o esplendor da sua glória» (Heb 1,3), dito de outro modo, louvor e glória da suas adoráveis perfeições.

Evangelho segundo S. Lucas 19,1-10.



Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade.
Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos.
Procurava ver quem era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena estatura.
Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus, que havia de passar por ali.
Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa».
Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria.
Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador».
Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais».
Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão.
Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido».


Palavra do Senhor


Livro do Apocalipse 3,1-6.14-22.
Eu, João, ouvi o Senhor que me dizia: «Ao Anjo da Igreja de Sardes, escreve: ‘Eis o que diz Aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras. És considerado vivo, mas estás morto.
Desperta e reanima esses restos de vida moribunda, pois verifico que as tuas obras não são perfeitas aos olhos do meu Deus.
Lembra-te como aceitaste a palavra que ouviste; guarda-a e arrepende-te. Se não despertares, virei como o ladrão, sem que saibas a hora em que virei ao teu encontro.
Todavia, tens em Sardes algumas pessoas que não mancharam as suas vestes: elas Me acompanharão, vestidas de branco, porque são dignas.
O vencedor será revestido de vestes brancas; não apagarei o seu nome do livro da vida, mas reconhecê-lo-ei diante de meu Pai e dos seus Anjos’.
Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas.
Ao Anjo da Igreja de Laodiceia, escreve: ‘Assim fala o Ámen, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio das criaturas de Deus:
Conheço as tuas obras: não és frio nem quente; antes fosses frio ou quente.
Mas porque és morno, isto é, nem frio nem quente, estou quase a vomitar-te da minha boca.
Tu dizes: “Sou rico, tenho fortuna e não preciso de nada”, e não sabes que és infeliz, pobre, cego e nu.
Aconselho-te a comprar de Mim ouro purificado pelo fogo para te enriqueceres, roupas brancas para te cobrires e ocultares a tua vergonhosa nudez e colírio para ungires os olhos e recuperares a vista.
Eu repreendo e castigo aqueles que amo. Sê zeloso e arrepende-te.
Eu estou à porta e chamo. Se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo.
Ao vencedor fá-lo-ei sentar-se comigo no meu trono, como Eu também fui vencedor e estou sentado com meu Pai no seu trono’.
Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas».
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Livro de Salmos 15(14),2-3ab.3cd-4ab.5.
O que vive sem mancha e pratica a justiça
e diz a verdade que tem no seu coração
e guarda a sua língua da calúnia.
O que não faz mal ao seu próximo,

nem ultraja o seu semelhante,
nem ultraja o seu semelhante,
o que tem por desprezível o ímpio,
mas estima os que temem o Senhor.

O que não falta ao juramento mesmo em seu prejuízo
e não empresta dinheiro com usura,
nem aceita presentes para condenar o inocente.
Quem assim proceder jamais será abalado.




Santo do dia

Santo Alberto Magno, bispo, Doutor da Igreja, +1280




Foi, sem dúvida, um dos maiores sábios de todos os tempos.
Não dominava apenas, como Mestre, a Filosofia e a Teologia (matérias em que teve como discípulo S. Tomás de Aquino), mas também estendia seu saber às Ciências Naturais.
Foi físico e químico, estudou astronomia, meteorologia, mineralogia, zoologia, botânica, escreveu livros sobre tecelagem, navegação, agricultura. Tão assombroso acumular de ciência não o impediu, porém, de ser um piedoso e exemplar dominicano.

Nomeado Bispo de Regensburg, mostrou-se Pastor zeloso e exemplar; mas, logo que pôde, pediu e obteve dispensa das funções episcopais e retornou à sua cela de monge humilde e sábio.
Foi chamado o "Doutor Universal".

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Carta de amor


· ​Missa em Santa Marta ·



O amor cristão é sempre «concreto», com «obras de misericórdia», porque tem como único critério a encarnação de Cristo; por esta razão não se deve cair no «processo» sedutor de «intelectualizar e ideologizar» que «descarna o amor», chegando assim ao «triste espetáculo de um Deus sem Cristo, de um Cristo sem Igreja e de uma Igreja sem povo». Na missa celebrada a 11 de novembro em Santa Marta, o Papa admoestou precisamente contra o risco de crer «num amor de romance ou de telenovela, mundano, filosófico, abstrato e soft».

A reflexão do Pontífice partiu do trecho da segunda leitura de São João (1, 3-9) proposto pela liturgia: «Parece – observou – uma carta de um apaixonado: é o diálogo de amor entre o pastor e a sua esposa, a Igreja». Um diálogo «tão delicado, tão respeitador», a ponto que o apóstolo chama a Igreja «senhora eleita por Deus».



Com este «título cheio de amor o pastor dirige-se à Igreja». E sempre «com tanta delicadeza recorda que “caminhar no amor” é o mandamento que recebemos do Senhor».

De facto, na carta de João lê-se: «E agora, senhora, rogo-te, não como escrevendo-te um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros». É um convite a caminhar «no amor». Mas é deveras com «tanta mansidão e tanto respeito» que «o pastor se dirige à sua Igreja, à sua esposa».

«De que amor se trata?» é a questão apresentada por Francisco. «Porque esta palavra – explicou – hoje é usada, mas foi sempre usada, para tantas coisas: tudo é amor». Eis por que é necessário compreender bem «de qual amor» se trata. É «o amor, por exemplo, de um romance ou de uma telenovela, porque também isto se diz que é amor?». Ou então é «o amor teórico, dos filósofos?».

Na sua carta, João cita as palavras do pastor à sua esposa para lhe sugerir que esteja atenta. «Surgiram no mundo muitos sedutores» que, disse o Papa, «propõem outro amor ou outra explicação do amor» e «também outra explicação do amor cristão, porque para eles é assim».

«O critério do amor cristão – afirmou o Pontífice – é a encarnação do verbo». A este propósito João é explícito: «Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne». E prossegue: «Este tal é o enganador e o anticristo!». De resto, explicou o Papa, «um amor que não reconhece que Jesus veio em carne, em carne, não é o amor que Deus nos comanda: é um amor mundano, é um amor filosófico, é um amor abstrato, é um amor falido, é um amor soft».

Ao contrário, «o critério do amor cristão é a encarnação do Verbo» relançou Francisco. E «quem diz que o amor cristão é outra coisa, este é o anticristo, que não reconhece que o Verbo veio em carne». É precisamente «esta a nossa verdade: Deus enviou o seu Filho, encarnou-se e levou uma vida como a nossa». Eis por que se deve «amar como Jesus amou; amar como Jesus nos ensinou; amar seguindo o exemplo de Jesus; amar, caminhando pela vereda de Jesus». E «a vereda de Jesus é dar a vida».

No trecho evangélico de Lucas (17, 26-37), recordou o Papa, «Jesus admoesta-nos: «A pessoa que procura os seus próprios interesses nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo terá a vida verdadeira». Com efeito, «ele perdeu a vida por amor, para a reencontrar na sua ressurreição». Por conseguinte, «a única maneira de amar como Jesus amou é sair continuamente do próprio egoísmo e pôr-se ao serviço dos outros». Também o apóstolo Tiago repete isto com força na sua carta, «porque o amor cristão é um amor concreto, porque é concreta a presença de Deus em Jesus Cristo, que veio em carne: a encarnação do verbo».

Voltando à carta de João, o Pontífice repetiu também as palavras com as quais o pastor «admoesta bem» a “senhora”: «Prestai atenção a vós próprios para não arruinar aquilo que construímos e para receber uma recompensa plena». Trata-se de um convite a prestar atenção, com mais um trecho: «Todo aquele que prevarica e não persevera na doutrina de Cristo não tem a Deus; quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho». Por conseguinte, explicou o Papa, «o Verbo veio em carne, mas vós estais também dentro de uma encarnação, entre aspas, na comunidade, na Igreja, porque quem prevarica esta doutrina da carne, quem prevarica e não permanece na doutrina de Cristo, não possui Deus». E «este prevaricar é um mistério: é sair do mistério da encarnação do Verbo, do mistério da Igreja, porque a Igreja é a comunidade em volta da presença de Cristo, o qual preserva».

Francisco fez referência à palavra grega «proagon», que é «muito forte», para indicar «quem prevarica». E «dali – prosseguiu – surgem todas as ideologias sobre o amor, as ideologias sobre a Igreja, as ideologias que privam a Igreja da carne de Cristo». Mas precisamente «estas ideologias descarnam a Igreja». Levam a dizer: «sim, eu sou católico; sim, sou cristão; eu amo todo o mundo com um amor universal». Mas «é tão etéreo». Ao contrário «um amor está sempre dentro, é concreto, e não além desta doutrina da encarnação do Verbo».

«O caminho da Igreja, a pertença à Igreja – afirmou o Pontífice – é sempre dentro, se prevaricar, sai da Igreja». E assim «quem quiser amar não como Cristo ama a sua esposa, a Igreja, com a própria carne e dando a vida, ama ideologicamente: não ama com todo o corpo e com toda a alma». E «este modo de proceder das teorias, das ideologias, até das propostas de religiosidade tiram a carne de Cristo, tiram a carne da Igreja, prevaricam e arruínam a comunidade, arruínam a Igreja». Nunca se deve «prevaricar o seio da mãe, da santa mãe Igreja hierárquica».

A carta de João revela o seu amor pela Igreja, em particular precisamente quando faz presente que «se começarmos a teorizar sobre o amor, sobre o caminhar no amor fora da Igreja, fora da encarnação do Verbo – explicou o Papa – chegaremos a uma realidade tão frequente na história da Igreja, também nos nossos dias: chegaremos à transformação daquilo que Deus quer, que quis com a encarnação do Verbo; chegaríamos a um Deus sem Cristo, a um Cristo sem Igreja e a uma Igreja sem povo». E «tudo neste processo de descarnar a Igreja».

Antes de retomar a celebração, Francisco pediu para rezar «ao Senhor para que o nosso caminhar no amor nunca – nunca! – nos transforme num amor abstrato». E para que o amor seja «concreto, com as obras de misericórdia», para tocar «a carne de Cristo ali, de Cristo encarnado». Foi «por isso que o diácono Lourenço disse que os pobres são o tesouro da Igreja, porque são a carne sofredora de Cristo».

Ao Senhor, concluiu o Papa, «pedimos esta graça de não prevaricar e de não entrar neste processo, que talvez seduza tanta gente, de intelectualizar, de ideologizar este amor, descarnando a Igreja, descarnando o amor cristão». E «de não chegar ao triste espetáculo de um Deus sem Cristo, de um Cristo sem Igreja e de uma Igreja sem povo».

De braços abertos


· Na última audiência jubilar o Papa falou da inclusão ·

Última audiência jubilar no ano santo extraordinário: aos numerosos fiéis reunidos na praça de São Pedro para o encontro de sábado, 12 de novembro, o Papa falou da ligação entre misericórdia e inclusão. «Com efeito, Deus – explicou – não quer excluir ninguém, antes incluir todos». Por esta razão também «nós cristãos somos convidados a usar o mesmo critério»: o da misericórdia, que «é a forma melhor de agir, um estilo, com o qual procuramos incluir na nossa vida os outros, evitando de nos fecharmos nas nossas seguranças egoístas».




Eis porque, esclareceu o Pontífice, «a inclusão se manifesta no abrir os braços para acolher sem classificar os outros a partir da sua condição social, língua, raça, cultura, religião». Como fazer? Francisco disse claramente: pensando que «diante de nós está uma pessoa que deve ser amada como Deus a ama. Aqueles que encontro no meu trabalho, no meu bairro». Sem hesitar: «Mas este é daquele país, de outro país, desta religião, de outra religião»; a única coisa importante é que temos na nossa frente «uma pessoa que ama a Deus e que eu tenho que amar». Daqui o convite a não esquecer as numerosas «pessoas cansadas e oprimidas» que «encontramos pelo caminho, nas administrações públicas, nos consultórios médicos». Na realidade «o olhar de Jesus recai sobre cada um daqueles rostos, também através dos nossos olhos». E o próprio Evangelho «exorta-nos a reconhecer na história da humanidade o desígnio de uma grande obra de inclusão, que, respeitando plenamente a liberdade de cada pessoa, comunidade, povo, exorta todos a formar uma família de irmãos e irmãs e a fazer parte da Igreja». E dado que, prosseguiu no seu raciocínio, os braços de Jesus «abertos na cruz mostram que ninguém está excluído do seu amor, nem os maiores pecadores», a expressão mais imediata com a qual podemos sentir-nos «acolhidos e inseridos n'Ele é o perdão. Todos – observou – temos necessidade de ser perdoados. E todos precisamos encontrar irmãos e irmãs que nos ajudem a ir ter com Jesus. Não coloquemos obstáculos uns aos outros! Não excluamos ninguém! Aliás – exortou – com humildade e simplicidade tornemo-nos instrumento da misericórdia inclusiva do Pai».

Catequese do Papa

«Senhor, que eu veja.»

Comentário do dia:

Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
Poema «Noite feliz»



Muitas vezes, tive a impressão de ficar sem forças.
Mais vezes ainda, desesperei de ver a luz.
Mas, quando o meu coração estava tomado pela dor,
eis que uma estrela se elevou diante de mim.
Ela conduziu-me e eu segui-a,
primeiro com passo hesitante, depois com confiança. [...]

Aquilo que tinha de esconder no mais fundo do meu coração,
posso agora proclamá-lo alto e em bom som:
«creio e confesso a minha fé». [...]
Senhor, será possível que renasça
quem já viveu metade da sua vida (Jo 3,4)?
Tu o disseste e isso verificou-se comigo.
O fardo de uma longa vida de faltas e sofrimentos
caiu de cima dos meus ombros. [...]

Ah! nenhum coração humano pode compreender
o que Tu reservas aos que Te amam (1Cor 2, 9).
Agora que Te agarrei, nunca mais Te hei-de largar (Ct 3,4).
Seja qual for o caminho que tome a minha vida,
Tu estás comigo (Sl 22).
Nada poderá separar-me do teu amor (Rom 8, 39).





Evangelho segundo S. Lucas 18,35-43.




Naquele tempo, quando Jesus Se aproximava de Jericó, estava um cego a pedir esmola, sentado à beira do caminho.
Quando ele ouviu passar a multidão, perguntou o que era aquilo.
Disseram-lhe que era Jesus Nazareno que passava.
Então ele começou a gritar: «Jesus, filho de David, tem piedade de mim».
Os que vinham à frente repreendiam-no, para que se calasse, mas ele gritava ainda mais: «Filho de David, tem piedade de mim».
Jesus parou e mandou que Lho trouxessem. Quando ele se aproximou, perguntou-lhe:
«Que queres que Eu te faça?». Ele respondeu-Lhe: «Senhor, que eu veja».
Disse-lhe Jesus: «Vê. A tua fé te salvou».
No mesmo instante ele recuperou a vista e seguiu Jesus, glorificando a Deus. Ao ver o sucedido, todo o povo deu louvores a Deus.


Palavra do Senhor

Livro do Apocalipse 1,1-4.2,1-5a.
Revelação de Jesus Cristo, que Deus Lhe concedeu para mostrar aos seus servos o que há de acontecer muito em breve. Ele deu-o a conhecer ao seu servo João, pelo Anjo que enviou,
e João confirma a palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo, em tudo o que viu.
Feliz de quem ler e dos que ouvirem as palavras desta profecia e observarem o que nela está escrito, porque o tempo está próximo.
João às sete Igrejas da Ásia: A graça e a paz vos sejam dadas por Aquele que é, que era e que há de vir, e pelos sete Espíritos que estão diante do seu trono.
Eu ouvi o Senhor que me dizia: «Ao Anjo da Igreja de Éfeso, escreve: ‘Eis o que diz Aquele que tem as sete estrelas na sua mão direita e caminha no meio dos sete candelabros de ouro:
Conheço as tuas obras, o teu trabalho e a tua perseverança. Sei que não podes suportar os maus, que puseste à prova aqueles que se dizem apóstolos sem o serem e descobriste que eram mentirosos.
Tens perseverança e sofreste pelo meu nome, sem desanimar.
Mas tenho contra ti que perdeste a tua caridade primitiva.
Lembra-te de onde caíste, arrepende-te e pratica as obras anteriores’».


______________________________________________
Livro de Salmos 1,1-2.3.4.6.
Feliz o homem que não segue o conselho dos ímpios,
nem se detém no caminho dos pecadores,
mas antes se compraz na lei do Senhor,
e nela medita dia e noite.

É como árvore plantada à beira das águas:
dá fruto a seu tempo
e sua folhagem não murcha.
Tudo quanto fizer será bem sucedido.

Bem diferente é a sorte dos ímpios:
são como palha que o vento leva.
O Senhor vela pelo caminho dos justos,
mas o caminho dos pecadores leva à perdição.




Santo do dia

S. José Pignatelli, presbítero, +1811




De família napolitana, pertencia a nobreza mais antiga. Quando tinha 4 anos de idade, a sua mãe faleceu e ele passou a morar com a irmã, condessa de Acerra. Com 16 anos de idade, decidiu entrar na Companhia de Jesus. O seu carácter, santidade, elegância e distinção, mesmo na humildade e na caridade e confiança plena em Deus, fizeram dele um dos santos mais representativos do século XVIII.

São José Pignatelli foi um dos que mais contribuiu para a restauração da Companhia de Jesus. Preso e expulso da Espanha juntamente com outros jesuítas em 1767, refugiou-se em Ferrara, nos Estados Pontifícios, até que, em 1773, Clemente XIV extinguiu a ordem. Anos difíceis, cheios de temores e perseguições. Porém, a ordem dos Jesuítas fora preservada na Rússia e Pignatelli esperou pacientemente pelo retorno da ordem dos Jesuítas a Nápoles assim como a todo o Ocidente: em Nápoles viu esse ideal acontecer em 1808, mas morreu antes da restauração definitiva no mundo, realizada pelo Papa Pio VII em 1814.



cf. www.asj.org.br

domingo, 13 de novembro de 2016

Liturgia de domingo

Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum (semana I do saltério)


Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum



A liturgia deste Domingo reflecte sobre o sentido da história da salvação e diz-nos que a meta final para onde Deus nos conduz é o novo céu e a nova terra da felicidade plena, da vida definitiva. Este quadro (que deve ser o horizonte que os nossos olhos contemplam em cada dia da nossa caminhada neste mundo) faz nascer em nós a esperança; e da esperança brota a coragem para enfrentar a adversidade e para lutar pelo advento do Reino.
Na primeira leitura, um “mensageiro de Deus” anuncia a uma comunidade desanimada, céptica e apática que Jahwéh não abandonou o seu Povo. O Deus libertador vai intervir no mundo, vai derrotar o que oprime e rouba a vida e vai fazer com que nasça esse “sol da justiça” que traz a salvação.
O Evangelho oferece-nos uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a percorrer, até à segunda vinda de Jesus. A missão dos discípulos em caminhada na história, é comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha realidade desapareça e nasça o Reino. Esse “caminho” será percorrido no meio de dificuldades e perseguições; mas os discípulos terão sempre a ajuda e a força de Deus.
A segunda leitura reforça a ideia de que, enquanto esperamos a vida definitiva, não temos o direito de nos instalarmos na preguiça e no comodismo, alheando-nos das grandes questões do mundo e evitando dar o nosso contributo na construção do Reino.

A vinda de Cristo

Comentário do dia:

Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja
Comentário ao Evangelho segundo São Lucas X, 6-8



«Não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». Estas palavras diziam respeito ao Templo edificado por Salomão [...], uma vez que tudo o que é construído pelas nossas mãos sucumbe ao desgaste ou à deterioração e está sujeito a ser derrubado pela violência ou destruído pelo fogo. [...] Mas dentro de nós também existe um templo que se desmorona se a fé faltar, em particular se em nome de Cristo procurarmos em vão apoderar-nos de certezas interiores, e talvez seja esta interpretação a mais útil para nós. Com efeito, de que servirá saber o dia do Juízo? De que me servirá, tendo consciência de todos os meus pecados, saber que o Senhor virá um dia, se Ele não vier à minha alma, não crescer no meu espírito, se Cristo não vier a mim, se Cristo não falar em mim? É a mim que Cristo deve vir, e é em mim que deve realizar-se a sua vinda.

Ora, a segunda vinda de Cristo terá lugar no nadir do mundo, quando pudermos dizer que «o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo» (Gal 6, 14). [...] Para quem lhe morreu o mundo, Cristo é eterno; para esse, o Templo é espiritual, a Lei espiritual, a própria Páscoa espiritual. [...] Então, para esse, realiza-se a presença da sabedoria, a presença da virtude e da justiça, a presença da redenção, porque Cristo na verdade morreu uma só vez pelos pecados de todos a fim de resgatar todos os dias os pecados de todos.




Evangelho segundo S. Lucas 21,5-19.


Naquele tempo, comentavam alguns que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. Jesus disse-lhes:
«Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído».
Eles perguntaram-Lhe: «Mestre, quando sucederá isto? Que sinal haverá de que está para acontecer?».
Jesus respondeu: «Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais.
Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis: é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim».
Disse-lhes ainda: «Há de erguer-se povo contra povo e reino contra reino.
Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias. Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu».
Mas antes de tudo isto, deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome.
Assim tereis ocasião de dar testemunho.
Tende presente em vossos corações que não deveis preparar a vossa defesa.
Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer.
Sereis entregues até pelos vossos pais, irmãos, parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós
e todos vos odiarão por causa do meu nome;
mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá.
Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas».




Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org

Palavra do Senhor

Livro de Malaquias 3,19-20.
Há-de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há de vir os abrasará – diz o Senhor do Universo – e não lhes deixará raiz nem ramos.
Mas, para vós que respeitais o meu nome, brilhará o sol de justiça, trazendo a cura nos seus raios; saireis e saltareis como bezerros para fora do estábulo.


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Livro de Salmos 98(97),5-6.7-8.9.
Cantai ao Senhor ao som da cítara,
ao som da cítara e da lira;
ao som da tuba e da trombeta,
aclamai o Senhor, nosso Rei.

Ressoe o mar e tudo o que ele encerra,
a terra inteira e tudo o que nela habita;
aplaudam os rios
e as montanhas exultem de alegria.

Diante do Senhor que vem,
que vem para julgar a terra:
julgará o mundo com justiça
e os povos com equidade.

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2ª Carta aos Tessalonicenses 3,7-12.
Irmãos: Vós sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos entre vós na ociosidade,
nem comemos de graça o pão de ninguém. Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós.
Não é que não tivéssemos esse direito, mas quisemos ser para vós exemplo a imitar.
Quando ainda estávamos convosco, já vos dávamos esta ordem: quem não quer trabalhar, também não deve comer.
Ouvimos dizer que alguns de vós vivem na ociosidade, sem fazerem trabalho algum, mas ocupados em futilidades.
A esses ordenamos e recomendamos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que trabalhem tranquilamente, para ganharem o pão que comem.



Santo do dia

Domingo, dia 13 de Novembro de 2016

33º Domingo do Tempo Comum


Festa da Igreja : Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum (semana I do saltério)
Santo do dia : Santo Estanislau Kostka, religioso, +1568, S. Diogo de Alcalá, religioso, +1463

Santo Estanislau Kostka, religioso, +1568




Nasceu na Polónia em 1550. Desde menino tinha profunda vocação religiosa. Mesmo tendo nascido em família nobre e poderosa, manteve-se fiel a Deus por toda a vida. Aos 13 anos, foi mandado para completar seus estudos na escola dos jesuítas, juntamente com seu irmão mais velho, Paulo. Foi lá que passou por uma grande provação. Nessa época, o imperador da Áustria, em luta contra a recém formada Companhia de Jesus, requisitou o prédio onde moravam os meninos que provinham de longe. Por esse facto, os estudantes tiveram que recorrer a pensões. Longe de seus mestres, muitos, facilmente, caíram em diversos pecados; porém, Estanislau não os seguiu, usando o seu tempo livre para dedicar-se cada vez mais aos estudos. Nessa época, ficou doente, tendo um enorme desejo de receber a sagrada Eucaristia. Prodigiosamente foi ouvido por dois Anjos que lha trouxeram!. Foi aí que o jovem teve total convicção de seu propósito de entrar na Companhia de Jesus. Ultrapassou diversos obstáculos para chegar ao seu ideal, com uma vida dedicada inteiramente aos estudos e à devoção. Muito devoto de Nossa Senhora, morreu, conforme havia previsto, aos 18 anos, em 1568, no dia da Assunção de Nossa Senhora.



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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

«Jesus disse [...] uma parábola sobre a necessidade de orar sempre»

Comentário do dia:

São Basílio (c. 330-379), monge, bispo de Cesareia da Capadócia, doutor da Igreja
Homilia 5



Não podemos limitar a oração a pedidos em palavras. Com efeito, Deus não precisa apenas que Lhe façam discursos; mesmo que nada Lhe peçamos, sabe aquilo de que precisamos. O que dizer? A oração não consiste em fórmulas; antes abarca a vida toda. «Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus», diz o apóstolo Paulo (1Cor 10,31). Estás à mesa? Reza: ao pegar no pão, agradece Àquele que to concede; ao beber o vinho, lembra-te daquele que te proporcionou este dom, para te alegrar o coração e te consolar das tristezas. Terminada a refeição, não te esqueças de te recordar do teu benfeitor. Quanto vestes a túnica, agradece Àquele que ta deu; quanto vestes a capa, testemunha o teu afeto a Deus, que nos proporciona vestes adequadas ao inverno e ao verão, para nos proteger a vida.

Terminado o dia, agradece Àquele que te deu o sol para os trabalhos da jornada e o fogo para te iluminar o escuro e prover às tuas necessidades. A noite dá-te motivos de ação de graças; olhando o céu e contemplando a beleza das estrelas, reza ao Senhor do universo, que fez todas as coisas com tal sabedoria. Quando vês a natureza adormecida, adora Aquele que, por meio do sono, nos reconforta de todas as fadigas e nos devolve, através do repouso, o vigor das forças.

Deste modo, rezarás sem descanso, se a tua oração não se limitar a fórmulas, mas pelo contrário te mantiveres unido a Deus no decurso de toda a tua existência, de maneira a fazeres da vida uma oração incessante.



Evangelho segundo S. Lucas 18,1-8.



Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar:
«Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens.
Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário’.
Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens;
mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha incomodar-me indefinidamente’».
E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!...
E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo?
Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa. Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?»

Palavra do Senhor

3ª Carta de S. João 1,5-8.
Caríssimo Gaio: Tu procedes fielmente em tudo o que fazes pelos irmãos, apesar de serem estrangeiros.
Eles deram testemunho da tua caridade perante a Igreja. Farás bem, provendo-os do necessário para a viagem, de maneira digna aos olhos de Deus.
Foi pelo nome do Senhor que eles se puseram a caminho, sem nada receberem dos pagãos.
Devemos, portanto, ajudar esses homens, para sermos cooperadores da verdade.

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Livro de Salmos 112(111),1-2.3-4.5-6.
Feliz o homem que teme o Senhor
e ama ardentemente os seus preceitos.
A sua descendência será poderosa sobre a terra,
será abençoada a geração dos justos.

Haverá em sua casa abundância e riqueza,
a sua generosidade permanece para sempre.
Brilha aos homens retos, como luz nas trevas,
o homem misericordioso, compassivo e justo.

Ditoso o homem que se compadece e empresta
e dispõe das suas coisas com justiça.
Este jamais será abalado;
o justo deixará memória eterna.

Santo do dia

Sabado, dia 12 de Novembro de 2016
S. Josafá Kuncevicz, monge, bispo, mártir, +1623




Nasceu na Ucrânia, cerca do ano 1580, de pais ortodoxos. Abraçou a fé católica e entrou na Ordem de S. Basílio. Ordenado sacerdote e eleito bispo de Polock, dedicou-se com grande empenho à causa da unidade de Igreja, pelo que foi perseguido pelos seus inimigos e morreu mártir em 1623.


«Como nos dias de Noé»

Comentário do dia:

São Romano, o Melodista (?-c. 560), compositor de hinos
Hino de Noé, estr. 11ss.




O sábio Noé [...] embarcou na arca por ordem de Deus, com os seus filhos e as mulheres destes, ao todo somente oito almas. Sem parar de gemer, este servo rezava assim: «Não me faças perecer com os pecadores, meu Salvador, pois vejo já o caos apoderar-se da criação e os elementos estão agitados pelo medo. [...] As nuvens estão preparadas, o céu está tumultuoso, os anjos acorrem à frente da tua cólera.» Ao ouvir estas palavras, Deus cerrou a arca e selou-a, enquanto o seu fiel gritava: «Salva todos os homens da cólera pelo amor que nos tens, redentor do universo!»

Do alto do céu, o juiz dá uma ordem; de imediato se abriram as comportas, precipitando as chuvas, torrentes de água e saraiva de um lado do mundo ao outro; e o medo fez brotar as fontes do abismo, inundando a terra em todo o lado. [...] Foi este o efeito da cólera de Deus, porque os homens haviam perseverado no seu endurecimento e não se tinham apressado a gritar-Lhe com fé: «Salva todos os homens da cólera pelo amor que nos tens, redentor do universo!» [...]

Em seguida, o coro dos anjos, vendo os homens carnais destruídos, gritou: «Agora, que os justos possuam toda a extensão da terra!» Porque o Criador gosta de ver aqueles que fez à sua imagem (Gn 1,26); foi por isso que pôs os seus santos de parte para os salvar. Noé [...] solta a pomba e ela regressa ao fim do dia, trazendo no bico um ramo de oliveira, que anunciava simbolicamente a misericórdia de Deus. Então Noé sai da arca, como que do túmulo, segundo a ordem que recebera [...], não como outrora Adão, que comera de uma árvore que dá a morte, pois Noé produzira um fruto de penitência ao dizer: «Salva todos os homens da cólera pelo amor que nos tens, redentor do universo!»

Mortas estão a corrupção e a iniquidade; o homem de coração reto triunfa pela sua fé, pois encontrou graça [...]. Então, o justo (Gn 6,9) ofereceu ao Senhor um sacrifício sem mancha [...]; o Criador aspirou o seu agradável perfume e [...] declarou: «Jamais o universo voltará a perecer num dilúvio, mesmo que todos os homens levem uma vida má. Hoje estabeleço uma aliança irrevogável com eles. Mostro o meu arco a todos os habitantes da Terra para lhes servir de sinal, para que todos Me invoquem assim: 'Salva todos os homens da cólera pelo amor que nos tens, redentor do universo!'»

Evangelho segundo S. Lucas 17,26-37.




Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como sucedeu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem:
Comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca. Então veio o dilúvio, que os fez perecer a todos.
Do mesmo modo sucedeu nos dias de Lot: Comiam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e construíam.
Mas no dia em que Lot saiu de Sodoma, Deus mandou do céu uma chuva de fogo e enxofre, que os fez perecer a todos.
Assim será no dia em que Se manifestar o Filho do homem.
Nesse dia, quem estiver no terraço e tiver coisas em casa não desça para as tirar; e quem estiver no campo não volte atrás.
Lembrai-vos da mulher de Lot.
Quem procurar salvar a vida há de perdê-la e quem a perder há de salvá-la.
Eu vos digo que, nessa noite, estarão dois num leito: um será tomado e o outro deixado;
estarão duas mulheres a moer juntamente: uma será tomada e a outra deixada.
Dois homens estarão no campo: um será tomado e outro será deixado».
Então os discípulos perguntaram a Jesus: «Senhor, onde será isto?». Ele respondeu-lhes: «Onde estiver o corpo, aí se juntarão os abutres».

Palavras do Senhor

2ª Carta da S. João 1,4-9.
Senhora eleita de Deus: Muito me alegrei por saber que os teus filhos vivem no caminho da verdade, segundo o mandamento que recebemos do Pai.
E agora, Senhora, peço-te, não como quem escreve um mandamento novo, mas aquele que tivemos desde o princípio: amemo-nos uns aos outros.
Ora o amor consiste em viver segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento que ouvistes desde o princípio e segundo o qual deveis viver.
Apareceram no mundo muitos sedutores, os quais não professam a fé em Jesus feito homem. Este é o sedutor e o anticristo.
Tende cuidado convosco, para não perderdes os frutos do nosso trabalho, mas, pelo contrário, para receberdes a plena recompensa.
Quem se afasta e não permanece na doutrina de Cristo não possui a Deus. Quem permanece na doutrina, esse possui o Pai e o Filho.

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Livro de Salmos 119(118),1.2.10.11.17.18.
Felizes os que seguem o caminho perfeito
e andam na lei do Senhor.
Felizes os que observam as suas ordens
e O procuram de todo o coração.

De todo o coração Vos procuro,
não me deixeis afastar dos vossos mandamentos.
Conservo a vossa palavra dentro do coração,
para não pecar contra Vós.

Fazei bem ao vosso servo:
viverei e cumprirei a vossa palavra.
Abri, Senhor, os meus olhos
para ver as maravilhas da vossa lei.




Santo do dia

Sexta-feira, dia 11 de Novembro de 2016




Santo do dia : S. Martinho (de Tours), bispo, +397
S. Martinho (de Tours), bispo, +397S


São Martinho nasceu no ano de 316, na Sabária da Panónia (Hungria). Seu pai era oficial do Exército Romano. Aos 12 anos, contrariando a vontade dos pais, tornou-se cristão. Entretanto, o pai contrapôs-se terminantemente a essa decisão do filho, alistando-o no Exército Romano. Aconteceu, nessa época, o famoso episódio da manta de guarda imperial: ao ver um mendigo tiritando de frio, corta ao meio a sua manta e oferece-lhe uma parte. À noite sonhou e viu Jesus envolto naquele pedaço de manta, dizendo: "Martinho, ainda não baptizado, deu-me este vestuário".
Abandonou, então, o Exército e fez-se baptizar por Santo Hilário de Poitiers. Entregou-se à vida de eremíta, fundando um mosteiro em Ligugé, França, onde vivia sob a orientação de Santo Hilário. Ordenado sacerdote, foi mais tarde aclamado bispo de Tours (371). Tornou-se um grande evangelizador da França, verdadeiramente pastor, fundando mosteiros, instruindo o clero, defendendo a causa dos oprimidos e deserdados deste mundo. Morreu no ano de 397.


quinta-feira, 10 de novembro de 2016

«O Reino de Deus está entre vós»

Comentário do dia:

Isaac o Sírio (século VII), monge perto de Mossul
Discursos ascéticos, 1.ª série



Os demónios temem-no, mas Deus e os anjos desejam o homem que com fervor, dia e noite, procura a Deus no seu coração, e que afasta para longe de si as ofensas do inimigo. O lugar espiritual de um homem com esta pureza de alma está no interior de si mesmo: o sol que brilha nele é a luz da Santíssima Trindade; o ar que os seus pensamentos respiram é o Espírito Santo consolador; e os santos anjos estão com ele. A sua vida, a sua alegria, o seu júbilo, são Cristo, luz da luz do Pai. Este homem rejubila a todas as horas de contemplação da sua alma, e maravilha-se com a beleza que nela vê, cem vezes mais luminosa que o esplendor do céu.

Esta é Jerusalém. É o Reino de Deus que está em nós, segundo a palavra do Senhor. Esse país é a nuvem da glória de Deus, onde apenas os corações puros entrarão, para contemplar a face de seu Mestre (Mt 5,8), e o entendimento que têm do Senhor será iluminado pelos raios da sua luz.





Evangelho segundo S. Lucas 17,20-25.



Naquele tempo, os fariseus perguntaram a Jesus quando viria o reino de Deus e Ele respondeu-lhes, dizendo: «O reino de Deus não vem de maneira visível,
nem se dirá: ‘Está aqui ou ali’; porque o reino de Deus está no meio de vós».
Depois disse aos seus discípulos: «Dias virão em que desejareis ver um dia do Filho do homem e não o vereis.
Hão de dizer-vos: ‘Está ali’, ou ‘Está aqui’. Não queirais ir nem os sigais.
Pois assim como o relâmpago, que faísca dum lado do horizonte e brilha até ao lado oposto, assim será o Filho do homem no seu dia.
Mas primeiro tem de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração».

Palavras do Senhor

Carta a Filémon 1,7-20.
Caríssimo: Tive grande alegria e consolação por causa da tua caridade, pois graças a ti, os cristãos sentem-se reconfortados.
Por isso, embora tenha a liberdade em Cristo para te ordenar o que deves fazer,
prefiro, em nome da caridade, fazer-te um pedido. Eu, Paulo, já ancião, e agora prisioneiro por amor de Cristo Jesus,
rogo-te por este meu filho, Onésimo, que eu gerei na prisão.
Em tempos, ele era inútil para ti, mas agora é útil para ti e para mim.
Mando-o de volta para ti, como se fosse o meu próprio coração.
Quisera conservá-lo junto de mim, para que me servisse, em teu lugar, enquanto estou preso por causa do Evangelho.
Mas, sem o teu consentimento, nada quis fazer, para que a tua boa acção não parecesse forçada, mas feita de livre vontade.
Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum tempo, a fim de o recuperares para sempre,
não já como escravo, mas muito melhor do que escravo: como irmão muito querido. É isto que ele é para mim e muito mais para ti, não só pela natureza, mas também aos olhos do Senhor.
Portanto, se me consideras teu amigo, recebe-o como a mim próprio.
Se ele te deu algum prejuízo ou te deve alguma coisa, põe-no na minha conta.
Eu, Paulo, escrevo com a minha mão: eu pagarei; para não dizer que tu mesmo estás em dívida para comigo.
Sim, irmão, dá-me esta alegria no Senhor; dá sossego ao meu coração por amor de Cristo.

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Livro de Salmos 146(145),7.8-9a.9bc-10.
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,

o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
O Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva

e entrava o caminho aos pecadores.
O Senhor reina eternamente;
o teu Deus, ó Sião,
é rei por todas as gerações.




Santo do dia

S. Leão I Magno, papa, Doutor da Igreja, +461




Nasceu na Toscana, no final do século IV. É considerado um dos papas mais eminentes da Igreja dos primeiros séculos. Assumiu o governo da Igreja em 440, numa época de grandes dificuldades, políticas e religiosas. A fé católica estava ameaçada pelas heresias que grassavam no Oriente.
São Leão procurou a todo custo preservar a integridade da fé, defendendo a unidade da Igreja. Em 451, durante o concílio da Calcedónia, a sua carta sobre as duas naturezas de Cristo foi aplaudida pelos bispos reunidos que disseram: Pedro falou pela boca de Leão. Enquanto homem de Estado, contemporizou a queda eminente do Império Romano, evitando com sua diplomacia que a ruína e os prejuízos materiais e culturais fossem ainda maiores. Para salvar a Cidade Eterna das pilhagens dos bárbaros, não se intimidou em enfrentar Genserico e Átila, debelando assim o perigo que parecia irreversível. Deixou escritos 96 Sermões e 173 cartas e numerosas homilias que chegaram até nós. São Leão Magno pontificou durante 21 a

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Dedicação da Basílica de Latrão

Quarta-feira, dia 09 de Novembro de 2016




Hoje a Igreja universal celebra a festa da igreja-mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo: a dedicação da basílica do Santíssimo Salvador ou de São João de Latrão. Esta basílica foi construída por Constantino na colina de Latrão ou Lateranense, quando era papa Melquíades (311-314). Ao contrário do que muitos pensam, é esta basílica e não a basílica de São Pedro, no Vaticano, o templo mais antigo. Aqui foram celebrados cinco Concílios ecuménicos. Nela se guardam relíquias. A festa de hoje tem um carácter importante, que é celebrar a unidade e o respeito para com a Sé Romana.

Festa da dedicação de uma igreja, festa do povo de Deus

Comentário do dia:

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
Sermão 5 para a Dedicação



Hoje, meus irmãos, celebramos uma grande festa; é a festa da casa do Senhor, do templo de Deus, da cidade do Rei eterno, da Esposa de Cristo. [...] Perguntemo-nos, pois, o que é a casa de Deus, o seu templo, a sua cidade, a sua Esposa. Digo-o com temor e respeito: somos nós. Sim, nós somos tudo isso, mas no coração de Deus. Somo-lo pela sua graça e não pelos nossos méritos. [...] A humilde confissão das nossas penas provoca a sua compaixão. Esta confissão dispõe Deus a vir em socorro da nossa fome como um pai de família e a fazer-nos encontrar junto dele pão em abundância. Somos, portanto, a sua casa, onde nunca falta o alimento da vida. [...]

«Sede santos», está escrito, «porque Eu, o vosso Senhor, sou santo» (Lv 11,44). E o apóstolo Paulo diz-nos: «Não sabeis que os vossos corpos são o templo do Espírito Santo e que o Espírito Santo tem em vós a sua morada?» Mas bastará a própria santidade? Segundo o apóstolo, é necessário também a paz: «Procurai viver em paz com toda a gente e também a santidade, sem a qual ninguém verá a Deus» (Heb 12,14). É esta paz que nos faz viver juntos, unidos como irmãos, é ela que constrói para o nosso Rei uma cidade toda nova chamada Jerusalém, que quer dizer: visão da paz. [...]

Por fim, é o próprio Deus quem nos diz: «Desposei-te na fé, desposei-te no julgamento e na justiça [a dele, não a nossa], desposei-te na ternura e na misericórdia» (Os 2,22.21). Não é verdade que Ele Se comportou como um esposo? Que vos amou como um esposo, com o ciúme dum esposo? Então, como poderíeis não vos considerar sua esposa? Assim, meus irmãos, uma vez que temos a prova de que somos a casa do Pai de família por causa da abundância dos bens que recebemos, o templo de Deus por causa da nossa santificação, a cidade do grande Rei por causa da nossa comunhão de vida, a esposa do Esposo imortal por causa do amor, parece-me que posso afirmar sem receio: esta festa é a nossa festa!


Evangelho segundo S. João 2,13-22.



Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém.
«Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».
Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas;
e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio».
Os discípulos recordaram-se do que estava escrito: «Devora-me o zelo pela tua casa».
Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?».
Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei».
Disseram os judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?».
Jesus, porém, falava do templo do seu Corpo.
Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus.


Palavra de Deus

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Livro de Ezequiel 47,1-2.8-9.12.
Naqueles dias, o Anjo reconduziu-me à entrada do templo. Debaixo do limiar da porta saía água em direção ao Oriente, pois a fachada do templo estava voltada para o Oriente. As águas corriam da parte inferior, do lado direito do templo, ao sul do altar.
O Anjo fez-me sair pela porta setentrional e contornar o templo por fora, até à porta exterior que está voltada para o Oriente. As águas corriam do lado direito.
O Anjo disse-me: «Esta água corre para a região oriental, desce para Arabá e entra no mar, para que as suas águas se tornem salubres.
Todo o ser vivo que se move na água onde chegar esta torrente terá novo alento e o peixe será mais abundante. Porque aonde esta água chegar, tornar-se-ão sãs as outras águas e haverá vida por toda a parte aonde chegar esta torrente.
À beira da torrente, nas duas margens, crescerá toda a espécie de árvores de fruto; a sua folhagem não murchará, nem acabarão os seus frutos. Todos os meses darão frutos novos, porque as águas vêm do santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas de remédio».


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Livro de Salmos 46(45),2-3.5-6.8-9.
Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
auxílio sempre pronto na adversidade.
Por isso nada receamos ainda que a terra vacile
e os montes se precipitem no fundo do mar.

Os braços dum rio alegram a cidade de Deus,
a mais santa das moradas do Altíssimo.
Deus está no meio dela e a torna inabalável,
Deus a protege desde o romper da aurora.

O Senhor dos Exércitos está connosco,
o Deus de Jacob é a nossa fortaleza.
Vinde e contemplai as obras do Senhor,
as maravilhas que realizou na terra.






segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Pedir perdão e perdoar aos outros

Comentário do dia:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África), doutor da Igreja
Discursos sobre os Salmos, Sl 60,9; CCL 39,771



«Todos os caminhos do Senhor são graça e verdade para os que guardam a sua aliança e os seus preceitos» (Sl 24,10). O que este salmo diz acerca do amor e da verdade é da maior importância. […] Fala do amor, porque Deus não olha aos nossos méritos, mas à sua bondade, a fim de nos perdoar os nossos pecados e de nos prometer a vida eterna. E fala igualmente da verdade, porque Deus nunca falta às suas promessas. Reconheçamos este modelo divino e imitemos a Deus, que nos manifestou o seu amor e a sua verdade. […] Tal como Ele, realizemos neste mundo obras cheias de amor e de verdade. Sejamos bons para com os fracos, os pobres, e mesmo para com os nossos inimigos.

Vivamos na verdade evitando fazer o mal. Não multipliquemos pecados, porque aquele que presume da bondade de Deus está a permitir que nele se introduza a vontade de tornar Deus injusto. Imagina esse que, mesmo que se obstine nos seus pecados e se recuse a arrepender-se deles, Deus lhe há de conceder um lugar entre os seus fiéis servidores. Mas seria justo Deus colocar-te no mesmo lugar que aqueles que renunciaram aos seus pecados, quando tu perseveras nos teus? […] Porque pretendes, então, dobrá-lo à tua vontade? Sê tu a submeter-te à sua.

A este propósito diz justamente o salmista: «Quem procurará a misericórdia e a verdade do Senhor junto dele?» (Sl 60,8). […] E por que dirá «junto dele»? Porque são muitos os que procuram instruir-se acerca do amor do Senhor e da sua verdade nos livros sagrados. Porém, uma vez aí chegados, vivem para si próprios e não para Ele. Procuram os seus próprios interesses, e não os interesses de Jesus Cristo. Apregoam o amor e a verdade, mas não os praticam. Já aquele que ama a Deus e a Cristo, quando prega a verdade e o amor divinos, é para Deus que os procura, e não no seu próprio interesse. Não prega para daí retirar vantagens materiais, mas para o bem dos membros de Cristo, ou seja, dos seus fiéis. Distribui-lhes aquilo que aprendeu em espírito de verdade, de tal maneira que «os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou» (2Cor 5,15). «Quem procurará a misericórdia e a verdade do Senhor?»




Evangelho segundo S. Lucas 17,1-6.



Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «É inevitável que haja escândalos; mas ai daquele que os provoca.
Melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma mó de moinho e o atirassem ao mar, do que ser ocasião de pecado para um só destes pequeninos.
Tende cuidado. Se teu irmão cometer uma ofensa, repreende-o, e, se ele se arrepender, perdoa-lhe.
Se te ofender sete vezes num dia e sete vezes vier ter contigo e te disser: ‘Estou arrependido’, tu lhe perdoarás».
Os Apóstolos disseram ao Senhor: «Aumenta a nossa fé».
O Senhor respondeu: «Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela vos obedeceria».



Palavra de Deus

Carta a Tito 1,1-9.
Paulo, servo de Deus, Apóstolo de Jesus Cristo, para levar os eleitos de Deus à fé e ao conhecimento da verdade conforme à piedade,
na esperança da vida eterna. Antes dos tempos antigos, Deus, que não mente,
prometeu esta vida eterna, e no tempo determinado manifestou a sua palavra, através da mensagem que me foi confiada por ordem de Deus, nosso Salvador.
A Tito, meu verdadeiro filho segundo a nossa fé comum, a graça e a paz de Deus nosso Pai e de Jesus Cristo, nosso Salvador!
Eu deixei-te em Creta, para acabares de organizar o que faltava e estabeleceres anciãos em cada cidade, segundo as minhas instruções.
O ancião deve ser irrepreensível, casado uma só vez; e os seus filhos sejam fiéis, sem fama de maus costumes ou insubordinação.
O dirigente da comunidade, como administrador da casa de Deus, tem de ser irrepreensível; não pode ser arrogante, nem colérico, nem amigo do vinho, nem conflituoso, nem ávido de lucros desonestos.
Pelo contrário, deve ser hospitaleiro, amigo do bem, ponderado, justo, piedoso, disciplinado.
Deve ser de tal modo fiel na exposição da palavra, conforme ao ensino recebido, que seja capaz, não só de exortar na sã doutrina, mas também de refutar os que a contradizem.

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Livro de Salmos 24(23),1-2.3-4ab.5-6.
Do Senhor é a terra e o que nela existe,
o mundo e quantos nele habitam.
Ele a fundou sobre os mares
e a consolidou sobre as águas.

Quem poderá subir à montanha do Senhor?
Quem habitará no seu santuário?
O que tem as mãos inocentes e o coração puro,
que não invocou o seu nome em vão nem jurou falso.

Este será abençoado pelo Senhor
e recompensado por Deus, seu Salvador.
Esta é a geração dos que O procuram,
que procuram a face do Deus de Jacob.